Sagira escrita por Senjougaha


Capítulo 16
Capítulo 16 - Procrastinação


Notas iniciais do capítulo

Esse é o nome do capítulo porque estou sem um pingo de imaginação pra essa fic aqui, mas amo ela mesmo e não quero parar. Então fico enrolando :(
Espero que curtam a enrolação.
Ideias?



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– Você é péssima nisso - Hórus resmunga irritado e joga o pergaminho na minha cara.

– Dá pra ser menos babaca? Você é um péssimo professor - rosno.

Ele me lança um olhar feio, que depois se abranda e suspira.

– Por que me trouxe aqui? - pergunto realmente interessada dessa vez.

Ele franze o cenho e coça a tatuagem em forma de escaravelho na cintura. Parece pensar muito no que vai dizer.

– Eu não sei - ele confessa - Anúbis fala tanto de você e eu passei a vida toda te protegendo sem sequer ter te visto…

– Me protegendo? - repito irônica e bufo - eu me virei sozinha durante minha vida toda.

– Eu te emprestei poder pra fugir de Tanatos por séculos - ele rebateu parecendo chateado - reforcei o selo que sua mãe colocou em você pra ficar na forma humana, fiz os humanos te ajudarem quando tentou ter uma vida normal há cinco anos atrás.

Meu rosto cora em menção à minha falha tentativa de viver como humana. Eu havia falhado nisso por sempre levar comigo um pouquinho de morte e adoração. Os humanos sentiam o impulso de me agradar, mas morriam logo.

Em compensação, fiquei sabendo que os que me agradavam/ajudavam sempre e deveriam ter ido para os Tártaro - lugar de maldição -, foram para os Campos de Asfódelos. Um lugar para pessoas nem más, nem boas. Era uma forma de meu pai agradecer aos mortais por terem sido atenciosos comigo. Injusto.

Que vergonha.

– Já entendi! - o corto quando vejo que ele abre a boca para continuar citando em quais ocasiões me ajudou.

Ele sorri, se dando por vencido. Reviro os olhos e volto meus olhos para os hieroglifos no pergaminho, tentando ler. Solto um gemido de frustração.

Eu não entendo nada.

Hórus ri baixinho e tira o papiro de minhas mãos.

– Não precisa aprender tudo agora - ele diz - me mostre o que sabe lutando.

Meus olhos brilham. Finalmente uma proposta interessante.

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Sou arremessada longe pela décima quinta vez.

E pela décima quinta vez, me levanto completamente curada.

Hórus se fascina cada vez mais e mais, tentando me levar ao limite.

– Isso é simplesmente incrível - ouço ele murmurar - não posso deixar Toth vê-la assim de forma alguma…

Franzo o cenho e tento me lembrar de quem é Toth. Sem muito sucesso, pois logo uma espada é fincada ao meu lado, na parede.

Um fio de sangue escorre da minha orelha e encaro Hórus furiosa.

– Você disse “nada de armas” - rosno fazendo voz de retardada ao imitá-lo.

– Reformulando: nada de armas pra você - ele sorri - mas eu não sou covarde, se transforme.

E cruza os braços, esperando que eu obedeça.

– Me transformar? - repito.

– Sim.... - ele responde pacientemente - ainda pode fazer isso, não pode?

Coço a cabeça, tentando encontrar um meio de contar à ele que já não tenho controle sobre minhas formas mais.

– E se eu não voltar? - solto uma pergunta que deveria ser só pra mim.

– Não voltar? - ele franze o cenho - como assim?

– Ando tendo problemas com minhas transformações - confesso e dou de ombros.

– Apenas seja uma boa garota e faça - ele insiste com mais determinação na voz e no olhar.

Ignoro o “boa garota” como se eu fosse uma cachorrinha a ser treinada. Viro de costas para ele e tento.

Uma, duas vezes e várias outras até finalmente sentir um osso se deslocando do lugar.

Arfo de dor e tento continuar. Nunca foi tão lento assim e eu sinto cada osso se realocando, a pele se esticando, coisa e tal.

Quando termino, estou no chão respirando com dificuldade.

– Isso foi… profundo - ele franze o cenho e depois dá de ombros.

Me levanto nas quatro patas e o encaro.

Rosno, como uma forma de repetir o que ele disse com sarcasmo.

– Tente ficar inteira - ele diz com um sorriso malicioso no rosto e me ataca.

Desvio com um pulo e pouso nas suas costas que estão na horizontal devido ao peso da enorme espada com punho comprido demais.

– Mas o que está acontecendo aqui? - a voz furiosa de An soou e Hórus e eu ficamos estáticos.

– Treinando nossas habilidades - ele diz casualmente e dá de ombros.

Anúbis franze o cenho, ainda desconfiado. Mas concorda e some nas sombras do salão de treinamento.

– Já está bom por hoje - Hórus anuncia e coloca as mãos nos bolsos da calça - volte à forma humana.

Lhe lanço um olhar fuzilador por estar mandando em mim, mas tento fazer o que ele pede.

A volta é igualmente dolorosa e lenta. Resulta em mim, no chão, suada, fedendo e arfando. Nua.

– Mas o que diabos aconteceu com suas roupas??! - Hórus exclama desviando o olhar por respeito e para esconder o desejo que lhe tomou conta.

Não consigo responder, então apenas reviro os olhos.

E eles não voltam: porque no mesmo instante, apaguei.

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Apalpo o lugar macio em que me encontro.

Não é minha cama no mundo mortal, não é minha cama no Hades e também não é aquela na qual dormi da ultima vez no Duat.

Me viro de barriga para cima ainda de olhos fechados e sinto o cobertor roçar minha pele nua.

O que eu estou fazendo pelada?

Me sento sobressaltada e seguro o cobertor contra o corpo com força.

– Eu não fiquei olhando, se quer saber - a voz de Hórus soa mau humorada e ele tem a face virada para a porta, evitando me encarar.

– Isso faz parecer que você ficou - rebato cansada.

Sinto a necessidade de me deitar de novo. É como se um caminhão tivesse passado em cima de mim. Mais uma vez. E de novo.

– Estou tão cansada - digo para o nada e fecho os olhos.

Me espreguiço sentindo dores no corpo todo e solto um gemido.

– Estou mais cansada do que quando treino com Tanatos - deixei escapar.

Hórus me encara de soslaio.

– Qual a sua relação com aquele… sujeito? - ele pergunta.

– Posso saber o porquê dessa perguntinha insinuadora? - rebati na defensiva.

– Você fala o nome dele enquanto dorme - Hórus murmura.

– Eu tenho um noivo - respondo e me sento novamente - a droga de um noivo idiota, e ele não é Tanatos, se quer saber.

– Eros, o deus galã de novela dos gregos - Hóris ironiza.

– Exatamente - respondo com desgosto.

Hórus se vira completamente para mim e se inclina na minha direção.

– A pergunta é: você gostaria que fosse Tanatos? - ele provoca com um sorriso.

Reviro os olhos.

– Não - respondo e bufo.

Ele ri da minha cara. Dá um tapa na própria perna e vai embora.

– Esquisitão - resmungo e fecho os olhos, sentindo um formigar na barriga.

Passo a mão na região e suspiro.

Me deito, e não demoro dormir.


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