Eu sempre quis fugir do meu passado, tentei me afastar de tudo que me lembrava aquele dia, mas parece que ele sempre esteve presente em cada momento da minha vida. Saio correndo do meu quarto quando sinto leves mãos me segurarem, levanto meu olhar para ver a mãe de Klaus me encarando.

– Ham, Senhora Mikaelson... – as palavras somem quando fecho meus olhos sentindo o toque dela em meus cabelos, eu não sei bem certo o porquê, mas me senti tão segura na frente dela

– O que aconteceu? – Esther me olhava seriamente. Desde a primeira vez que falei com ela pelo celular de Kol notei que sua voz era de alguém fria e prepotente, mas agora ela parecia tão diferente, não tendo uma resposta ela continua – Faz tanto tempo Caroline

– Eu sinto muito por...

– Você não tem culpa de nada, mas me fale porque estava correndo assim? – eu não acredito que estava prestes a desabafar com uma estranha – Não me diga que foi o Niklaus, grosso como o pai

– Não... É que talvez... – Nesse momento Klaus pega minha mão me puxando para o quarto dele... Esse cara não cansa de ser grosso não?

– Tanto no carro da April quanto em todos os lugares onde as vitimas foram encontradas, estava escrito com sangue a mesma frase que você saiu repetindo a pouco – fala tudo rápido demais me fazendo fazer uma força incrível para raciocinar

– Klaus eu sou um pouco lerda – bufo tentando arrumar uma desculpa, por que eu tinha que falar aquilo mesmo? Não queria colocar alguém como suspeito só por suposições minhas, mas vendo a cara de Nick me sento na cama pronta para falar tudo

– Bom... No meu aniversário de sete anos meus pais alugaram uma casa com uma enorme piscina – ele me olha como se dissesse “e daí?” reviro os olhos e continuo – Eu estava muito animada, tinha convidado praticamente todas as crianças da minha escola. Lembro-me como aquele dia foi importante, estavam todos lá... Mas no final da festa só ficaram eu e os meus amigos mais próximos

– Nomes! – diz pegando algo para anotar, quando isso virou um interrogatório?

– A minha melhor amiga, Elena, Bonnie, Stefan, Enzo, Tyler, April, Lexi e Djulen, eu só vi quando ela estava no fundo da piscina e todos riam por que ela não conseguia nadar, foi tudo rápido demais – começo a tremer involuntariamente, isso é uma das coisas que mais me doem, é como se uma parte de mim tivesse morrido naquele dia, mas Klaus parecia não entender e pediu para que eu continuasse

– Quando viram que ela não voltava chamaram nossos pais que conversavam na sala, mas já era tarde. A única coisa que eu me lembro é a ultima frase que ela falou para mim antes morrer, Djulen sempre falava...

“Você é a minha família”

– Porra Caroline se você tivesse me falado isso antes, talvez tudo já estivesse resolvido – grita... Balanço a cabeça e me levanto para sair dali, como alguém pode ser tão egoísta e hipócrita, por um minuto eu acreditei que Klaus pudesse gostar de mim, mas agora eu sei que tudo o que sou pra ele é um trabalho com gosto de diversão

– Espera- segura meu braço colando nossos corpos, realmente esse cara me tira o ar, continua falando algo sobre nunca ter passado por uma situação assim, mas eu não estava dando à mínima acabei ficando olhando para os movimentos que a boca dele fazia enquanto falava. Nossa eu estou virando uma tarada... – Enfim, eu sei como você deve se sentir sobre isso, mas vocês eram crianças...

– Que sabíamos o que estava acontecendo, a gente só pensou que ela estava brincando – Klaus me abraça e eu sinto aquele perfume que me deixa louca, sinto uma vontade enorme de chorar... De volta! Mas seguro as lagrimas e abraço Nick mais forte. Ele me surpreende pegando-me no colo e se deitando comigo na cama, sorrio e ele me beija... Os beijos de Klaus são quentes e ao mesmo tempo românticos, ele desce até meu pescoço chupando aquele local, eu sabia que deixaria marcas, mas deixei que ele continuasse. Quando sinto suas mãos em minhas coxas me afasto e mando-o parar, vi decepção em seus olhos, mas não era assim que eu queria.

– Klaus eu queria te falar mas...

– Descansa love, amanhã vai ser um dia longo – me deito no peito de Klaus pensando em como contar o resto da história, mesmo sendo uma criança eu sabia o que fazia e o que cometi foi um erro que destruiu a vida de alguém, por mais que eu saiba que essa pessoa tenha me perdoado sei que ela nunca vai esquecer e é pensando nisso que durmo nos braços de Klaus, uma coisa que eu nunca pensei que faria.

POV KLAUS

Assim que Caroline dormiu saio em direção ao quarto de Damon, eu sei o quanto isso doeria nela, mas minha principal suspeita era a Elena, principalmente depois de saber dessa história maluca. Elena teve oportunidade em todos os assassinatos, sem contar que ela trabalha no Grill então não seria difícil ela envenenar o Xix.

– Damon? Nós precisamos conversar – conto a ele a historia de Caroline e ele abaixa a cabeça – Eu sei que você e...

– Klaus eu também acho... Por mais que doa admitir eu também acho que é ela – Damon sempre foi um galinha, mas ele se apaixonou perdidamente por essa garota, suas atitudes mostravam isso e agora... – É o meu trabalho e se for ela, infelizmente nós vamos ter que provar

Fala se levantando e caminhando de um lado para o outro

– Mas não temos provas, por isso vamos lembrar que podem haver outros suspeitos... – Cami fala pela primeira vez

– Por primeiro vamos investigar o passado de todos que estavam com a Caroline na festa, depois vamos ver se eles tiveram a oportunidade em todos os assassinatos... Tudo bem? – eles assentem e eu saio quando sinto as mãos de Rebekah em meu braço

– Posso falar com você? – sigo até o quarto, quando ela tranca a porta e me pede pra sentar – Sua loira não vai dormir não?

– Já dormiu – respondo e ela abre a boca em um perfeito “O”

– Não me diga que ela esta no seu...

– Fala logo Rebekah – a interrompo, não estava nem um pouco a fim de ouvir o que ela pensa sobre Caroline muito menos aquentar os seus sermões

– Tudo bem eu vou te falar – suspira e se senta ao meu lado – Eu vou te falar

– Então fala – ela bufa e me encara repetindo mais duas vezes, “eu vou te falar”, ela começa a chorar me deixando sem reação a abraço tentando imaginar o que aconteceu quando algo vem em minha cabeça

– Foi o Tyler não é? – ela me olha como se confirmasse e eu me ajoelho em sua frente – O que ele fez?

– Eu-Eu... E-estou... Grávida – foi como um choque, minha irmã grávida? Tentei falar algo, mas era demais para mim. Eu podia gritar com ela, mas nada iria mudar isso então simplesmente a abracei sentindo as lágrimas dela molharem meu ombro

– Nós vamos dar um jeito – falo e limpo suas lagrimas – Aquele desgraçado vai assumir o bebê e pode ter certeza que ele não vai te deixar

Ela nega com a cabeça implorando para que eu não falasse com ele, deito-a na cama e espero ela se acalmar e dormir.

– Caroline? – tentava acordar a loira que batia com as mãos em minha cara até acordar e me encarar incrédula, ela abre a boca, mas eu a interrompo

– Onde Tyler mora? – ela franzi o cenho e eu continuo – Eu vi uma foto sua com ele e também você me contou que ele estava na cidade – ela me diz o endereço e eu saio praticamente correndo, assim que entro no meu carro vejo a porta do passageiro se abrir

– Não vou te deixar sair sozinho nesse estado – encaro a loira só de camisola ao meu lado – E também Tyler é meu amigo e se você pensa que vai prendê-lo como um suspeito... Eu quero provas

Só Caroline pra me fazer rir em um momento desses, sem querer discutir bufo e ela percebe minha impaciência

– Nick, eu sem querer ouvi sua conversa com a Rebekah – confessa e eu a encaro – Ta legal, foi quase sem querer... Mas é meia noite, dorme e deixa isso pra amanhã, se você sair assim só vai piorar tudo

– Ele engravidou a minha Irmã e você pede que eu tenha paciência?

– Tyler é um idiota, mas não a ponto de deixar alguém grávida, eu tenho certeza que ele vai assumir o bebê– confesso que senti algo estranho em ouvi-la defender aquele imbecil – Isso poderia acontecer com qualquer um... Ta bom talvez comigo não, afinal eu sou espert.......

As palavras somem e um sorriso tímido surge em seus lábios, o que tem de errado com essa pessoa? Caroline estranhamente cora e balança a cabeça rindo

– Me desculpa, eu não ia chamar sua irmã de burra...

– Esse adjetivo foi feito pra ela – Caroline ri e boceja

– Não é isso... É que você é homem e não entende – seus olhos brilharam de uma maneira desconhecida por mim, passa a mão por seus cabelos e me olha com a cara mais inocente que eu já vi – Às vezes nós mulheres queremos um abraço não um amasso... Percebeu a diferença?

– Hum... Não – respondi sorrindo, claro que eu tinha entendido, mas queria ver até onde ela chegaria

– Eu disse que eu quero alguém... Às vezes nós queremos – se corrige – Uma pessoa que nos ame do jeito que nós viemos ao mundo e não negue sentir isso

Poderia ser impressão minha, mas isso pareceu uma indireta, a loira se empolga e começa a discursar

– Aquela pessoa que te faz sentir um friozinho na barriga e te manda mensagens a cada duas horas... Sabe Nick quando você se sente nas nuvens como se não tivesse chão? E tudo o que você mais quer é ser feliz ao lado daquele que te faz se sentir única? – assinto – Eu tenho certeza que é isso que aconteceu com a Rebekah, eu conheço o Tyler e ele pode ser romântico até de mais quando quer... E não... Eu nunca fiquei com ele

– Eu não falei nada – me defendo ao ver o olhar dela dizendo “mas pensou”, lógico que pensei, afinal, ela já foi apaixonada por ele – Como você consegue ter tanta seriedade em certos momentos e em outros agir como uma adolescente louca e inconsequente?

Falo me referindo sobre o ocorrido mais cedo com Kol, ela cora e me pergunta se eu nunca vou esquecer isso, nego rindo

– Sabe de uma coisa? Todos querem ser amados, até as pessoas mais fúteis igual a mim... Sua irmã, todos buscam a felicidade – acabo rindo da confusão que ela fazia em tentar falar sobre Rebekah...

– Você amou o Enzo? – essa pergunta certamente a pegou de surpresa, até onde eu sabia esse foi o único relacionamento que teve, ela simplesmente sussurra um não

– Toda a garota sonha em ter um namorado lindo e fofo com quem passa horas conversando de depois corre contar para as amigas o quanto foi maravilhoso...

– E será que com dezessete anos ainda se tem esse sonho? – pergunto saindo do carro e voltando para dentro da casa

– Talvez – diz indo em direção ao seu quarto – Boa noite amor

POV REBEKAH

Depois da conversa que tive com o meu irmão, tudo pareceu se resolver, por mais que eu tenha tentado dormir apenas cochilei acordando logo depois. Passou-se poucos minutos até Caroline entrar no quarto me desejando boa noite e se deitando na cama dela. Eu sei que fui muito fútil com ela e já que seriamos cunhadas teria que resolver isso

– Ei... Caroline – ela se vira e sussurra um “oi?” – Me desculpa pelo mal entendido, eu não sou assim

– Tudo bem... Mesmo – responde sorrindo. Passaram-se minutos e mais minutos e Caroline como eu se revirava na cama buscando o sono que não vinha

– Então como esta seu relacionamento com o meu irmão? –pergunto sarcástica e começo a rir quando ela cora, ficando um tomate de tão vermelha – Ah até minha mãe já percebeu e olha que só estamos aqui há um dia

Ela nega tudo e acabo desistindo, mas esta visível que entre eles existe algo, nesse momento as luzes da casa se pagam, com certeza Klaus, pensei. Kol entra correndo com uma lanterna na mão indo em direção a janela

– Ta maluco Kol? Existe a luz pra que? – reclama Caroline, ele a olha fazendo um sinal para que se calasse e logo em seguida nos puxa pelo braço. No meio da escuridão Damon aparece pegando Caroline e nos levando até o quarto de Nick.

– Estão malucos? – digo ao entrar e ver que claridade só vinha das lanternas, possivelmente a luz tinha apagado, mas então porque estão todos reunidos? Minha mãe estava sentada na cama com Cami ao seu lado e Klaus encarava algo pela janela

– Nós não nos prevenimos para isso – conclui Damon respirando fundo

– Tem alguém rondando a casa – começa Klaus chegando perto, por um minuto pensei ser exagero de detetive, mas ao ver o olhar de todos percebi que aquilo era bem mais sério do que um bando de adolescentes fazendo bagunça pelas ruas

– Como consta em algumas informações, o assassino usa roupas brancas e uma mascara e pelo que vimos, ele esta aqui – Nick fala tranquilamente como se fosse á coisa mais natural de mundo, meus olhos se arregalaram e o medo tomou conta de mim, ouvi a respiração de Caroline ficar pesada fato que não passou despercebido por Klaus que em instantes estava envolvendo-a em seus braços – Vai ficar tudo bem sweet

– Ele deve estar querendo só assustar – conclui

–Possivelmente, mas mesmo assim não podemos vacilar. Como Damon disse, nós não nos preparamos para uma situação assim e por mais que pudéssemos sair e correr atrás dele botaríamos em perigo todos, porque não pense que ele estava aqui sem um plano bem feito – diz Cami me causando um arrepio

Uma risada escandalosa é ouvida pela janela e Klaus corre encarando a pessoa, se é que assim podemos chamá-lo, foi tudo rápido demais e a única coisa que ouvi foram às palavras de Nick misturadas com as gargalhas de algo que mais parecia os psicopatas de filme de terror

– Quem é você?