Fazem alguns dias que não vejo Ame. Ele aparece uma ou outra vez pelos corredores, mas eu sempre passo direto. Depois de três vezes que ignorei sua presença, ele começou a ignorar também.

Mas se tem algo que eu queria ver, era a expressão dele depois de algum dos encontros pelos corredores.

A verdade é que eu acabei me acostumando com sua presença, culpa dele por estar sempre por perto. Mas mesmo assim, não consigo deixar de ter medo do que pode vir a acontecer num futuro próximo.

Meu medo não é dele, muito menos do que eu possa sentir, mas da própria natureza dele...Afinal, o que ele é...

..........

 - Androfobia... – Murmurei. Com a testa encostada no vidro da janela de meu quarto, eu repito o que minha tia falou para mim à tantos dias.

 - Tia... Eu preciso que me faça um favor. – Ela achou estranho quando comentei minhas suspeitas. Eu tinha percebido a muito tempo que Yuki não se sentia confortável perto de mim, mas depois que chegamos no palácio foi que realmente vi o que estava acontecendo.

Perto de qualquer homem, a menos que seja uma criança, o que quase não se vê por aqui, ela fica um tanto nervosa, mas consegue disfarçar muito bem. Perto das mulheres da corte ela fica tão mais tranquila que nem parece que está em um ambiente diferente do comum.

Depois que ela e minha tia conversaram eu fiquei sabendo dessa terrível novidade. Eu acreditava que fosse apenas algum medo simples, mas parece que a situação é mais complicada. Ultimamente, nem pensar numa solução eu consigo, meus pensamentos estão completamente bagunçados e nos lugares errados.

Tenho saído mais cedo do quarto e só vou para lá quando sei que ela já está dormindo e nesses momentos percebi uma coisa. Não importando se ela está em um sono profundo, sempre usa uma das mãos para segurar forte na coberta que usa.

Eu começo a pensar...

 - Devia tê-la deixado em sua casa quando tive chance... Nunca devia ter pedido que ela viesse comigo se soubesse que passaria por isso... – Murmuro para mim mesmo.

 - Não, não devia. – Uma voz forte e estrondosa me chama a atenção. Viro-me de costas e encontro o dono da voz. Um homem de cabelos amarelados que chegam perto dos ombros vestido com calça de tecido avermelhado e uma camisa branca. Em seus ombros pousam as ombreiras que prendem a capa de tecido aveludado vermelho vinho que chega ao chão.

 - Pai...