— Hook? — Emma proferiu, após vários minutos caminhando em silêncio

— Sim, amor? — ele respondeu, com o mesmo tom galanteador de sempre

— Eu estava relembrando aqui e... como chegou a Nova York? Como me encontrou? Você disse que tinha fugido da maldição, mas como atravessou mundos? — questionou

— Com um feijão mágico! — deu de ombros

— O que não é fácil de conseguir... — rebateu

— Não quando se tem algo valioso para trocar! — respondeu

— E no seu caso, o que era? — perguntou

— Claro que a Jolly Roger! — falou, quase num sussurro.

Nesse instante, Emma parou e ficou diante dele, estática.

— Você trocou o seu navio por mim? — ela estava realmente surpresa. Ninguém nunca havia feito nada assim por ela.

— Aye! — assentiu

— E porque? Porque ainda assim você entrou naquele portal comigo? Porque você nunca desiste? — continuou, já com lágrimas nos olhos. Sua ficha finalmente estava caindo.

— Porque eu te amo, Emma! — soltou, algo que estava preso dentro si a muito tempo — e eu iria ao fim do mundo por você, não importa o risco que eu tenha que correr ou o que tiver de perder! — finalizou

Ela não podia acreditar. Passou o tempo inteiro procurando erros, falhas, justificativas e um jeito de fugir, pois sabia o quão poderia ser doloroso amar novamente, ou pelo menos se deixar ser amada. Sua mãe estava certa... a parede que ela colocava ao redor de si a bloqueava de sentir as coisas. Finalmente ela tinha alguém que amava e se sacrificava por ela, mas foi ignorante demais e estava prestes a perder isso. Hook estava ao lado dela todo o tempo, mas ela não enxergava isso. Num impulso, beijou o capitão. De uma forma desesperada, exigente. Era como se quisesse descontar todo o tempo perdido naquele único instante. Ele correspondeu, na mesma sintonia da loira. Seu coração ansiava por aquilo á muito tempo. Queria tê-la em seus braços. Era como se ambos se completassem. Separaram-se apenas quando o ar lhes faltava. Ele encostou sua testa na dela, e ficaram assim por alguns segundos.

— Me desculpe, por tudo... perdi tempo demais... — ela finalmente soou

— Sem desculpas, nós vamos encontrar um jeito de resolver isso. Nós vamos conseguir consertar tudo, eu prometo! — ele respondeu, a abraçando.

— Tá doendo muito... tudo... eu tinha a vida perfeita, mas fazia tanto esforço para querer mais, que acabei não percebendo isso. Minha mãe... ela só queria o meu bem, sempre ficou do meu lado, me deu conselhos que eu nunca ouvi. Meu pai... ela só queria ser feliz e ficou preocupado se eu teria algum problema com isso, mesmo depois de adulta ainda queria cuidar de mim como se eu fosse sua garotinha, além de ser meu parceiro. Henry... céus, ele estava certo sobre tudo, mas eu nunca dei atenção á nada do que ele disse e sempre quebrei a cara. Marissa, minha irmã... como eu pude querer que ela nunca existisse? Ela tem um pouco de mim, passou por coisas parecidas que eu passei, me aconselhou e alegrava tudo mesmo quando eu estava irritada. Regina... a única pessoa que poderia ser minha amiga e eu afastei por puro julgamento e ignorância, achando que ela podia destruir minha vida... que ironia, foi eu quem fez isso. Você, Hook esteve sempre comigo pra tudo e nunca reclamou de nada e nem exigiu que eu correspondesse seus sentimentos. O que foi que eu fiz? Tudo o que eu sempre quis foi uma família e quando consegui simplesmente joguei pro alto! — desabafou

— Emma não importa o que você fez, e sim o que vai fazer. Nós vamos correr atrás e vamos conseguir deixar tudo bem novamente, confie em mim! — sorriu, depositando um beijo caloroso na testa da mesma — agora vamos, precisamos encontrar aquela pedra! — segurou a mão dela a puxando para continuar a caminhada.

Após algumas horas caminhando, ambos adentraram finalmente na parte sombria da floresta. O cenário parecia com filmes de terror, definitivamente. Andavam atentos a qualquer tipo de emboscada. Passado algum tempo, puderam avistar alguns raios de sol no meio da escuridão da mata, que ficavam mais fortes a medida que ambos se aproximavam. Quando eles chegaram mais perto, puderam ver a pedra irradiada pelos raios de sol, presa em uma rocha.

— É linda! — Emma exclamou, maravilhada.

— Tudo o que tem de fazer é tirar, pra gente poder sair daqui! — Hook falou

Emma pôs a mão um tanto trêmula sob a pedra e a puxou.

— Consegui! — sorriu

— Ótimo, agora vamos! — ele disse, um tanto nervoso a arrastando pra fora dali

— Hora de voltar! — ela falou, com os olhos brilhando. Mas antes de proferir qualquer desejo, a cavalaria da Evil Queen surge na estrada.

— Corre! — Hook gritou, a puxando. Mas fui inútil, ambos foram cercados.

— VOCÊ... — a voz da Evil Queen foi o único som ouvido naquele instante, fazendo Emma tremer por dentro — você é a maldita camponesa que me atacou para defender Snow White... — ela se lembrou

— Regina, por favor, você tem que me ouvir... — ela tentou argumentar, mas foi cortada rapidamente

— MOSTRE MAIS RESPEITO! — o grito dela deve ter ecoado até os 30 anos seguintes — é sua majestade! E a única coisa que eu quero ouvir é o som da sua cabeça rolando! — sorriu

Emma e Hook se debateram mas foi inútil.

— O que é isso? — a Evil Queen puxou a pedra da mão de Emma, sob um olhar de desespero da mesma — porque soa tão especial pra você? Eu não sei, mas para aonde você vai, com certeza não irá precisar! — soltou uma risada e virou as costas

Nesse instante, Emma e Hook aproveitaram a distração para chutar os guardas e adentrar a mata correndo. Para desgosto da rainha.

— A pedra ficou com ela! — Emma falou, desesperada

— Vamos voltar para o castelo do Rumplestiltskin, quem sabe ele não possa nos ajudar! — ele sugeriu e Emma assentiu. Ambos correram, literalmente, o mais rápido que puderam até o castelo do Dark One.

— Rumplestiltskin, eu... — Emma adentrou a sala, eufórica

— Não precisa me contar nada, dearie. Eu já sei de tudo! — ele esclareceu — e lamento informar, mas provavelmente, você perdeu a sua chance de desfazer toda essa confusão! — falou

— Provavelmente?! — Emma proferiu

— Isso quer dizer que talvez, possa existir um jeito? — Hook questionou

— Talvez, a pessoa que passou pelo portal e que também tenha poderes, possa reabrir uma volta pro futuro, com o auxilio da varinha da fada negra! — estalou os dedos e os colocou num imenso campo no meio da floresta, e a tal varinha apareceu na mão de Emma — porém, como você mudou drasticamente as coisas, há 90% de chance de não funcionar pois no novo futuro você não existe. — nesse instante, todos ouviram uma imensa explosão e em seguida, inúmeros gritos.

— O que foi isso? — Hook perguntou

— Os aldeões seguidores de Snow enfurecidos estourando o castelo da rainha. — Rumple respondeu, preocupado

— E como eu vou saber se vai dar certo? — Emma questionou, desesperada

— Você terá de tentar para saber, e com toda sinceridade do mundo: boa sorte! — ele desapareceu

— O sol está se pondo, Emma. O prazo está acabando, rápido! — Hook lembrou

Emma se concentrou e até fez a varinha brilhar, mas nada aconteceu.

— Não... — as lágrimas já rolavam pelo seu rosto

— Continue tentando, Emma! — Hook gritava, em meio a escuridão que se formava pela noite que estava caindo

— Por favor, por favor, funciona... — ela chorava, ainda de olhos fechados, mas nada acontecia — Hook! — ela chamou, abrindo os olhos e visualizando um pirata confuso

— Quem é você? Porque está chorando? — ele questionou

— Não, Hook, por favor. Não me deixe! — ela pediu, se dando conta do que estava chegando ao fim...

— Quem é Hook? — ele questionou, antes dela poder ver sua imagem começar a desaparecer. Em desespero, ela gritou no meio da escuridão que estava quase formada. Se ajoelhou no meio do campo, e sua única reação foi chorar.

— HEY! — ela ouviu uma voz feminina bem conhecida chamando. Abriu os olhos e após virar o rosto deu de cara com Regina a olhando, completamente ofegante e com as roupas completamente desgastadas. Provavelmente havia fugido do linchamento que estava tentando fazer com ela. — Eu não sei porque está chorando, mas acredito que porque acabou de perder alguém que gostava. Pude ouvir você gritando pelo Hook. Não sei o que houve entre vocês, não te conheço... mas eu também perdi alguém especial hoje e não foi meu trono. Não sei porque isso é especial para você, mas espero que te ajude! — em um ato inesperado, ela entrou a pedra dos desejos de volta á Emma, que retribuiu com um sorriso esperançoso.

— Ajuda não só a mim, mas como a você também. Seu final feliz te espera, Regina. Desculpe por tudo. Obrigada! — ela falou

— Do que você esta falando? — ela questionou, confusa

— Um dia, você vai entender! — Emma sorriu, sincera. Segurou a pedra com as duas mãos, e fechando os olhos, ela desejou com o coração transbordando de emoção — desejo que tudo volte a ser como era antes!

Mesmo de olhos fechados, ela percebeu uma imensa luz branca ao seu redor. E em seguida ouviu cantos de pássaros, e o barulho de alguém se remexendo ao seu lado.

— Emma? — ela abriu os olhos e pode ver Hook a olhando preocupado — eu to falando a uma meia hora e você simplesmente parou. Tá tudo bem? — perguntou

Ela olhou em volta, e percebeu que estava sentada no banco do parque de Storybrooke, com o livro de Henry nas mãos. Exatamente como estava antes de visualizar o portal de Zelena. Sorriu, satisfeita. Tinha dado certo.

— Ei, o que aconteceu? — Hook continuou perguntando

— Nada, apenas isso! — ela respondeu, e em seguida o beijou calorosamente. Ele ficou surpreso, mas correspondeu da mesma intensidade.

— Ei, não estou reclamando amor, mas o que foi isso? — indagou, sorrindo

— Você estava certo, preciso começar a valorizar a minha vida. Ela é perfeita. E inclusive, não quero que você saia dela nunca mais! — afirmou, se levantando do banco animada e o puxando pelo braço. Nesse instante, um portal surge diante de ambos e dele sai uma mulher, desmaiada.

— Ai não, é a mulher que a Evil Queen iria sacrificar... — Emma logo a reconheceu

— O que? Do que esta falando? O que aconteceu? — Hook perguntou, cada vez mais confuso

— Depois eu explico, tudo o que você precisa saber agora é que ela veio do passado e que você precisa olhar ela e leva-la até o Granny's, e garantir que ela sei lá, não surte quando notar aonde está! — ela pediu, e ele assentiu, ainda completamente confuso. Ela então, saiu correndo.

— Aonde você vai? — ele gritou

— Comprar o presente de aniversário da minha irmã! — gritou de volta, sorrindo

Um pouco depois, na Granny's...

— Pessoal! — Emma adentrou o local, rezando para que tudo estivesse igual. E definitivamente, estava.

— Emma, onde estava? O que aconteceu? — David perguntou, preocupado

— Tentamos te ligar. Porque não atendeu o telefone? — Mary completou

— PAI, MÃE! — ela correu para abraço-los, ambos ao mesmo tempo — me desculpem por tudo, eu amo vocês e nunca vou querer me separar de nenhum!— afirmou

— O que aconteceu, Emma? — Regina fez a mesma pergunta, estranhando o comportamento da loira

— REGINA! — ela a abraçou voluntariamente, e quase a derrubou — me desculpa pelo que eu disse, aliás, esquece aquilo. Você é uma das melhores pessoas que eu conheci, e uma boa amiga. Obrigada por fazer o meu pai feliz e cuidar bem do Henry todos esses anos! — ela disse

— Tá... — foi a única coisa que a prefeita conseguiu responder

— Ela definitivamente bateu a cabeça na privada! — Marissa observou, soltando uma risada

— Marissa, minha irmã! — ela voou em cima da garota, que estava sentada em um dos compartimentos — esquece o que eu disse, me desculpe você também. Você é minha irmãzinha, eu te amo e pode contar comigo sempre!

— Me larga, o que deu em você?! — ela se livrou do abraço da irmã, estranhando tudo aquilo assim como todos

— Mãe! — Henry chamou a atenção dela, ganhando um abraço apertado e emocionado da mesma — isso tudo significa que não vamos mais morar em Nova York? — ele perguntou, e ela assentiu na mesma hora.

— Eu percebi que estou em casa! — ela elucidou

— Emma, ela está la fora. Acordou, desnorteada mas bem! — Hook advertiu, adentrando a Granny's. Emma o puxou pela mão.

— Pai, mãe e todos aqui presentes, eu gostaria de dizer oficialmente que eu e o Hook estamos juntos! — falou, ganhando alguns aplausos e olhares de surpresa de todos.

— Ta legal, mas que tal nos contar o que fez você mudar de ideia tão rápido? — Marissa questionou. Emma então, sentou-se num dos compartimentos e começou a contar tudo desde o inicio.

— A pedra dos desejos? Você conseguiu pega-la?! — Gold comentou, surpreso.

— Sim, e tudo isso me serviu de uma boa lição. Você não sabe o que tem, até que perca isso. Eu estive que estar a beira de perder tudo para perceber o quão boa minha vida é, e que eu devo começar a agradecer ao invés de reclamar! — Emma finalizou

— Então, eu estava certa, não é? — Marissa cutucou, de braços cruzados.

— Sim, eu admito. E admito também que eu não esqueci de você, e nem do seu aniversário. Por isso tratei de passar em um dos ultimos lugares que tinha aberto e te trouxe isso. Acho que acertei e espero que você goste! — Emma falou, se levantando e puxando um pacote para entregar a irmã — Feliz Aniversário! — ela proferiu

Marissa tratou de abrir rapidamente e abriu um largo sorriso ao constatar o que era.

— Uma guitarra! — exclamou, feliz — eu sempre quis uma! — disse, com os olhos brilhando — obrigada, eu te amo! — falou, abraçando a irmã — agora eu tenho um piano, uma guitarra e mais um violão que a Belle me deu! — sorriu, satisfeita.

— O que acha de tocar para nós um pouco? — Regina sugeriu

Marissa pegou o violão e sentou-se em cima do balcão.

— Ei mocinha! — Granny advertiu

— É meu aniversário, só hoje por favor! — pediu, e ela assentiu — eu vou tocar a minha música favorita da Taylor, Mean. É especial porque sempre que eu precisava de um apoio eu escutava essa música e me dava forças para seguir em frente. — ela explicou e começou a tocar.

https://www.youtube.com/watch?v=jYa1eI1hpDE

Você, com suas palavras afiadas

E espadas e armas que você usa contra mim

Você me tirou dos meus pés de novo

Me fez sentir como se eu não fosse nada

Você, com sua voz como unhas em um quadro negro

Me desafiando quando eu estou ferida

Você que está pegando no pé do mais fraco

Você pode me derrotar

Com apenas um simples golpe

Mas você não sabe, o que você não sabe

Um dia eu vou viver em uma grande e velha cidade

E você será simplesmente mau

Um dia eu serei grande o suficiente para você não poder me atingir

E você será simplesmente mau

Porque você tem que ser sempre tão mau?

Mais tarde...

Todos estavam conversando paralelamente até que Hook e Emma resolvem trazer a tal mulher para dentro. A sentaram numa mesa e começaram a explicar algumas coisas.

— É a Evil Queen, vamos fugir! — ela falou, ao ver Regina no fundo do restaurante

— Calma, o nome dela é Regina. Ela mudou muito. Venha, vou te apresentar a ela! — ela disse, trazendo ela até Regina

— Regina ela veio do passado, não sei como. Mas ela tem uma impressão dos tempos antigos, eu poderia te apresentar a ela e desfazer isso? — Emma perguntou

— Claro, sem problemas! — ela sorriu

— Regina, essa é a Marian. Marian essa é a Regina, a prefeita da cidade! — Emma apresentou

— É um prazer, Marian. Espero que goste de Storybrooke! — ela sorriu, vendo a mulher mais calma — esse é meu marido, David! — ela apresentou — aqueles são meus filhos, Marissa a mais velha e Henry o mais novo! — ela apontou para os dois no canto, em um momento de descontração.

— Sua família é linda! — ela comentou, ainda timida.

— Obrigada! — Regina sorriu, sincera. Em seguida procurou por Zelena — ah, e aquela é Zelena, minha irmã. — ela a puxou para um canto onde Zelena estava com Robin — Zelena essa é a... — antes que ela pudesse completar foi interrompida por Robin

— Marian? É você? — ele proferiu, se aproximando dela

— Robin? — ela respondeu, ainda sem acreditar

— Eu achava que estava morta, achei que nunca mais te veria! — ele disse, a abraçando e deixando Zelena sozinha

— Eu também! — ela respondeu

— Mamãe? — Roland se aproximou

Zelena sentiu seu mundo desabar.

— Roland! — ela pegou o filho no colo, e os três se abraçaram.