Promessa escrita por Elfa Livre


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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— SAI DAQUI! —gritei com ele, o que não era uma boa ideia, já que ele era um deus grego e os deuses gregos que me aprisionaram nessa ilha.

— Calipso. — ele me chamou.

—Vai. Só vai. —supliquei.

Já estava acostumada com o silêncio em Ogígia, já havia me acostumado com minha isolação do mundo. Mas parecia que os deuses gostavam de me ver sofrer, não sei quem eu culpava mais, Zeus, pelo meu castigo, ou Afrodite, por fazer com que eu me apaixone.

Desabei no chão. Hefesto havia ido embora, como pedi, mas isso teria consequências, eu passaria ainda mais tempo sozinha. Não devia ter tratado ele assim, ele era um dos poucos que vinham me ver. Mas, apesar de tudo, o deus do fogo e das forjas era pai dele, de ver as ferramentas do pai lembrava-me da promessa que o herói me fez, de ver o fogo me lembrava do herói.

Já se fazia um ano desde que o último herói veio a minha ilha, ele era diferente dos outros, não era bonito e galã. Ele era magrelo e engraçado, era um semideus, um dos sete da profecia. Ele não podia ficar comigo, pois ele tinha a missão de impedir Gaia e os Gigantes.

Fui logo invadida por uma tristeza, mas também pela raiva. Estava em dúvida entre as duas, mas não cedi a nenhuma. Hefesto me trazia notícias, só que meu herói sumiu desde que eles derrotaram Gaia, ninguém sabe onde ele está, diversos semideuses já foram em missões procurar ele. Ninguém o encontrou, nem mesmo os deuses. E eu? Parada aqui nessa ilha, sem poder fazer nada. E se os monstros remanescentes do exército de Gaia tivessem capturado o Filho de Hefesto? Não tinha percebido antes, mas senti uma lágrima solitária correr minha face. Leo Valdez não voltaria para mim, e eu precisava me desculpar com o pai dele, demoraria para Hefesto me ver, mas ele viria.

Agora que me pego pensando em mim, retorno meus pensamentos para as pessoas fora de Ogígia, não os semideuses, mas os mortais. Os mortais estão vivendo sua vida sem saber que isso existe, sem saber de nada que pudesse comprometer seu jeito de viver, eles são livres, podem ir para onde quiserem e falar com quem quiserem. Eles tem a vida que eu queria. Longe de guerras, longe das batalhas. Não digo que não há batalhas no mundo mortal, porque há, mas se a maioria das lutas são começadas por semideuses, monstros, e várias outras espécies, essa batalha deveria ser nossa, não concorda?

De repente percebo que parei de chorar e estou rindo. O que há de engraçado? Bem, a maioria das meninas mortais sonha com um príncipe elegante, de roupa chique montado em um cavalo branco que chega a brilhar de tão limpo. E eu? Bem... Estou em uma ilha deserta sonhando e esperando um menino magricelo, com roupas cheias de graxa montado em um dragão de bronze celestial. Minha vida com certeza não era normal. Com esse pensamento percebi que ainda tinha esperança que Leo me salvasse. Afinal, essa sou eu, acredito que já perdi todas as esperanças, mas lá no fundo, continuo acreditando e sonhando.

Meus pensamentos vagam para ele, em nossa despedida, quando beijei ele. Acho que ele nunca havia beijado outra menina. A cara dele havia sido, por um momento, engraçada.

Tudo com ele era mais divertido e engraçado. Não conheci muitos filhos de Hermes, mas provavelmente, Leo Valdez era mais engraçado que muitos deles. Não que eu vá, algum dia, admitir isso para ele.

Sorri, Leo me disse que máquinas eram bem mais fáceis de entender do que as pessoas. Concordo com ele. Onde você está, Valdez? Será que nunca vou te entender?

Pensar nele era diferente de pensar em qualquer outro semideus que havia me deixado. Pensar nos outros só me trazia raiva, pensar nele me fazia feliz, ele conseguia me fazer rir mesmo estando distante.

O garoto dos reparos era diferente, isso eu tinha certeza.

Olhei ao meu redor, apesar de tanto desejar sair daqui, seria difícil. O verde da grama, o azul do céu, era tudo tão natural e calmo. Mas eu tinha que sair, apesar da beleza, aqui era uma prisão. A minha prisão, mas também minha casa. E eu a via mais como casa do que como prisão.

Lembrei da minha discussão com Hefesto, ele disse que adoraria ficar parte do dia dele observando esse céu. Não sei que horas eram, sempre perco a noção do tempo em Ogígia, mas um forte sol brilhava lá fora.

Achei que fosse minhas vistas, mas não. Alguma coisa refletiu o brilho do sol em minha direção. Após um momento eu entendi.

Um dragão de bronze celestial podia fazer isso. Hefesto sabia que Leo chegaria hoje, ele sabia e me deu uma dica.

Sorri, uma alegria tomou conta de mim.

— Sua fiança foi paga, flor do dia. — o menino disse sorrindo.

Ele estava como imaginei, cheio de graxa e fuligem.

Senti lágrimas de emoção molharem minha face. Meu príncipe encantado veio me salvar. Ele desceu de Festus e veio em minha direção. Eu simplesmente não conseguia acreditar nisso. Ele estava aqui. Ele havia quebrado as regras, ele havia encontrado Ogígia duas vezes. Sorri e fui em sua direção abraçar ele.

Ele me apertou fortemente.

— Você conseguiu. Nem acredito que você conseguiu! — falei.

— Eu prometi.

Ficamos mais um tempo abraçados.

— Esse é o Festus. — ele apresentou-me o dragão.

—Oi, Festus.

Olhei para ele, ele simplesmente sorria.

—Pronta para ir? — ele me perguntou.

Olhei em volta, ao verde a ao azul a minha volta.

— Pronta. —falei, já havia ficado muito tempo aqui. Segurei na mão dele.

Ele, com delicadeza, me ajudou a subir no dragão e se sentou na minha frente.

— Mas para cumprir a promessa ainda falta algo.

O olhei confusa.

—Para onde você quer ir?

Não cabia tanta felicidade dentro de mim.

— A Oficina Mecânica Leo e Calipso.


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