A Odalisca escrita por Titina Swan Cullen


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oieeeeeee, voltei.
Frases em negrito = língua árabe.
Capitulo dedicado a Lady Rodrigues – Marta – Super Batatinha – Isabella Cullen Grey .
Obrigada pelas recomendações e lindas palavras. AMEEEEIIIIIII.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/502697/chapter/6

Al Badim estava sentado na cama, encostado na cabeceira. O livro aberto nas mãos era uma autobiografia de Ali Bader. Um dos mais renomados críticos árabes das ultimas décadas. Ele era conhecido principalmente por sua narrativa sobre o caos das guerras e pelas alfinetadas relacionadas aos lideres do Oriente. Al Badim mesmo e seu pai já haviam por diversas vezes estampado suas colunas.

Ele passava as folhas, via as palavras, mas já não fazia ideia do que estava lendo. Fazia algumas horas que tinha voltado do Deserto e depois de dar explicações sobre sua ausência do leito aos sogros, teve que consolar a esposa por se sentir a mais miserável das mulheres por não conseguir segurar o marido em casa. Assim que completasse um mês de casado iria assumir de vez o sultanato de Omã, mas enquanto isso tinha que dar explicações de sua vida em respeito aos mais velhos.

Para os países do Oriente Médio, sua união com a princesa do Líbano além de ser profetizada a séculos atrás, também traria segurança e equilíbrio para os países.

Edward via aquilo tudo como sua obrigação. Desde o berço sabia que seria uma espécie de mensageiro da boa nova. Tanto para ele como para a esposa, aquela era uma missão. Ou como diriam os ocidentais, uma cruz que precisavam carregar pelo bem de seu povo.

Uma cruz nem tão pesada assim para Rosalie, a esposa de Edward.

No mesmo ano de seu nascimento, ela e mais quatro princesas eram vistas como prováveis escolhas para o cumprimento da profecia e com muita alegria sua família recebeu a noticia de que ela era a escolhida. Fora prometida ao sultão aos dez anos de idade, quando ele tinha treze e desde então ansiava por este dia. Era tratada como uma espécie de deusa em seu país e isso era o que mais apreciava.

Amar Edward? Não.

Esse sentimento tanto ela como ele não tinham enraizados em seus corações. Talvez com o tempo, como diziam seus pais. Por enquanto ser vista como uma das maiores celebridades do Oriente, tendo seu jeito de vestir, andar e comer sendo imitados por todas as meninas, era um sonho.

Ela adorava ser invejada.

Adorava o quanto seu futuro marido era cobiçado pelas mulheres e se deleitava em prazer ao saber que somente ela poderia ser sua esposa, assim como ela também era alvo de olhares masculinos.

O casamento que deveria acontecer quando ela completasse dezesseis anos ficava cada vez mais longe. Não entendia porque ele protelava tanto a respeito do noivado e casamento. Via através de tabloides ou noticias de que Al Badim se encontrava com dezenas de mulheres pelo mundo, além de seu harém.

Os anos se passavam e a jovialidade não era mais vista em seu rosto, já ouvia até rumores que se casaria apenas quando fosse bem velha e daria a luz na idade de avó. Tudo isso apenas serviu para aumentar sua ambição pelo trono. Faria de tudo para atingir seu objetivo, dando o herdeiro ao seu povo.

Seus encontros com o sultão eram sempre casuais como em jantares políticos ou entre as famílias. Ele sempre distante e ela muita submissa. Eram vistos como o casal perfeito, assim como nos contos de fadas. Rosalie era bonita e Edward se sentia atraído por ela. Embora tivesse ainda que cortejá-la, ele como os demais homens em sua posição já tinham uma vida sexual ativa e não era diferente quando começou a formar seu harém. Os lideres mais ricos, poderosos e bem instruídos tinham as mais belas servas.

Algumas moças lhe foram presenteadas e outras simplesmente ele havia comprado. Não de homens como James, mas de seus próprios amigos que quando se casavam escolhiam duas ou três servas para permanecer como acompanhantes de suas esposas e as outras eram ofertadas aos amigos.

Todas elas pareciam gostar de seu destino, eram bonitas prendadas e principalmente submissas e obedientes. Até mesmo nas outras viagens que fez para o exterior sempre encontrou mulheres devotas, prontas para satisfazer suas vontades a qualquer hora que fosse. Não entendia porque com Isabella era tão diferente.

Talvez isso o tenha fascinado em relação a ela.

Mesmo na Inglaterra quando ele lhe dava uma ordem, ela fazia o impossível para burlá-la. E aqui no Oriente Médio ela estava agindo como se fosse o fim do mundo. Aos olhos de Edward ele estava fazendo o possível para deixá-la o mais confortável. O que queria era deixá-la num aposento só dela, mas com sua mãe atrás dele isso não era possível. Teria que esperar até chegar a Omã.

Por hora havia designado três criados unicamente para atender as suas necessidades desde a comida à segurança. Já havia sido informado que assim que a deixou no harém ela havia quebrado tudo e só depois que Zafrina chegou lá, foi que conseguiu acalmá-la. Com certeza ela estaria uma fera com ele. Mas ele ainda não tinha tido chance de conversar com ela. Teria que encontrar um jeito de fazê-la entender que funcionavam bem juntos e que era ao seu lado que ela deveria ficar.

– Está sem sono?– a voz da esposa quebrou o silencio e seus olhos se estreitaram, reconhecendo que a atração por ela desaparecera e ele não deveria estar surpreso. Por mais bela que ela fosse seu apetite sexual por ela já não existia.

– Um pouco. - respondeu fechando o livro. Olhou para a esposa de cabelos lisos e compridos, sua pele mais clara que as demais mulheres do oriente deixavam claro que era mesmo diferente.

A princesa escolhida.

Ela não tinha os mesmos atributos que Bella mas sim, era jovem e bonita, pena que não causava nenhuma atração para o sultão.

Os filhos prometidos do Oriente.

Edward sorriu em desgosto.

No principio quando ainda eram jovens, Edward até chegou a gostar dela, só que, com tempo e as pressões que eram derrubadas sobre eles, tudo se tornou mecânico, sem graça.

Seu pai dizia que ela era ideal para ser sua esposa, mas que na cama ele certamente encontraria a companheira ideal. E ele já havia encontrado.

Como se soubesse o que estava pensando Rosalie passou a mão em seu peito nu. A expressão entediada de Al Badim não se alterou.

Será que ela pensava que o significado leito de núpcias seria exclusivamente para sexo?

Desconhecia a total informação que a intenção era para que se conhecessem não só intimamente como também para que se criasse um elo entre o casal, como companheiros mútuos.

Como ele queria sair logo daquela cama enquanto Rosalie parecia estar com ela grudada nas costas literalmente. Ela era por demais submissa, uma esposa ideal para um homem em sua posição.

Então porque ele se sentia tão cansado com tudo aquilo. Poderia existir algo menos instigante do que transar com uma mulher com quem você se casou a seis dias?

Al Badim deixou o livro cair no chão, deitou-se na cama e beijou-a. Sua mão passou por baixo da camisola retirando a peça intima. O sexo com a esposa era para ele apenas isso, apenas sexo, apenas parte da obrigação por ser o profetizado filho do oriente.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Debaixo da ducha gelada Edward pensava o quanto aquilo tudo estavam sendo angustiante para ele. Estar tão perto de Bella e ao mesmo tempo tão longe. Seu sogro já tinha vindo duas vezes no quarto para desejar bênçãos ao casal.

Benção é uma ova! Pensou Al Badim.

Fazia isso não devido a filha e sim ao acordo entre as nações. É claro que quem detinha o maior poder era o emir pai de Edward e também era obvio que Aro queria abocanhar uma parcela desta torta que tinha como ingrediente principal o comando dos países árabes.

Quando voltou ao quarto encontrou a esposa, dormindo profundamente. Só estava esperando que o pai voltasse da viagem para a cerimônia de apresentação dos noivos e logo teria que viajar para Omã.

A família Masen Al Badim detinha a maior parcela do controle dos reinos do Oriente. Sua irmã assim que se casou assumiu com o marido o compromisso do reino da Turquia. Claro que marido teria que tomar a frente. Teria. Sabia que com sua irmã seria impossível.

Dever.

Lá estava ele de novo. Uma palavra maldita que assombrava a família real. Edward deu um pesado suspiro ao virar-se no quarto escuro para olhar pela janela para os jardins do palácio. Tinha sido educado em uma cultura em que força era tudo; em que era considerado errado que um homem alguma vez mostrasse seus sentimentos isso nunca foi um problema antes porque nunca nutriu sentimentos verdadeiros por uma mulher. Até conhecer Bella.

Passando as mãos pelo cabelo ainda úmido ele sentiu um desejo bem vindo. Voltou a olhar para Rosalie quando ela ainda dormindo se virou na cama. Em sua mente imaginou a suavidade de outra mulher ali. Começou a imaginar que Bella estava ali. Com seu longo cabelo castanho caindo pelas costas, fluindo suavemente, usando um dos vestidos de uma sultana. Ele balançou a cabeça. Parecia que havia acontecido. Seu coração doía. Precisava desesperadamente vê-la. O relógio de ouro no pulso marcava 1: 48hs da madrugada. Não era possível que aquele maldito ancião ainda estivesse acordado. Vestiu a túnica e partiu em direção a ala proibida.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

– Você não devia se sentir assim mesmo.

– O nosso amo é muito amável e cuidadoso com a gente.

Bella olhava para aquelas mulheres com um misto de pena, raiva e ciúme. Não entendia o que elas falavam, salvo as exceções quando Zafrina estava traduzindo. Mas cansada de tudo pediu que a serva bilíngue do palácio se calasse.

Não tinha interesse em saber nada do que elas achavam e muito menos ser alvo de pena por parte delas. O que mais queria era deitar a cabeça e dormir, embora o sono estivesse tão longe quanto a Inglaterra.

Ao todo contabilizou 14 mulheres. Eram todas de certo modo parecidas com peles morenas, quase bronzeadas e cabelos escuros e lisos. Tinham corpos esculturais embora algumas com cicatrizes de queimaduras, cortes e até marcas de chicotes dos senhores ao quais pertenciam ou dos próprios parentes.

Mas por algum motivo Bella não conseguiu gostar de nenhuma delas. Em sua cabeça, ela decidia se de certo modo as via não como suas rivais e muito menos como o clube da Luluzinha.

Enxergou um rosto amigável em todas.

Ou quase todas.

Afastada do grupo, sentada à mesa, degustando um cacho de suculentas e rosadas uvas, estava Victória. Ela foi uma das primeiras odaliscas de Edwards. Era a mais velha de todas com 38 anos e durante muito tempo foi a favorita do sultão. Não entendia e tão pouco gostava de toda aquela paparicação com a nova odalisca. Ela havia acabado de chegar e já estava cheia de vontades com uma serva exclusiva para ela. Não tinha porque estar com aquela cara emburrada. Chegou como uma louca quebrando e arremessando nas paredes e chão o que via pela frente. Tudo isso quando deveria ser grata por pertencer ao harém de um sultão. Tiveram que ir para outro aposento aguardar até que limpassem toda a bagunça da novata. Por muito menos Victória tinha visto muitas servas serem castigadas por seus senhores.

Ao contrário desta que ainda por cima ganhava uma serva.

Pena que há quase dois anos o sultão não procurava o carinho de suas servas, e agora então que se casara... pensou Victoria soltando um suspiro de tédio.

Quando ouviu um leve movimento as suas costas. Ela se virou rapidamente com um aperto no coração. Seu amo estava ali, com seu porte real e imponente. Logo atrás dele, dois eunucos com os braços cruzados na frente do corpo.

Edward entrara silenciosamente na tenda e estava parado junto à porta. Antes que Victória pudesse avisar as outras de sua presença balançou levemente a cabeça sinalizando para que ela se silenciasse. Caminhou para o interior da tenda com seu andar insolente de felino. Seus olhos estavam cravados no grupo de odaliscas ou pior, numa delas, que fez com que Victória travasse o maxilar.

Sentada na beirada do sofá vermelho que combinava com o traje caro e de renda bordada com fios de ouro, Bella estava com a cabeça deitada numa almofada e o rosto coberto com os cachos. As mulheres ainda falavam de uma forma corrida e ela fazia o possível para não ser indelicada e pedir com que se calassem de vez.

Durante esses dias ela passara pelas mais grotescas experiências. Edward sumira depois de tê-la praticamente jogado ali. E mesmo com toda a fúria descarregada ao destruir aqueles vasos ela ainda sentia a ira consumindo-a.

Percebeu então um silencio repentino, talvez com muita sorte tivesse ficado surda. Ergueu cabeça e viu as mulheres com sorrisos enormes e brilhantes nos rostos bronzeados pelo sol. Elas tinham as mãos juntas no corpo e mal percebiam que faltavam quicar no lugar na ânsia de correr em direção a ele.

O homem que Bella ansiava por as mãos e esganá-lo.

Levantou-se de uma só vez com as mãos cerradas em punho. Sentia-se como um touro bravo pronta para derrubá-lo de uma só vez. Ele estava parado alguns metros a sua frente.

–Saiam!– ordenou sendo prontamente atendido pelas mulheres. Bella as viu se afastando uma a uma. Tudo que conseguiu assimilar era o poder magnético de seu olhar e corpo forte que atraia olhares cobiçosos de luxuria de suas meretrizes.

Só faltava por o rabo entre as pernas.– analisou.

Ela pegou numa mesinha próxima um pequena estátua de elefante ornamentada com rubis e diamantes, deixada por algum criado desavisado. Ele levantou a sobrancelha cínico.

– Isabella solte isso! - com a voz baixa, seu pedido saiu como uma ordem. - vamos conversar.

– Não Edward, não se atreva a chegar mais perto. - Por mais que estivesse furiosa ele apenas a via como um filhotinho de onça querendo mostrar as garras que não tinha. Claro que ficou excitado só em vê-la

– Vamos só conversar Isabella. Me escute.

– Não tenho nada para falar com você!- gritou atirando o elefantinho que espatifou na porta atrás dele.

– Eu não faria isso de novo se fosse você.

– Não tenho duvida de que tudo o que tem para me dizer soaria maravilhoso. - Isabella andava tentando achar algo para arremessar contra ele. - Como poesia que durante tanto tempo você usou para me seduzir. – agarrou a lateral da toalha de linho da mesa onde travessas de frutas e doces descansavam. Puxou para perto dela um prato de cristal cheio de frutas.

–Eu entendo que esteja nervosa, mas se me escutar vai entender porque agi assim.

Edward a olhou de um jeito que fez sua pele queimar, como se estivesse em chamas.

– Depois de tudo que me fez passar, isso é impossível! - atirou uma romã que foi prontamente pega por ele.

– Eu agi muito errado com você. – mordeu a romã tentando encontrar as palavras certas - Fiquei louco quando foi embora. Alucinado é a palavra mais apropriada.

– E me sequestrar? É essa sua ideia de gostar?- continuou arremessando as frutas e bandejas enquanto Edward apenas se desviava para não ser atingido. - Pegar o que quer, infringi leis e tudo para atender seus caprichos?

–Não. Isso não tem nada haver com caprichos.- disse cerrando os dentes - E sim com a determinação de estar contigo.

– Você só me quer por que está acostumado a ter tudo ao seu tempo e hora, mas desta vez não. Eu não ficarei aqui! - jogou a ultima fruta em sua direção.- Eu não ficarei aqui servindo para você de meretriz quando sua esposa estiver com dor de cabeça como essas mulheres.

– Deixa de ser idiota!- respondeu ele e de repente saltou sobre a mesa que os separava a pegando desprevenida. - Há mito tempo eu não tenho nada com nenhuma delas e a maioria é apenas para entreter convidados como dança e canto. Se quiser enumero nos dedos de uma só mão com as quais me deitei.

Bella deu uma risada sem emoção.

– Então me desculpe vossa alteza, ó sultão. - sua voz era sarcástica e cheia de ironia. - Não sabia que estava acercada de cantoras e bailarinas.

Ele fez uma careta.

– Esse é seu jeito de jogar?- perguntou ele e numa passada só segurou seus braços, a puxou com tanta força que bateu de encontro ao seu peito fazendo sua respiração acelerar. - Demonstrando quanto poder tem sobre mim, para ver até onde pode me levar.

– Claro que não. – disse num fio de voz. Não estava confortável sentindo um turbilhão de emoções com seu corpo tão perto dele. - Não estou participando de nenhum joguinho sórdido seu.

Ela recuou no momento em que ele pôs a mão em sua nuca e forçou-a a encará-lo.

– Bella minha bela. Como um a rosa selvagem. Só que com espinhos que ferem as mãos. - acrescentou acariciando-lhe a linha sinuosa do pescoço dela - O destino nos quer juntos.

– O destino não tem nada haver com sequestrar-me. - o toque dele enfraqueceu suas defesas e o roçar lento dos lábios doces e suculentos pela fruta a fez querer mais. Tentava se soltar de seus braços, mas ele a apertava tanto que era impossível. Se lembrava de como eram na Inglaterra. Ele sugava seus lábios e ela tentava empurrara-lo e sem se dar conta acabou por corresponder ao seu beijo. Ele precisou apenas forçar um pouco a língua entre seus lábios para que ela cedesse. Sua pele macia, seus seios pressionados de encontro ao seu tórax. Afastou a boca permitindo olhá-la. Ela tinha os olhos abertos e as pupilas dilatadas ante tanto desejo. Sim, ela o desejava tanto quanto ele.

Voltou a beijá-la e sentiu ela ficar rígida em seus braços.

Não. No que ela estava pensando? Não podia ceder aos toques dele. Não podia se entregar a ele, passar uma borracha sobre tudo o que aconteceu.

Não. Nunca mais.

Mordeu o lábio inferior do sultão sentindo o gosto de sangue na sua boca.

Edward se afastou tocando o lábio que sangrava. Sentia a raiva e frustação lhe invadir por ser rejeitado.

– Nunca mais ouse me tocar. - Bella disse com a respiração acelerada. Ajeitou a roupa que estava numa desordem assim como seus pensamentos. Cruzou os braços na tentativa de esconder suas mãos trêmulas. Ainda assim tinha que ser firme.- Procure sua esposa ou uma dessas para lhe satisfazer. Não serei mais sua amante.

–Eu estou tentando fazer isso dar certo, Isabella. Assim que formos para Omã, no meu reino, terá seu quarto, o nosso quarto. poderemos ter um futuro juntos...

– O que você está dizendo? Você está casado agora. Que futuro poderemos ter? Uma linda casinha com flores na janela, enquanto eu espero você voltar do palácio? Da noite de amor com sua esposa!

– Isso é só uma maldita obrigação! – berrou o sultão - Todo esse casamento, isto - apontou para si - faz parte da obrigação!

Bella o olhou chocada. Recebeu aquelas palavras envolta em silencio incrédulo. Pela primeira vez em todo esse tempo quase se esqueceu de tudo o que passou e sentiu pena deles.

Mas a vida e o próprio sultão tornaram ela mais cautelosa . Edwards a ferira antes e ainda era capaz de machuca-la.

– Eu sinto pena de mim. – colocou as mãos na cabeça - De tão burra que fui por não ver como você age com as mulheres. Pena de sua esposa, de ter que aceitar isso da sua parte.

– Não sinta pena dela.- sorriu sem humor - Ela sabe de tudo e sente o mesmo. E eu jamais te tratei como uma delas, acredite Isabella. O que tenho que fazer para que acredite em mim?

– Deixe-me ir embora! - gritou

–Posso deixá-la fazer muita coisa, - ergueu a mão tocando seu rosto - mais não vou deixar que fuja de mim.

–Pode me prender aqui o tempo que quiser – afastou a mão dele - e farei com que se arrependa cada dia.

Novamente ela se viu presa pelos braços fortes do sultão, sua boca bem proxima da dele.

– Não me subestime Bella. Não queira medir forças comigo. Sabe que gosto de você e faço tudo para vê-la feliz - seus dedos entrelaçaram seu cabelo e puxou com um pouco mais de força a obrigando a olhar em seus olhos. - Estou em minhas terras e não vou admitir ser desrespeitado por nenhuma mulher, nem mesmo por você.

A soltou tão de repente que por pouco não caiu.

Se ela continuasse dessa forma logo ele seria envergonhado na frente de seu povo por permitir que uma mulher lhe desse ordens. Ela devia aprender que tinha um senhor e que era ele. Nem que para isso tivesse que jogar baixo.

Chantageá-la.

Em teoria isso deveria ser uma tarefa fácil. Ele era o sultão desempenhando o papel que era esperado dele e não seria repreendido por sua amante. Bella ficou ali atordoada num silencio carregado de tensão e assim que ele fechou a porta ela se viu sozinha e prisioneira no palácio. Um palácio de cristal que ela acharia um jeito de quebrá-lo.

– A quero em completa vigilância! - ordenou para o eunuco parado do lado de fora- Se algo acontecer a ela você será responsabilizado seriamente.

Edward voltou-se para o corredor de paredes marfim do palácio. Havia sido brutal com suas palavras e atos, lamentava muito, mas era necessário.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

A manhã para Al Badim transcorrera fora do normal. Muitos documentos ficaram acumulados com a ausência do pai e a sua. Logo o voo do emir chegaria ao aeroporto e ele pretendia deixar tudo em ordem para quando ele chegasse.

Aqueles últimos dias andavam sendo angustiantes para Edward. Seu sogro parecia rondá-lo nos quatro cantos do palácio com alguma piadinha sem graça ou conversinha mole que só serviam para ocupar seu pouco tempo disponível. Finalmente tinha conseguido na noite anterior, despachar os sogros de volta para o Líbano. Não sem antes prometer uma nova visita me breve.

Não havia procurado Isabella durante toda a semana seguinte, sendo informado por Emmet e Zafrina o decorrer de seus dias. A velha senhora insistia em dizer que talvez Bella estivesse entrando em depressão e que com muito custo conseguia fazê-la se alimentar. O que fez o coração de Edward afundar em seu peito. Não queria dar-se por vencido mas não colocaria a vida dela em risco, jamais. Mas durante a ronda noturna, Emmet a viu saboreando bolos e frutas que Edward fazia questão de mandar o cozinheiro abastecer durante o dia.

Então era isso.

Teve vontade de rir. Bella era muito teimosa e precisaria ser paciente. Quando estivessem em Omã, faria o possível para se redimir com ela.

Edward evitava ao máximo encontrar com sua mãe depois da ameaça velada que fizera e com a esposa recatada que o esperava toda a noite coberta dos pés a cabeça com sândalo e renda, mantinha seu papel de marido, agradecido por 20 minutos de seu desempenho serem suficientes para apaga-la a noite inteira.

Era então que podia sair e de certo modo escondido ver sua aldi. Adentrava o harém já altas horas da madrugada, quando todas estavam dormindo. Abaixava-se bem próximo de onde ela estava deitada e sentia todo o perfume de seus cabelos. Por vezes teve que deter a mão para que não a tocasse e a acordasse. Só em tê-la tão perto deveria ser suficiente.

Mas não era.

Queria muito estar com ela, mas não estava aberto para ser rechaçado ou ter novas brigas que nada serviriam para com ela, resolveu dar esse tempo de distanciamento. Para que assim se acalmasse e acostumasse com a nova vida. Também para que ele criasse coragem de encará-la depois de tudo o que fez.

Não era como tê-la em seus braços, sentindo a sua maciez e seus beijos quentes cheios de desejo. Não. Não era, mas por enquanto teria que servir.

– Senhor. – Emmet chamou da porta do escritório. Al Badim estava de pé andando lentamente com alguns papeis na mão. Seu olhar desviou do relatório para o conselheiro

– Diga.

– O emir. Fomos avisados que o avião já se aproxima de Cairo.

Em menos de vinte minutos de espera o avião de Carlisle pousou no aeroporto que era cercado de prédios de ultima geração, radares de alta tecnologia, assim como torres de controle. Com Edward estavam soldados armados a margem da pista de pouso, junto com um comboio de veículos escuros e inúmeros motociclistas, todos vestindo túnicas e turbantes reluzentes.

Para quem não estava acostumado, era como estar no meio de uma filmagem cinematográfica.

O emir desceu primeiro do avião com mais dois seguranças cobrindo sua frente e retaguarda. Vestia uma túnica branca e assim como o filho, era alto com o rosto ainda jovem apesar dos cabelos grisalhos. Assim que o avistou, Carlisle deu um largo sorriso que prontamente foi correspondido pelo filho.

– Sua benção, pai. - pediu Al Badim se inclinando.

– Deus esteja contigo!– Carlisle abraçou demoradamente o filho.

Era a visão clara para o povo do amor fraterno e único da família real.

Naquela mesma noite, estavam reunidos na luxuosa mesa de jantar, guarnecida ricamente com carneiro assado ao molho de tâmaras, arroz com lentilhas além de tantas outras tortas de vegetais e frutas.

Esme e a nora estavam sentadas uma ao lado da outra, enquanto os homens juntos conversavam sobre os negócios políticos. A música alegre provinha de um grupo de moças, servas do palácio, que além de cantar, dançavam animadas agradecidas pela volta sã do emir.

Então quer dizer que a viagem tão repentina era uma indicação da ONU? – perguntou Edward enchendo a taça do pai. - Meus parabéns!

Não sabe o quanto fiquei feliz!- Carlisle sorriu com empolgação, como um menino que abre seu presente na noite de natal.

– E qual indicação a que concorre?

–Embaixador contra a exploração sexual feminina e infantil. Isso significa que nossos esforços para combater a violência e o tráfico às nossas mulheres estão finalmente sendo reconhecidos. - Edward franziu o cenho considerando aquela informação no mínimo desconfortável devido as suas ultimas ações.

Puxa! Embaixador contra tráfico de mulheres? isso é...é muito. - Edward sentiu vontade de deixar o copo com chá gelado e tomar um copo puro de vodka.

Essa era a prova tangível para mostrar para o resto do mundo, que o Oriente está mudando. – bebeu o resto do chá - Que estamos acompanhando com pé de igualdade as mudanças da nova sociedade. Isso trará investidores para nosso reino e depois tenho algumas ideias para discutirmos no escritório. Mas vamos deixar isso para depois.– Carlisle batucou na mesa avaliativo, e após cessar, procurou os olhos do filho. - Como vai o casamento?

A voz tranquila de Carlisle era um sopro de que ele sabia que algo não ia bem.

Eu não poderia estar mais satisfeito.– atentou para a esposa absorta nos movimentos que as servas faziam com as saias.

Entendo.... sua mãe me disse que tem novidades. - Edward encarou Esme que de repente começou a bater palmas animada com a musica. Al Badim tinha certeza de que ela estava era com os ouvidos bem abertos no desenrolar da conversa na mesa.

–Ah é?– desconversou Edward servindo-se de um pouco mais de bebida.

Calisle encarou-o longamente. Ajustou suas costas na elegante e confortável cadeira. Era ciente de que o filho tinha muitos defeitos, mas ser descarado não estava em sua lista.

Você sabe que é Edward.- cruzou os braços sobre a barriga um pouco rechonchuda.- Se quiser posso saber por sua mãe, mas sabe o quanto ela tende a ser fantasiosa em seus relatos.

O sultão voltou a olhar para a mulher que lhe dera a vida e lembrou como ela adorava meter o bedelho onde não era chamada. E sim, ela era do tipo de fazer uma tempestade numa gota d`água.

James esteve em nossas terras. - disse por fim.

Eu sabia que era grave. Sua mãe não me diria nada à toa. Conseguiu pegá-lo?

Não. Ele fugiu. - revirou o garfo no prato vazio. - Já reforçamos a segurança nas fronteiras e aeroportos. Acredito que ele não tenha saído do país ainda.

Isso é péssimo, Edward. Quero saber todos os detalhes, onde o encontrou e como conseguiu fugir. – olhou Esme. Do lugar que estava dava ordens para os músicos tocarem uma de suas melodias preferidas. - Me surpreende que sua mãe se importe em me relatar algo assim. Ela é sempre tão alheia a esses assuntos. – voltou-se para Edward que continuava com os olhos baixos. - Ou tem mais? – impulsionou-o com firmeza.

Conseguimos resgatar uma das mulheres que ele traficava.

Bom... Isso é ótimo. Talvez ela tenha alguma pista. Conseguiu contatar a família dela?

– Não...ela não fala nossa língua.

– Isso é muito grave Edward. Significa que James está a cada dia mais engajado, sequestrando mulheres de países europeus. Só não vejo porque o problema. Temos vários interpretes no consulado. Você mesmo é fluente em várias línguas.

O sultão soltou uma risadinha sem graça. Era sempre estranho ser elogiado pelo pai. Principalmente quando não merecia.

Ainda não entrei em contato com o consulado.

– Não entendo por quê. Nunca tivemos problemas com eles. Ainda mais por se tratar de sequestro. – demandou com interesse.

Carlisle inclinou-se para frente buscando encarar o filho.

Por quê algo nesta historia não me cheira bem meu filho?– Al Badim desviou os olhos ante a análise critica do emir. Havia sido pego na mentira não poderia se sentir mais envergonhado. Suspirou profundamente.

Eu...eu não sei o que dizer.- continuou olhando para o prato sujo e vazio a sua frente. - Tout ce que je sais– começou a falar em francês que era uma das línguas desconhecidas para Rosalie e sua mãe. - Est que sa place est à côté de moi.*

(*Tudo o que sei é que o lugar dela é ao meu lado.)

Carlisle juntou as sobrancelhas. A voz do filho soara com tanta eloquência e ao mesmo tempo triste e desesperada. O que ele falara não tinha o menor sentido. Parecia que a vida do filho tinha saído fora do controle. Parecia perdido. Ele que sempre fora um homem forte, inteligente. Precisava saber da historia desde o inicio para que assim pudesse ajudá-lo.

– Deixe-nos a sós!– ordenou o emir. Edward voltou a encarar o pai desconfiado.

O que o senhor pretende fazer?

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Zafrina carregava uma pesada bandeja com frascos de óleos perfumados e sais para banho importados. Depois do jantar de boas vindas ao emir, o cozinheiro Laurent havia lhe dito que a esposa do sultão queria vê-la e que trouxesse seus itens de banho.

A velha senhora empurrou com as costas a porta do quarto e seguiu para o banheiro fazendo o possível para equilibrar a bandeja de prata.

A senhora mandou me chamar? - perguntou Zafrina de cabeça baixa.

Não era normal que a esposa do sultão falasse com as servas do castelo. Ela tinha trago do palácio de seu pai dez empregados que eram encarregados de atender todas as suas necessidades.

Rosalie estava imersa na banheira de costas para Zafrina .

Não sabe o quanto me desagrada ter que falar com você.– disse com a voz melada como se fosse uma caricia mas que na verdade era um tapa.- Deixe a bandeja aqui. – apontou para um pequeno banco ao lado da banheira.

Zafrina depositou a bandeja e logo se virou para sair.

Ainda não acabei, serviçal inútil. – de cabeça baixa, Zafrina se virou esperando por mais ordens.

Vagarosamente Rosalie pegou o vidro e começou a derramar gotas do óleo de sândalo na banheira. Observava as pequenas vibrações deixadas por elas em contato com a água. E como doses tão pequenas afligiam toda quantidade do liquido ali.

Sabia que meu marido tem uma nova protegida? – perguntou.

Zafrina ouviu aquilo com espanto. Nunca imaginou que a sultana fosse lhe falar algo tão intimo como a vida de seu esposo à uma criada.

Eu não sei de nada senhora. – garantiu tentando sair logo dali.

Não seja sonsa! Também sei que ela está sob seus cuidados! – a criada pela primeira vez de olhos ainda baixos, teve coragem de olhar de rabo de olho para a ama.

Me perdoe, minha senhora. Mas esses assuntos somente o senhor sultão poderá lhe falar. – disse temerosa.

Está me respondendo?! – Rosalie se virou na banheira ficando de frente para a serva. – Sabe que basta um pedido meu para que o sultão mande cortar essa sua língua ferina!

– Mas senhora...

– Cale-se! Vou dizer para quê eu a chamei. – fechou a tampa do vidro e o depositou de novo na bandeja - Quero que se livre ainda hoje da maldita. Não quero que amanheça o dia e ela ainda esteja no palácio. Suma com ela daqui.

– Eu não posso fazer isso, minha senhora.- disse usando toda a coragem que ainda possuía.

Não estou perguntando se pode, eu estou ordenando. Acha que não sei que todas as noites o sultão vai vê-la?

– Eu não posso fazer.....

– Zafrina – Rosalie interrompeu-a - Está começando a me irritar.

– Ela está sendo vigiada senhora. O sultão deu ordens....

– Não quero saber. Dê seu jeito! - voltou a ficar de costas e sua voz assumiu novamente o tom infantilizado – Outro dia fiquei sabendo que sua netinha mora com você aqui no palácio Zafrina. Imagino como deve ser triste para pessoas pobres como você, que não tem a proteção aqui do palácio. Que tem filhas e netas sendo levadas todos os dias por homens inescrupulosos. Violentadas e esquartejadas. – voltou a pingar as gotas do óleo na banheira – Tisc, tisc, tisc. Humm, não gosto nem de imaginar se algo assim acontecesse com ela.

Continua....


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

 Oieeeeee, Fofys do meu Brasil, capitulo mega dedicado a 4 lindas recomendações que recebi, a   Lady Rodrigues – Marta – Super Batatinha – Isabella Cullen Grey . Peço que me perdoem por não ter agradecido antes, através de MP, mas os dias estão muito corridos. Amei cada palavrinha de vocês e fiquei muito lisonjeada com tudo o que disseram. Imensamente FELIZ!!!!

Como demorei com este capitulo, em compensação já tenho o outro prontinho, só esperando revisão para postá-lo. Vai depender também dos comentes galera, rssrsrsrs.

E então vamos ao cap. Edinho doido para dar uma furunfada com bellinha mas no ultimo minuto do segundo tempo chutou a bola na trave. Se deu mal se acha que Bellinha não vai fazer ele pagar na mesma moeda, kkkkkkkkk . E o que será que o nosso sexy e todo poderoso papai do sultão tem em mente? Tomara que ele dê uma jeito nessa complicação.

E sei que tem o fandom da Rosie e por favor aguardem, eu sei que ela é malvadinha mas quem sabe ela não melhora no final da fic, Só que não, kkkkkkk.( quem sabe, talvez)

Agradeço a todas as maravilhosas que tiraram um tempinho e comentaram a fic. Me desculpem as que não respondi mas prometo que vou tentar responder a todos no próximo cap. Leitoras fantasminhas sejam bem vindas e também comentem dizendo o que gostariam que acontecesse, as vezes ficamos sem ideia e dez cabeças pensando juntas, dá pra sair um capitulo legal. ;)

 Me perguntaram, quando são os posts. Domingos, mas como o próximo capitulo capitulo já está pronto dependendo dos comentes eu posto sexta a noite. Fiquem com Deus e uma ótima semana, bjos, bjos e + bjos nas lindinhas flores do meu jardimmmmm.