Harry e...plantas escrita por HamsterC


Capítulo 17
2 Dias depois




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O garoto estava deitado, lembrando-se da noite que teve. Não se imaginava como um simples passivo bêbado que saia dando para todos. Mas sentiu algo entre ele e o garoto (que não se lembrava mais do nome). Não sabia se devia continuar com o que planejava, nunca namorara um outro homem. Sorriu lembrando-se do momento em que o sentiu dentro de si. Dos gemidos que o excitavam ainda mais. Não estava conseguindo nem mesmo estudar para a faculdade. Bagunçou seu cabelo curto e preto. A ideia de deixar mais em cima que nos lado era boa, se via mais bonito, mais jovem do que era.

Escutou sua mãe gritar. Aquilo tornou-se tão rotineiro, que nem ligava mais. Bocejou e colocou seu caderno na escrivaninha, levantando-se da cama. Ajeitou sua samba-canção, não queria que sua mãe o visse do modo que estava. Lembrar da noite passada não fora algo tão bom assim. Esperou ficar normal para que pudesse abrir a porta. Coçou a barba que crescia em suas bochechas, e bocejou novamente. Não dormira direito. Ao abrir a porta, uma pessoa o abraçou, e, em seguida, outra abraçou sua perna. Eram seus irmãos.

— Otávio, Jéssica… – não sabia se ficava com raiva, feliz, ou com vergonha. — O-O que vocês estão fazendo aqui?

— Papai quis visitar a mãe – falou o garoto, com um sorriso torto no rosto. — Disse que queria ver como você estava.

— Ah – soltou, mas tentou fazer parecer como se não estivesse chateado (iria para a casa de sua amiga, mas a visita o impediu). — Bem, vamos tomar o café da manhã, certo? – Ricardo bagunçou o cabelo loiro de sua irmãzinha mais nova, Jéssica, e, em seguida, abraçou seu irmão, despenteando o cabelo preto do garoto.

Ricardo saiu do quarto com seus dois irmãos, e fechou a porta.

— Então, como as coisas estão pro lado de vocês? – Ricardo olhou para Otávio, que segurava a mão de Jéssica, ajudando a pequena garota a descer as escadas. — Tiana deu um jeito no Carlos?

— Titia Ana! – Jéssica olhara para Ricardo, sorrindo, e chamando o nome de sua madrasta.

— Acho que sim. Ele não tá mais bebendo, não que eu saiba.

Os três chegaram na sala, Ricardo olhou para seu pai, e deu um leve sorriso. Sentia como se não mais conhecesse aquele homem que estava ali, conversando com a sua mãe. Ele vestia um casaco sobre a blusa branca. O seu cabelo preto, parecido com o seu, estava despenteado, mas percebera a tentativa de penteá-lo. Vestia uma calça jeans nova, provavelmente um presente de Tiana. Fora até ele, e o abraçara fortemente, sua mãe se afastou, o sorriso que tinha no rosto dela desaparecera, ela não gostava de Ricardo, não mais.

— Bem, eu vim aqui fazer uma proposta a você, Vanessa – anunciou o homem que não via já faz um tempo.

— Vai passar um tempo comigo e com Ricardo? – perguntou a mulher, quase deixando a alegria lhe consumir antes mesmo do anúncio.

— Não, não.

O homem sorriu, coçou sua barba feita, e continuou olhando para seus filhos, que também não sabiam o que estava ocorrendo.

— Eu quero levar o Ricardo para passar alguns meses comigo.

—-----------o-----------

Vívia saiu de seu carro, passou pela pequena porta de madeira, abriu a porta, e entrou na sua casa. Ajeitou seu mais novo cabelo cortado, colocando-o atrás da orelha, e jogou sua bolsa de couro no sofá. Suspirou, e foi até a cozinha, ainda não havia nada pronto para o almoço. Pensou em gritar por Harry, para que o garoto fosse comprar algo, mas decidiu não perturbá-lo.

Depois da briga que tiveram, e a saída dele da casa, tinha decidido que deviam voltar a se relacionar aos poucos. Ele falava com ela, o bastante para que lhe deixasse feliz. Estava esperando o momento certo para lhe prometer que nunca mais impediria o relacionamento dele com Lucas, que o garoto poderia visitar a sua casa todos os dias. E também esperava pelo momento a qual poderia contar sobre Johnny, sobre toda a sua história com Tássio, sobre o dinheiro que ele herdara.

O tratamento de Johnny ocorria conforme o esperado. Era difícil vê-lo deitado na cama do hospital, inconsciente, e em coma. As imagens de dois dias atrás ainda não lhe saíam da cabeça. Prendeu suas lágrimas, e, com um susto, notou Harry apenas de samba-canção, observando-a do final do corredor.

— Onde você estava? – perguntou o garoto.

— Estava no cabeleireiro, vê – ela colocou suas duas mãos sobre a própria cabeça, e acariciou o próprio cabelo. — Está bom? É um novo visual para uma nova eu.

O garoto ainda sobre efeito do sono, sentou-se na cadeira da mesa da cozinha, e esperou algo sair, um assunto, mas não tinha nada para conversar com a mulher.

— Clara e Lucas também não foram para a escola hoje?

— Não – ele olhava para a madeira da mesa, pensando sobre o que ocorrera entre ele, Lucas, e Clara. A confissão, e o sexo sem camisinha com a garota.

— Você quer visitá-los? Se quiser eu posso levar você até a casa da Clara – Vívia entregou um pão ao garoto, e esperou pela resposta.

— Apenas quero dormir – ele se levantou, e levou o pão com ele de volta ao quarto.

Suspirou. Não sabia exatamente o que tinha acontecido entre os três, pelo que sempre viu, todos eram inseparáveis, Harry nunca ficaria sem falar com eles. Fez o almoço, arrumou o prato de Harry, colocou-o no micro-ondas, e saiu novamente. Ia visitar Leila para ver se Lucas estava do mesmo jeito.

[…]

Tocou a campainha.

Esperou alguns segundos até a mulher aparecer. Percebeu a surpresa no olhar dela, fazia dois anos que não mais se falavam, costumavam ser melhores amigas, como Harry e Lucas, mas após ver a cena que a levou a tentar afastar Harry de Lucas, as duas se afastaram, mas os dois garotos continuaram se encontrando, continuaram amigos, infelizmente. Mas agora tinha de aceitar o ocorrido, e esquecer os acontecimentos passados.

— Ví – falou Leila, alegre.

— Oi – sorriu. — Posso entrar?

— C-Claro, entre – a mulher abriu a porta por completo, e deixou que Vívia entrasse.

A casa era bem maior que a sua. Sentiu-se um pouco intimidada pela grande televisão, a porta que levava a lavanderia, e a bela cozinha, além da mesa de jantar um pouco longe, mas próxima à escada que levava aos quartos no segundo andar. Tinha ido ali para confirmar com a mulher o que ocorrera entre os três, para ver se Lucas também não tinha ido para a escola, e nem mesmo precisou perguntar. O garoto loiro estava deitado no sofá, com o cabelo molhado, coberto apenas com uma toalha, comendo pipoca, e assistindo a um filme.

Acompanhou Leila até a cozinha, e se sentou na bela mesa de vidro. Foi servida com apenas café. Lucas não aguentou o barulho que as duas faziam, dando gargalhadas, e falando aos gritos, e foi para o seu quarto. Vívia aproveitou, e mudou de assunto, não queria mais falar sobre o passado.

— Você sabe por que ele está assim? – falou baixinho, esperando que não desse para escutar nada do segundo andar.

Leila apertou a presilha em seu cabelo encaracolado loiro, e voltou-se para a mulher com um suspiro.

— Não. Desde do dia em que Harry veio aqui ele está assim – Vívia ia falar, mas Leila continuou. — Mas eu e Tony achamos que ele está assim por causa da amiga que morreu.

— Você sabe se essa amiga que morreu também tinha alguma relação com Harry? – tomou um gole do café, e encarou a mulher, esperando uma boa resposta.

— Não, que eu saiba, Taila só era amiga do Lucas – Leila olhou para Vívia, as duas, a esse ponto, já sabiam mais ou menos o que havia ocorrido, mas decidiram continuar ali, enrolando. — Harry também está assim?

— Uhum, e eu acho que Clara também.

Leila escutou a campainha novamente, e se levantou, balançando a cabeça enquanto andava até a porta.

— Eu liguei para a Valerie, Clara foi para a escola nesses dois últimos dias.

Leila abriu a porta, Tony havia chegado. Estava no intervalo do trabalho, e aproveitava para ir até sua casa para almoçar e assistir televisão quando ainda sobrava tempo. A mulher abraçou o homem, que olhou para Vívia, surpreso.

— Vívia? – perguntou ele, estranhando a mulher estar ali, sentada na mesa da cozinha.

— Sim – ela sorriu.

— Ela veio falar sobre o Harry – sussurrou Leila para o homem. — Ele está agindo igual ao Lucas.

— Você já está indo? – perguntou Tony, Vívia já havia se levantado, e já estava pegando suas coisas.

— Eu acho que já escutei o que precisa ser escutado, certo, Leila? – ela sorriu para a mulher, e passou pelos dois, ficando parada na porta, esperando um “tchau” de ambos.

— Por que não saímos para o parque no fim dessa semana? – sugeriu a mulher, depois de confirmar o que Vívia dissera.

— Fim de semana, certo? – repetira Vívia, abrindo a porta de seu carro. — Eu vou!

— Tchau! – gritou Tony.

—-----------o-----------

Seu celular tocou novamente. Suspirou, e se esgueirou pela cama, pegando o celular que estava em cima da pequena estante, de apenas uma gaveta onde ficavam as suas cuecas. Olhou quem era, e pensou em não atender. Era Clara. A garota tentava falar com ele desde do dia em que quase morria de tanta dor de cabeça. Suspirou novamente, e atendeu.

— Oi – falou, não estando nada feliz por ter atendido.

— Oi – falou ela, percebendo que algo havia ocorrido. — Por que vocês não vieram nesses dois dias? O que aconteceu? – parecia não se importar com o que ocorrera entre ela e Harry, e continuou falando normalmente, como se não tivesse ocorrido nada.

— Tô com preguiça de contar, Clara – levou sua mão até sua testa, afastando seu cabelo preto que caía sobre ela.

— Eu posso ir aí hoje?

Não sabia exatamente o que responder. Não sabia se estava pronto para voltar a falar com Lucas depois do que houve, nem mesmo com Clara. Estava com medo de que ela viesse com alguma notícia ruim, algo que o prejudicaria ainda mais. Uma gravidez.

— Eu, eu não sei – falou. — Acho que sim.

— Tudo bem, estarei aí daqui a pouco. Tchau.

Jogou o celular em sua cama, e olhou para o teto. Estava daquele jeito desde da noite em que saíra para concertar as coisas com Lucas e Clara. O motivo não era exatamente pelo que ocorreu. Apenas queria um tempo sem vê-los, depois do beijo de Lucas, e o sexo com Clara, não saberia o que falar com ambos, estaria em uma situação absurdamente constrangedora. Suspirou, e levantou-se. Seu quarto estava uma bagunça. Havia restos de comida em cima da escrivaninha e perto do computador, o guarda-roupa estava aberto e desarrumado, derramando várias roupas no chão, juntando-se as cuecas sujas já jogadas por ali.

Abriu a porta e procurou por sua mãe. Ainda não havia chegado. Foi até o banheiro, tirou sua samba-canção, jogou-a no meio da casa, e entrou no banheiro. Abriu o box, fechou-o, e ligou o chuveiro. Fechou seus olhos, e deixou a água derramar-se sobre seu corpo. Estava esquecendo de algo, e suspeitava disso desde do dia passado, um dia depois do ocorrido com Clara e Lucas. Havia acontecido algo a mais, e forçava-se a lembrar. Tudo no que acreditava para que isso ocorresse seria uma batida na cabeça, ou bebidas.

Suspirou, e levou suas mãos a seus cabelos escuros. Estavam grandes, fazendo com que uma franja molhada ficasse ali, em sua testa, escorrendo água por todo o seu rosto. Olhou para o seu corpo, e viu o quanto emagrecera, todas as poucas gorduras que tinha se transformaram em músculos pouco definidos. Também pensava seriamente em se depilar. Seu pênis, umbigo, peito, e pernas tinham pelos, e ainda não fora ao espelho para ver sua cara.

Abriu o box, pegou a toalha, e enxugou-se. Foi para a frente do espelho logo em seguida. A situação em seu rosto estava diferente. Havia, sim, uma barba crescendo ali, mas ela o deixava mais velho, mais bonito. Deixou-se assim, e amarrou a toalha em sua cintura ao escutar alguém bater à porta. Era sua mãe, ou Clara.

Passou pelo corredor, e foi até a porta. Era Clara. Sorriu, um pouco desanimado por recebê-la. Arrastou a porta, não ligando para como estava perante ela.

— Sua mãe está? – perguntou, entrando na casa.

A garota usava a blusa branca da escola, e uma saia jeans. Seu cabelo castanho claro estava amarrado em um rabo de cavalo, e, no momento, não usava seus óculos. Tirou seus sapatos, e olhou a casa em seu todo, estava quase do mesmo jeito que no dia do aniversário de Harry, tudo ainda um pouco bagunçado.

— Não tivemos muito tempo pra ajeitar tudo… – falou ele, percebendo a ação da garota.

— Percebi – ela sorriu.

— Café? – ele havia enchido a xícara, enquanto ela continuava a olhar a casa.

Ela sorriu e pegou a xícara.

— O que aconteceu? – falou ela, ao ver a cueca do garoto jogada no corredor da casa. — Por que vocês faltaram esses dois últimos dias, e nem deram sequer uma notícia? Desde que conheci vocês, nunca vi vocês brigarem, e nunca pensei que isso fosse possível.

Harry sorriu.

— Pensei que você tinha vindo falar sobre nós – falou ele, sentando-se na cadeira, e apoiando-se na mesa.

— Não vejo a necessidade disso no momento – tentava camuflar a vergonha.

— Eu não vou ficar escondendo as coisas, então acho que eu devo contar, certo? Cansei de segredos entre nós – Harry suspirou, e ajeitou-se na cadeira. — Nós estamos… namorando, certo?

— Sim? Eu não sei, idiota! – ficou envergonhada.

— E você quer saber por que eu e Lucas brigamos, certo?

— Ahã, parecem dois imbecis com medo de se ver. Não gosto quando meus amigos brigam, entendeu? E, vou avisar logo, se você não me disser nada, eu posso muito bem ir até o Lucas – sorriu. — E eu tenho certeza de que ele vai contar tudo pra mim.

— Você gostou? – perguntou Harry, fugindo do assunto, entretendo-se com um pedaço de pão que estava em cima da mesa de madeira.

— Do que?

— Dos beijos, do… se-

Clara se levantou, e bateu a sua mão na mesa, o bastante para que fizesse a mesma pular, e assustar Harry.

— Só por que somos amigos, não quer dizer que pode falar disso comigo normalmente, seu mongol! – ela respirou fundo, e continuou. — Eu tenho que ir, Jaime me convidou pra ir na casa dele – colocou a xícara na mesa, e começou a andar até a porta.

— Tchau.

— Vá à merda! – disse, ainda envergonhada pela pergunta passada.

Saiu da casa, e fechou a porta. Sabia que era amiga de Harry a menos tempo que Lucas, e também já sabia que o garoto era idiota, e tentava entender o por que de gostar dele, qual é o charme que lhe chama atenção, o que tinha de bom no garoto. Estava voltando para sua casa, e as perguntas não saiam de sua cabeça. Vai ver seriam seus olhos, ou o modo brincalhão de ser. Passou por uma poça de água, e quase caía ao pular do obstáculo. Ao pular, conseguiu ver algo, uma pequena luz fosforescente, voltou, e olhou com mais atenção, não havia nada.

— Louca! – disse para si mesma.


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