Por favor, não esqueça... escrita por MaYuYu


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Well, eu nunca pensei que escreveria uma fic HaruTaka/KonoEne, ainda mais na visão da Ene, porque nunca foi uma personagem que me chamou muita atenção entre os outros, mas meu conceito sobre a parte dela na história andou mudando, então resolvi fazer essa fic mostrando a minha visão de como eu acho que ela se sentiu quanto aos eventos do daze dela e os sentimentos que tem por Haruka/Konoha. Espero que esta história também ajude a entender um pouco mais sobre a própria história da saga. Boa leitura! ^^



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"Ene, está aí?" - ouvi uma voz rouca e grossa me chamando.

"Sim, Mestre!" - falei em um tom animado.

"Você anda muito quieta ultimamente, e isso é estranho vindo de você."

"Uh? Sério...?"

"Sim. Parece que isso começou depois que Konoha acabou entrando no Mekakushi Dan também. Você não... gostou dele?"

"O que? Ah, claro que gostei, ele parece ser... hum... uma boa pessoa...!" - tentei disfarçar dando pequenos risos.

"Você realmente está agindo de forma estranha, mas se diz que não é nada, então tudo bem." - falou Shintaro já tirando sua atenção do celular que carregava em mãos e olhando pra porta em sua frente com um grande número "107" escrita nela.

Eu não consigo suportar esse cara, nunca suportei, mas preciso continuar aguentando ele resmungando por mais algum tempo, infelizmente.

Daquela tela fina, fico observando ele entrando e cumprimentando Konoha, que parecia estar ocupado demais saboreando alguma comida estranha que carregava. Aquela cena já havia se tornado chata para mim, era sempre a mesma coisa, se eu abrisse minha boca para dar um simples "olá" para Konoha, recebia um silêncio como resposta, ou então um "quem é você?". Prefiro ficar quieta para não acabar mais machucada do que já estou.

Shintaro senta, vai conversar com o resto do pessoal, mas eu apenas fico ali observando o albino com os olhos brilhando por causa da quantidade de comida localizada em sua frente. Eu não entendo o motivo de fazer isso, esperar um sorriso? Esperar que ele lembre de mim e venha ao meu encontro? Isso tudo é impossível demais.

Ah, como eu queria que ela estivesse aqui... a minha melhor amiga. Ela me diria o que fazer quanto Konoha. Aliás, é para ela que estou fazendo tudo isso, suportando o neet reclamar dia após dia, sofrer pela falta de memórias de Konoha, não poder abrir a boca para falar algo sobre minha verdadeira eu. Ainda lembro da conversa estranha que tive com Ayano algum tempo atrás, uma conversa acontecida enquanto eu dormia, ela dizia que eu deveria procurar Shintaro se algo anormal acontecesse e que eu devia ser forte e suportar tudo que viesse, porque ela daria um jeito no final. Mas não estou sendo forte o suficiente, eu acho, porque anda cada vez mais difícil de aguentar ver todos esses dias medíocres de novo e de novo.

Eu queria poder voltar no tempo, voltar para o momento em que a feira escolar acontecia. Não é como se eu pudesse mudar o futuro a partir disso mas, eu poderia ter pelo menos contado algo a ele logo depois do fim do festival.

Como posso dizer... hoje sou chamada de Ene, um mero vírus irritante de computador que não pode ser deletado e tem vida aparentemente infinita. Isso era tudo o que desejava um tempo atrás. Durante o tempo em que eu era conhecida por Takane Enomoto, uma simples humana e também, uma gamer de jogos de tiro muito conhecida pelo Japão, pelo nome Lightning Dancer Ene inclusive, um nome embaraçoso, pois é... mas... não é sobre mim quem eu quero falar realmente, é sobre ele.

Eu tenho uma doença, bem, eu tinha. Meu corpo era fraco, e por este motivo, era impossibilitada de frequentar aulas de uma classe normal, então fui colocada juntamente com Haruka Kokonose em uma classe isolada, com apenas nós dois de alunos. Ele tinha problemas cardíacos em um nível que parecia ser bem preocupante, pelo menos, bem mais que o meu. Mas apesar disso, estava sempre sorrindo, desenhando, comendo, fazendo o que gostava.

Eu não sei exatamente o momento ou parte desta história em que isso começou, mas comecei a me sentir nervosa ao seu lado. Era normal eu passar noites em claro jogando, então quando via, já era hora de ir para a escola. As pessoas sentiam medo do meu olhar irritado para elas, mas com Haruka era diferente. Ele sempre chegava sonolento até mim, mas ao mesmo tempo, animado e com um sorriso inocente em seu rosto me dando bom dia de uma maneira gentil, sem se importar com o ódio que meus olhos expressavam. Deve ter sido mais ou menos assim que me dei conta do sentimento que estava surgindo dentro de mim.

Aula após aula eu observava o caderno de desenhos dele, era impressionante o nível de suas artes. De vez em quando, ele desenhava coisas muito estranhas, uma menina com cobras em seus cabelos, duas crianças sentadas em um parquinho, uma figura que parecia estar caíndo de um prédio... aquelas gravuras me davam uma sensação estranha, era como se eu tivesse visto tudo aquilo em algum lugar antes. Eu perguntei a ele também, e ele tinha este mesmo pressentimento, disse que não sabia claramente o que eram, apenas desenhava o que vinha em sua mente.

Certo dia, nosso professor falou que iríamos participar de uma feira escolar que aconteceria em breve, e o resultado dessa notícia foi um projeto de criação de um jogo de tiro por nós três, onde Haruka seria o ilustrador, o professor o programador, e eu, a desafiante. Não posso deixar de admitir que fiquei muito feliz sabendo que faria um projeto ao lado de Haruka, nervosa também, mas acima de tudo feliz. O olhar brilhante de Haruka em minha direção era a imagem mais bonitinha que eu poderia ver, ele disse que eu era incrível, não me achou estranha por eu ser uma gamer. Ele só ficou repetindo que eu era a melhor e iria fazer um design bom para o nosso jogo. Minhas bochechas esquentavam e ficavam avermelhadas, mas eu não conseguia ser honesta comigo mesma e admitir o que aquele sentimento era na verdade. Acabou por um desvio de olhares e resmungos vindos de mim. Ugh... eu era muito idiota.

Quando o esperado dia chegou, nosso jogo foi o que poderia ser chamado de sucesso, apesar de ter alguns visitantes um tanto quanto estranhos e... meu segredo embaraçoso revelado. Foi em nosso estande que conheci Shintaro e Ayano. Como aquela menina doce poderia ser próxima de um cara chato como aquele?

Pois bem, com o passar do tempo, minha intimidade com Ayano foi se tornando maior, viramos melhores amigas. Wow, eu tendo alguém para conversar sem ser Haruka, um tanto quanto inacreditável, não é? Bem, o que importa nisso tudo, é que precisei confessar tudo que estava sentindo em relação a Haruka para Ayano. A reação dela foi a mais gentil possível, como esperado de alguém como ela. Um sorriso e palavras de estímulo. Ainda me lembro de tudo com uma incrível quantidade de detalhes.

"Takane, isso é ótimo!" - ela falou para mim com animação.

"Ó-Ótimo? M-Mas ele não deve gostar de mim... - falei gaguejando com muita vergonha.

"Eu tenho certeza que ele gosta de você sim! Vocês dois foram feitos um para o outro." - disse ela com um sorriso.

"C-C-Certo... m-mas eu não sei o que deveria fazer... não consigo imaginar uma cena em que eu estou me declarando para alguém!" - falei em um tom meio agressivo, devido a toda vergonha e insergurança.

"Deixe disso, você é linda e divertida, vai achar uma forma boa de dizer isso a ele. Mas sabe... não demore a contar seus sentimentos a ele! Depois pode ser... tarde demais." - disse ela olhando para baixo enquanto enrolava seu cachecol vermelho novamente no pescoço.

"O que quer dizer com isso, Aya?" - perguntei confusa.

"Não é nada, não é nada, outra hora conversamos sobre isso!"

Essas foram as palavras que ela disse antes de sair correndo dando um sinal de despedida com as mãos enquanto sorria novamente em minha direção.

Ayano... agora eu entendo tudo. Por que você não me disse neste momento? Assim talvez eu teria tempo suficiente de contar a ele... mas então, você pulou. Sim, você se matou. Eu não entendi nada, na verdade, não consegui acreditar ou admitir que algo desse tipo pode ter acontecido com uma pessoa maravilhosa como você. Então, você veio até mim. Através de um sonho, você me explicou tudo. E por isso estou até agora acreditando num final feliz para todos nós, inclusive para você.

Mas, voltando para os eventos entre eu e Haruka, quanto mais lembro, mais me sinto idiota. Eu tive tantas oportunidades e joguei todas elas fora.

Os momentos mais marcante... ah sim. Agora eu me lembro, e me sinto cada vez mais culpada.

O dia de Natal também é o dia de aniversário de Haruka, então havia comprado um presente cuidadosamente para ter certeza que ele gostasse e iria fazer uma surpresa na data, mas bem no dia, Haruka teve um ataque do coração e foi levado ao hospital. Eu fiquei esperando do lado de fora com o professor Tateyama... por fim veio a notícia, ele estava bem. Ah, eu não pude acreditar. Ele estava vivo. Corri até seu quarto e não pude evitar soltar um enorme sorriso entre as lágrimas que meus olhos ainda deixavam escapar, só sentia a felicidade extrema ao te ver comendo deitado naquela cama enquanto seus olhos voltavam a brilhar.

O outro momento marcante... eu não consigo me lembrar com detalhes... estávamos na sala de aula e eu resolvi colocar meus fones de ouvido e virar para o lado contrário de onde Haruka estava, fingir que não me importava... mas quando me dei conta e resolvi deixar de ser egoísta pra virar na direção dele, Haruka estava... eu fiquei falando seu nome sem parar repetidas vezes... a partir daqui vai ser complicado contar, porque foi tudo rápido e confuso. Apenas lembro de Haruka sendo tirado de mim, no momento em que eu corria com aqueles fones de ouvidos sufocados em minhas olheiras, eu tentava ir para algum lugar... depois meus olhos foram se tornando pesados e se fecharam, enquanto podia observar o professor Tateyama me olhando de uma forma estranha e um tanto quanto doentia... só o que eu sei, é que acordei no lugar onde estou agora. Dentro de uma tela. Todas as vezes em que eu passava meu tempo jogando, vinha o pensamento em minha cabeça de "seria muito melhor estar no mundo 2D", mas agora me arrependo severamente disso.

Me lembro de olhar para o lado de fora da tela pela primeira vez, era uma espécie de laboratório, e o professor Tateyama estava lá dentro, com seus olhos vidrados em um grande recipiente de vidro.

Não, não, não, não, não. Eu odeio me lembrar disso. Do que estava dentro daquele lugar.

Sim, Haruka estava lá. Quer dizer, não era mais ele. Ele estava com os cabelos brancos, mas mesmo assim, eu ainda o reconhecia. O que a droga daquele professor fez...?

Foi então que eu ouvi uma voz. Uma voz um pouco infantil. Era um encontro direto com Azami. Me desculpem, eu havia esquecido de mencionar isso antes. Ayano falou dela durante a última conversa que tivemos, na qual eu afirmei que foi estranha. Apenas lembrei das palavras de Aya ecoando em minha cabeça, e quando me dei conta, já estava pedindo para aquela mulher com cobras nos cabelos me levar até Shintaro.

De todas as pessoas, Aya tinha que me mandar ir justo até esse neet imbecíl, sou realmente azarada. Eu tenho um extremo ódio por este menino, desde o dia do festival em que ele veio me desafiar no jogo de tiro criado por mim e Haruka, ele foi um completo insolente, e aliás, foi lá que eu fiz a droga da promessa de virar serva dele e o chamar de mestre. Ah, Takane, você foi burra demais, olha o que acabou acontecendo... e nem mesmo o chamando desse jeito ele percebe quem eu sou, neet idiota...

O resto da história vocês sabem, agora sou um vírus de computador que passa o tempo irritando Shintaro. Mas o que ninguém nunca conseguirá entender é... o quão doloroso isso é...

Ver dia após dia o que Haruka se tornou... as maldades feitas por um adulto em que confiava... ver a pessoa que eu amo tão próxima de outras pessoas... eu não suporto mais isso. É o bastante para mim. O que me resta fazer é esperar as lembranças de Konoha milagrosamente voltarem, e até lá, terei que fingir ser uma menina irritante sem nenhum outro objetivo a não ser encher Shintaro vinte e quatro horas por dia. E enquanto eu ainda espero por este milagre... eu prometo nunca me esquecer de você, igual você prometeu continuar gostando de mim não importanto o quanto eu mudasse. E... eu prometo a mim mesma que irei dizer bem na sua frente, olhando em seus olhos brilhantes e inocentes, as palavras que estiveram sempre engasgadas dentro do meu corpo fraco...

"Eu te amo, Haruka."


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e também, para quem não gostava da Ene, também espero que pensem com mais carinho sobre ela. Enfim, obrigada por lerem ♥



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