O final de semana é o dia mais aguardado por todos, e ele havia, finalmente, chegado.

Thalia andava pelo corredor com sua mochila jogada de lado, estourando bolas de chiclete fazendo um barulhinho insuportável, os fones no ouvido estavam muito altos.

–Romanoff. –Alex pulou ao lado da garota. –5 Seconds para alguma coisa não é? –Pegou um dos fones.

–Devolve filhotinho de Lata Velha! -Virou-se irada.

–Calminha cabelo de fogo. –Bagunçou o cabelo da menina, soltando os fios cacheados que antes estavam presos em um coque feito as pressas.

–E a propósito eu estou ouvindo. –Encarou-o. –5 SecondsOf Summer. –Disse pausadamente.

–Certo. –Levantou as mãos em rendição.

–Papaizinho vem buscar? –Perguntou rindo. –Lembrei. –Virou-se de volta. –Ele nunca vem. –Sorriu debochadamente e saiu andando.

Alex suspirou. Ela não sabia o quanto o machucava ouvir o que ele já sabia.

Tony Stark nunca tinha tempo para o próprio filho.

–Filho. –Pepper abraçou o filho e deu um beijo na bochecha do garoto.

–Ok, mãe. Entendi que estava com saudades. –Disse limpando a mancha de batom da bochecha.

–Seu pai não pôde vir. –Abaixou a cabeça.

–Tudo bem. –Sorriu fraco.

Uma das portas do carro preto se abriu, Thalia jogou a mochila dentro e depois entrou.

–Bom dia senhorita Romanoff. –O motorista cumprimentou-a.

–Dean, já falei para parar de me chamar assim. –Mostrou a língua. –Me chame de Thalia e sem essa de Romanoff, ao menos Stevens. –Cruzou os braços.

–Annie. –A outra porta se abriu.

A ruiva revirou os olhos quando viu o garotinho de cabelos loiros roçando a sobrancelha, olhos azuis vivos e brincalhões,vestindo uma calça jeans normal e camiseta com uma enorme estampa com o desenho do Homem Aranha.

–Harry! Que felicidade em vê-lo. –Sorriu falsamente.

–Também estou exultante de tanta euforia em vê-la minha cara irmã. –Sorriu de volta da mesma maneira.

–Podemos ir? –O motorista virou-se para trás.

–Claro, Dean. –O garoto respondeu.

Nathalia colocou novamente os fones, assim como o irmão mais novo.

–I don’tknowaboutyou, butI’m feeling 22. –A ruiva cantarolou.

–Cala a boca, toco pegando fogo. –Harry reclamou.

Ela insistiu cantando o mais alto que pôde.

Dean fechou o vidro que os distanciava.

O carro parou e ambos desceram.

–Mãe. –Harry entrou gritando.

–Como foi a semana meu amor? –Natasha deu um beijo no topo da cabeça do loirinho.

–Ótima. –Disse animado.

–Comprei um vídeo game novo para você. –Passou a mão nos fios loiros.

–Te amo madrezita. –Correu para a sala de televisão.

Thalia revirou os olhos e correu para a escada.

–Espere aí mocinha. –Natasha cruzou os braços.

–Olha que interessante. –Virou-se. –Ela lembrou que eu existo. –Bateu palmas.

–Você torna as coisas impossíveis para nós duas, não eu. –Natasha caminhou até a outra ruiva.

–Sério? Até por que fui eu quem trancou os filhos em uma escola interna. –Jogou a mochila na escada.

–Você só culpa á mim. –Gritou. –Você poupa seu pai da culpa. Por quê? –Perguntou.

–Porque o meu pai me ama. –Deu ênfase.

–E eu não? -Natasha estava vermelha, quase num tom mais avermelhado que seus cabelos.

–Diga-me você. –Virou-se para sair.

–Volte aqui! –Gritou. –Um filho jamais vira as costas para a mãe. –Repreendeu.

–Mas uma mãe pode obrigar um filho a escutar coisas que ele escuta toda vez que volta para casa? –Colocou a mão na cintura.

–A culpa é sua. Você nunca faz as coisas diferentes. –Gritou furiosa.

–Eu? –Apontou para si mesma.

–Você torna as coisas ruins, está em você essa coisa ruim. –Atacou.

Nathalia estava furiosa, ela queria que um vaso voasse para atingir a mulher a sua frente.

Natasha esquivou-se e por um segundo não foi atingida por um vaso de tulipas.

–O que foi isso? –Perguntou assustada.

–Eu só imaginei. –Disse estática.

–Você queria me matar? –Perguntou chocada.

–Não, é claro que não. –Disse chorando e subiu as escadas correndo.

A ruiva mãe levou a mão á boca.

Thalia bateu a porta do quarto e se sentou no chão, ela sentiu o celular no bolso do short e o pegou.

Um toque. Dois toques.

–Alô?

–Stark.

–Wow! É sério isso?

–É sério.

–O que você quer?

–Preciso da sua ajuda.

–Minha ajuda? Ai meu Deus! Não acredito que a ruiva mais orgulhosa do mundo está pedindo minha ajuda. Estou emocionado.

–Deixa para lá.

–Espera, espera.

–O que é?

–No que eu posso ajuda-la?

–Uma coisa estranha aconteceu comigo.

–Prossiga.

–Eu pensei que eu queria que um vaso de flores voasse pela sala e ele o fez.

–Você quase matou sua mãe.

–Ei, ei, ei. Eu não citei isso.

–Presumi que fosse isso.

–Certo. Mas eu preciso saber o motivo.

–Você assistia The Tomorrow People?

–Claro.

–Você tem aqueles dons. Sabe o três T’s? Aqueles mesmo.

–Eu não quero.

–Não é uma escolha.

–Eles podem me matar ou matar alguém?

–Venha aqui em casa para que eu possa te ajudar melhor.

–Na sua casa?

–É, na minha casa.

–Que horror.

–Romanoff!

–O que foi Stark?

–Nada. Vejo-te á meia noite.

–Certo.

Desligou.

A ruiva desabou a chorar.

Steven entrou em casa e logo viu a esposa sentada em um dos degraus da escada, os olhos estavam vermelhos e as mãos tremendo.

–Brigaram novamente? –Sentou ao lado dela.

–Ela tentou me matar com a força do pensamento. –Não conseguia olhar pra ele.

–Como? –Boquiaberto.

–Ela tem poderes e está trancada no quarto. Ela precisa de você e eu vou passar alguns dias em qualquer lugar do mundo. –Levantou-se.

O loiro bateu na porta do quarto da filha e ela abriu.

–Como você sabia que era eu? –Perguntou.

–Ouvi sua voz. –Disse.

–Quando? –Perguntou novamente.

–Quando estava dizendo que ela só foge dos problemas. –Respondeu.

–Eu não disse isso, eu pensei. –Corrigiu-a.

Sentou no chão e a ruiva colocou a cabeça no colo do pai.

–Depois resolvemos as coisas sobre seus poderes, você precisa falar com a sua mãe. –Começou a mexer nos fios ruivos.

–Eu vou ter ajuda com a coisa dos poderes e eu não vou falar com ela. –Respondeu.

–Quem vai ajudar você? –Perguntou.

–O filhotinho de Lata Velha. –Disse secando as lágrimas.

–Vá falar com ela. –Pediu.

–Ela vai fugir para aonde dessa vez? –Perguntou.

–Não tem destino certo. –Abaixou a cabeça.

A ruiva levantou-se e foi até o quarto da mãe. Natasha estava jogando as roupas dentro de uma mala preta de rodinhas.

–Posso entrar? –Perguntou.

–Veio fazer o que aqui? –Virou-se para a garota.

–Tentar acertar as coisas, mas não tem como. –Cruzou os braços.

–Natasha! -Um grito masculino desesperado sobrevoou agonizantemente pelo corredor.

Ambas correram.

Havia um buraco negro aberto no meio do quarto de Thalia, Steven estava tentando se segurar para não ser sugado.

–Steven. –Natasha se jogou no chão agarrando a mão do esposo. –Segure-se, não solte. –Pedia.

–Eu não estou conseguindo. –Gritou em resposta.

–Eu vou tentar. –Thalia fechou os olhos e com a força da mente tentou fechar o buraco, mas ao invés disso foi arremessada contra a parede.

–Thalia. –Natasha gritou desesperada.

As mãos do loiro afrouxaram, ele olhou para a ruiva e seus olhos encheram de lágrimas.

–Eu amo você, amo todos vocês. –E foi caindo em uma grande escuridão sem fim.

–Pai. –O loirinho parado na porta estava em choque.

Natasha correu até a filha, Thalia estava estática encostada á parede.

–O que foi aquilo mãe? –Harry perguntou chorando.

–Eu não sei filho, eu não sei. –Abraçou os dois filhos.

Nathalia saiu correndo, ela precisava chegar na porta o mais rápido possível. Precisava achar o pai.

–Dean. –Natasha gritou pela janela.

O homem conteve a pequena ruiva antes que ela conseguisse correr.

–Eu preciso achar meu pai. –Debatia-se.

–Nós acharemos. –Natasha disse saindo da casa.

Família Stark...

Alex abriu a porta vagarosamente e lá estava seu pai melhorando a Armadura.

–Preciso falar com o senhor. –Disse.

–Tem que ser agora? Estou meio... –Começou.

–Ocupado, você sempre está. –Interrompeu.

–Desculpe. –Parou para encara-lo.

–Nathalia tem poderes. –Contou.

–Que tipo de poderes? –Sentou-se.

–Ainda não sabemos direito, mas são coisas usando a mente. –Disse.

Antes que o homem pudesse abrir a boca para responder, o chão começou a tremer e um buraco idêntico ao que havia sido aberto no quarto de Thalia abriu-se debaixo de seus pés, sugando-o para a completa escuridão.

–Pai! –Gritou.

Era tarde demais.