Eu devia virar uma espécie de cupido talvez, meu plano deu tão certo que nem eu acreditei. Tom decidiu falar olhando nos olhos de Jana algo mais ou menos assim:

— Eu vou te matar Zoe... Mas antes eu preciso dizer uma coisa para você Jana. Eu fui totalmente sincero quando disse que te achava linda, mas fui muito infantil quando fugi e não encarei meus sentimentos. E agora estou aqui para falar o que devia ter dito a algum tempo: mais maravilhosa que sua beleza é seu jeito curioso ao ver algo novo ou mesmo sua expressão quando esta discutindo com alguém. - Talvez eu tenha romantizado um pouco suas palavras. Mas o que eu posso garantir é que antes de começar a falar já estava suando e com o coração disparado, e com a Jana o mesmo aconteceu.

Era lindo ver aquilo e eu tive certeza de uma coisa: eu sou um cupido excelente. Vocês devem estar loucos para eu parar de enrolar e falar o que aconteceu depois, então aí vai depois dessa declaração Tom deu um passo para frente ficando a poucos centímetros do rosto de Jana. Ela parecia vidrada nos seus olhos e Tom por incrível que pareça fez algo inteligente a beijou.

Agora é oficial eu sou a única pessoa da turma que não namora. Não que eu ligue muito... Tá talvez eu ligue, mas só um pouco.

***

— Oi gente! - Jana estava sorridente.

— Essa carinha eu conheço. É de quem tá apaixonada! - Maddy se divertiu com o que disse.

— Hum! - Respondi.

Nós três rimos, mas sem um motivo de verdade, uma das piores coisas de um wolfblood é que quando você esta se divertindo e esta distraída, você esquece totalmente das suas habilidades.

— Tem alguém aí? - Eu sabia que conhecia aquela voz, mas num primeiro momento eu não sabia da onde. Mas Jana sim, ela pulou por cima do sofá e foi para a porta, ela rosnou. Então eu percebi, era a Dra. Whitewood.

— Para. - Falei tão baixo que só um wolfblood poderia ouvir.

Ela se virou e seus olhos amarelados mostravam pura raiva.

— Ela quer acabar com os wolfblood. - Ela falou tão baixo quanto eu.

Ouvi mais batidas na porta.

— Ela só quer estudar. - Respondi.

— E vai fazer qualquer coisa pra conseguir isso. - Maddy disse no sofá.

Respirei fundo.

— Saiam. Eu falo com ela.

— Eu vou ficar aqui com você. - Respondeu Jana decidida. Me virei para olhar Maddy e ela saiu brava.

Abri a porta.

— Me desculpa, eu só te ouvi agora. - Ela me lançou um olhar irônico, como se soubesse que estava mentindo. Ela andou até a Jana e falou:

— Eu me lembro de você! É uma das amigas da Maddy. - Seu sorriso era de vencedora (coitada!).

— Sim isso mesmo. E eu me lembro de você é a mulher que achou um esqueleto de... O que era mesmo? Ah! Um lobisomem. - Jana com certeza tinha vontade de falar: Sabe de nada, inocente. - Eu já não tenho tanta certeza.

— As duas já estão apresentadas, então vamos direto ao assunto doutora. - Falei antes que Jana pulasse em cima da outra.

— Vim te pedir desculpas pelo que disse no outro dia. Você aceita?- Ela me perguntou. Seu falso sorriso amigável era deprimente.

— Não! - Ouvi uma voz atrás de mim.

— O quê? - A mulher na minha frente estava perplexa.

— Será que você é tonta de mais pra perceber que ninguém te quer aqui! - Continuou Jana.

— Jana se acalma. - Eu disse um pouco aliviada, pois não queria responder mesmo.

— Depois, por que agora é a minha vez de falar. Você se acha a esperta, mas fica insinuando que a mãe dela é um lobisomem. - Jana estava começando a ficar com as veias saltadas. - E ainda ameaça os pais da minha amiga à fazer parte de suas pesquisas. Você é louca! - Seus olhos começaram a mudar de cor.

Eu precisava fazer algo, meu coração estava a mil, se eu não fizesse nada a Jana poderia se transformar na frente dela.

— Para! - Gritei.

Ela parou, mas ficou com uma expressão preocupada.

— Se-seus olho-lhos. - Jana gaguejou.

— O seus também... - Respondi.

Virei para trás e vi a doutora procurar algo na bolsa, esse era o fim do meu sossego. Então um vulto passou por mim e pela Jana e pulou na doutora que acabara de olhar para frente.