Sabia que não deveria ter ido a festa com Regina, era uma péssima ideia desde o começo, sabia disso, dito e feito, além de ficar horas sentada sem fazer absolutamente nada vendo vários casais se pegando de todos os jeitos pela casa, provavelmente passando hpv uns para os outros e estar perdendo a maratona de Grey’s Anatomy, teve sua melhor amiga Regina secando um dos caras mais bonitos e populares do colégio, não que ligasse para isso, na verdade só sabia como aquele tipo de cara agia e não queria que sua amiga se metesse com aquele tipinho. Mas isso não chegava nem perto do pior da noite, primeiro Kilian tinha a parado no jardim e dito que queria ser amiga dela porque ela era gay... Gay! Ela não era gay, nem chegava perto disso, e por mais que tivesse dito isso à ele, o garoto nem ao menos acreditou e então para fechar com chave de ouro, isso porque Emma achava que não poderia ficar pior, ele na frente de metade da escola disse que duas garotas – no caso ela e Regina – estavam num armário escuro e que estavam com medo de dizerem que eram lésbicas, um casal, ela e Regina. Aquilo não tinha o menor sentido. Por Deus, nunca pensaria em sua amiga assim, ela era sua melhor amiga, como iria pensar nela como namorada? Namorada! Deus, ela nem de mulheres gostava.

Mas claro que não achava que as coisas não podiam piorar, porque afinal já estavam dizendo que ela era gay – reforçando coisa que ela não era – e elegendo ambas para rainhas do baile, o que mais poderia acontecer? Essa era a pergunta que valia pelo menos um bilhão de dólares e sim ela foi respondida pelo universo com um belo tapa em sua cara.

Agora a escola toda a amava, as idolatravam e as apoiavam, e isso nem de perto era o que ela queria, mas pelo jeito Regina não pensava do mesmo jeito, pois além de ter praticamente sustentado aquela mentira agora lá estava ela indo de encontro à uma garota - que ela nem mesmo sabia o nome – para tirar algumas fotos por elas serem as primeiras rainhas do baile, lésbicas. Deus, aquilo não iria dar certo.

– Hey! – cumprimentou a garota indo de encontro a Emma.

– Hey. – disse de volta caminhando ao lado da garota.

– Onde está sua ‘cara metade’? – indagou curiosa.

– Regina se atrasaria até para seu próprio enterro. – respondeu, mas claro que aquilo era uma mentira, pois Regina nunca se atrasava para nada...

... A não ser que estivesse beijando Graham, o que ela estava de fato fazendo.

Emma sentiu uma súbita raiva subir pelo seu corpo quando viu a cena e olhou para a garota que olhava a cena boquiaberta. Droga! Não, tinha bastado o fato de Regina a colocar naquela situação agora ela seria a corna da escola? Que ótimo!

– Regina. – chamou tentando controlar a sua vontade de bater nela, e depois nele, e depois nela de novo.

A morena desgrudou seus lábios de Graham e a olhou com os olhos um pouco arregalados.

- Hmm, hey baby – disse sorrindo amarelo.

Ótimo agora ela iria fingir que aquilo não era nada demais.

– Nós temos um relacionamento, meio aberto. – explicou para a garota que olhava de uma para outra, sem entender.

– É. – retrucou Emma ainda irritada – Agora podemos fazer essas fotos logo?

– Claro. – respondeu pegando na mão de sua melhor amiga e entrelaçando seus dedos nos dela.

A primeira vontade que Emma teve foi de soltar suas mãos, mas não iria fazê-lo, aliás, nem mesmo sabia por que estava tão irritada com o fato dela ter beijado Graham, sabia que ele ficava com muitas garotas e não queria nada além de sexo com ela, provavelmente seria por isso, queria protege-la daquele tipo de cara, mas claro, Regina Mills não precisava de proteção – como ela sempre dizia – o que Emma na verdade discordava porque ela com certeza precisava de proteção, só que contra ela mesma.

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– Os lábios dele, Emma, são tão perfeitamente adoráveis – comentava enquanto se trocava no vestiário.

– É você dizia o mesmo do Hood. – comentou seca.

– Não é nem de perto a mesma coisa. – retrucou.

– É claro que não, porque com ele você não precisava se fingir de lésbica para ele estar a fim de pegar você. – exclamou.

– O que raios há com você? – perguntou Regina um pouco irritada estranhando o comportamento de Emma, ela nunca fazia esse tipo de coisa.

– Como o que diabos tá acontecendo comigo? Nós estamos fingindo sermos lésbicas, Regina! – disse aumentando a voz – Lésbicas!

– E o que tem isso? – perguntou como se fosse a coisa mais natural do mundo.

– O que tem? Não somos gays! – gritou.

– Por que você está tão irritada com isso?! – indagou irritada.

– Porque você beijou Graham, me fez tirar fotos, e eu não quero mais fingir isso. – respondeu baixando o tom de voz.

– Eu só fiz porque queria que você ficasse feliz! – disse de uma vez olhando para a Regina que olhava para ela com uma expressão indecifrável.

– Funcionou, eu estou feliz! – exclamou.

- É, mas eu não, isso não conta para você, não é? – ela ia abrir a boca para responder, mas Emma não deixou – Quer saber? Fique a vontade para arrumar outra amiga e namorada também, porque eu tô fora.

Antes que Regina ao menos pensasse em dizer alguma coisa ouviu a porta do vestiário batendo, fechou os olhos por alguns segundos, pedindo paciência para qualquer entidade que estivesse disponível, será que ela não poderia ao menos ficar feliz por ela?

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Estava sentada em um dos degraus da escada, a salada que havia trazido de casa feita pela sua mãe estava intocada, não conseguia comer depois daquela briga com Emma, não que nunca tivessem brigado antes, de fato já tinham várias vezes em todos aqueles anos sendo amigas, mas nunca fora por um motivo assim.

Ouviu seu nome sendo chamado e olhou para cima avistando Graham sorrindo para ela, nem o sorriso dele a faria ficar bem depois de brigar com Emma.

– Posso me sentar? – indagou sorrindo.

– Claro, fique a vontade. – disse dando espaço a ele.

– Onde está sua namorada? – perguntou com curiosidade.

– Nós terminamos. – respondeu ainda mexendo na salada que devia comer.

– Espero que não seja por hoje mais cedo... – começou a falar.

– Não, não se preocupe. – disse, mas tinha certeza que ele não estava de fato preocupado com isso.

– Certo, quer falar sobre isso? – perguntou olhando para ela.

– Na verdade não.

– Tudo bem então... – começou a falar mais logo foi cortado por ela.

– Sabe que eu fiquei vários anos sem comer algumas coisas por que ela era alérgica? Pasta de amendoim foi um deles.

– Bom, pode experimentar o sabor da liberdade se quiser. – disse entregando um sanduiche para ela que prontamente pegou.

– Não foi tão ruim assim... – deu uma mordida no pão – Apesar disso, ela foi a única ano passado quando meu cavalo morreu que conseguiu me fazer sorrir, e todo meu aniversário ela faz coisas diferentes... – franziu a testa e pensou por alguns segundos antes de finalmente decidir. – Pegue, eu preciso fazer uma coisa. – disse entregando para ele o sanduiche e saindo depressa.

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– Emma. – chamou assim que avistou Emma sentada no ponto mais alto da escola.

– Como me achou aqui? – perguntou ainda de costas para a amiga.

– Sei que gosta de ficar nos lugares altos quando quer pensar e ficar sozinha. – se aproximou devagar e sentou-se ao lado dela.

– Me desculpe. – pediu – Você sabe que não sou igual você, eu ligo muito para essas coisas, quero que as pessoas gostem de mim.

– É eu sei disso, Regina. – disse virando-se para ela.

– Mas se o preço a pagar for não ter você ao meu lado, sabe, não vale a pena. – pegou na mão de Emma.

Emma a olhou por alguns segundos antes de falar:

– Não podemos fingir ser algo que não somos, Regina, você sabe disso.

– Emma, por favor, todos pensam que somos namoradas de qualquer jeito, mesmo negando, qual é o mal nisso? – indagou após alguns segundos em silêncio.

– Regina, eu não faço ideia do porque acharam que somos namoradas, mas não vai dar certo, é insanidade não podemos fingir isso. – tentou argumentar – Somos heteros.

E lá estavam elas de novo discutindo aquele assunto.

– Sim, eu sei disso, mas pense todos pensam que somos lésbicas e namoradas, todos nos amam agora.

Emma olhou para ela tentando se convencer que aquilo era loucura, tudo bem, amava Regina como sua amiga, mas fingir ser namorada dela era insano ainda mais para ter popularidade, não fazia seu estilo. Olhou para o rosto de Regina mais uma vez, ela estava sorrindo daquele jeito que sabia que faria Emma fazer qualquer coisa para sua felicidade. Droga! Às vezes perguntava como ela conseguia fazer aquilo.

– Regina... Isso não vai dar certo... – tentou mais uma vez.

– Emma... E de qualquer forma podemos usar isso como experiência. – disse com aquela voz e aqueles olhos que fariam a amiga convence-la de qualquer coisa.

– Experiência lésbica? – indagou um pouco atordoada.

– É dizem que todas garotas tem alguma na faculdade só estamos adiantando um pouco. – explicou.

Emma abriu a boca para retrucar, mas realmente não havia o que dizer parecia que cada argumento que arrumava era facilmente contra atacado por Regina.

– Ok. – resmungou depois de algum tempo ponderando – Eu faço, por você.

Ela ouviu um quase grito de animação da morena antes dela abraça-la forte.

- Obrigada! – sussurrou no ouvido de Emma fazendo-a arrepiar.

– Ok... eu acho – disse baixo colocando retribuindo o abraço.

Apenas esperava não se arrepender depois.

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Emma sentiu Regina entrelaçar seus dedos nos dela assim que ambas entraram na quadra. Todos gritavam e comemoravam por elas o que fez a loira ficar um pouco tensa por tanta atenção. Zelena que estava de pé ao lado do microfone antes que elas chegassem mais perto pegou ele e imediatamente começou a falar:

– Vocês estão comemorando por elas serem as primeiras rainhas do baile, mas é uma mentira, uma farsa, elas estão fingindo serem lésbicas, ouvi minha irmã e Emma conversando no vestiário!

Todos pararam a comemoração, o silêncio era absurdamente assustador de repente, olhando delas para Zelena que mantinha um sorriso vitorioso no rosto.

– Regina, Emma. É verdade isso? – indagou Blue olhando para elas.

A morena ia começar a falar algo quando foi cortada por Emma que olhou para todos um tanto nervosa pelo o que ia fazer.

– Se é mentira, eu faria isso? – indagou à eles antes de puxar Regina pela cintura e selar seus lábios nos dela.

O beijo fora desajeitado, seus lábios se moviam pelos os lábios de Regina com delicadeza que retribuía com cautela, ela não fazia ideia de que a morena beijava tão bem, parecia que todo o barulho que havia antes delas se beijarem havia cessado, – o que de fato não havia acontecido, pois assim que elas se beijaram começaram mais gritos, palmas e assobios, que deixou Zelena totalmente irritada –, Emma por outro lado sentia seu coração acelerado e não fazia ideia do que estava sentindo naquele momento sobre aquele beijo.

Separaram-se devagar, Regina sorriu e piscou algumas vezes dizendo “uau” primeiramente, Emma rapidamente retribuiu o sorriso, pensou que Regina ficaria brava, mas pelo ao contrário ela não havia ficado nem um pouco.

– Eu sei. – disse ainda olhando para a morena intensamente.

– Ótimo jeito de vender, Swan. – brincou dando um meio sorriso de lado para a amiga.

Emma sentiu seu coração apertar um pouco quando percebeu que Regina havia pensado que ela tinha feito aquilo só por causa daquela farsa toda, mas não era isso? Não sabia ao certo, só que o jeito de Regina ter falado sobre aquilo a deixou extremamente chateada e nem ao menos sabia o porque! Mas agora só conseguia pensar em como ela havia gostado de beijar sua amiga, então isso significava que... Ela era gay?