Opostos escrita por Mari


Capítulo 36
03x4. Reconciliações.


Notas iniciais do capítulo

I G U A I S - Opostos Pt. III



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Eu conseguia ouvir a sincronização dos nossos passos até a enorme piscina da mansão. Respiro tantas vezes seguidas e de forma tão profunda que mal posso contar. Era incrível como meu corpo conseguia reconhecer sua presença tão facilmente. Paro na borda da piscina e me sento, mergulhando meus pés na água fria e Ethan se senta logo atrás de mim. O silêncio reinava desde que saímos de seu quarto e eu ainda tentava organizar meus pensamentos de forma coerente.

— Eu só queria... Me desculpar. Por ter sido grossa com você, por ter agido daquela maneira. O erro foi meu em achar que o fato de estar longe era porque esperava o momento certo e não porque se apaixonou por outra pessoa. – Suspiro e ele se levanta atordoado.

— O quê? Sophie, não é nada do que está pensando...

— Na verdade, é exatamente aquilo que estou pensando. – Digo e ele se senta ao meu lado.

— Não, não é. – Volta a negar. – Jolene não é minha namorada. E eu não sou apaixonado por ela, eu... Tenho sentimentos por ela, não vou negar, mas esse sentimento jamais chegaria perto da palavra amor.

Mordo o lábio inferior, encarando seus olhos cinza que demonstravam tanta sinceridade. Mas eu simplesmente não conseguia acreditar naquelas palavras. Por mais que eu tentasse. Um milhão de vezes.

— Quando você foi embora... Doeu. De uma forma que jamais conseguirei colocar em escalas de um à dez. Eu chorei feio uma idiota, porque depois que conheci todo esse mundo que me proporcionou, jamais conseguia me imaginar longe de você. Porque esse mundo não tem graça sem você. Mas Anthony e Blair me ajudaram a simplesmente esquecer. Foi duro. Eu senti meu coração ser esmagado em muitos pedaços... E vai saber se ele continua aqui depois da morte de meu pai. Poxa... Só queria que entendesse que quando você voltou, foi como se todos os meses de aprendizado foram jogados fora. – Digo baixinho e ele me puxa para mais perto, beijando o topo da minha cabeça.

— Eu conheci Jolene não tem nem dois meses... Foi tão difícil para mim quanto para você. – Murmura e eu sorri.

— É bom saber isso. – Suspiro. – Ver ela me fez pensar que a conheceu assim que saiu da cidade.

— Apesar de tudo, você continua sendo a Sophie insegura. – Balbucia sorrindo. – Eu sou apaixonado por você de verdade. Vai demorar quanto tempo para perceber isso?

— O tempo que for preciso... – Sussurro encarando o movimento da água.

— Sorte a sua que sou paciente. – Diz baixinho. – Sei que ainda sente raiva por tudo que... Aconteceu. Então me contento em ser seu melhor amigo. De novo.

— Você se lembra? – Me levanto em pulo e ele dá uma risada.

— Eu sempre volto Sophie. Sempre volto para proteger você. – Murmura e eu corro para os seus braços mais uma vez.

O calor de seus braços em volta de meu corpo era tão conhecido e confortante que podia passar horas ali sem nunca reclamar. Suas mãos sobre minhas costas me puxando com força contra seu corpo. Vejo Jolene no batente da porta, na entrada da casa, nos encarando seriamente e me afasto de Ethan caminhando até ela.

— Eu acho que devo desculpas a você também, afinal, foi muita grosseria eu ter saído do cômodo. Mas já que se importa tanto com apresentações formais... Meu nome é Sophie Hamswere e sou a ex-namorada de Ethan. É um prazer conhecer você Jolene. Confesso que esperava de tudo, menos que ele trouxesse uma nova garota então perdoe a minha falta de educação. – Sorri. Tentava o tempo todo ser sincera com ela, que me encarava tão espantada quanto Ethan. – De qualquer forma, só espero que sejam muito felizes juntos. Não conheço você para dizer alguma coisa, mas Ethan é alguém que realmente merece a palavra felicidade em seu vocabulário.

Viro as costas e caminho até a sala de estar, deixando os dois perplexos do lado de fora. Entro no pequeno escritório que Anthony havia construído para mim e me sento, ligando o computador e resolvendo alguns negócios que tanto Blair quanto Anthony pareciam ter esquecido.

— Como assim? Você quer dobrar as vendas de armas ilegais? – Pergunta o homem confuso no telefone. Reviro os olhos, agradecendo mentalmente por ser a última coisa que tenho a resolver hoje.

— Não que eu te deva alguma explicação, mas precisarei de armas para novos capangas que serão contratados. Então metade da carga irá vir para mansão. Por isso, quero o dobro do que geralmente pegamos para a venda. Já tenho o dinheiro vivo em mãos... Estou pronta para dar o dinheiro ao seu encarregado assim que ele bater na porta. – Digo com um sorriso no rosto.

— Certo, verei o que posso fazer...

— Como assim irá ver? Você vai fazer e pronto. Anthony te contratou pelo simples motivo de saber que é capaz de enviar até mesmo o triplo do que já pedimos. – Falo brava e o homem suspira.

— Não é tão fácil como antes. Já ultrapassamos a fronteira com bastante carregamento, a polícia local pode desconfiar se levarmos mais do que podemos. A não ser que tenha algum delegado de confiança pronto para aceitar qualquer suborno e diga para o policiamento da fronteira que espera alguma carga como essa... O que é improvável senhorita Gavin. – Respiro fundo ao ouvir sua última frase. Já havia desistido de corrigi-lo há séculos. E assim que iria respondê-lo da forma mais grosseira do mundo, Seymour entra no escritório tagarelando e eu sorri maliciosamente.

— Hm... Acho que eu tenho um delegado pronto para aceitar qualquer suborno. – Digo e ouço a risada do homem do outro lado da linha.

— Então é bom se apressar. Partiremos essa noite.

Desligo o telefone me aproximando dele.

— Café? – Oferece me entregando o copo e eu o pego, bebericando um pouco e devolvendo para o mesmo. Saio do escritório em direção à sala de estar e ele me segue, sento-me no sofá.

— Lembra quando prometeu me ajudar em certos momentos? – Ele assentiu e eu o encaro com intensidade. – Então quero que me ajude a despistar o policiamento da fronteira para que sejam entregues os armamentos necessários para os novos capangas.

Ele para de beber seu café me encarando.

— Sophie...

— Por favor. – Faço beicinho e ele dá uma risada.

— Tudo bem, mas só porque você insistiu muito. – Ironiza e eu o abraço, agradecida.

— O que ele está fazendo aqui? – Pergunta Ethan descendo às escadas e se aproximando com os punhos fechados. Levanto já me pondo entre os dois.

— Por favor, agora não... Ethan ele está nos ajudando. – Respondo baixinho, mas os dois mal pareciam perceber minha presença ali.

— Antes que vocês se matem... Sophie, Ethan, quero que vá até a antiga mansão onde... Vocês sabem... – Murmura Blair se aproximando e capturando a atenção de todos nós.

— Aconteceu alguma coisa? – Eu e Ethan perguntamos quase que ao mesmo tempo.

— Rastreamos o último celular descartado de Andrew e tudo indica que ele passou um tempo em nossa antiga casa. Talvez consigam encontrar alguma coisa lá... – Anthony desce as escadas e jogam algumas armas na nossa direção.

Pegamos quase que automaticamente, colocando no bolso. Ethan pega as chaves do carro e já íamos saindo quando ouvimos Jolene descer às escadas desesperadamente.

— Eu também vou. – Grita terminando de calçar as botas, arqueio a sobrancelha. Frederick entra na sala com um sorriso no rosto.

— Desculpe querida... Mas é boa com armas? – Pergunta interessado.

— Não. – Jolene nega.

— Punhais ou até mesmo uma simples faca?

— Não.

— Arco e flecha, talvez?

— Não.

— Então não vejo a utilidade que teria ao acompanha-los. Na verdade, é provável que os atrapalhassem se houver alguém lá. – Comenta dando de ombros e vejo suas bochechas esquentarem. Estava na cara que ela não queria ir para ajudar.

Ethan segura minha mão, me guiando até o seu carro. E meu consciente trata de me fazer pensar tudo aquilo que esse simples ato me lembrava.


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