Corrente de Cristal escrita por Aurum Anna Gurgel


Capítulo 11
Portas pretas, portas pratas




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“o nome da Francesa é Esther; ela é uma visionária; ela quer invadir a PSM na quinta, amanhã; ela vai salvar um garoto sem graça chamado Esruel, filho da Dama da Corte Goldenrod; e EU vou com ela, praquele lugar horrendo. Sem problemas. Eu dou conta.” Mais uma vez, Laýla se pegou conferindo os fatos recentes enquanto se dirigia à biblioteca. Nos últimos dois dias, ela teve muito tempo para perder, já que Ryan, Lucy e Ron treinavam quase o tempo todo e os cãezinhos iam com eles. Esther não veio os visitar nenhuma vez então eles não tinham muitas ideias de como iriam fazer para penetrar a Prisão.

Pelas manhãs, Laýla visitava a biblioteca e lia sobre poderes psíquicos ou romances policiais. Depois do almoço, ela andava pelo parque e, pelo fim da tarde até o jantar, ela sentava na praia deserta e andava com os pés mergulhados nas aguas cristalinas. Às vezes, quando alguém se aproximava, ela tentava o mandar embora com seu dom, para praticar. Conseguia só de vez em quando.

Quinta-feira, o ultimo dos três dias dados, Esther chegou. Dora estava saindo para o trabalho e deixou claro que não aceitaria bagunças. Aaron tinha dito a ela que todos iriam para a cidade de Ryan - por que, de acordo com Dora, Ryan e Laýla eram coleguinhas que foram conhecidos na net pelo seu filho querido.

Depois do café da manhã reforçado, a turma pegou as malas e jogou no carro de Aaron. Esther ia na moto dela, sozinha. Os cãezinhos iam no colo das pessoas, no carro. Foi decidido que os resgatados dormiriam na casa de Aaron e Laýla e Ryan se mudariam para a de Lucy. Partiram.

Seguiram para o norte por duas horas e então, desceram dos transportes e seguiram a pé, pelo meio da floresta, em direção noroeste. Ficava cada vez mais frio. E tenso. E assustador. Os lutadores seguravam as espadas/punhal e os cãezinhos rosnavam baixinho. Do nada, surgiu uma espécie de grade, atrás dela, um pátio e, mais atrás, um depósito e um prédio de dois andares. Tudo estava vazio, talvez mágica, talvez confiança obsessiva, mas nenhum dos jovens se mexeu.

Esther estudou a grade esquisita. Parecia um muro de metal com tijolos metálicos faltando, mas não tinham tijolos, era uma peça só, toda a muralha. Do chão, Esther pegou um graveto e bateu no muro. Ofegou. O graveto atravessou o metal como se fosse fumaça. Todos os outros objetos- pedra, folha, palha- também atravessaram o metal. Quando, porém, Esther tocou o muro, ele era sólido. Começou a subir, e todos a imitaram (menos os cãezinhos, esses passaram por um dos buracos do muro e ficaram esperando do outro lado). Quando os pés de Aaron, o primeiro a descer, tocaram o chão do pátio, ouviu-se uma sirene. Uooooooooun. A turma correu em direção ao depósito. Do prédio principal, saíram vários seguranças que se espalharam pelo terreno. Laýla deixou escapar um gemido. Passara uma parte de sua infância ali embaixo, no subsolo. Ela odiaria morrer ali.

Eles conseguiram entrar no depósito. Lá dentro, nas paredes, prateleiras vazias e empoeiradas ocupavam todo o espaço. O chão também estava sujo, e o teto baixo, com teias de aranha. A principio, eles acharam que estavam presos, por que não poderiam sair dali, mas depois de uma segunda olhada, viram um quadrado diferente no piso.

– Então... a gente desce? – Aaron perguntou.

– É. Desce. – Laýla falou, com uma careta. Lá embaixo, a prisão exalava tristeza.

Ryan abriu o alçapão. Uma escada de madeira estava encostada no buraco quadrado e, tudo que precisaram fazer foi verificar se ela estava firme. Laýla foi escolhida para descer primeiro, tendo em vista que ela era a mais leve. Depois Ryan, Aaron, Esther e, por ultimo, Lucille.

No subsolo, havia apenas um corredor. Numa das extremidades havia uma escada e, na outra, um pequeno elevador. O piso era branco, assim como o teto e as paredes, o elevador e as escadas. Apenas as portas se diferenciavam: as duas da parede esquerda eram pretas e as duas da direita eram acinzentadas. Cada porta continha uma plaquinha de metal com a indicação numero do andar-numero da porta gravada.

– Qual piso agora? – Lucille fez a pergunta inevitável. Dentre todos os oito andares negativos, somente uma tentativa e um plano de resgate muito louco, por uma dessas portas erradas e vai tudo por água abaixo.

– ér... Sexto négatif. – Esther falou depois de um tempo.

“Sexto? Que estranho. Se ele for perigoso deve estar no sétimo, e se for muito perigoso, no oitavo. Mas, eu não vou dizer nada. Por mim, nem estaríamos aqui.” Laýla pensava, andando atrás dos outros. “Por que não usar o elevador? Eles realmente acham que tem algum guarda aqui? Há, há! Como se os seguranças perdessem tempo fora do salão de jantar deles, lá em cima. No máximo, devem ter uns dezesseis aqui embaixo.”

As portas iam passando: − 5:17, −5:18, −5:19, −5:20, −6:21, −6:22... Duas portas pretas, duas portas pratas, duas pretas, duas pratas...

– E agora? – Perguntou Laýla – A senhorita visionaria sabe qual é a porta certa?

Une das pretas. La primeira, le −6:21.

– Sério mesmo? Não quero ser chata, mas qualquer tentativa errada mata a gente. Eu tentaria o sétimo andar, lá são guardados os mais perigosos. Só uma dica.

– então... vamos lá. – E Esther desceu as escadas, acompanhada pelos outros.

Laýla se virou para a porta fria e preta, leu a plaquinha de metal: −6:21, entreabriu a porta e se esgueirou para dentro, encostando a porta atrás de si.


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