Negociando com o Inimigo escrita por Dani R


Capítulo 15
XV - Gravity


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!!! Como vocês estão? Então, eu me empenhei bastante pra escrever esse capítulo da fic (tanto que, como eu disse nas notas do capítulo anterior, só posso usar pc em fim de semana) e acabou saindo o MAIOR CAPÍTULO DA FIC ATÉ AGORA. Sério, 4000 palavras. Nunca pensei que chegaria a esse nível askjfhsjka Enfim, a música do capítulo é Gravity do Coldplay (https://www.youtube.com/watch?v=fIyFgygYW7s). Esse capítulo tá bonzinho (pelo menos eu acho), tem bastante drama água com açúcar, para claro, nos prepararmos para a ção :) Espero que gostem xx



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Baby,
It's been a long time coming,
Such a long, long time.
And I can't stop running,
Such a long, long time.
Can you hear my heart beating?
Can you hear that sound?
Cause I can't help thinking
And I won't stop now

Salão Principal; 16 de Abril de 2023; 7h13min AM

Já se passara um tempo desde a fuga de Jade e outros alunos — os quais entre eles estavam Jason Zabini e Elise Finnigan, uma das colegas de quarto de Dominique, portanto, de Jade também — o que estava deixando todo mundo louco. Os irmãos Potter mal dormiam, e o resto dos Weasley tentavam descobrir o que estava acontecendo.

Hogwarts estava deprimente; não havia um aluno que não tivesse um amigo ou pelo menos conhecido que tenha fugido com os recém denominados "novos comensais". As aulas, principalmente as de Feitiços e Defesa Contra a Arte das Trevas, estavam bem mais puxadas, com o objetivo de preparar os alunos para uma possível guerra. Os próprios alunos ensinavam um ao outro, também.

A imagem dos aurores ao redor de Hogwarts já era rotineira — dementadores apareciam cada vez mais, mas eles também estavam lá caso um ataque acontecesse. Os adultos, principalmente os que trabalhavam no ministério, mandavam cartas para seus filhos, já que assim poderiam mantê-los informados sobre os acontecimentos. O Profeta Diário não ajudava muito, pois eles só contavam o lado superficial das histórias, ao invés de investigar os fatos.

Mas nesse dia os Weasley-Potter tinham algo a comemorar — ou pelo menos tentariam. Era o aniversário de Albus, e todos acordaram animados... Ou pelo menos tentaram.

— Albus! — Dominique quase gritava, com sua voz fininha que tentava aparecer animada. Ela foi até a mesa da Sonserina, sentou-se ao lado do primo e entregou uma caixa embalada. — Feliz aniversário, pestinha.

Ele sorriu para a loira e deu um grande abraço nela. Logo, abriu o presente e ficou feliz com o que viu: um boneco — ou como ele gostava de chamar, "action figure", porque era mais adulto segundo ele — do Super-Homem. Albus tinha um enorme gosto por super-heróis trouxas, então ele praticamente segurou o grito ao ver o presente.

— Você é definitivamente a melhor prima que eu tenho. — Ele disse, sorrindo para ela e dando outro abraço apertado.

Um minuto após isso, Rose chegou pigarreando atrás dele, também entregando o presente. Ela fingiu ficar com ciúmes, pois tinha ouvido o que ele tinha dito para Dominique. E assim que ele abriu seu presente, deu um beijo na bochecha dela.

— Você sabe que eu te amo também, Rosie.

Resumindo: A manhã inteira foi basicamente os Weasley-Potter e mais alguns amigos — e é claro, Alice Longbottom, a ficante de Albus que, segundo todos os seus primos, já estava mais do que na hora de tomar o posto de namorada — entregando seus presentes para Albus. A mesa da Sonserina ficou mais cheia do que devia, principalmente porque ficou cheia de Grifinórios.

— Entãããão, vai ter alguma festa hoje à noite? — Perguntou James, com seu olhar e sorriso atrevido.

— Ah, cara... — Scorpius colocou a mão no ombro de James Sirius. — Encare. Ele não vai dar uma festa só para você reconquistar a Dominique.

Dominique encarou o amigo com um olhar feroz, praticamente ameaçando que aquelas seriam suas últimas palavras. James deu um empurrão tão forte em Malfoy que ele tropeçou no banco da mesa e caiu embaixo da mesa. Risos ecoaram durante todo o Salão Principal.

— Qual é. — Disse Rose, bufando e ajudando Scorpius a se levantar. — Não teve graça.

— Rose defendendo o Scorpius? Ok, isso é um milagre. — Dominique disse, rindo. Rose fuzilou a prima com o olhar. Ela riu de novo. — Nem você me bota medo, Rose.

— Tentei, pelo menos. — Ela respondeu, dando de ombros.

— Na verdade, pessoal, aquilo foi uma pergunta retórica. — James continuou a falar, e a maioria dos familiares reviraram os olhos. — Hagrid deixou eu fazer uma festa para meu irmão nos jardins. É claro, terão aurores para nos cuidarem e isso vai ser bem chato, mas não há nada que possamos fazer.

— James... — Albus começou a falar, mas James levantou a mão para interrompê-lo.

— Não precisa agradecer, irmãozinho.

Albus riu.

— Você é louco, cara.

— Só estou sendo legal. — James respondeu, rindo. — Ah, e a festa vai ser de dia, assim que acabarem as aulas.

Todo mundo concordou, e cada um voltou para seu próprio mundinho. Eles não tinham muito tempo para pensar em festas o dia inteiro; além dos terríveis acontecimentos, os exames se aproximavam cada vez mais.

Isso significava caos, principalmente para os alunos do sétimo ano. Dominique, James, Fred e Molly prestariam seus NIEMs em três semanas, e nenhum deles tinha uma ideia do que queriam — apenas opções. E isso estava começando a frustrá-los.

Mas voltando ao fator da "quase-guerra", no fim do café da manhã, um grito e um choro escandaloso foram escutados, e eles vinham da mesa da Corvinal. Pelo jeito Louis conhecia a garota que estava chorando e foi até ela junto com seus primos para ver o que estava acontecendo.

— Laurel, o que aconteceu? — Perguntou, sentando-se ao lado dela e acariciando suas costas para tentar acalmá-la.

A menina continuou chorando, mas entregou a ultima edição d'O Profeta Diário para Louis, apontando para uma matéria específica. Os estudantes espremeram seus corpos, tentando ler a coluna.

"FAMÍLIA DE NASCIDOS-TROUXA É BRUTALMENTE ASSASSINADA

Na noite de ontem (quinze de Abril) um casal de nascidos-trouxa e seu filho de seis anos foram assassinados dentro de sua própria casa, no vilarejo de Coan Kingdom, em Manchester. Christopher e Summer Lighthood tinham trinta e quatro anos e os três bruxos deixam sua filha e irmã, Laurel Lighthood, de quatorze anos.

O Ministério e os aurores ainda não se pronunciaram sobre esse caso específico, mas o auror-chefe, Harry Potter, falou inúmeras vezes sobre os ataques que já são comuns desde o ano passado. A suspeita de estar por trás de todos esses crimes é Ursula Lestrange-Brusqué, filha da falecida comensal Bellatrix Lestrange e o também comensal Rodolphus Lestrange.

Mas o que todo mundo quer saber é: Isso significa outra guerra no caminho?"

Sala de Defesa Contra a Arte das Trevas; 16 de Abril de 2023; 11h20min AM

Observar Teddy dando aula era algo realmente não tedioso, foi o que Dominique sempre pensou. Além de considerá-lo um primo, ele era seu cunhado e uma pessoa extremamente divertida. Para prender a atenção de seus alunos, ele mudava a cor do seu cabelo a cada segundo, o que era possível por causa da sua metamorfomagia.

Mas hoje ele não estava fazendo nenhuma alteração em seu cabelo ou fazendo uma piada. Ele estava com a expressão do rosto séria, e sua postura era rígida. Todos acharam estranho, mas isso foi logo esclarecido.

— Então, pessoal, hoje é uma das nossas últimas aulas antes dos NIEMs e ela é sobre... — Ele tremeu. — As Maldições Imperdoáveis.

Dominique engoliu em seco. Todos sabiam que os pais de Teddy, Remus Lupin e Nymphadora Tonks, morreram na Segunda Guerra vítimas do feitiço "Avada Kedavra", o feitiço da morte. Ela podia ver e tensão nos seus olhos, e tentou acalmá-lo com o olhar. A sua vontade era de chamar Victoire, porque toda a vez que eles se viam, a paz reinava.

Porém ele resistiu, e voltou a falar.

— Elas recebem esse nome pois são feitiços proibidos pelo Ministério. Quem conjurar esses feitiços será mandado para Azkaban, a maioria das vezes isso resulta em prisão perpétua.

Algum aluno levantou a mão, e Teddy deixou ele falar.

— E nos casos de guerra e autodefesa? — Perguntou.

— Bem, no caso de guerra geralmente os indivíduos são presos apenas se forem do lado perdedor e vão para um julgamento, e autodefesa também é caso para julgamento e investigação. — Teddy respondeu, e respirou fundo para continuar. — Bem, existem três dessas Maldições: Imperio, Crucio e Avada Kedavra.

"Com a primeira, o alvo é obrigado a fazer tudo o que o bruxo que lançou esse feitiço quer. Ela não necessariamente controla a mente, pois muitos tentam resistir, mas fazem tudo o que o outro quer cegamente, sem hesitar. Na duas primeiras guerras muitos comensais da morte disseram que foram enfeitiçados por Voldemort com a magia do Imperio, fazendo com que escapassem de Azkaban.

No caso da maldição Cruciatus, a vítima é torturada e sente muita dor, fisicamente e psicologicamente. Quem for torturado por muito tempo pode acabar enlouquecendo e nunca mais se recuperar."

Foi possível ver a aflição de Teddy antes de falar da terceira maldição. Dominique procurou para alguém na sala para entender assim como ela, e achou James. Os olhares dos dois eram de pena do professor e amigo, mas voltaram a prestar atenção na aula quando ele voltou a falar.

— A terceira maldição é a da morte. Avada Kedavra. A pessoa atingida... Morre. Instantaneamente, sem... Nenhuma dor. — Sua voz era embargada e pausada, mas ele tentava se recompor. — Houve apenas um bruxo que sobreviveu a esse feitiço, Harry Potter, o que foi só possível pois a sua mãe, Lily, morreu em seu lugar, criando como uma "barreira" de proteção. Magia antiga. Isso fez Voldemort desaparecer e ficar apenas na forma de espírito e bem... O resto vocês já sabem.

E no resto da aula, ele copiou algumas coisas a mais no quadro negro até ela acabar. Assim que todos saíram da sala mas James, Fred e Dominique ficaram ali para apoiar Teddy de alguma forma. A garota abraçou ele e os garotos deram alguns tapinhas em suas costas.

— Sinto muito Ted, deve ter sido difícil para você. — Ela disse, e ele abraçou ela mais forte.

— Está tudo bem, gente. É meu trabalho. Com o tempo eu me acostumo. — Ele respondeu, abrindo um sorriso fraco para os adolescentes. — Agora vocês podem ir almoçar, menos Dominique. Quero falar com ela.

Os garotos fizeram uma cara confusa, mas saíram sem contestar. Dominique também não sabia do que se tratava, porém sentou em uma cadeira assim que Teddy fez um gesto para que fizesse isso. Ele sentou-se em sua frente e esclareceu as coisas:

— Queria falar com você sobre o que quer fazer no futuro. — Ele disse.

Dominique bufou.

— Deixa eu adivinhar, minha mãe está preocupada?

Ele assentiu, mas fez uma expressão insistente no rosto.

— Você sequer menciona o que vai fazer. Então, ela pensa que você não sabe o que quer.

— E ela está certa. — Suspirou. — Eu estou pensando sobre algo sobre moda, mas não sei se o NIEMs contam com isso. É que é tão difícil, sabe? Eu queria fazer algo grande, como ser Auror ou trabalhar no Ministério, mas não conseguiria. Eu não seria feliz.

Surpreendentemente, Teddy abriu um sorriso para ela e colocou sua mão em cima da mão da garota. Dominique ficou completamente confusa e olhava para ele, tentando decifrar o que aquele sorriso significava, mas não precisou disso pois ele voltaria a falar.

— Eu te entendo completamente, Domi. — Disse. — E apoio sua decisão de fazer algo que te faça feliz. Você já pensou em que área da moda desejaria atuar?

Ela ficou surpresa novamente. Sabia que Teddy era uma pessoa tranquila que apoiava felicidade, mas sempre ficava perplexa com tamanha humildade. Já nem sabia o que falar, então demorou um pouco para responder.

— E-Estou pensando... Não sei. — Engoliu em seco, forçando-se a pensar. — Só sei que não poderei ser modelo porque não sou tão alta e meu corpo tem curvas acentuadas demais. Além de que não aceitaria viver de alface e água. — Dominique riu, tentando quebrar o clima. — Mas de resto...

Por uns bons minutos, Dominique e Teddy ficaram pensando. O silêncio naquela sala demorou para ser quebrado, e só era possível ouvir os ponteiros do relógio se movendo, o som dos dedos de Dominique batendo na mesa e Teddy roendo as unhas.

— Você gosta de escrever? — Ele perguntou.

Ela assentiu.

— Um pouco. — Disse.

— Que tal... Jornalismo? E aí você vai poder se especializar em moda. Aproveite que sua família tem grande influência na mídia.

A loira abriu um sorriso enorme e deu um grande beijo no rosto do cunhado antes de agradecer mil vezes e sair correndo dali. Aquela ideia foi genial, como que ela nunca tinha pensado naquilo antes?

Quando ela chegou no Salão Principal, ela foi direto até seu irmão e Fred e abraçou os dois, gritando e pulando de animação e os dois riram, já que não sabiam do que se tratava. Mas ficaram felizes por verem Dominique daquele jeito.

— Ok maninha, estou animado por te ver assim, mas o que aconteceu? — Perguntou Louis, rindo.

— O que aconteceu é que o nosso cunhado é um gênio, Lou! — Dominique pulava e mordia o lábio inferior, tentando evitar mais gritinhos.

— Teddy? — Fred perguntou.

— Não Fred, Merlin! — A loira respondeu com um tom debochado e deu um peteleco na testa do primo. — É claro que foi o Teddy! Ele me deu conselhos incríveis para o meu futuro e eu juro que poderia beijar alguém.

— Beije James, ele está querendo isso há bastante tempo. — Dominique fuzilou Fred com o olhar, e ele começou a rir e a tentar abraçar ela. — Eu estava brincando, Domi, você sabe que eu te amo.

Ela mostrou a língua pra ele e revirou os olhos. Não sabia porque ainda insistiam nela e James, afinal, eles já não tinham mais nenhuma história à escrever. Eles estavam acabados. Fim. The End. Nada mais a declarar.

Por isso, a garota se virou e começou a falar com seu irmãozinho sobre assuntos aleatórios. "E as garotas?" "Você precisa ir para o dentista, urgentemente". Era basicamente isso, e eles brincando de lutinha, logo depois, como faziam quando eram crianças.

Quando Dominique se reconciliou com sua família, realmente não houve momento melhor. Embora todos os acontecimentos recentes, eles a faziam feliz de um jeito que ela não imaginava desde seus treze anos. Ela julgou todos eles pelas atitudes erradas e infantis de sua irmã, e isso foi algo errado a se fazer. Mas ela estava assustada, triste e destruída emocionalmente com o abuso que havia sofrido, e não queria mais ninguém para sentir pena ou falar mal dela.

Mas essas eram águas passadas, o que importava agora é que ela estava feliz, de certa maneira. E nem uma guerra poderia fazê-la desistir de seus familiares.

Dormitório feminino nº 2 da Sonserina; 16 de Abril de 2023; 6h48min PM

Dominique estava se preparando para a festa de aniversário de Albus, mas assim que saiu do banheiro apenas com uma toalha cobrindo seu corpo, ela foi surpreendida por sua colega de quarto, Brittany, uma sujeita baixinha, magra e com cabelos longos e negros que possuíam californianas nas pontas.

Desde a fuga dos alunos que estavam do lado das trevas, Brittany e Dominique ficaram sozinhas no dormitório. A garota andava com Jade e Elise, mas não tinha nenhuma ideia do que elas faziam; Dominique sentia pena dela.

— Hã... — Ela disse. — Só estava esperando você sair do banheiro.

— Ok. — Dominique respondeu, dando espaço para Brittany passar. — Você vai para a festa?

Ela respondeu com um aceno negativo com a cabeça e um suspiro. Dominique entortou a boca, sentindo pela garota. Querendo ou não, ela também achava que Jade era sua amiga em algum ponto da vida.

— Vá. — Ela falou, abrindo um sorrisinho. — Como minha convidada.

Brittany pareceu não entender, mas logo sorriu com a solidariedade da Weasley.

— Eu agradeço de coração, Dominique. Você realmente mudou bastante.

O sorriso de Domi aumentou.

— Ninguém merece ficar sozinho.

Brittany assentiu e sorriu agradecida mais uma vez antes de ir para o banho. Dominique também voltou a se arrumar, sentindo-se bem com sua atitude.

A loira escolheu um vestido curto muito simples, preto estampado com bolinhas brancas, mas que combinava com a ocasião e a época do ano. Também alisou seus cabelos e deixou-os soltos. Por fim, colocou um salto alto e alguns acessórios antes de esperar Brittany para ir para a festa.

Jardins de Hogwarts; 16 de Abril de 2023; 7h30min PM

Dominique surpreendeu-se com a decoração da festa; teria que admitir que James havia caprichado bastante naquele quesito. A música era agradável e todos pareciam estar aproveitando a festa. Era bom ver os Potter tão felizes em um momento tão difícil para eles. Albus e Alice finalmente apareceram juntos apropriadamente, e eram um casal muito fofo. Lily estava conversando tranquilamente com Hugo — ele perdoara ela, mas como Dominique, ele também havia ficado extremamente decepcionado — e James também estava conversando com algumas pessoas.

Mesmo com essa época agitada no mundo bruxo, os adultos deram uma passada para parabenizar Albus; Harry e Ron aproveitaram suas posições de aurores e ficaram ali para "cuidar da festa".

Era um dia de primavera tão bom, e a imagem do sol se pondo era linda. Dominique não deixou de se sentar na grama e assistir tal cena. Ela amava pôr-dos-sóis; de algum jeitos, eles faziam ela ter um tipo de esperança. Segundo a própria, parecia uma retardada por ficar sorrindo ao olhar aquele tipo de coisa.

— O lugar ao seu lado está ocupado? — Perguntou James, que sorria com uma garrafa de cerveja amanteigada na mão.

— Sinta-se a vontade. — Respondeu Dominique.

James sentou-se ao seu lado, mas nenhum deles disse nada, fazendo aquela situação ter um silêncio perturbador. Potter oferecia a garrafa de cerveja para ela de vez em quando, ela bebia, devolvia. Mas os dois permaneciam olhando para o pôr-do-sol, fixamente. Dominique cantarolava, James suspirava, e nenhum abria a boca.

Até que finalmente ele se levantou e esticou a mão para a prima fazer o mesmo. Ela estranhou, franziu o cenho, analisou a oferta por alguns segundos e pegou a mão do garoto, se levantando.

— Onde vamos? — Perguntou, quando já estavam caminhando.

James se virou, e abriu um sorriso tão puro quanto o de uma criança.

— Você verá. — Ele respondeu.

Eles acabaram atravessando a Floresta Proibida, e Dominique ficava cada vez mais assustada, até lembrar de uma coisa; aquele era o caminho para o Jardim Secreto. O seu lugar especial.

E era onde ele realmente estava levando ela. As árvores exóticas, as flores e a grama ficavam muito mais bonitas na primavera, principalmente com a luz laranja vinda do sol se pondo. Dominique respirou fundo por um segundo, e engoliu em seco logo depois.

— Por que me trouxe aqui? — Perguntou. James se aproximou um pouco mais dela e suspirou, dando meia volta e ficando ao lado da garota.

— Honestamente? Eu não sei. — Respondeu. — Aquele silêncio estava me matando e eu queria conversar com você. Só não sabia como, e o porquê.

Dominique assentiu.

— Eu só sei que eu vi você parada olhando para o céu e eu não via você tão tranquila desde... — Ele hesitou antes de continuar a falar. — Muito tempo.

— Sempre gostei do pôr-do-sol. — Ela disse, abrindo um sorrisinho e logo tentando mudar de assunto. — A festa está bonita, aliás.

— Obrigado. — James sorriu. — De noite vamos lançar uma daquelas lanternas no céu. Vai ser lindo.

— Eu imagino. — Dominique falou, logo dando uma risadinha sem graça. — É muito legal ver você fazendo esse tipo de coisa para os seus irmãos, principalmente em tempos como esse. Tia Ginny ficaria orgulhosa.

— Você acha? — Ele perguntou, num tom preocupado.

— Eu tenho certeza. — Ela respondeu, virando-se para olhá-lo de frente. Involuntariamente, pegou a mão do garoto. — E digo isso de coração.

James congelou diante aquela cena, mas ficou feliz com as palavras da garota. Uma das suas maiores preocupações é o quão orgulhosa sua falecida mãe estaria, além de que o que Dominique disse foi extremamente doce, e ele tinha esquecido o efeito que aquilo fazia nele.

— Enfim. — Ele disse, e ela soltou as mãos, para a infelicidade de James. — O que Teddy tinha a dizer de tão importante para você hoje?

— Ah, ele queria falar sobre meu futuro. Minha mãe está preocupada. — Dominique pressionou os lábios, mas sorriu em seguida. — Mas agora está tudo resolvido.

— Já sabe o que fazer?

Ela assentiu como resposta.

— Vou ser uma jornalista de moda.

— Combina com você. — Ele disse, sorrindo.

Mas o sorriso de James desapareceu assim que ele colocou a mão no bolso do casaco e retirou uma carta dali. Ele entregou para Dominique, que ficou confusa.

O envelope estava carimbado com um símbolo que possuía um gato no fundo, coberto pelas letras "NMQC" todas ligadas e juntas, uma em cima da outra. Antes que ela pudesse abrir, James voltou a falar.

— New Magic Quidditch Club. — Ele dizia, cabisbaixo e com uma voz calma e pausada. — O time de Quadribol mais importante e famoso dos Estados Unidos.

Dominique olhou para ele, com os olhos arregalados. Ela abriu com pressa, lendo toda a carta. Ele andava sendo observado pelos dirigentes do time desde seu terceiro ano, e ali dizia que eles realmente queriam-no na equipe. Ela não tinha palavras.

— Os Estados Unidos é tipo do outro lado do oceano! — A garota sorria, embora estivesse com um tom de surpresa na sua voz. — É loucura, mas muito bom!

— É... Eu não sei se devo ir. — James respondeu, desanimado.

— O que?! Tá maluco?!

— É que... Eu não sei. Há muitas coisas acontecendo agora, e não acho certo ir embora.

— James, não deixe nada te prender aqui. Você merece isso, não fale bobagens.

Dominique fazia uma expressão indignada, e James suspirou, se virando para olhar para ela. Ele pegou sua mão, olhou em seus olhos e disse:

— Para ser honesto, não quero ir sem consertar as coisas com você.

A garota mordeu o lábio inferior e ficou cabisbaixa por alguns segundos. Separou as mãos e não conseguia falar nada. Aquilo era muito para ela, então apenas balançou a cabeça negativamente, mas James não entendeu.

— Não há chance alguma para nós agora. — Dominique finalmente falou depois de um tempo, com os olhos marejados.

— Mas Domi...

— Eu consigo te perdoar como um amigo. — Ela disse, com a voz embargada. — Mas no sentido romântico... Acho que irá demorar.

— Eu não quero ser apenas seu amigo, eu não aguentaria. — James acariciou o rosto de Dominique, que recuou um pouco. Os olhos do garoto estavam carregados de lágrimas que ele tentava esconder, mas elas estavam mais que visíveis. — Você foi a melhor coisa que já aconteceu comigo. Desde que a minha mãe morreu, minha vida tem estado uma merda, mas você... Você foi a única coisa que me fez feliz durante toda a tristeza. Eu preciso de você.

Dominique balançou a cabeça negativamente, enxugando a própria lágrima. Logo, deu alguns passos e foi até ele, dando um longo beijo em sua bochecha. Cada vez mais lágrimas rolavam em sua bochecha.

— Você foi a melhor coisa que já aconteceu comigo, também. Na verdade, eu acho que sempre vou te amar James. — A loira respondeu, dessa vez chorando bastante. — Mas você me machucou muito, e é muito cedo para voltarmos. Isso se voltarmos algum dia.

James Sirius engoliu em seco, e não pôde impedir que uma lágrima caísse em seu rosto. Dominique se surpreendeu com tal cena, já que não o via chorar desde a morte de Ginny. E os dois ficaram parados ali, olhando para o chão, não dizendo nada, mas também não saindo dali.

— Eu sempre vou te amar, Dominique. O que senti por você... Não sei se serei capaz de sentir por outra pessoa. — Ele disse.

Dominique entortou a boca e assentiu. Deixou seu orgulho de lado e deu um abraço apertado no garoto, que se surpreendeu, mas retribuiu o abraço com vontade.

Mas ela não ficara ali. Não demorou dois minutos até ela voltar para a festa e deixar James sozinho, completamente abalado. Porém Dominique fez o que achou certo; era muito cedo. Ainda não tinha se recuperado do choque, mesmo que já soubesse do motivo de este ter acontecido.

**

Já era de noite, e a hora do lançamento das lanternas estava cada vez mais perto. Alguns adultos e alunos estavam acendendo-as, para logo as desamarrarem dos pequenos pinos que as prendiam e mandarem para o céu.

Dominique já havia acendido a sua, e esperava pela hora do lançamento. Estava abraçada em Fred, triste com o que havia acabado de acontecer com James.

— Mas você quer voltar com ele ou não? — Perguntou o primo.

A loira balançou a cabeça negativamente.

— Então por que está tão triste?

— Porque eu ainda amo ele. — Respondeu, respirando fundo. — Mas não quero voltar... Eu não conseguiria.

Fred franziu o cenho diante daquela situação complicada — pelo menos para ele. Porém menos de um minutos depois James assoprou o apito, gesto que ele anteriormente tinha dito que era um sinal para lançarem as lanternas.

A cena era linda; durante todos aqueles anos de Hogwarts, alunos e ex-alunos viram poucos cenários como aquele. Era inspirador e relaxante, principalmente em tempos como aquele. Foi um pequeno momento de paz e amor entre todo mundo.

Um momento de paz e amor que só durou até um estouro que fora ouvido, poucos metros dali.

And then I looked up at the sun and I could see
Oh, the way that gravity pulls on you and me,
And then I looked up at the sky and saw the sun,
And the way that gravity pushes on everyone,
On everyone.


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Notas finais do capítulo

Se você chegou até aqui: meus parabéns. Porque tava enorme JLSAHFJA Aliás, faltam três capítulos (+ epílogo) para a fic terminar. Tô triste :( Mas juuuuuro que vou me empenhar para escrevê-los assim como me empenhei nesse! Um beijão enorme pra todos vocês, de coração