–fala serio!

Procurei por toda a casa, estava desesperada, nem pensava direito, enfim encontrei o que tanto queria. Dentro de um criado mudo ao lado da cama encontrei uma pequena agenda, depois de procurar um pouco achei o numero da Magali, ela é minha melhor amiga e vai me ajudar, eu tenho certeza.

–Magali falando.

–Magali, chega desse papo de secretaria eletrônica.

–Mônica é você?

–é claro que sou eu, eu estou numa situação critica aqui.

–ai me Deus, faltou azeitona na empada?

–Magali.

–desculpa, é o abito, o que esta acontecendo?

–você precisa vir aqui o mais rápido possível, eu descobri uma coisa e agora nem sei o que fazer.

–vichis, você esta desesperada mesmo, por que não chamou o DC?

–ele anda meio sumido, uma hora ele esta aqui outra não. O que importa é que eu preciso de alguém.

–deve ter acontecido alguma coisa muito grave, que horas você quer que eu passe ai?

–agora.

–ta, já estou indo para ai, xau.

–xau.

Ou a Magali virou o flash ou é coisa de historia mesmo, não demorou nem um minuto e a campainha já tocou. Melhor pra mim, eu preciso de alguém pra confiar e essa pessoa é a Magali.

Abri a porta o mais rápido possível, acho que ela estranhou, ela sorria quando abriu a porta, deu uma vontade enorme de comer o sanduiche de presunto que estava na mão dela.

–entra Maga.

–Mônica você esta bem?

–Eeeeeeer to t-to sim.

–tem certeza, você esta pálida.

–er, vamos subir pro quarto.

Entrei no quarto junto a Magali e fiz sinal para que ela se sentasse, sentamos na cama uma em frente à outra, de perna de índio, parecia que ainda éramos duas adolescentes fofocando sobre a aula passada. Nesse momento ela já avia devorado o sanduiche, pro meu azar.

–vai Mônica fala o que esta acontecendo.

Peguei um dos travesseiros e os apertei forte, onde esta meu coelhinho quando eu preciso dele?

–sabe eu descobri uma coisa e não sei o que fazer.

–você encontrou aquele pastel sagrado?

–o que?

–nada, nada, vamos apertar a tecla delete.

–ata.

–então o que?

–você lembra quando você me disse que eu desmaie e você me levou para o hospital?

–lembro.

–você guardou o envelope do diagnostico do meu desmaio na minha mala e hoje eu me lembrei dele, então eu o abri e descobri uma coisa que vai mudar tudo.

–você descobriu que tem uma doença mortal?

–o que? Hoje você esta muito estranha Magali.

–desculpa, acho que eu tô meio doida, aperta...

–já sei, a tecla delete.

–então o que você descobriu?

Me levantei e fui ate meu guarda roupas e tirei de uma gaveta aquele bendito papel. Fui ate a cama e voltei a minha posição inicial e entreguei o papel a Magali. Ela começou a ler com os olhos e ia sorrindo a cada palavra que lia. No fim ela deu um grande sorriso, seus olhos brilharão e ela me abraçou.

–parabéns amiga.

–parabéns?

–você e o DC...

–acho que eu vou desmaiar.

Magali foi embora algumas horas depois e eu pedi a ela que não contasse nada a ninguém. Eu fiquei sozinha naquela casa enorme sem ninguém pra me falar uma palavra de animo ou algo que me confortasse, a verdade é dura, eu estava com medo. Medo do que poderia acontecer, medo de não voltar ao passado, medo de não ter minha vida de volta, medo de ter que seguir em frente sozinha e medo de não ser uma boa mãe, eu agora carrego um ser dentro de mim, uma vida. O pior seria contar ao DC, eu vou morrer de vergonha.

Pensei tanto e quase chorei, mas no fim estava com fome, é verdade, eu tinha fome. Como uma pessoa pode ter fome em um momento como esse?

–você só pode ser filho do DC.

Eu me lembrei de que a caminho daqui tinha um mercadinho que não era muito longe, decidi ir comprar algumas frutas ate Do Contra chegar, ele que vai cozinhar pra mim, não estou com cabeça pra isso.

Foi tudo muito rápido, não olhei na cara das pessoas mais era como se elas estivessem me encarando. Voltando pra casa, enquanto comia uma maça, me sentei em um banco e parei pra pensar, o tempo estava frio.

O que eu vou fazer agora? Droga, eu vou ter que admitir, por mais difícil que tenha sido descobrir que eu estava no futuro, dormir ao lado de Do Contra, conviver com ele e agora descobrir que vamos ter um filho, eu estou gostando. Essa é a verdade: eu aprendi a gostar de viver com ele, aquele jeito de maluco que ele tem me contagiou.

Me lembrei da tarde que passamos na praia, daquele abraço, do conforto que ele me passa, dos seus olhos puxados, do seu sorriso, me lembrei ate de cenas que nem apareceram aqui, da gente fazendo compras e ele comprando coisas que eu nunca vi na vida, dele cozinhando pra mim, da gente na casa dos meus pais e dele me fazendo cocegas, são coisas simples, mas que fizeram a diferença.

Eu amo Do Contra! E a partir de agora eu vou fazer diferença.

Cheguei em casa, já era começo de noite, as luzes da casa estavam apagadas, já estava estranhando e tocava uma musica de legião urbana, eu nem me lembrava que eles ainda existiam, a musica estava alta. Quando abro a porta dou de cara com o DC ao pé da escada, a primeira coisa que reparei nele foi que ele estava como era, com a camiseta preta, jeans e tênis All Star preto e branco, com o mesmo penteado, como ele fica lindo desse jeito.

–estamos nostálgicos ultimamente.

Ele segurava em suas mãos duas taças.

–eu não bebo.

–é refrigerante.

–refri?

–de jabuticaba.

–meu preferido, como sabia?

Ele sorriu. A noite estava linda. Seus olhos eram inocentes. Subimos ao quarto, nos aproximando, eu me sinto incrível. Estou decidida a ama-lo pelo resto da vida, eu o reconheci. Ele olhava fundo nos meus olhos.

–por que você andou tão distante?

–desculpa.

–Mônica, você ainda me ama?

–isso responde a sua pergunta?

Me entreguei em seus lábios quando o beijo foi dado, um beijo suave que ao mesmo tempo era intenso e tentador, meu rosto estava corado. Eu o abracei e ficamos assim por um tempo.

–eu te amo Mauricio.

Em meus olhos escorreram duas lagrimas, lagrimas de felicidade, eu me entreguei completamente a Do Contra. O silencio tomou conta do quarto, não precisava falar nossas ações já falavam por nós. Aquela noite passou muito rápido, mas aquele momento vai ficar marcado pra sempre. Abri os olhos lentamente, eu ainda sorria. Me sentei na cama e Do Contra me olhava sorrindo.

–eu estava com saudades.

Nos vestimos e descemos ate a cozinha, não havia nada preparado, estava tudo perfeito.

–o que você vai querer?

–posso escolher qualquer coisa?

–qualquer coisa.

Ele começou a cozinhar o que eu havia pedido, eu estava sentada a mesa, olhando ele cozinhar.

–é um café e tanto, você pediu muita coisa.

–eu te amo DC.

Ele sorriu de orelha a orelha, eu estava me sentindo amada e estava amando.

–DC...

–um.

–vem aqui.

Ele fez o que eu havia pedido e se ajoelhou na minha frente fazendo um sinal pra eu falasse.

–eu preciso te falar uma coisa muito importante.

–fala.

Eu peguei sua mão de leve e dei um beijo, então eu a levei ate minha barriga e fiz com que ele a encostasse nela, no começo ele ficou com cara de bobo e espantado, Do Contra então olhou pra mim e eu dei uma risada.

–Mônica, você esta...

–sim.

–...

–eu estou gravida, Do Contra... Nós vamos ter um bebe.

Ele me abraçou e me levantou no alto me girando, nos não conseguimos parar de sorrir. Ele me colocou no chão, estávamos um de frente do outro, ele não parava de sorrir. Do Contra pousou sua mão sobre meu rosto.

–esse foi o maior presente que você poderia me dar... Eu vou ser pai, há há, eu vou ser pai.

Ele abriu a porta da sala e saiu gritando como um louco pela rua, alguns vizinhos vieram ver o que era e outra diziam parabéns, mas eu ainda sorria.

–Do Contra seu louco (eu não sou louco!) você ainda esta de pijama.

–eu vou ser pai!