A Odalisca escrita por Titina Swan Cullen


Capítulo 16
Capitulo 16


Notas iniciais do capítulo

Boa noite fofys. Obrigada pelo carinho e por não abandonarem a fic amores.
Agradeciemnto especial e super atrasado para Caroline Uchiha. Muito obrigada pela recomendação flor. Bjos



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1 ANO DEPOIS

AEROPORTO DA TURQUIA

10:48 AM

 

 “— Não volte para o Deserto a não ser que esteja pronta a permanecer para sempre. – foram as ultimas palavras de Carlisle. –Prometo que o manterei afastado de você pelo tempo que precisar, mas caso ele sequer volte a sentir seu cheiro não garanto ser capaz de controlá-lo.”

Com as mãos trêmulas, Isabella ajeitou o véu que cobria sua cabeça deixando apenas o rosto, tampado pelos óculos escuros, a mostra.

No seu passaporte, o segundo nome que tinha em apenas um ano. A nacionalidade turca também expressa no documento, além de sua nova aparência haviam facilitado que entrasse no pais sem maiores problemas. O ultimo ano que passou fora, também foi um tempo razoável para que pudesse se preparar para a nova etapa em sua vida.

“Coragem Isabella. Não foi você que escolheu isso. Ficar ao lado dele não importando quais as conseqüências.”

Acreditou até no ultimo minuto que isso seria confiar demais no destino. Tanto poderia dar certo como não, e as chances para que tudo desse errado estavam a seu favor.  Haviam arrumado um jeito para que meio de ultima hora, ela se torna-se um membro distante da família de Jasper. Era provável que a CIA, FBI ou sabe-se lá que órgão do Governo responsável pela segurança da Inglaterra estivesse bem atrás dela nesse momento. Esperando para pegá-la assim que desembarcasse.

Respirou fundo.

Segurou a alça de sua mala de rodinhas e seguiu para as portas de vi­dro por onde deixaria o aeroporto e chegaria à terra dos Al Badims.

— Senhorita...

Ela olhou sobressaltada para o rosto do homem que a chamava.

— Você me assustou! – respondeu com um leve sorriso na língua árabe ao reconhecê-lo. Tão fluentemente que se o homem não soubesse que ela não era do local diria que era uma autêntica turca.

—Desculpe. – Jacob disse pegando sua mala. Sempre sério e com o rosto sombrio - Não era o combinado que eu viria buscá-la?

— Eu sei. – ela se sentiu tola. É claro que Alice teria acertado com a segurança local para que sua entrada fosse sem maiores dificuldades. - Estava um pouco distraída.- retirou os óculos revelando os olhos castanhos escuros - Como você está? – perguntou por pouco não quebrando seu disfarce ao quase abraçá-lo. Costume inadequado para a terra em que estava.

— Estou bem, obrigado. – começaram a caminhar em direção ao carro estacionado a alguns metros dali. – A senhorita está bem diferente desde a ultima vez que nos vimos.

Isabella lembrou-se que a ultima vez havia sido há poucas semanas. Sorriu achando graça do agora amigo. No ultimo ano, muita coisa havia mudado. Mas não em poucas semanas.

Durante todo esse tempo teve aulas sobre os costumes e tradições do povo do Oriente, aulas de língua árabe, alem do que segundo Alice, as aulas mais importantes de todas, dança do ventre. Achava que já era muito experiente nesse assunto, mas descobriu ser uma completa aluna.  Cinco professores, 3 esteticistas além de 2 empregadas haviam vindo diretamente do Oriente para que ficassem enclausurados com ela numa pequena mansão em um bairro nobre do Havaí.

 

 Não queria nem imaginar o quanto eles haviam recebido de Carlisle para isso!

Segundo a irmã de Edward, os funcionários eram pessoas de confiança dela e de seu marido Jasper. A comunicação entre eles se dava através de Jacob que recebera um celular bloqueado que funcionava apenas recebendo ligações de Alice com instruções. Ela não podia sair na rua, salvo raras exceções, quando precisava realizar algum exame mais complexo. 

 Algumas vezes se sentia como 007. Achava aquilo tudo um pouco demais, mas bastava lembrar do atentado sofrido por seus pais e logo aceitava as condições.

 Todo o cuidado era pouco, principalmente por causa dos inimigos dos Al Badim que ansiavam pelo poderio dos países fortalecidos.

E acima de tudo. Era sua escolha.

Há um ano atrás, quando ainda estava no avião e soube da explosão no aeroporto no qual Edward se ferira, quis voltar na mesma hora. Só que seus pais também precisavam dela. Queria que naquele momento pudesse estar nos dois lugares.

 Isso era impossível!

 

E ele errara com ela.

 

Lembrou daquele dia, as imagens tão vividas como se fosse ontem.

“- Posso pedir a senhorita um minuto?

 

“Uma interrogação surgiu em sua face. As sobrancelhas unidas e os olhos um pouco inchados pelo choro encararam o rosto sagaz do homem a sua frente. Pela primeira vez Isabella pareceu voltar a realidade de onde estava. Num hospital na Inglaterra.

 

“- Algum problema, Jacob?- ele analisou-a.

 

“- Não sei qual será sua decisão e nem mesmo tenho o direito de me intrometer ... – Isabella soltou um bufo involuntário. Agradecia por tê-lo ao seu lado só que no momento sua cabeça estava um completo turbilhão. Queria que sua única preocupação fosse a saúde de seus pais e no entanto agora Edward também era.

 

“Queria poder se desculpar com Alice e Jasper que  a acompanharam até o aeroporto. Sempre simpáticos e solícitos mesmo quando sua família precisava urgentemente deles.

 

“- Desculpe-me ... eu...eu...me desculpe- sussurrou para Jacob evitando seu olhar consternado – Eu estou tão, tão... cansada! – passou as mãos pelo cabelo ficando ainda mais descabelada. Não suportaria ouvir nenhum comentário, critica, aviso ou seja lá o que Jacob quisesse lhe falar. – Seja o que quer que tem para me dizer, poderia esperar até que eu veja meus pais?

 

“Nesse momento um médico atravessou as portas duplas acompanhado de um dos militares que havia vindo de Cairo com eles. Caminhou até Isabella e Jacob que estavam sentados.

 

“- Irei acompanhá-la para ver seus pais.- informou o médico. Jacob caminhou com ela até o quarto.

 

 

“-  Irei aguardar aqui. – informou se prostrando na porta.- Demore o tempo que precisar. Ainda tenho mesmo que resolver alguns assuntos com a embaixada daqui. – disse sacudindo o celular.

 

“Isabella olhou incrédula para ele.

 

“É claro que iria demorar.

 “Mal entrou no quarto, recebeu o sorriso do homem que norteara a muito tempo sua existência. Meio sentado na cama inclinada, Charlie Swan sentiu os olhos encherem de lágrimas ao reconhecer sua única filha. Ergueu desajeitado o braço ligado a vários tubos e fios para abraçar Isabella que soluçava agora em seu peito.

 

“- Ah pai, me perdoe...

 

“- Menina.... perdoá-la de quê?- seu pai também chorava -  Nós lhe procuramos muito... Ainda tínhamos esperança. A policia me disse que havia lhe encontrado. – levantou o rosto da filha - Você foi vitima desses seqüestradores de mulheres. O que quer que tenha sofrido eu darei um jeito de pagar os melhores psicólogos minha filha.

 

“Um ruído de um bip que vinha logo ao lado da cama chamou sua atenção. Renné dormia e sua respiração era tranquila. Assim como Charlie, tinha tubos conectados no braço além de um imobilizador de pescoço.

 

— Ela não corre risco de vida.- disse Charlie - Não se preocupe. Quando ela soube que haviam lhe encontrado ela pediu a enfermeira que lhe desse um calmante por que não iria aguentar até você chegar e assim dormindo passaria mais rápido. – sorriu.

 

 Sua mãe era mesmo capaz disso.

 

Voltou a olhar sua mãe desacordada. O que ela diria sobre tudo isso? Com certeza estaria gritando a uma hora dessas dizendo que tudo era culpa dele.

 

Culpa de Edward.

 

Mas tudo era culpa dele mesmo. 

 

Ele que me seqüestrou. Ele que me obrigou a passar sabe-se lá quanto tempo presa naquele lugar. Longe da minha vida, de meus familiares, longe de quem tanto amo.

 

 

— Agora vai ficar tudo bem. – Charlie abraçou-a tão apertado não se importando com as dores das agulhas em seu braço. – Ficaremos juntos para sempre.

 

“Isabella sorriu com o otimismo do pai. Queria mesmo acreditar que isso pudesse ser verdade.

 

“ Sem se dar conta, ela tocou o ferimento pequeno, porém dolorido na testa de Charlie.

 

“ – Eu estou bem. – tranqüilizou-a – Isso não é nada.

 

“Isabella sorriu com tristeza. Ali no momento era onde ela iria ficar. Ao lado de seus pais.

 

 

“Dois dias depois, já próximo da hora de receber a alta, Isabella conversou com os pais  explicando-lhes tudo o que tinha acontecido. Desde seu envolvimento com o sultão e seu rapto para o Egito.

 

“- Ele a desrespeitou! Quem ele pensa que você é? – exclamou seu pai enfurecido.

 

 

“- Pai... se acalme.

 

“- Não foi por falta de aviso Isabella!- começou Renné - Cansei de lhe ....

 

“- Obrigá-la a ser sua amante?! Sequestrá-la !? Estou avisando Isabella, isso não ficará assim!!

 

“Duas enfermeiras entraram no quarto para verificar o motivo de tanto barulho.

 

“- E pior ainda... aquele tenente mentiu pra mim, acobertando as safadezas desse...

 

“- Sr Swan...- chamou a enfermeira – Aqui é um hospital, porque toda essa gritaria?

 

“- Está vendo o que faz com seu pai? – minha mãe segurou seu braço o puxando para se sentar na cama.

 

“ Gritar é pouco. Assim que eu sair daqui...

 

“- Sua pressão vai subir e assim não irá receber alta. – a outra enfermeira me olhou de cara feia.

 

“ – É melhor você sair. – a enfermeira me empurrou para a porta.

 

“-Terei que lhe dar um tranqüilizante. Está muito agitado Sr Swan.

 

 

“Segurei a maçaneta, achando que devia ter esperado até chegar em casa para contar-lhes sobre algo.

 

“- Onde pensa que vai menina? – meu pai berrou - Pode voltando aqui!

 

Ao final daquele primeiro dia, senti-me completamente esgotada.

 

Como Carlisle havia prometido, tive ajuda para recomeçar. Meus pais não estranharam quando passamos a fazer parte do serviço de proteção as vitimas de violência. Não aceitei o dinheiro, apenas a casa em outra cidade e as novas identidades, já que tinha medo que pudéssemos ser perseguidos no nosso antigo endereço.

 

Depois de uma semana, misteriosamente meu pai começou a receber uma ajuda financeira do governo inglês. Disseram que era uma espécie de auxilio  pelos danos provocados as vitimas de atentados. Sabia que tudo era obra do emir Carlisle Al Badim, embora não pudesse provar.

 

 

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1 mês depois

 

 Isabella despertou com o som da chuva batendo em sua janela. Saiu da cama e olhou para fora. Tudo estava cinza enquanto o sol tentava sem sucesso perfurar o manto pesado de nuvens que haviam se juntado durante a noite.

 

De alguma forma sentiu-se familiarizada com o clima. Era como se sentia intimamente. Cinza, escura, procurando por um abrigo para seu coração.

 

Por algum motivo a conversa que tivera com o emir, vinha sempre martelar em sua mente.

 

“- Se decidir não mais voltar, lhe asseguro que terão uma nova vida. Novas identidades, um novo lugar para morar, tudo será diferente. E acima de tudo, lhe dou minha palavra que Edward jamais irá encontrá-la novamente.”

 

Mas se aceitasse a outra oferta isso implicaria em não poder voltar a ver seus pais talvez pelo resto da vida.

 

Sentiu o corpo pesar se afundando no chão. Abraçou os joelhos dobrados e apoiou sua cabeça.

 

Quando ouviu de Jacob que o sultão poderia estar correndo risco de vida, sentiu como se todo seu ser estivesse a beira de um precipício. Desde então não havia tido noticias sobre ele. Era covarde demais para ligar a televisão ou procurar alguma noticia na internet.

 

Não podia ser. Não queria pensar. Não queria acreditar.

 

 Havia saído do Egito e deixado ele bem. Como  ele poderia estar agora entre a vida e a morte? Seria mais algum plano para trazê-la de volta para aquele lugar? Não. Ele não agiria assim. Era um homem autoritário. Capaz de fazer aquilo mesmo que fez. Seqüestrá-la, levar a força e não mentir dizendo que estava morrendo.

 

Morrendo.

 

 Pensou no que faria se o homem que amava morresse de repente. Uma lágrima solitária voltou a escorrer pelo seu rosto enquanto ainda encarava o manto grosso da tempestade. Sua cabeça latejava e seu peito doía.

 

Queria muito vê-lo. Apenas para ter certeza de que estava tudo bem. Aquilo que ele fez a ferira sabia disso. Mas agora tudo parecia irrelevante perto da distancia que os separava.

 

— Isabella.- sentiu a mão quente de seu pai afagando a sua. Não havia percebido quando ele entrou em seu quarto. Não queria que ele a visse chorando. Virou o rosto tentando esconder as lágrimas.

 

— Olhe pra mim. – ele pediu. Ela fungou passando as mangas do pijama no rosto, então o encarou.

 

— Por que minha filha? – indagou com pesar.- Esse homem não é digno de você. - As palavras foram o que bastaram para que um choro agudo e meio histérico começasse. Ele se sentou ao seu lado a abraçando.

 

— Eu... não sei pai... – seu peito doía e o ar começava a lhe faltar.

 

— Mesmo depois de tudo o que este homem a fez passar, depois de levá-la a força para seu país e sabe Deus como tratou-a lá, você não consegue odiá-lo? – seu pai estava ainda enfurecido com toda a história.

 

— Não... não o odeio. Nós também... tivemos momentos bons aqui na Inglaterra...Ah pai... por Deus...- uma nova onda de choro começou. Ele a abraçou mais apertado passando as mãos por suas costas para reconfortá-la

 

Porque não tinha mais forças para negar o amor que sentia por ele. Estava sofrendo demais para permitir que seja lá o que for, convicção, orgulho ou simplesmente a criação ou até mesmo fraqueza em não ter aceito ficar ao lado dele.

 

—Não quero ver você assim. – seu pai disse – Está magra, com olheiras e o cabelo está mais cheio que o normal. – sorriu – Você sempre se cuidou.

 

Aquelas palavras não a magoaram. Estava mesmo a algum tempo sem se olhar no espelho e a ultima vez que comeu, nem ela se lembrava.

 

— Não tenho sentido muita fome.- disse a verdade.

 

— Isabella... já deve ter ouvido isso um milhão de vezes... mas sabe que não é a ultima pessoa que se apaixona?- soltou um gemido. Ele estava falando como sua mãe.

 

 Afastou-se um pouco dele, se sentando a sua frente com as pernas cruzadas. Ele olhou para ela com um inconfundível traço de pena em sua expressão, e Isabella sabia que ele lhe daria conselhos, os quais não queria ouvir.

 

Estava a  ponto de chorar de novo e ter seu pai ali em silêncio oferecendo-lhe colo estava quase irresistível. Ainda assim juntou forças para parecer no mínimo uma mulher um pouco adulta.

 

        Desesperada, quase enlouquecendo, mais ainda assim uma adulta.

 

—Ouça o que eu vou dizer Isabella, e só Deus sabe o quanto essas palavras vão me custar.

 

— Pai...

 

— Não me interrompa. Você quer ficar com esse... – a palavra parecia revirar em sua boca – esse Edward?

 

O encarei sem saber onde ele queria chegar.

 

— Quer ou não? – voltou a perguntar.

 

— Quero.- respondi e foi impossível no final não fazer um bico.

 

— Sabe que ele é casado e que em primeiro lugar sempre virá a esposa dele e que você seria sempre uma opção, uma amante que ele procuraria só quando quisesse?

 

— Eu sei.. mas também...

 

— Deixa eu acabar. – colocou o dedo em minha boa para que me calasse – E que o tal Edward,  vive num país onde as mulheres são sacrificadas todos os dias por exporem opiniões. Opiniões Isabella!- ergueu os braços em desgosto - e além de tudo isso ele poderá ter não só você como varias outras amantes, já que em seu país isso é válido como lei.

 

— Eu sei pai...- fechei os olhos com força para que não voltasse a chorar. Parecia que cada palavra dita por meu pai fosse como uma facada em meu peito.

 

— Depois de ouvir tudo isso Isabella – meu pai tocou meu rosto e o encarei – Depois de tudo que possa vir a sofrer com este homem, ainda assim quer ficar com ele?

 

— Sim pai. Eu o amo. – Ele me encarou assustado com minha convicção. -  Me desculpe...

 

— Não tenho o quê em desculpá-la. Apenas lhe dou minha benção.

 

— Sua benção? – repeti as palavras mecanicamente. – Eu...eu...- não sabia o que dizer enquanto as palavras entravam uma a uma na minha cabeça.

 

Pela primeira vez em muito tempo, era como se um sopro de vida agitasse todo meu ser. Sabia claramente o que queria. Só que não encontrava forças para fazer. Se era o certo ou não isso já não importava. Ser ou não uma prostituta de luxo, também já não tinha importância. Sabia que do jeito dele, ele me faria a mulher mais feliz. Ele me havia prometido. Eu seria única para ele, em seu coração. Assim como ele era pra mim.

 

 

— Devo parecer uma louca.  Dependente dessa relação doentia.

 

— Sim. Parece uma louca. Uma filha louca. – meu pai me puxou e beijou minha testa - Apenas uma mulher que verdadeiramente ama um homem – Sabe Isabella ... acredita no amor que ele sente por você?

 

— Eu amo este homem pai.  Amo Edward de todo meu coração e sei que do modo dele ele também me ama.

 

— Então você já sabe o que deve fazer. Vá procurá-lo.

 

— Ah...pai.- o abracei com toda minha força.

 

— Só espero seriamente que ele não a faça sofrer minha filha. – me abraçou apoiando seu queixo em minha cabeça - Você é minha maior riqueza. E não sei o que faço se ele te ferir.

 

— Ele não vai me ferir. – disse calmamente e agora com uma força que me impulsionava a correr uma maratona se fosse preciso. E então uma lembrança me murchou – Ainda tenho que falar com minha mãe.

 

— Não se preocupe. Deixe que com sua mãe eu me entendo. Só quero que me prometa que manteremos contato. Quero que estabeleça  um jeito, dia, horário ou sei lá o quê, quero que me dê noticias suas sempre. E se esse tal sultão das mil e uma noites fizer algo com você eu juro que a Inglaterra inteira irá atrás dele.

— riu imaginando.

 

— Eu prometo pai. - segurei sua mão - Manteremos contato.

Não poderia voltar simplesmente para o Egito. Não estava ciente em como estava de fato a situação por lá com o ataque terrorista que vitimou o embaixador e general do exercito inglês. Precisava antes de tudo contatar Alice para que pudessem por o plano de seu pai, Carlisle, em prática.

 

Pela TV ficou sabendo das seqüelas sofridas por ele no atentado. Depois de alguns dias em coma induzido, Edward havia ficado com uma ruptura no fêmur. O osso havia se rompido e mesmo utilizando uma ligação de titânio feita com tecnologia de ponta, o sheik ainda pisava com dificuldade.

 

Para a mídia essa era a única seqüela, mas segundo Alice, ele sofreu com a queda provocada pela explosão, amnésia retrógrada. Edward não conseguia se lembrar dos acontecimentos ocorridos nos últimos dois anos. Algumas vezes ele tinha flash de um acontecimento ou outro mais nada significativo.

 

E o pior é que nossa vida toda se resumia nesses últimos dois anos.

 

O médico, segundo Alice havia dito que com o tempo ele poderia recuperar a memória perdida ou não.

 

 Era tudo muito incerto.

 

Ela não tinha certeza se ele lembraria dela ao vê-la.

 

 Mesmo assim Isabella não se importava. Queria correr esse risco. Precisava correr esse risco. Por ele. Por eles. Precisava agora além de tentar ser aceita pelo seu povo, também ser aceita por seu líder.

 

O destino era mesmo irônico.

 

 

Edward aparecia algumas vezes na televisão, nas conversações de paz entre os países árabes em guerra. Parecia que estava sempre aborrecido, com o semblante sério, embora controlado.

“- Quando chegarmos em Omã terá um quarto só pra você. Mesmo que eu ainda esteja casado com Rosalie no papel, você será minha única mulher. Acredite Isabella, você é a única mulher que eu amo.” Lembrou do que Edward havia lhe dito. Será que ele ainda queria uma vida assim ao lado dela. Afastou o pensamento da cabeça.

— Quem quer que tenha explodido o avião não imaginava que ao ferir o príncipe traria apenas o povo para mais próximo dos Al Badim. – disse Jacob abrindo o porta malas.

Ele havia estado com ela todo esses tempo saindo a apenas duas semanas para os preparativos de sua chegada a Turquia.

— Você já o viu? – Isabella perguntou em tom baixo e sentiu seu coração apertar ou só em pensar nele. Tinha medo que ele de fato a tivesse esquecido.

— Não. Infelizmente minha estadia aqui acabou tomando um maior tempo que eu esperava e não pude viajar até Cairo.

— Claro. Perdoe-me. - desculpou-se constrangida. - Você esteve todo esse tempo comigo e voltou há pouco e ainda sequer teve tempo para sua família cuidando de tudo para que eu pudesse voltar em segurança.

— É uma honra servir a família real. – ele respondeu. – E é o meu dever lhe servir. Não me arrependo de nada e se pudesse faria tudo novamente. Além do quê a senhorita agora também faz parte da realeza.

Mordendo seus lábios, Isabella digeria aquelas palavras. Ela... parte da família real. Controlou-se para não soltar um riso histérico. Esperou que ele colocasse suas bagagens no porta malas.

Jacob abriu a porta do passageiro para que ela entrasse. Sentiu o suor cobri-lhe a testa.

— Eu não o vi. Mais sei que mesmo que ele não a reconheça, tanto ele como nosso povo anseia pela felicidade para o coração do principe. – ela  entrou no interior climatizado. – Mas não se preocupe, logo irá vê-lo. Ele é aguardado hoje numa visita ao palácio de sua irmã. A rainha Alice e o rei Jasper. - ele então fechou a porta.

Como assim ele solta uma dessa e fecha a porta?!

Bateu na janelinha que separava o motorista do passageiro.

— Abra isso Jacob. Como assim ele estará hoje aqui? – apertou os botões a sua frente para acessar a janela -  Pensei que eu é que fosse para Cairo.

— Os planos mudaram senhorita. – o ouviu falar do outro lado. - Chegando ao palácio a senhora Alice irá lhe explicar. – dizendo isso pôs o carro em movimento.

O coração de Isabella se acelerou tão rapidamente que chegou a ficar zonza.

 O sheik Al Badim estaria lá com eles.

Hoje!

Maldito Jacob! Como podia falar uma coisa dessas na minha cara.

Agora mais que tudo Isabella se sentia enjoada. Era como se todos os preparativos que teve durante o ano tivessem ficado no Havaí deixando ela embarcar como uma completa idiota inglesa.

 Retirou o véu e dobrou-o sobre o colo. Precisava de ar. Mesmo o Havai não era tão quente como o deserto. O cabelo liso depois de tanta escova progressiva e a pele tão morena graças as inúmeras seções de bronzeamento artificiais. Tudo isso para passar pelo teste principal no qual seria aceita pelo sultão e seu conselho. Bom... era esse o plano.

Pegou o passaporte na bolsa.

Ótimo....agora até suas mãos estavam suando.

— Amirah... repetiu em tom baixo seu novo nome. Uma prima distante de Jasper.

 Não tinha mais volta. Estava nas terras dele.

 

E que Alá a ajudasse a reconquistá-lo.

 

 Era o que seu coração implorava.    

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Já na saída do aeroporto, o povo aguardava o discurso do príncipe predestinado. O homem que segundo sua fé era o eleito capaz de acabar com toda aquela guerra sangrenta milenar.

 Deixando muitos  boquiabertos com suas ações após o acidente, dessa vez também não foi diferente. Edward tocou o ombro dos guardas costas para que se afastassem enquanto ele atravessava a multidão corpo a corpo.

Recebia cumprimentos, reverências enquanto dirigia-se para frente do pequeno palanque montado. Os conselheiros falavam com Carlisle dizendo o quanto isso era perigoso, que o sheik não deveria confiar mas apenas com um aceno, o emir calou-os. Sentia orgulho do filho, embora não pudesse realmente acreditar, mas via que seu povo ansiava por isso. Tinham agora um líder em quem podiam depositar sua confiança. E que com certeza  protegeriam o príncipe com a própria vida. 

Nos últimos meses, mesmo que ainda não se recordando dos últimos acontecimentos Edward praticamente passou a dividir com o pai as decisões referentes aos reinos. Tornou-se mais presente e acima de tudo muito mais maduro e responsável.

       Carlisle imaginava se isso se dava pela falta de memória ou pela falta de outra pessoa. De algum modo sabia que o filho não era mais o mesmo. Sempre  pensativo, incapaz de demonstrar um sorriso sincero e embora nunca tivesse o questionado sobre Isabella, o emir sabia que o filho sentia que algo não encaixava.

 Edward abriu a boca e começou a falar. Parecia muito calmo e preparado. Era como se suas palavras tivessem se tornado mel derramado sobre a multidão. Ele falava bem, não deixando margens a qualquer duvida sobre sua saúde após o acidente, como alguns folhetins publicavam. De sua boca saiam palavras preciosas e inspiradoras.

O emir percebeu que todo o povo sentia o mesmo, se agarrando a cada sílaba como se fosse uma jóia preciosa.

— Eu sei que nos últimos meses estive afastado de vocês.- dizia Edward – Mas agora irão me ver. O Oriente ficou isolado por muito tempo do restante do mundo. Nós fiamos isolados por muito tempo. Sinto muito por todo o sangue derramado durante tantas gerações. Tantas famílias destruídas. Avós, pais, tios, filhos perdidos nas areias do deserto. Sinto muito por qualquer crime que tenha sido cometido contra cada um de vocês. Quanto a mim, o que farei agora por vocês, é cuidar. Proteger suas vidas, nossas vidas, não só da guerra. Nosso povo tem a terra  mais rica de todo o planeta. Por que acham que vivemos sendo perseguidos. Simplesmente por nossa terra, nossa força. Somos um povo rico tanto na fé como em nossas terras. Devemos ter orgulho do que somos e do que temos. Não podemos nos entregar, desperdiçar nossas vidas estraçalhando outras. Vamos mostrar ao restante do mundo que somos pessoas de igual valor, que não somos melhores nem piores que eles. Somos os mesmos e cuidaremos mutuamente uns dos outros...  

Ele agora estava diferente. Não que antes não amasse seu povo.

Mas agora era diferente.

Naquele momento ouvindo Edward falar aquelas palavras, Carlisle e toda aquela multidão sentiram orgulho do homem que estava mudando sua vida para se tornar o líder que eles aguardavam e tanto precisavam.

Chegaram ao palácio turco por volta das 13h30min. O trajeto até lá passou como um borrão. Edward não teve tempo em olhar a paisagem já que os conselheiros derramaram uma resma de papéis que deveria ler antes de chegar ao destino. Começou a assiná-los passando as cópias para que o conselheiro as colocasse nas pastas.

— Conseguiu falar com o contato das ilhas Canárias? – murmurou Al Badim para Emmet, o único que ia com ele no veiculo.

               - Sim. Ele irá me retornar a qualquer momento. – pegou mais uma leva de documentos e colocou-os dentro da pasta. – Até quando irá fingir que perdeu a memória?- questionou o amigo recebendo um olhar cortante do sheik.

             - Pelo tempo necessário para encontrá-la. – assinou mais um documento – Não confio no meu pai. Sei que ele escondeu Isabella em algum lugar e não vou sossegar até localizá-la. – jogou os papéis no banco. – Ela não estava naquele avião. Tenho certeza que se ele souber que procuro por ela irá  escondê-la em outro lugar. – Voltou sua atenção para  a janela. Estava de saco cheio de tudo aquilo. De obedecer como um cachorrinho, abanando o rabo e dando a patinha quando pediam – Tenho agido conforme ele quer. Farei tudo pelo meu povo. Tudo mesmo meu amigo. – voltou-se para Emmet – A única coisa que peço é que me deixem ficar com ela.  Até se for preciso me deitar com aquela mulher que me escolheram como esposa eu farei. – Seu rosto estava começando a ficar vermelho de raiva. – Só quero ficar com ela. Encontrá-la e ficar com ela. – repetiu.

— Edward, sabe que tem a possibilidade dela não querer voltar para você. – o conselheiro disse as palavras com todo o cuidado possível. Sabia que desde que saiu do hospital Al Badim procurava a moça. Ele mesmo havia ido em diversas expedições nos últimos meses seguir pistas sobre o paradeiro de Isabella. Era também  o único que sabia que ele mentia sobre a perda de memória.

— Ai então... – se inclinou sentando mais a frente - eu a deixarei ir. Tenho ciência do quanto a magoei agindo daquela forma. Preciso ser digno do amor dela. Só tenho que encontrá-la e pedir que me perdoe. Ela irá me ouvir. Tenho certeza. – voltou a pegar os papéis. – Tenho certeza.


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Notas finais do capítulo

Agradeço a todos pelo carinho e MP que me mandavam pedindo para não desistir. Muito obrigada, vocês são demais!!!!!!! Bjokas em todos.