Se eu não tivesse você. escrita por Natália Levesque


Capítulo 1
Não pude deixar de perceber.




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Era mais um dia chuvoso do começo das minhas férias e já era tarde, e a única coisa que eu conseguia pensar era: “Porque eu?”. Eu deveria estar acostumada, ser esquecida era minha sina.

Meu pai se tornou um bêbado depois do acidente de carro que levou minha mãe a morte, ele se sente culpado, pois ele estava dirigindo o carro que capotou e infelizmente a levou de nós.
Faz 11 anos que minha mãe faleceu, foi uma semana depois do meu aniversário de 5 anos. Meu pai nunca me contou de verdade sobre ela ter morrido, mas eu percebi que ela saiu com ele,mas só ele tinha voltado para casa.


Conforme o tempo passou, meu pai se fechou completamente. Ele quase não sai de casa, só sabe ficar sentado na sala fumando, bebendo e assistindo aquela maldita máquina, que só sabe fazer lavagem cerebral nas pessoas.

- Alice,vai comprar cerveja para mim – disse meu pai que não tirou o olho da tv

- Com qual dinheiro, pai? – eu disse

- O seu! Quem é a outra pessoa que tem dinheiro aqui?

- Sim senhor! – eu disse em voz baixa e indo em direção a porta

Abri a porta e fui em direção a um bar no fim da minha rua

Eu sempre odiei bares, e o modo com que meu pai me tratava. Eu não tive culpa de nada, e acho que ele não deveria descontar em mim tudo o que aconteceu.

No caminho do bar, tive um sensação de que tinha alguém me seguindo. O que já estava ficando estranho, porque das outras vezes que eu saí de casa eu tive essa mesma sensação.

Mas eu continuei andando.

Então entrei no bar, e notei aqueles bêbados imundos me olhando de uma forma nada agradável, estavam praticamente me comendo com os olhos.

Cheguei ao balcão e pedi a cerveja ao senhor que estava lá. Sinceramente, não sei qual nome dar a uma pessoa careca, que vive fumando e vende cerveja atrás de um balcão imundo, aliás, não só o balcão, o bar todo.

Ele me deu a cerveja sem cerimônia, nem ao menos pediu minha identidade para saber se eu era maior de idade.

Quando eu estava saindo do bar, um dos bêbados imundos me puxou para perto dele, os outros foram fazendo um círculo em volta de mim. Eu já estava ficando horrorizada.

- Largue ela agora – ouvi um grito de longe

Então os bêbados me soltaram.

Olhei para trás assustada e o garoto se aproximou rapidamente de mim.
Ele empurrou os bêbados que me cercavam e me puxou para fora do bar.

Ainda assustada com o que tinha acabado de acontecer, eu o olhei, balancei a cabeça como agradecimento e corri de volta para casa.

Corri em direção a minha casa que ficava alguns metros do bar, quando começou a chover mais ainda.
Corri mais depressa, e entrei ofegante em casa.
E meu pai, estressado, falou.

- O que está acontecendo aqui? – disse meu pai procurando ar – por que diabos você demorou tanto?

- Uns bêbados...

- Já chega– meu pai me interrompeu - deixe a cerveja em cima da mesa e vá para o seu quarto.

Sem responder, deixei a cerveja na mesa e fui em direção ao meu quarto.

Meu quarto é é grande. Mas possui apenas uma cama de solteiro, uma cômoda para as minhas roupas, uma estante com meu livros preferidos e o meu computador. As paredes foram pintadas de branco há muito tempo atrás, hoje em dia está gasto e desbotado. Há um tempo, quando meu pai ainda trabalhava, nossa situação era boa, tínhamos dinheiro suficiente para vivermos bem,mas depois da morte da minha mãe, meu pai parou de exercer advocacia e passou a gastar quase todo o dinheiro que tínhamos guardado, ainda temos algum dinheiro, o suficiente para mais um ano, se eu continuar o controlando.

Milhares de coisas passaram na minha cabeça, os bêbados, o menino encapuzado que eu nunca vi, e meu pai. Principalmente meu pai. Ando muito preocupada com ele, venho reparando que qualquer esforço que ele faz, causa falta de ar nele. Ele precisa procurar um médico.

Abri a cômoda, peguei meu pijama e fui tomar um banho.

Ao chegar no quarto, peguei um livro que ganhei da minha melhor amiga Júlia.
Nós somos amigas desde os 3 anos de idade e não nos desgrudamos desde então, ela está sempre me ajudando nas tarefas da escola e me dando livros. Ela sempre me ajuda a lidar com o meu pai, sempre tem bons conselhos, é uma irmã para mim.

Terminei de ler o livro e fiquei deitada na cama pensando no que havia acontecido hoje. Aquele menino encapuzado, não sei porque me defendeu daqueles bêbados, não sei porque ele estava lá naquele momento. Tive a sensação de que poderia ser ele a pessoa que me perseguira todos esses dias, e de que eu o conhecia de algum lugar.

Então caí no sono.

Acordei no meio da noite com sede, andei lentamente até a cozinha, sem fazer nenhum barulho, apesar do som que meus pés faziam ao andar no piso. Voltei para a cama e não consegui mais dormir, minha mente instistiu em pensar no garoto que me persegue. Qual seria o motivo? O que ele quer comigo?
Finalmente consegui dormir.


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