O Ladrão de Livros escrita por OnlyGirl08


Capítulo 4
Desculpe, deixei meu livro cair


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/503133/chapter/4

Freddie parou para pensar, talvez ficar com essa gente da mesma forma que podia ser bom, podia ser péssimo. Já tinha então sua resposta formulada na cabeça. E não demorou passar o tempo, vendo as loucuras daquele homem fino e alto. Logo o trem parou e Freddie desceu do vagão. Agradeceu tudo a todos e decidiu ir embora. Recomeçar sua vida.

A primeira coisa que Freddie fez é andar perdido pela grande cidade. Via lojas e bares, prédios e carrosséis enormes. Claro que não foi tão fácil quanto Freddie achou que seria. Já estava a noite e o menino caminhava sem saber oque fazer, onde ir. Perdido numa cidade desconhecida, sem nada e ninguém, com um coração partido. Uma ou duas horas da manha e Freddie se arrependeu de deixar aquele povo estranho, mas convidativos. Estava parado numa rua deserta e desistiu de continuar caminhando sem rumo, era esse seu destino, ele pensou. Um mendigo sujo com magoas da vida. Acabou estando pior que seu avô.

Quando Freddie percebeu, dormira no chão, naquele beco. Já estava de manha. O sol meio escondido por varias nuvem. Freddie se ergueu e tinha a certeza de que sua situação estava critica ao extremo. Se perguntava se águem sentia sua falta, talvez seu avô? Acho que não. Carly? Estava bem com Brad. Gibby? Talvez o único, mas ele tinha vários outros amigos para preenchê-lo. É... não tinha ninguém agora, nem um livro ao menos para poder sumir daquele mundo frio e cruel. Freddie estava faminto e daria tudo para a mulher gorda da feira esta ali, lhe dando algo. Fora burro ao sair de Salem? Ele pensava, mas mesmo assim, se dizia que não! Que não aguentaria mais viver com o avô o tratando mal, voltando tudo ao começo, quando era sem Rosa. Carly com outro, passar pelas ruas ou ir a biblioteca e não ter a mulher que tanto a considerou mãe. Ele andava novamente sem caminho, quanto mais pensava, menos sabia oque fazer. Seu estomago roncava e já havia comido o biscoito que guardara dentro do trem. Pense Freddie, leu tanta coisa, algo deve te servir agora, pensou agoniado Freddie. Ate ouvir gritos, Freddie seguiu o barulho e viu uma mulher no chão, um cara saiu do carro desesperado como telefone no ouvido. E uma multidão começou a se aglomerar em volta.

–Atropelaram a garota!! –Alguém gritou diante da multidão. Freddie foi ver de perto e viu a mulher negra no chão e uma poça de sangue a sua volta. O cara que a atropelou tentava a socorrer, mas ate para Freddie era óbvio que ela não sobreviveria. Talvez pelo estado da mulher, ou porque Freddie não tinha mais fé em nada...

–SAIAM DA FRENTE! –Gritou um homem de branco. Com uma maleta - SOU MEDICO! –A multidão se afastou, mas ainda olhava vidrada. Freddie recuou, não queria atrapalhar o trabalho do homem. Mas viu ao longe uma coisa que o fascinou, um livro. Bem ali, do lado da mulher, talvez estivesse em suas mãos antes de ir para outro mundo. Freddie voltou a se aproximar, ate chegar bem perto do medico, o homem encarou o garoto.

–Er... desculpe, eu deixei cair meu livro! –disse Freddie meio inseguro. O homem olhou desconfiado para o rapaz, mas voltou a limpar o sangue da mulher. Freddie pegou o livro e olhou para a mulher de grandes cachos afros e olhou para o livro. E o meteu entre os braços, o segurou com firmeza e saiu do grande circulo de pessoas que nem o notaram. Fora seu primeiro livro roubado. Freddie assim que saiu bem longe dali começou a sorrir com satisfação. Avistou uma pracinha e se sentou em um dos bancos. Quando viu que não tinha ninguém olhando foi ver qual era o titulo do livro. O mágico de Oz. Tinha a capa amarela e uma menina de costas com um cachorro ao seu lado andando em uma trilha em silhueta. Freddie queria lê-lo, e leria bem ali. “Dorothy vivia no meio das grandes pradarias do Kansas como tio Henry [...]”.

E fim... Sim Freddie leu o livro em algumas horas, e era como um homem com sede, ele queria mais e mais. Gostou de ler o livro, leria novamente e novamente. Era como uma droga, ele não ia resistir a essa droga. Ele abriu a primeira pagina novamente e viu que na primeira folha onde ele pulou da primeira vez, ficava os agradecimentos, tinha um cartão amarelo. “Biblioteca Discovery, de Seattle- N° 109, Rua Theodor.”

Foi como desenho animado, àquela lâmpada amarela aparece em sua cabeça. Ele se levantou e foi procurar aquele lugar. Saiu perguntando de uma em uma pessoa. Muitas saiam correndo, porque Freddie parecia um mendigo. Novamente anoitecera e Freddie parecia maluco. Gritava para o céu indignado com a vida, desabafava com as arvores feito louco e o pior chorava feito uma criança perdida no mercado.

Na manha seguinte, Freddie estava um completo mendigo doido. Ele dormira de baixo do escorrega e estava imundo. Queria um lugar, só um lugar para dormir.

–Moço... Me ajuda! –Freddie ouviu alguém o chamar, mas não viu ninguém, se levantou de baixo do escorrega e viu um garoto, de pele clara com cabelos ruivos e sarda pele. Segurava o apoio do escorrega com tanta força que as mãos estavam vermelhas –Eu tenho medo de altura! –disse o menino. Freddie sem dizer nada tirou o menino dali o pegando no colo e o pousando no chão.

–Porque subiu então?

–Porque eu li que temos que enfrentar nossos medos... Só que é difícil! –ele disse olhando para o escorrega. –Sou Ben. –ele disse estendendo as mãos.

–Olá Ben! Sou Freddie!

–porque esta aqui? Seus pais não vão brigar com você?

–Não tenho pais! –Freddie sorriu, o menino se assustou com a forma que Freddie disse, naturalmente.

–Não tem! Está sozinho?

–Sim... A propósito, você disse que leu...

–Sim! Eu comprei na biblioteca! –ele apontou para uma grande loja branca com uma grande vidraça onde tinha uma pilha de livros. COMO EU NÃO VI AQUILO?! . Freddie pensou.

–Quer que eu vá com você? -disse o menino.

–Acho melhor ir para a casa! –disse Freddie. O menino fez uma careta mais saiu andando. Freddie foi andando vidrado na loja. Era bem diferente da biblioteca ‘clássica’ que ele tinha em Salem, mas era muito bonita e moderna. Ele adentrou o recinto, era bem amplo e claro por causa das vidraças. Estantes e mais estantes de livros e nos fundos tinha mesas de alumínios. Uma bancada desnecessariamente grande com duas mulheres. Uma digitava num computador e outra falava com um homem que parecia em duvida entre dois livros. Freddie queria ler livros, era só oque queria se estabilizaria com isso.

–Posso ajudar? –disse a mulher do computador quando Freddie se aproximou. Ela o olhava com certo desprezo ao ver o estado do rapaz.

–Sim! Eu queria ver alguns livros... posso ver?

–Na verdade... Você tem que ser cadastrado e o senhor... Sabe por acaso ler? –ela disse como se Freddie fosse uma criança idiota

–Mais é claro que sei ler! – disse Freddie indignado. –Só passei por uma noite difícil... –se aquietou quando metade dos presentes o olhava.

–Certo... Olhe meu rapaz, o senhor não pode ficar nesse lugar, por favor, queira se retirar! –disse a mulher com desdém.

–Eu sou um cidadão livre, tenho direito de ir a qualquer lugar onde eu quiser! –disse Freddie tentando ficar calmo.

–Essa biblioteca é um recinto privado, e o senhor não pode ficar nele... –disse com a mesma paciência. Freddie suspirou nervoso e virou-se para ir embora.

–Marginal! –a mulher sussurrou para a do lado. Freddie respirou varias vezes para não perder o controle, e saiu dali.

Agora sem nada a fazer voltou ao seu caminho sem rumo com a mochila nas costas e o livro nas mãos. Sem dinheiro, sem nada andava a tarde pelas ruas movimentadas de Seattle. Seu cansaço foi aumentando ao anoitecer, não sabia que horas eram, mas pressupôs que fosse já umas oito ou nove horas da noite. Suspirava frequentemente e percebeu que isso se repetiria vários e vários dias ate ficar louco e morar na rua para sempre. O trovão forte o assustou, Freddie olhou para o alto e percebeu a negridão do céu, as nuvens brancas e fofas ficando cinza ate chegar num tom quase preto. “Vai chover feio” - disse em voz baixa. Ele começou a procurar um lugar para se abrigar, não queria molhar seu livro e suas roupas que estavam na mochila.

Freddie sentiu um pingo gelado em seu antebraço direito e automaticamente olhou para o céu, vários e vários pingo de chuva começou a cair cada vez mais pesado, de chuviscos passou a uma forte chuva. Ele já estava encharcado com a mochila comprimida sob a barriga, se debruçando o Maximo para não molhar muito ela.

–AAAAAAh!! –ele gritou. Ao sentir uma forte câimbra na sua perna. Seu músculo começou a dobrar mesmo Freddie tentando ficar ereto, ate não aguentar mais a dor e cair no chão tentando massagear a coxa ao mesmo tempo em que protegia a mochila.

–Simas!! –Freddie ouviu alguém gritar ao longe, tentou olhar, mas a chuva embaçou a pessoa numa silhueta que ia se aproximando. A dor na perna foi aguçando e tudo que se lembra, foi de ter ficado inconsciente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Ladrão de Livros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.