Sede de Sangue escrita por A solitária


Capítulo 24
Cálice




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Havia se passado uma semana desde a morte de Marcela, Megan tinha optado por ficar sozinha desde então. Mesmo com a insistência de Kevin para que ela saísse de casa, para que ela se socializasse. Nada daquilo parecia importante, porque sem Marcela ela se sentia deslocada, mas essa semana fez seus pensamentos entrarem em ordem.

Acima do luto, estava a raiva que ela sentia por John, ela tinha que ajudar a puni-lo. Da última vez que viu Peter, ela soube que eles estavam tentando decifrar a localização do baú, pois tudo o que dizia no diário de Lexi era que ele estava em Red Creek, porém o endereço era E476. Isso não existia. Megan pensava enquanto colocava suas botas marrons.

Ela já havia ligado para Kevin, tinha dito que precisava conversar com ele. Então o chamou para ir até sua casa, mas era óbvio que ele não sabia que ela queria ir com eles até Red Creek. Porém ela tinha que ir de qualquer jeito, não podia ficar de braços cruzados esperando eles darem notícias. Ela se olhou no espelho uma última vez, então se virou, e abriu a gaveta de seu guarda-roupas.

Afastou tudo que estava lá, e por fim pegou o que queria, a faca de Joseph. Ela ficou olhando para aquela faca por uma tempo, então se sentou no chão, encostada na cama. Ela se lembrou de como Joseph tinha morrido, de como seus olhos verdes se fecharam lentamente enquanto John retirava aquela mesma faca de seu peito.

Megan se sentiu triste por um momento, ele morreu tentando salva-la... Talvez antes daquele acontecimento ela o tivesse julgado mal. Mas de que adiantava arrependimento agora? Ele havia morrido, ela pensou.

Kevin bateu na porta, Megan escondeu a faca de volta na gaveta, então desceu. Ela deu uma última ajeitada em seu cabelo e então abriu a porta. Kevin parecia ainda mais bonito.

–Oi... Entra. -Ela disse saindo da frente da porta.

Ele entrou e em seguida se virou para ela, que fechou a porta e olhou para ele.

–Como você esta?- Kevin perguntou.

–Precisando de ajuda... Eu... Eu preciso que você convença o meu pai a me deixar ir com vocês.

–Megan...- Ela o interrompe.

–Não me venha com é perigoso demais, eu não posso ficar aqui enquanto vocês arriscam suas vidas tentando impedir que o John faça o feitiço.

Por um momento ele ficou em silêncio mas não demorou para que dissesse.

–Eu só ia dizer que venho buscar você a noite... Quando estivermos indo para Red Creek.

Ela sorri.

–Obrigado Kevin! ... Mas então vocês já sabem onde fica o endereço do baú?

–Sim, não é bem um endereço, é o número de um túmulo ou algo do tipo.

–Faz sentido... E476.

–Bom... Agora eu tenho que ir. Tenho um pai pra convencer.

Ele sorri e então sai da casa. Megan sobe as escadas novamente, ela iria arrumar uma mochila para levar consigo até Red Creek.

*

John havia acabado de voltar para sua sala, ele não sabia mais o que fazer. Já tinha uma semana desde que ele havia começado tentar fazer Lexi falar, mas nada. A garota não havia dito nenhuma palavra sobre o baú.

–O senhor mandou me chamarem?- Disse Héctor, o braço direito de John.

Quando as coisas saiam de controle, ou então John estava preocupado pensando que isso poderia acontecer, ele chamava Héctor, ele era conhecido por não deixar falhas. John precisaria dele para pegar Megan depois que encontrasse o baú.

Ele tinha cabelos curtos, com uma cor que se assemelhava ao mel, sua boca tinha um tom rosado, e seus olhos eram de um azul um tanto escuro, ele aparentava ter uns vinte e oito anos. Tinha barba por fazer e um físico de atleta muito aparente.

–Por onde andou Héctor?

–Eu estava na Itália senhor. Eu vim assim que me chamou.

–Que seja. Tenho um serviço para você.

–John!- Um vampiro entrou na sala- Ela disse que o baú está em Red Creek, no endereço E476.

–E476!?-John questionou- Mas isso não existe!

–Talvez não seja uma casa -Héctor disse- Talvez seja um túmulo.

O outro vampiro saiu da sala, John ficou pensativo. Então Héctor voltou a falar.

–O que tem no baú?

–Um cálice.

–Saquei... Você precisa dele pra fazer o feitiço... Mas, o que vai acontecer quando fizer esse feitiço?

–Quando o feitiço for terminado, todos os vampiros que o meu irmão transformou vão morrer. Assim como ele logo depois, porque vai ficar mais fraco, e será a oportunidade perfeita para matá-lo.

–Vai ser uma tacada de mestre... Mas, você ainda não disse o que quer que eu faça.

–Por enquanto você vem comigo até Red Creek, depois que eu pegar o cálice vou dizer exatamente o que você deve fazer.

Héctor acentiu, ele era o filho que John sempre havia desejado ter, John confiava plenamente nele.

*

–Não Kevin, pela milésima vez, não vamos levar a minha filha, é muito arriscado!

–Tudo bem. Eu concordo, mas vai ser pior se ela ficar aqui, ela vai estar desprotegida... Se a levarmos podemos protege-la.

–Protege-la!? É de John que estamos falando Kevin! Sem chance, não vamos leva-la!

–E como vai se sentir se quando voltarmos você encontrar ela morta!? Vai ser muito pior porque você vai saber que poderia ter protegido ela!

Peter suspira estressado. Será que um dia ele se livraria dos tormentos de John?

–Tudo bem...-Ele responde depois de ter sido convencido- Ela vai, mas quando formos atrás do baú vocês dois ficam no carro!

Kevin da de ombros, não esboçando que achava a idéia de ficar junto com Megan em um carro não tão má assim.

–Já que resolveram o problema, "levar ou não levar Megan". O que estamos esperando agora!?- Frank perguntou impaciente.

–Luna... Afinal onde ela está!?- Peter voltou a falar.

No momento seguinte Luna entrou, abrindo as portas duplas fazendo um tremendo barulho. Quando viu todos ali ela começou a se preocupar sobre qual mentira iria contar para convence-los de que não estava fazendo nada que eles consideravam errado.

Mas só ela sabia que estava, ela havia acabado de se encontrar com Max. Este era o motivo de seu atraso, ela teve de convence-lo que não se machucaria nessa viagem.

–Onde você estava Luna?- Kevin questionou.

–Eu... Eu desconfiei que alguém estava me seguindo então tive que despistar... Desculpem pela demora.

–Tudo bem... Agora que está todo mundo aqui será que a gente pode ir!?- Disse Frank.

Peter acentiu com a cabeça. Então todos sairam. Quando estavam do lado de fora se dividiram em vários carros, acompanhados por outros vampiros também aliados.

–Vamos indo pra Red Creek, você passa na casa de Megan e nos alcança depois.

Kevin acente.

–Eu vou com vocês. -Diz Sarah caminhando na direção deles.

–Quanto mais ajuda melhor. -Diz Peter.

Kevin espera todos saírem e então entra no carro. Não demoraria muito para chegar a casa de Megan.

*

Há dez minutos Megan andava de um lado para o outro em frente a porta com sua mochila nas costas e seu celular nas mãos. Ela estava impaciente, afinal quanto tempo demoraria para que Kevin chegasse?

Ela ouviu o barulho vindo das escadas, então se virou rapidamente.

–Eu estou atrasada!- Dizia Marcela- Você viu minhas chaves?

Megan sabia que não era real. Ela fechou os olhos esperando que aquilo sumisse, mas quando os abriu novamente viu Marcela.

–Estavam no meu bolso!- Ela riu- Sempre esqueço que as coloco nele. Bom, agora tenho que ir.

Marcela beijou o rosto de Megan, então saiu pela porta. Uma lágrima correu pela face de Meg... Quando tempo essa confusão iria durar? Joseph saberia responder...

Por um momento Megan desejou que durasse para sempre, para que ela pudesse reviver os momentos com sua mãe e com sua avó. Mas no fundo ela sabia que isso era apenas ilusão.

Megan se virou assustada depois de ouvir as batidas na porta. Ela a abriu, recebendo de imediato um sorriso de Kevin.

–Vamos?- Ele perguntou.

Ela acentiu, tentando ao maximo não demonstrar o que havia acontecido lá dentro.

–Onde estão os outros?- Ela perguntou quando Kevin começou a dirigir.

–Vamos alcança-los.

Megan deu um sorriso forçado, então olhou pela janela... Groovery Born havia lhe dado tantas coisas boas, como conhecer Kevin e seu pai... Mas também havia levado Marcela. Talvez fosse a hora de ir embora desta cidade, ela pensou enquanto fechava a janela do carro.

O tempo havia esfriado desde que eles saíram. Ela desejou que Red Creek fosse um pouco mais quente.

–Você está bem?

–Sim, porque?

–Isso foi só um pretexto, eu sei que não esta bem... Sabe que pode me contar.

Ela pensou por um tempo, então respirou fundo.

–É essa coisa da transformação... Eu fico revivendo momentos. Ai eu vejo a minha... Minha mãe em todos os lugares. E tem também a minha avó, é como se pra todo lugar que eu olhasse eu visse as duas, eu não sei o que fazer. Isso não para.

–Eu queria dizer que vai ficar tudo bem, mas quando suas alucinações passarem, vai vir a fome, essa a pior parte da transformação.

–E se eu não me alimentar?

–Megan, não tem que se preocupar antes da hora.

–Eu quero saber. O que acontece?

Kevin queria polpa-la daquilo, mas sabia que não seria possível.

–Você vai enfraquecer até morrer.

–Então não tenho outra escolha?

Ele a encara, pensando em algo para dizer... Mas não havia nada que pudesse levar aquilo embora. Nada que a fizesse sentir melhor.

Megan respira fundo novamente. Ela já podia enchergar outros carros a frente. Kevin os seguia, ela sabia com certeza que eram os carros dos outros vampiros.

*

Héctor entrou em seu carro. Ele havia checado todos os túmulos, nenhum E476... Ele já se sentia irritado. Seu celular tocou.

–Encontrou!?- John perguntou.

–Não. Aqui não existe nenhum túmulo E476.

–É, nem aqui...

–Esta cidade só tem dois cemitérios... Afinal onde fica esta cova?

John também não tinha ideia. Ele iria se dar o trabalho de pensar em alguma coisa, mas antes que o fizesse ouviu uma voz familiar.

–Porque eu tenho que ficar no carro!?

Era Megan... Com certeza Peter e seus vampiros também procuravam pelo baú, ele pensou. Então se distanciou dali.

–Vai ser mais fácil do que pensamos. -Ele disse a Héctor- Meu irmão também está procurando pelo cálice, tudo que temos que fazer é segui-lo.

–Chego ai em dez minutos. -Héctor respondeu desligando.

*

–Porque me deixaram no carro!?- Megan perguntou enquanto Kevin se aproximava.

Ela desceu, Peter não estava com uma expressão agradável. O celular dele tocou, ele foi breve na ligação, e quando desligou sua expressão piorou.

–O que foi?- Megan voltou a perguntar- Não está aqui, não é?

–Não, não está...- Peter respondeu.

–O que estamos esperando? Vamos até o próximo cemitério.

–Está cidade só tem dois cemitérios... Luna acabou de ligar dizendo que não encontrou nada no outro.

Todos ficaram em silêncio. Estavam apreensivos, afinal onde estava o túmulo E476?

–Espera...- Megan disse- Talvez não esteja em um cemitério de verdade.

–O que?- Kevin olhou para ela, os outros fizeram o mesmo logo em seguida.

–Talvez o túmulo E476 seja um túmulo clandestino... Ou abandonado, essa cidade é cercada por uma floresta não é? Talvez exista um cemitério desconhecido nela.

–Faz sentido... Mas E476 é um número muito grande pra estar em um cemitério desconhecido. -Kevin questionou.

–Não precisa ser uma sequência... Talvez não seja um túmulo, talvez seja um mausoléu. -Peter disse.

–Mas como vamos encontrar um mausoléu no meio dessa floresta gigante!?

–Vamos nos dividir em grupos.

–O que eu perdi?- Luna disse se aproximando.

–Bom... A gente vai procurar um mausoléu na floresta...- Megan respondeu.

–A gente não. Você vai esperar no carro!- Peter respondeu e logo em seguida separou os grupos.

Megan tentou questionar mas antes que o fizesse Peter entrou no carro. Todos os outros fizeram o mesmo logo em seguida.

*

Já havia escurecido quando todos chegaram na entrada da floresta. Peter parou o carro e então desceu. Os outros fizeram o mesmo, logo em seguida Peter disse para que lado cada grupo devia seguir, então eles obedeceram.

–E a gente?- Megan perguntou descendo do carro.

–Me sigam.

Peter entrou no carro. Então Kevin o seguiu até que ele parou em uma clareira e desceu do carro.

–Kevin, você fica aqui com Megan e Sarah, vou com os outros encontrar o baú.

Kevin acentiu e desceu do carro. Megan desceu logo depois, então bateu a porta com raiva.

–A ideia do cemitério desconhecido foi minha! Não é justo que você não me leve pai.

–Estou te protegendo Megan. Não quero que saia daqui.

Antes que ela voltasse a falar Peter acelerou. Deixando Kevin, Megan, Sarah e mais dois vampiros na clareira. Megan suspirou irritada, então se virou. Kevin estava pegando galhos secos no chão, com certeza ele faria uma fogueira. Pensar nisso fez com que Meg se sentisse aliviada, pois suas mãos e suas pernas tremiam, e o seu queixo batia devido a todo aquele frio.

–Eu vou procurar por aqui... -Disse Sarah adentrando a floresta.

Kevin acentiu, e então ajeitou os galhos no chão, em seguida tirou um isqueiro do bolso de sua jaqueta e acendeu a fogueira. Megan se sentou bem próxima, mas aquele frio ainda continuou. Ela se sentiu aliviada ao sentir a jaqueta de Kevin ser posta sobre seus ombros. Ele sentou-se ao lado dela.

–Sabe... As vezes eu sinto falta de sentir frio... Ou calor, sinto falta até mesmo do vento, não me lembro qual a sensação do vento tocando minha pele.

–O que quer dizer?

–Quero dizer que ser humano tem seu lado bom.

–Esta querendo dizer que eu devo escolher minha humanidade?

–Estou dizendo que não importa qual seja a sua escolha, eu vou respeitar. Mas quero que saiba que pra mim não seria sacrifício passar a eternidade ao seu lado.

Megan sorri. Talvez ser uma vampira fosse a escolha certa a se fazer, pois ficar ao lado de Kevin pela eternidade parecia perfeito. Lentamente seu sorriso foi se fechando, enquanto os lábios de Kevin se aproximavam dos seus.

Pouco antes de se fecharem seus olhos brilharam, então ela desejou que aquele beijo se eternizasse, e que ela e Kevin nunca mais se separassem. A cada segundo aquele beijo se tornava mais intenso, e o sentimento que ela tinha por Kevin mais aparente.

–Não encontrei nada... -Sarah parou de falar ao ver que havia interrompido.

Megan olhou para Kevin, sorrindo logo em seguida. Então abaixou a cabeça, mas não demorou para que ela ficasse em pé e dissesse.

–Eu... Eu vou ficar no carro. Aqui fora está muito frio. -Ela inventou a primeira desculpa que veio em sua mente.

Então entrou no carro enquanto Sarah e Kevin falavam sobre o mausoléu e o baú. Ela se deitou no banco de trás e antes que notasse já havia adormecido.

*

John continuava a espreita, ele junto de Héctor e outros vampiros observavam Peter procurar o mausoléu. Embora a cada segundo aquilo se tornasse mais e mais tediante.

–O que acha de encerrarmos as buscas por hoje? -Disse Frank olhando para Peter.

–Acho que você tem razão. Amanhã nós voltamos... Vamos nos encontrar com os outros.

John revira os olhos. Ele achava seu irmão um tremendo incompetente. Porém decidiu continuar seguindo ele e Frank, talvez ele conseguisse pegar Megan se não encontrassem o cálice, e então não teria de voltar a Groovery Born de mãos vazias.

*

Megan abriu seus olhos lentamente, então percebeu que havia adormecido. Ela abriu a porta do carro, o frio parecia ter aumentado lá fora, o vento gelado bateu em seu rosto. Ela fechou a jaqueta que Kevin havia colocado sobre ela. Então olhou na direção da fogueira, ele estava lá. Ela desceu do carro e foi até ele. Olhou ao redor e percebeu que não havia mais ninguém ali.

–Onde está todo mundo?

–Sarah foi procurar o mausoléu e levou os outros com ela.

–Quer saber!? -Megan diz pegando a lanterna- Eu também vou ajudar.

–Megan... O seu pai... -Ele para de falar ao ver que Megan já havia entrado na floresta.

Então ele a segue. Ela levava a lanterna nas mãos iluminando todos os lados, como se encontrar o mausoléu fosse o que ela sempre havia sonhado.

Os dois continuam andando por pelo menos quinze minutos, até ouvirem um trovão, que ecoado pela floresta havia tido um barulho que chegava a ser medonho.

–Vamos voltar, seu pai já deve estar preocupado.

–Espera... Acho que vi alguma coisa. -Megan corre deixando Kevin para trás. Ele tenta ir atrás dela, mas quando o faz, tem a sensação de ter seu pé puxado.

Ao olhar para baixo ele percebe que era só outro cipó caído no chão. Ele se solta, mas quando olha pra frente vê que havia perdido Megan de vista.

–Não era nada, acho que não fui feita pra fazer trilha. -Megan diz olhando para trás esperando ver Kevin.

Quando não o vê ela olha ao redor assutada, então usa a lanterna para enchergar com mais clareza, porém ele não estava ali.

–Kevin!? -Ela anda um pouco a frente- Kevin isso não tem graça!

Ela tenta respirar fundo e não se descontrolar como uma garotinha, porém outro trovão faz com que ela solte a lanterna no chão, ela se apaga deixando Megan completamente no escuro.

Megan se abaixa, procurando a lanterna com as mãos. Quando a segura ela se levanta e bate sua mão sobre ela, com a intenção de acende-la. Quando isso acontece a luz ilumina uma parte da floresta... Por um momento Megan havia tido certeza de ter visto dois olhos brilhantes olhando em sua direção.

Ela se apavorou e então correu o mais rápido possível, sem nem se importar em qual direção estava indo. Megan olhava para trás a todo momento, por causa disto ela acabou se desequilibrando, então escorregou... Havia algo liso no chão. Ela sentiu sua perna deslizando pelo que quer que fosse aquilo.

Em seguida gritou alto o suficiente para que todos os vampiros que estavam naquela floresta ouvissem. Ela caiu no chão, com as mãos sobre aquela coisa lisa.

–Megan! -Kevin disse alcançando-a.

Ela estendeu a mão, e Kevin a levantou do chão. Antes que ele dissesse que ela não devia sair correndo sozinha pela floresta, Megan se abaixou, então viu que aquilo no chão era mármore. "Helena Hibbins; 1819 a 1837." Dizia a inscrição.

–Isso é uma lápide! -Megan disse. Então começou a tirar as folhas secas dali, encontrando outra lápide mais ao lado.

"Leonor Hibbins; 1790 a 1837".

–Você encontrou. -Disse Kevin.

–Mas em nenhuma dessas lápides esta escrito E476.

Realmente, não estava. Kevin olha ao redor, e então percebe vários cipós, pequenas árvores, e outras plantas aglomeradas. Ele as segura, e em seguida as puxa. Alguns minutos depois já havia as retirado completamente. Revelando um mausoléu. Ele já estava velho, continha uma cerca de ferro enferrujada. Ao passar da cerca, uma porta de madeira dupla caindo aos pedaços, na parede do lado de fora havia uma inscrição, E476.

–Nós encontramos! -Megan disse com empolgação. Então os dois se viraram ao ouvir um barulho.

–Até que enfim encontrei vocês! -Disse Sarah.

–Nós estavamos procurando o mausoléu. -Megan respondeu indo na direção dele.

–Antes vou avisar o seu pai. -Kevin disse segurando-a.

*

–Senhor eles encontraram. Porque não vamos lá antes que eles peguem? -Perguntou um dos vampiros que estava com John.

–Não é tão simples... Eu já ouvi falar sobre este lugar. O cálice pertencia a Aleister, um bruxo muito poderoso... Eu só não imaginava que ele ainda estivesse aqui.

–Aleister? Nunca ouvi falar. -Héctor disse.

–É porque ele foi aprisionado neste mausoléu em 1837, pelas bruxas Hibbins.

–E porque ele foi aprisionado?

–Porque ele estava fora de controle, o cálice dava a ele poderes inimagináveis. Com o tempo ele se tornou tão perverso que todas as bruxas se revoltaram contra ele, mas só duas conseguiram lutar contra ele. Leonor Hibbins e sua filha Helena... Porém elas morreram assim que o aprisionaram.

–Tudo bem, mas porque não podemos ir lá e pegar o cálice?

–Aleister tinha contato com os vampiros, pouco depois que ele foi aprisionado, outras bruxas vieram e fizeram um feitiço para impedir a entrada de qualquer ser sobrenatural. Sendo assim ninguém nunca o libertaria.

–Espera... Libertar? Ele não está morto?

–Ele foi aprisionado, eu não disse que o mataram. Aleister sempre foi o bruxo mais poderoso da terra.

Héctor ficou em silêncio. E então voltou a olhar para o mausoléu. Peter havia acabado de chegar junto a Frank e Luna.

–Agora vamos entrar e acabar logo com isto -Sarah disse entrando logo em seguida.

Megan a acompanhou. Peter a seguiu, mas quando tentou entrar não conseguiu, era como se houvesse uma grande parede que impedia sua passagem.

–O que foi? -Kevin perguntou dando um passo a frente.

–Eu... Não consigo entrar.

Kevin o encarou, e em seguida também tentou passar pela porta. Porém também não conseguiu entrar.

–Aleister... -Peter disse.

–O que!?

–É uma lenda antiga desta cidade. Sobre um bruxo chamado Aleister, a lenda dizia que ele era tão mal que as bruxas foram obrigadas a aprisiona-lo neste mausoléu... E depois disso elas fizeram outro feitiço, pra que nenhum ser sobrenatural entrasse aqui.

–Pelo visto não é apenas uma lenda... -Kevin chegou a mais perto que podia- Encontraram alguma coisa?

Ele perguntou para Megan e Sarah, que estavam lá dentro.

–Só poeira! -Sarah respondeu.

O mausoléu era velho e completamente empoeirado, estava escuro. Ao usar a lanterna Megan viu uma escada, tinha apenas três degraus, ela desceu, e então abriu o portão de ferro enferrujado. Assim que o fez viu uma grande "caixa" de cimento.

–Sarah! Só pode estar aqui. Não tem mais nada neste lugar imundo.

–Tem razão, me ajude a abrir.

As duas retiraram a pedra de cimento que estava cobrindo. Revelando assim um caixão podre de tão velho. Megan retirou a tampa do caixão. Havia um homem dentro dele, que aparentava ter uns quarenta e cinco anos, porém sua pele tinha uma cor completamente sem vida, ele tinha um baú em mãos, Megan olhou profundamente para ele, então lentamente abriu o baú.

Dentro dele havia um cálice de prata, com uma pedra azul na frente e várias inscrições. Megan o tirou de lá com cuidado.

–Finalmente conseguimos. -Disse Sarah.

Sarah saiu pelo portão e subiu as escadas, Megan a seguiu. Mas quando tentou passar junto com ela pela porta de madeira sentiu como se houvesse algo ali impedindo sua passagem.

–O que foi!?

–Eu não consigo sair.

Kevin olha para Peter.

–Você disse que vampiros não podem entrar. A parte humana permitiu que ela entrasse, mas a parte vampira...

–Não permite que ela saia. -Peter completou -Temos que arranjar uma forma de tira-la daí.

–Vamos destruir o mausoléu... Se ele estiver no chão não existe feitiço que impeça que ela saia.

Peter acentiu, então todos os vampiros começaram a quebrar as paredes do mausoléu. Não demorou para que ele estivesse no chão. Megan correu até Kevin. Mas quando olhou para trás Aleister havia sumido, porém ela não deu importância.

–Você esta bem!? -Peter perguntou.

–Sim... -Megan mostra o cálice- Olha eu consegui pegar.

Ela mal termina a frase e tem o cálice tomado de suas mãos por John. Que quando o faz se encosta em uma árvore. Ele encara Peter com deboche. Héctor e seus outros capangas estavam ao lado dele. O que o deixava com um ar ainda mais soberano.

–Realmente... Eu tenho que agradecer Peter, se não fosse você eu não teria encontrado. -Diz John sarcástico- Mas agora... Já tenho tudo o que preciso... Exceto o ingrediente principal.

John olha para Megan, ela estava se segurando em Kevin, por um momento pensou em encarar John. Mas não teria coragem, então apenas continuou se segurando em Kevin, John sinalizou para dois de seus vampiros pegarem Megan.

Eles foram até ela, mas tiveram suas cabeças arrancadas antes que a tocassem. Então todos voltaram a olhar na direção de John, mas ele não estava mais lá.

–Kevin; Luna. Tirem ela daqui, eu vou encontra-lo.

Peter correu como se soubesse para onde ia, levando consigo os vampiros. E também Sarah.

–Vamos! -Kevin disse segurando o braço de Megan e começando a correr.

*

Héctor começou a dirigir. John estava no carro sentado ao seu lado, ele olhava o cálice com um brilho nos olhos, seria assustador, mas Héctor não se assustava com tanta facilidade.

–Não entendo. O senhor sabe que eu poderia ter pego a garota. Porque mandou eles no meu lugar?

–Porque não podemos ser tão previsíveis. Você vai trazer a meio sangue pra mim, mas não vai ser está noite.


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