Look at this photograph

Everytime I do it makes me laugh

How did our eyes get so red

And what the hell is on Joey's head

Toda a família Weasley, seus amigos, conhecidos, estavam reunidos na sala de jantar, na Toca. Ela chegara atrasada por conta do atraso no Ministério, para ela era apenas um jantar. Se arrependia de ter chegado.

Então ele se ajoelhou a sua frente.
- Hermione, eu te amo e sei que não tem duvidas disso. Então acho que estamos prontos para, avançar. – ele tirou aquela maldição do bolso, uma caixinha azul acinzentada. Ah, azul acinzentado, droga. – Você aceita se casar comigo?

Hermione não podia fechar os olhos e acariciar as têmporas demonstrando quão irritada e devastada estava. Sentia todos os olhares da sala sobre ela, como fogo a queimando. Ron pediu cedo demais, se a conhecesse o bastante saberia que nunca deveria ter proposto isso. Enfim, a realidade lhe deu uma bofetada: Ele tinha ido, e ela não correria atrás. Tinha uma vida para tocar, e mesmo que até hoje ouvir o nome dele fizesse seu corpo formigar, tinha que o vencer e enterrar ele para conseguir viver. Então, olhou para Ronald, ajoelhado a sua frente esperando uma resposta. Se segurou para não sair correndo por aquela porta e nunca mais voltar enquanto respondia:
- Eu aceito, Ron. – falou, com falsa convicção – Eu aceito me casar com você.

Uma lagrima deslizou pela bochecha dela. Não podia acreditar no que tinha acabado de fazer. Hermione tinha aceitado se casar com Ron, e seria emdois dias. Apenas tinha chutado todo o seu passado de três anos atrás para um canto da mente. Ela se encolheu mais na cama e chorou como uma criancinha, todo seu sétimo ano reapareceu como um tornado na sua cabeça, embaralhando tudo. Trazendo todos os seus segredos à tona.

Ela se moveu na cama, o bastante para puxar a gaveta de seu criado e achar ali, a fotografia bruxa de Hogsmead. Os cabelos loiros dele estavam bagunçados do jeito que ela sempre gostou, livres de gel, o sorriso de canto presunçoso no rosto, e sua mão pendia na cintura dela, a castanha tinha os cabelos esvoaçantes e um sorriso de tirar o folego. Era uma fotografia, mas Hermione podia jurar que os olhos dos dois estavam brilhando.

Era a única que havia sobrado de todas as que ela queimou. Estava dentro do seu livro favorito, a única sobrevivente de um romance em que os dois saíram despedaçados.

And this is where I grew up

I think the present owner fixed it up

I never knew we'd ever went without

The second floor is hard for sneaking out

Ao abrir o Profeta Diário naquela manha, ele não podia crer no que estava lendo. A xícara em suas mãos se estilhaçou em mil cacos devido à força com a qual ele a segurou. Enquanto examinava a foto ao lado da noticia, ele viu aquele sorriso, aquele sorriso falso. Definitivamente, Granger nunca saberia disfarçar seus sentimentos.

Finalmente o Cabeça-de-fogo deu a cartada final, pensou, odiando cada vez mais sua vida. Ele conseguiu o que queria, a minha garota. Estava se sentindo sufocado naquele apartamento, com aquele jornal e Hermione o encarando. Saiu correndo para seu quarto, tropeçando nas coisas, sua cabeça estava a mil. Faziam três anos, três anos de angustia. Ele nunca tinha sido tão infeliz em toda a sua vida.

Eu tive a felicidade e não soube agarrar a chance, pensou, derrotado. Não sabia ao certo quando tinha começado a chorar, mas só percebeu isso quando sentiu algo salgado e molhado em sua boca. Socou a parede com força. Homens não choram, Draco, seu pai lhe dissera. Isso era mentira. Seu pai era um canalha. Ele estava a perdendo mais uma vez, e nada nunca doeu tanto quanto perdê-la.

And this is where I went to school

Most of the time had better things to do

Criminal record says I broke in twice

I must have done it half a dozen times

I wonder if It's too late

Should I go back and try to graduate

Life's better now then it was back then

If I was them I wouldn't let me in

Num salto, enfiou uma camisa preta e aparatou para Hogsmead, de lá pegou uma carruagem para Hogwarts. Só parou para raciocinar o que estava fazendo quando estava parado no centro da Torre de Astronomia, praguejando sua fraqueza quando se tratava da Granger. Ele foi tomado de uma sensação de nostalgia e podia jurar estar vivendo o mesmo momento daquela quinta-feira em que as nuvens não apareceram e apenas ele estava ali, amaldiçoando-se por tudo, quando ela chegou feito um trovão, aos prantos. Como se olharam assustados e as lagrimas nos olhos dela não pararam de cair.

- Granger?

- Ma-Malfoy? – ela gaguejou.

- Eu. – ele respondeu, perplexo por vê-la naquele estado.

Então Hermione chutou o ar e encostou-se na parede, deixando seu corpo cair. Ela abraçou as pernas e chorou, chorou muito. Ignorando totalmente o fato de Draco estar ali ou não.

Draco caminhara lentamente ate ela.
- Santo Deus, Granger, o que houve com você? – ele perguntou, perplexo.

- Eu não preciso de você me ofendendo para aumentar mais ainda a lista de razões para eu não existir. – ela cuspiu as palavras.

Agachei-me ate ficar na altura dela.
- O que aconteceu? – perguntei, com um tom de voz extremamente calmo.

Aos poucos, ele viu que ela ia erguendo os olhos na sua direção, e percebia a derrota nos olhos dela quando seus olhos se encontraram.
- Isso vai acabar comigo... – ela murmurava, os olhos fechados negando com a cabeça. – Vai acabar comigo...

De cima ele tinha uma visão bem ampla de tudo, lembrou-se de como ela o contara sobre sua família, sobre como a maltratavam, sobre o quanto sentia falta de seus amigos. Lembrou-se dos outros encontros às escondidas no Lago Negro, e do dia em que estavam correndo de volta para a escola, depois do toque de recolher, enquanto o céu estendia-se numa chuva torrencial.

Fechou os olhos e visualizou o inicio de tudo.

Corriam na chuva de volta para o castelo, então ela tropeçou e caiu de cara numa poça d’agua. Draco nunca riu tanto quanto naquele dia.

- Pare de rir de mim, Fuinha. – ela ralhou, mas não se conteve e acabou rindo também.

- Que culpa tenho eu se a sabe-tudo não sabe onde pisa? – ele ria enquanto estendia a mão para ela.

Hermione sorriu ironicamente.
- E que culpa eu tenho se um Sonserino não sabe com quem se mete... – ela começou, agarrando a mão dele e trazendo-o para o chão de uma vez. – E não sabe que não se deve zoar uma garota?

Draco olhou a sua volta, assustado. Ela o tinha feito de idiota e agora ele estava tão encharcado quanto ela. Não pode definir o que sentira com aquele riso.
- Vai pagar por isso, Granger!

- E quantos galeões serão? – ela ria.

Ele sorriu, maroto. Ficando por cima dela.
- Eu disse que tinha que ser em dinheiro?

Ela o encarava, prevendo tudo o que aconteceria entrando em seu joguinho.
- Deu a entender. – ela arqueou uma sombrancelha, sorrindo de canto.

Draco se aproximou mais, já podendo sentir o cheiro de rosas do cabelo dela e decifrando seus olhos âmbar. Hermione sentiu ser invadida de um aroma amadeirado e num ímpeto sentia que poderia ir ao céu e voltar olhando naquele par de olhos cinzas tempestade.
- E o que estou dando a entender agora, Granger? – ele dissera e sorrira.

- Eu não faço ideia, Malfoy. – ela sorriu ironicamente.

Lembrava-se ate hoje de como revirou os olhos e a beijou com urgência e ela retribuíra imediatamente, o primeiro beijo de muitos com ela. De como saíram correndo, a adrenalina de serem pegos por Filtch e sua gata enquanto iam para o apartamento de Monitor-Chefe de Draco.

Every memory of looking out the back door

I had the photo album spread out on my bedroom floor

It's hard to say it, time to say it

Goodbye, goodbye

Every memory of walking out the front door

I found the photo of the friend that I was looking for

It's hard to say it, time to say it

Goodbye, goodbye

Hermione olhava da fotografia para a porta. Valia a pena engolir seu esforço para esquecer e ir atrás das lembranças? Ela sentia que tinha que o fazer se quisesse continuar. Pegou sua varinha, enfiou um jeans e uma blusa branca e saiu feito um raio pela porta, batendo-a atrás de si.

Se quisesse dizer adeus, tinha que reviver tudo aquilo.

Ela deixou todas as lembranças lhe invadirem enquanto caminhava por Hogsmead. Se lembrava com exatidão dos beijos, das idas ao Lago, das brigas, dos ciúmes, de como sempre chovia quando eles estavam se reconciliando, de como se reconciliavam na sala precisa. Lembrava-se da primeira vez com ele, da segunda e de todas as outras.

Fechou os olhos e deixou a brisa fria acariciar seu rosto.

Remember the old arcade

Blew every dollar that we ever made

The cops hated us hangin' out

They say somebody went and burned it down

We used to listen to the radio

And sing along with every song we know

We said someday we'd find out how it feels

To sing to more than just the steering wheel

Ela sentou-se no chão, e como se os fantasmas a invadissem visualizou a cena que deu inicio a tudo. A chuva, o beijo, o amor dos dois. A inveja das pessoas, o clichê, o real.

E como ele tinha ido embora na noite da formatura, para nunca mais voltar. Ela não sabia pra onde ele tinha ido, mas nunca mais o vira, nunca mais ouvira sua voz pronunciando seu nome. Não ouvira a si mesma pronunciando o dele.

Encostada numa arvore, ela não podia se enganar: ainda o amava, com cada centímetro de si. Foi quando ela ouvira o farfalhar da grama.

E aquela voz que trouxe um turbilhão de sentimentos à tona.
- Granger? – ele perguntou.

- Por que ainda nos chamamos pelo sobrenome? – ela ria.

- Sei lá, acho que isso nos diferencia do resto. – ele respondeu, enlaçando sua cintura.

Ela arqueou uma sombrancelha.
- Tudo bem, Malfoy.

- Tudo bem, Granger.

Hermione hesitou em olhar. Estava ficando louca, ouvindo vozes. Mas se estava ouvindo vozes ela poderia olhar. Então virou o rosto. Ele a encarava, ela piscou varias vezes ate entender que ele estava ali. Que três anos depois eles tinham se reencontrado. Finalmente, a imagem da briga invadiu sua mente.

Os gritos.

O amor doentio.

O choro.

As portas batendo.

It's been a long time coming since I've seen your face

And I've never went back trying to replace everything that

I've had till my feet went numb

Praying like a fool that's been on the run

Ela engoliu a seco.
- Malfoy?

- Eu. – ele disse e viu a surpresa nos olhos dela.

Desde que se entendia por gente ele a amava, e todo aquele amor ressurgiu das cinzas no momento em que ouviu o som da voz dela pronunciando seu nome. Sentiu-se hipnotizado, chocado, tonto. De todo amor que já ganhara ou que perdera, há um que nunca iria esquecer. Ela era uma em um milhão. Então a imagem da ultima briga, da ultima vez o invadiu. No primeiro dia pensou em se matar. No segundo, em virar padre. No terceiro, em beber até cair. No quarto, pensou em escrever uma carta para Hermione. No quinto, começou a pensar na França e no sexto começou a sonhar com as noites em Paris. Em seis dias Deus fez o mundo e ele refez o seu.

Heart still beating but it's not working

It's like a million dollar phone

That you just can't ring

I reach out trying to love but I feel nothing

Yeah, my heart is numb

But with you

I feel again

Yeah with you

I can feel again

Mas ele não imaginava que com um simples olhar ela o desmoronaria. Traria a tona tudo o que ele custou enterrar. Faria com que ele sentisse novamente.

O amor é lindo sim. Mas o amor também é triste. O amor também é doído, sofrido, trágico. O amor também tem brigas, discussões, palavras ditas da forma errada, atitudes sem pensar. O amor tem seus dois lados. O amor é amor pelo simples ato de amar, é doce, é mágico, sincero. Transforma o mundo, pessoas. Cura o maior câncer, aquele que ninguém jamais irá descobrir seu remédio, o câncer da alma. O amor traz consigo dores. Machucados, cicatrizes. Traz também coragem, medos, insônia, sonhos malucos. Planos alienados. Tira o nosso pé do chão. O amor nos faz viajar sem sair do lugar, sonhar acordado, ver o paraíso no olhar do outro. Nos faz trocar tudo para um sábado chuvoso no sofá com aquela pessoa. O amor é assim. Não tem explicação alguma e, ao mesmo tempo, tem milhões de definições. O amor existe. Está dentro de cada um de nós. O amor está nos lábios daquela pessoa. No cheiro que fica em você quando estão abraçados. O amor está. Deixe que ele permaneça. O amor é amor mesmo que doa. É amor e sempre será. Era nisso que Draco se agarrava naquele momento, quando é pra ser, não há quem impeça. Sua memoria entra em acao, seus sentimentos afloram e seus olhos te traem. Quando ele viu aquela garota andando no Lago do alto da Torre, soube imediatamente que era ela.

I'm feeling better ever since you've known me

I was a lonely soul but that's the old me

It's been a long time coming since I've seen your face

And I've never went back trying to replace everything that

I broke till my feet went numb

Praying like a fool that just shot a gun

Frio na barriga. Essa era uma porcaria de metáfora. Era mais como um tiro. Hermione deixou o vulcão de sentimentos para lá e se levantou.
- O que está fazendo aqui? – ela perguntou, tentando não soar ríspida.

Draco engoliu a seco e não hesitou ao responder.
- O mesmo que você.

Hermione se assustou com a resposta e desviou o olhar para o horizonte, ele fez o mesmo. Perguntas se embaralhavam na sua cabeça.
- Por que você apareceu agora? – ela perguntou.

- Eu tenho que impedir um acontecimento, algo que está marcado para semana que vem. – ele sorriu ironicamente.

Hermione olhou-o com raiva.
- Que acontecimento? – ela perguntou, temendo a resposta.

I miss that town

I miss the faces

You can't erase

You can't replace it

I miss it now

I can't believe it

So hard to stay

Too hard to leave it

If I could relive those days

I know the one thing that would never change

Draco se aproximou, irritado, no exato momento em que um trovão rompeu o céu e a chuva ameaçou cair.
- Algo que explodiu no Profeta esta manha, Granger. Algo que devastou a minha vida. Porra, Granger! Quem você quer enganar? Eu vejo nos seus olhos a besteira que está fazendo, eu vejo na minha testa todo dia quando olho para o espelho o otário que me tornei a partir do momento que sai por aquela porta e não voltei para me despedir. Eu me amaldiçoo por cada palavra. Eu sei, todos nós desperdiçamos oportunidades, chances, pessoas, amores… Mas de alguma forma, quando eu te conheci, eu sabia que seria você. Talvez tenha demorado pra perceber, mas o fato foi que percebi e naquele momento eu tive a certeza de que não podia te perder. Eu temia que fosse amor. Mas, de repente me senti tomado por algo mais forte que eu e de alguma forma você teria que ser minha. E você foi, e eu consegui ser o maior idiota do mundo quando te deixei escapar.

Hermione, a essa altura, se segurava para não meter um soco na cara dele. E não se importava com a chuva caindo e lhe encharcando.
- Quem você pensa que é para surgir quando lhe convém? Revirar tudo desse jeito? Se você se arrependeu, por que não voltou antes? – ela estava gritando – Por que esperou que eu tomasse um rumo na vida para aparecer e se achar... SE ACHAR NO DIREITO DE MUDAR AS COISAS?! – ela gritou a ultima parte com toda a sua dor.

Draco estremeceu e baixou a cabeça. Colocou as mãos nos bolsos e caminhou até ficar frente a frente com ela.
- Existe uma razão para o Chapéu Seletor não ter hesitado em me colocar na Sonserina, eu nunca consegui lutar minhas próprias batalhas, Granger. E se eu não estivesse tão desesperado, pode ter certeza que eu não viria aqui hoje.

Ela o encarou, incrédula.
- Está mesmo jogando na minha cara que não lutaria por mim?

Draco negou com a cabeça e soltou um risinho pelo nariz.
- Você sempre olha o lado ruim das coisas...Não. Estou jogando na sua cara que somos loucos um pelo outro, e que eu fui um idiota e admiti. Agora falta você admitir que aceitar se casar com o Cenoura foi a pior coisa que já fez na vida.

Ela fervilhava de ódio.
- Você acha que pode falar por mim? Quem você pensa que é? – ela repetia.

Ele voltou seu olhar para os órbes cor-de-mel da castanha a sua frente. Deu um sorrisinho.
- Eu sou Draco Malfoy. – falou, com aquele raio de pose.

Quando deu por si, Hermione aquiesceu e estava rindo. O som daquela risada despertou algo em Draco, ao mesmo tempo que o som do riso dele fez um alvoroço no coração de Hermione. Quem ela queria enganar? Nesse momento ela soube o quanto era uma idiota. E o quanto sofreria se não se rendesse ao que sentia.

- Tudo bem, Malfoy. – ela dissera, rindo.

- Tudo bem, Granger. – ele respondeu, puxando-a pela cintura para perto dele.

Eles colaram suas testas.
- Só não suma mais, Fuinha. – ela riu baixinho.

- Não aceite pedidos de casamento se eles não forem meus, Cabelo de Vassoura. – ele disse e a beijou como se ela fosse a única garota do planeta. E para ele, Hermione Granger era uma em um milhão, e ocupava todo o seu coração.

I'm feeling better ever since you've known me

I was a lonely soul but that's the old me

A little wiser now from what you've shown me

Yeah, I feel again

Feel again.