Flores Secas escrita por axcel09


Capítulo 1
Funeral - Capítulo 1




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Capítulo 1

Funeral

Sandra limitou-se a correr os olhos pela bagunça que estava sendo feita na cozinha enquanto seu irmão mais novo, com a metade do corpo enfiada debaixo de um balcão, tentava a todo custo consertar o encanamento da pia que justo naquele dia resolveu quebrar. Roger era realmente muito teimoso e não desistiria antes de uma boa briga, já era a sua segunda tentativa frustrada naquela manhã de sábado. Ele olhou, deu algumas batidinhas na tubulação e balançou a cabeça.

- Parece que não tem jeito mesmo Sandra, vamos ter que chamar o encanador. – Concluiu decepcionado. – Que droga!

- Não se altere Roger, eu já sabia desde o começo que você não conseguiria resolver nada.

- Puxa! Obrigado pela consideração, maninha. – Disse Roger saindo debaixo do balcão e limpando a testa com um pano. – É bom saber o quanto a família acredita na capacidade da gente.

- É que o seu histórico mesmo não me deixa pensar outra coisa, lembra quando você tentou consertar o aparelho de DVD que tinha pifado?

- E consegui!

- As imagens ficaram em escala de cinza.

- Vocês é que são muito exigentes. – Retrucou o jovem, antes de se retirar da cozinha. – Dava para assistir...

Nesse momento Laura entrou na cozinha segurando um caderno, uma caneta e com o telefone apoiado no ombro, estava muito agitada e nem teve tempo para pentear o seu cabelo. Ela falava com uma de suas clientes enquanto fazia algumas anotações.

- Conseguiu consertar a pia? – Perguntou para Sandra, que estava encostada na mesa e não tinha movido um dedo até então. Estava claro que ela ainda não estava falando com o Roger, os dois viviam brigando e por isso decidiram parar de se falar.

- Não, eu nem tentei. E você sabe disso.

- Ótimo, nem tente. Já liguei para o encanador ontem e ele disse que virá hoje às 14h. Só você estará em casa nesse horário, pois eu preciso sair pra fazer mercado. Estou muito atarefada hoje! Jesus! – Sandra ia dizer que Roger poderia dar-lhe uma carona e ajudá-la com as compras, mas ela imaginou que Laura não aceitaria nunca que o irmãozinho encrenqueiro delas dirigisse o seu carro e nem a palavra a ela. – E quero que você descanse bastante, mas nada de ficar comendo besteiras. Se quiser pode dar uma volta lá fora, acho que seria até bom... – Recomendou.

- Não precisa desse cuidado excessivo comigo, eu estou bem. – Ela mentiu, mas inutilmente, pois o seu semblante exibia justamente o contrário do que ela dizia.

- Sandra, eu sei que não está. Eu sei que você nem dormiu essa noite.

- Então você também não dormiu?

- Não. Sério, estava preocupada com você... Não parava de soluçar e chorar a noite toda.

- Oh, me desculpe... Não pensei que pudesse me ouvir. – Sandra mordiscou a parte de dentro dos lábios e franziu o cenho, estava envergonhada.

- Eu sei que você está passando por um momento péssimo, mas tente seguir a sua vida e... Enfim, todas essas baboseiras que as pessoas dizem e que você vai ouvir muito ainda. – Laura não sabia lidar muito bem com palavras que demostrassem algum tipo de sentimento e afeto. Mas se houvesse alguma planilha ou roteiro que ensinasse a como lidar com a situação da irmã que perdeu o marido numa tentativa de assalto recentemente, ela certamente poderia ser a oradora feliz de uma palestra de doze horas sobre o assunto. Sua vida era resumida em papéis, escalas, programações e scripts. Ela era fortemente organizada e assídua nas suas obrigações, mas nada delicada quando o assunto envolvia a sensibilidade de alguma pessoa.

- Obrigada, Laura. – Sandra não esperava mais apoio do que isso. – Mas não estou com muito ânimo para sair hoje. Se tivesse uma ponte bem alta em Monte Belo, talvez me empolgasse um pouco para sair. – Disse Sandra, mais uma vez com pensamentos suicidas na cabeça.

- Ora, não fale besteiras... Já basta a noite passada que tive que ficar te espionando no seu quarto a noite inteira com medo de que você fosse se enforcar.

- Ah! Então foi por isso que você não dormiu?

- Eu me preocupo com você, espere... Bom dia, Senhor Alfredo. Já localizamos o seu pedido. Pode ficar tranquilo. – Ela respondeu ao telefone enquanto se afastava da cozinha caminhando em direção à sala e fazendo um sinal com a mão para a irmã.

Sandra estava sozinha outra vez. Roger tinha saído pelos fundos assim que Laura tinha aparecido na cozinha, os dois pareciam nunca dividir o mesmo espaço. Ela se perguntou se a dor dela não seria o suficiente para que eles ignorassem um pouco aquela rivalidade infantil e pudessem lhe dar um melhor apoio, de família de verdade... Mas logo percebeu que estava exigindo demais de seus irmãos, nada que eles fizessem poderia trazer John de volta. E eles estavam sendo tão gentis... Roger a deixava segurar o controle da televisão e escolher qualquer canal que ela quisesse assistir, e Laura iria pedir alguns dias de folga no trabalho para cuidar e ficar mais próxima da irmã. Tudo aquilo era especial para Sandra, pois ela sabia o quanto eles davam valor àquelas coisas simples...

- Ela já foi? – Roger colocou a cabeça na janela da cozinha, dando um tremendo susto em Sandra.

- Que susto, Roger!

- Desculpe.

- Sim, ela já foi.

- Viu só? Ela bem que podia pedir pra eu ajudá-la! Tirei a carteira de motorista e ela nunca me deixa dirigir... Só implica comigo.

- É... Mas você também não é todo inocente. Eu te conheço.

- E eu achava que te conhecia... – Disse Roger com a expressão triste.

- Como assim?

- Eu ouvi o que falou para Laura... A parte em que você pensou em se matar. A Sandra que eu conhecia abominava pensamentos assim...

- Roger... Eu... – Sandra não sabia como escolher as palavras.

- Não, não fale. Eu entendo que esteja sofrendo um bocado pelo que aconteceu com o John, mas... Não é justo que faça isso com a gente. Nós também o perdemos. Não é só você quem está sofrendo. E não merecemos uma nova perda agora.

- Tudo bem, me desculpe. Estava sendo egoísta pra variar...

- Só não quero nunca mais te ver falando aquelas coisas.

- Eu prometo.

Roger sabia muito bem como usar as palavras no momento certo, ele abraçou a sua irmã com força e transmitiu uma sensação de alívio tão forte e prazerosa que foi quase como se estivesse abraçando novamente o corpo do seu marido. Sandra quis ficar ali abraçada a ele por horas, e Roger parecia ter entendido isso... Os dois queriam prolongar aquele abraço o máximo que pudessem, até o momento em que Laura apareceu novamente na porta da cozinha e, encarando Sandra com os lábios retraídos e a testa franzida voltou para a sala rapidamente. Sandra desfez o abraço.

- O que foi? – Roger indagou.

- Vai achar engraçado, mas acho que a Laura está com ciúmes da gente.

- Aquela boboca. – Ele sorriu.

De volta ao seu quarto, era como se Sandra estivesse voltando a ser sincera consigo mesma. Tudo que estava ali fazia doer. Das fotos de John que ela havia trazido até as malas ainda perfeitamente arrumadas e intocadas no seu canto, os lençóis de casal que cobriam a cama de solteiro e o roupão que tinha o seu sobrenome de casada bordado nele... Tudo estava como nunca tinha sido antes. O quarto perdeu mais da metade do seu tamanho, o guarda-roupa não tinha mais a parte de John, e nele também não caberia nem metade da dor, entre outras coisas que a perda dele lhe trouxe. Na sua gaveta nunca mais seria encontrada uma cueca perdida que ele nunca sabia como poderia ter parado ali no meio. Sandra esboçou um sorriso no rosto quando se lembrou da cara que ele fazia quando ela contestava com ele o surgimento de mais uma cueca em sua gaveta. Ele sempre justificava que elas migraram para lá e que eles estavam sendo vítimas de alguma atividade paranormal dentro da casa. Obviamente ela ria disso tudo, mas John acreditava realmente que era bastante provável.

Sandra correu os dedos na superfície da mobília, sentou-se na cama e suspirou.

- Ah, John... As coisas ficaram tão difíceis sem você aqui.

- Que bom que você voltou, querida. Estava sentindo sua falta. – A voz de John ecoou pelo quarto e depois ele apareceu atrás da porta.

- Eu também meu amor... Que falta você me faz.

Sandra não estava surpresa, tampouco assustada. John sempre estivera com ela nos momentos bons e ruins, era uma das promessas que ele fazia questão de cumprir, e geralmente ele cumpria todas as promessas que fazia. John estava ao lado de Sandra durante todo o seu funeral, segurando a mão dela, e parecia que só ela poderia vê-lo... Talvez por isso nenhuma lágrima tivesse descido dos seus olhos durante a cerimônia, era triste o que tinha acontecido com John, mas ela não se sentia no direito de ficar triste já que ele cumprira a sua promessa e estava ali do seu lado, visível e presente. Como sempre deve ser.

- Eu ainda não entendi porque você resolveu vir para cá, nossa casa é muito mais aconchegante, e você não incomodaria ninguém. – Disse John sentando-se ao lado dela na cama pequena.

- Eu sei, mas eles precisam de mim... E talvez aqui eu sinta menos o peso da culpa.

- O que está dizendo bobinha? Você não tem culpa alguma sobre o que aconteceu comigo... – John pegou a mão dela e colocou entre as suas. – Eu estou aqui!

- Apenas para mim John... Mas todos nós sentimos a sua falta, não é justo que eu os deixe sofrendo aqui sozinhos...

- Tem medo de encarar a realidade quando estivermos a sós, não é? Está achando que ficou louca.

- Talvez... Quem me garante que você é real? Eu vi você morrer! Como é que você pode estar aqui comigo agora?

- Como eu posso?! Eu jurei que nunca te abandonaria... Você não acreditou no que eu disse? Eu disse que nada ia separar a gente...

- Não sabia que isso incluía a morte.

- Nem mesmo ela... O que eu sinto por você é forte demais pra acabar assim. O nosso amor é mais forte que tudo isso.

- Oh meu Deus, John... Alguma coisa não está certa nisso tudo. Seu lugar não é aqui, você deveria estar descansando em paz. Você não tem obrigação nenhuma de tentar me proteger de tudo. Eu não posso fazer isso com você. – Sandra abaixou a cabeça e as lágrimas quentes que estavam disputando espaço em seus olhos rolaram pelo rosto.

- É o que você quer? – John perguntou.

- É o que seria certo, não é mesmo?

- E quantas vezes nós ignoramos o que era certo para ficarmos juntos? Por Deus, Sandra... Esqueceu toda a nossa história? Tudo o que passamos juntos?

Estranhamente, ao ouvir aquelas palavras Sandra sentiu como se mais da metade da sua vida tivesse sido apagada, como se o seu mundo tivesse sido encerrado quando John morreu e que ela não teria direito a mais nada do que estava ali. Era como se ela nunca tivesse vivido por conta própria e que dependesse de John até para respirar... De certa forma era assim mesmo que acontecia, John sempre estivera à frente de tudo e era o grande responsável pelas conquistas que Sandra obteve ao longo de sua vida. Desde que ele partiu ela se sentia vazia e incompleta, ainda que pudesse vê-lo e sentir a presença do seu espírito, ela sabia que não era a mesma coisa e tinha se esquecido de tudo que ela tinha vivido até agora, era como se a vida dela com John tivesse acabado com ele e agora ela iniciava um novo caminho, um caminho solitário e sem-graça que ela não queria trilhar, o seu caminho. Sandra preferia aquela vida que tinha conseguido com John, preferia viver a vida dele à dela que era triste e fria. Sandra não conseguia se lembrar de fazer nada sem o apoio do seu marido, talvez seja porque ela nunca precisou aprender a se virar sozinha já que John se encarregava até de providenciar o que eles iriam comer também. Era um desses maridos perfeitos que toda mulher sonha em encontrar!

Porque ela nunca poderia imaginar a vida dela sem ele, nunca lhe passou pela cabeça que um dia ele poderia ir embora. John tinha aquela coisa de passar tanta segurança que Sandra realmente acreditava que ele sempre estaria ali, como se algum magnetismo o trouxesse de volta para ela sempre que ele se distanciasse... Era como se não existisse a possibilidade dos dois se afastarem, como se os continentes nunca tivessem sido separados. Então dessa maneira ela teria certeza de que ele nunca iria sumir.

Sem sombra de dúvidas ela morreria junto se ficasse sem ele um dia... Mas não morreu, para a surpresa de muitos que acreditavam nisso. Todos os familiares e amigos do casal sabiam como John a tratava e temiam por Sandra que algo desse errado no casamento dos dois e eles viessem a se separar por algum motivo, o que seria de Sandra que nunca tinha se preocupado em encarar a vida de uma maneira independente? Como ela iria fazer para retomar a sua vida se nem aos estudos ela tinha se preocupado em dar continuidade? O que seria de Sandra agora?

Mas ninguém sabia do segredo de Sandra, ninguém sabia que ela não estava sozinha. E ninguém sabia que John a ajudaria a reconquistar tudo que ela havia perdido quando ele morreu. Por que para ela, ele não morreu, e nunca iria morrer... Apenas para ela.

Sandra tomou um pouco de coragem para encarar o caixão de John, ele já estava pronto para ser enterrado e todos os amigos e parentes lamentavam juntos a perda do jovem médico... Sandra não chorava, mas estava assustada. Os braços frios de John envolviam o seu corpo e eram acompanhados por sua respiração lenta em seu ouvido... Aquilo era o suficiente para tranquilizá-la, mas não era o bastante para encorajá-la. Ela tinha medo do que estava por vir agora. Roger e Laura pareciam mais próximos durante o funeral, sua mãe também estava presente e ela estava feliz por isso... Todo aquele ritual doloroso finalmente teve fim e as pessoas foram indo embora aos poucos. O mais estranho era que Sandra parecia sempre saber exatamente quem seria o próximo a deixar o cemitério... Ela foi capaz de prever sem nenhuma dificuldade que o primeiro a voltar para casa seria Jim, o colega de ginásio de John, mas ela não o condenava, a primeira a querer sair de lá imediatamente era ela mesma, mas por algum motivo ela achou que deveria ficar e sair por último... Era estranho permanecer ali, porque para Sandra ele não tinha morrido, então era como se ela estivesse fingindo, e algo dentro dela estava incomodando-a frequentemente. Os segundos a deixarem o local foram o Henri e sua esposa que estava grávida... Sandra previu ainda a saída de mais duas famílias de vizinhos e alguns amigos que trabalhavam com John, ela só errou uma vez, Laura foi uma das últimas a sair, e por isso ela não esperava. Na verdade a sua irmã ficou até o fim e só deixou o cemitério quando Sandra decidiu que já bastava de lamentações ou fingimentos, John estava ali do seu lado o tempo todo, observando a pressa com que seus amigos iam para casa e até podia perceber o alívio nos olhos de alguns deles, como se estar ali para prestar-lhe uma última homenagem fosse nada mais que uma obrigação.

Laura ter ficado até o final foi uma imensa surpresa para ela. Sandra nunca havia imaginado que sua irmã pudesse ser capaz de demonstrar tanto afeto e preocupação por ela e por John. Roger também esperou e os dois estavam prontos para saírem de lá juntos, acompanhando Sandra até a casa onde os três viviam antes dela ter se casado. John e Laura nunca tiveram um relacionamento muito bom, só um clima razoável onde ambos se suportavam, mas ela não o odiava... Por outro lado ele se dava muito bem com Roger, o irmão caçula a quem Sandra era bastante apegada.

Uma voz feminina chamou pelo seu nome quando Sandra já ia deixando o cemitério com seus dois irmãos, era Rebeca. Laura e Roger encostaram o corpo em uma árvore e ficaram aguardando enquanto Sandra desfez parte do percurso pelo solo irregular para falar com Rebeca.

- Oi Rebeca, obrigada por ter vindo. – Sandra disse um pouco abatida.

- Você não precisa ir se não quiser, você pode ficar na minha casa comigo, pelo menos você sabe que terá a mim. E não ficará sozinha. – Disse Rebeca convidando Sandra para ficar com ela em sua casa.

- Não há necessidade, eu ficarei bem... Não quero incomodá-la, mas obrigada mesmo assim. – Sandra recusou a gentileza.

- Tem certeza? Você precisa ficar do lado de gente que te apoie, eu entendo que você não deve querer voltar com a sua mãe para Colina Dourada, mas ficar aqui abandonada também não é a melhor opção.

Rebeca e Sandra se conheceram aos quinze anos, quando a sua família havia se mudado para Monte Belo, desde então passaram a estudar juntas e se tornaram grandes amigas. Rebeca sabia que Sandra não tinha um gênio compatível com o de seus irmãos... Laura era muito objetiva e prática, não saberia como lidar com uma situação que envolvesse sentimentos nem com nada que fosse orgânico. Ela não tinha preparo para conter as lágrimas e nem disposição para ouvir Sandra queixar-se de como o destino estaria sendo injusto com ela tomando-lhe o marido, seu bem mais precioso, de maneira tão brutal. Faltava-lhe paciência.

Roger, apesar de ter mil e uma afinidades com a sua irmã do meio, era muito jovem e também estava lidando com a sua primeira experiência de perda, talvez não fosse bom para ele, ficar do lado de Sandra em um momento assim, ela o traumatizaria com toda certeza. Então Rebeca decidiu que o melhor para Sandra seria ficar com ela por uns tempos, até que as coisas se acalmassem e a dor diminuísse.

Voltar para Colina Dourada estava fora de cogitação, não haveria ouro no mundo que fizesse Sandra voltar, por mais que ela amasse a sua mãe. Por mais que ela tenha ficado feliz por ter visto de novo a face da sua amada progenitora, ainda que nessa situação extremamente dolorosa em que ela se encontrava... Sandra não voltaria para Colina Dourada de jeito nenhum e estava decidido. Marta até que tentou arrastar a sua filha com ela, utilizando milhões de argumentos, alguns que pareciam até absurdos para Sandra, mas ela sabia que tudo isso era para que ela aceitasse e voltasse para a casa onde sua mãe tinha sido torturada a maior parte da vida por seu padrasto.

Sandra, Laura e Roger estavam cansados das agressões e decidiram ir embora, mas Marta não queria abandonar o seu marido violento, escolheu ficar em Colina Dourada com ele. As agressões pareciam ter parado depois que eles foram embora, ou então Marta passou a escondê-las de seus filhos, mas o fato é que as vidas de todos melhoraram depois dessa mudança.

- Então você está mesmo decidida... – Rebeca não entendia.

- Sim, amiga... A casa onde vivi com os meus irmãos tem muitas lembranças boas que me farão bem, apesar da gente ter brigado muitas vezes, por motivos bobos, sinto que tudo será diferente agora. Eu estou mais madura e preciso viver esse momento.

- Certo... Eu entendo você. Então... Cuide-se, tá bom?

- Obrigada, você também... E quando decidir voltar para Monte Belo, não se esqueça de vir me visitar.

- Claro que não me esquecerei, querida. – Rebeca abraçou a sua amiga. – Se precisar de qualquer coisa, se quiser apenas conversar, não pense duas vezes antes de me ligar...

- Tudo bem. Ligarei para você sim, pode deixar. Agora preciso ir que estão me esperando. – Disse Sandra levantando o polegar direito e apontando para trás.

- Estão te esperando? – Rebeca olhou por cima do ombro de Sandra franzindo a testa. – Mas não tem mais ninguém ali.

Sandra virou-se e percebeu que de fato seus irmãos não estavam mais esperando na árvore, estranhou que eles tivessem saído sem antes terem avisado e voltou depressa para o carro, quando chegou viu Laura no banco da frente e Roger sentado no banco de trás.

- Porque não me esperou? – Quis saber quando chegou.

- Você estava demorando demais e eu estava ficando com calor... – Respondeu Laura. – Você sabe que tenho dor de cabeça quando fico debaixo do sol por muito tempo.

Sandra olhou para Laura e depois para Roger, os rostos deles escondiam alguma coisa... Roger como não conseguia fingir muito bem deixou transparecer aquela cara que ele sempre fazia pós-briga, fazendo-a entender que os dois haviam brigado por algum motivo qualquer, mas não queriam aborrecer Sandra com isso, pelo menos eles respeitavam aquele momento dela. Provavelmente ele deve ter pedido para dirigir o carro, mas como Laura não permitiu, iniciou-se a briga. Roger tinha acabado de tirar a sua carteira de habilitação e sentia muita vontade de dirigir, mas sempre era muito regulado por sua irmã mais velha.

- Certo... – Sandra fitou os olhos no irmão, que estava chateado no banco de trás. – Pode deixar que eu dirijo dessa vez.

- Você tem certeza que quer dirigir? – Laura se surpreendeu.

- Sim. Porque não?

- Tá... O carro é seu. – Disse Laura dando o lugar do motorista para a irmã.

Pelo retrovisor dianteiro do carro Sandra pôde ver um sorriso de lado se formando levemente no rosto de Roger, ela piscou para ele e ele retribuiu animado.


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