Opostos escrita por Mari


Capítulo 28
02x2. Contra o tempo.


Notas iniciais do capítulo

D I S T A N T E S - Opostos pt. II



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Jolene

E ele havia ganhado. Sentia cada célula do meu corpo queimar de ódio... Eu e minha velha mania de ser competitiva. Saio do carro observando-o se aproximar de Frederick e dizer algo a ele. Seus olhos se encontram com os meus por um breve momento antes de voltar para seu carro, deixando cair uma pulseira. Me aproximo do acessório, quando o mesmo pisa fundo do acelerador saindo dali. Era uma pulseira feminina demais para ser dele e bem que eu havia notado que ele a segurou com uma força desnecessária durante as corridas. Nela havia a inicial “S.H” e eu a coloco em meu pulso vendo Frederick chegar até mim e me entregar o dinheiro. Encaro-o confusa.

— Ethan disse que não queria o dinheiro, e que eu poderia dar a qualquer um aqui. Você saiu em segundo lugar então acho justo que fique com a quantia... – Ele me entrega saindo do local e eu observo mais uma vez a bela pulseira que enfeitava meu pulso. Eu precisava devolvê-la a ele. Isso era algo justo também.

— Então era só um gatinho que você nunca viu na vida, mas que ganhou de você na corrida que pratica há anos? – Pergunta minha mãe quando nos sentamos na mesa do lado de fora da sorveteria. Enfio a colher no meu pequeno pote colocando um pouco na boca e dando uma risada ao ver ela dizer aquelas palavras.

— Mãe... Ninguém fala gatinho hoje em dia... – A risada dela se alastra pelo local. – Se bem, que esse é um adjetivo que cai perfeitamente bem nele... Talvez tenha corrido em outros lugares. Não sei... Deixou cair essa pulseira.

— É feminina demais para um garoto. – Comenta tocando no acessório.

— Pensei a mesma coisa. Mas ele não a usava, simplesmente segurava. Como um amuleto da sorte... – Murmuro. – Simplesmente não sei.

— Enquanto suspira pelo misterioso garoto, eu vou trabalhar porque parece mais interessante do que ouvir uma adolescente e sua nova paixão...

— Mãe... – Falo alto arrancando risadas dela. Encaro a tela do meu celular e vejo o quão tarde já estava. Conversar com ela sempre me fazia perder noção do tempo. Dou um beijo estalado em sua bochecha correndo em desespero até o estúdio e estava mais atrasada que o normal.

Minha mãe era quase que minha melhor amiga desde que meu pai morreu. Não tínhamos mais ninguém na família então é praticamente eu e ela contra o mundo, apesar de estar morando sozinha há um mês em um apartamento que está quase aos pedaços no bairro mais perigoso da cidade. Foi tudo que o meu dinheiro conseguiu comprar. E é por isso que estou juntando o dinheiro que ganho nas corridas. Entro no estúdio respirando entre arfadas, minha chefe estava de braços cruzados, a expressão séria e aquele velho olhar que usava quando estava prestes a despedir um funcionário. Respiro fundo, engolindo em seco.

— Eu sinto muito, prometo não cometer esse erro de novo e dessa vez é sério. – Digo convicta e ela encosta em um pequeno balcão, logo atrás dela.

— Discutimos isso depois. – Finaliza o começo de qualquer discussão que estivesse por vir. – Tem alguém querendo falar com você. Na minha sala. – Arqueio a sobrancelha caminhando até a porta de sua sala, quando ela me barra. – Da próxima vez que se meter em roubada, não saia dando o endereço do local de trabalho, não quero problemas aqui mocinha.

Ela me solta, não sem antes de apertar meu braço com força, e eu engulo em seco dando duas batidas em sua sala antes de entrar ali. Eu não tinha ideia do que fiz até dar de cara com o garoto que correu ao meu lado na noite de ontem. Meus olhos se arregalam e antes mesmo que eu pudesse raciocinar, suas mãos me prensam na parece fria, e uma delas percorrem um caminho dos meus ombros ao pulso arrancando com selvageria a pulseira de meu pulso. Seus olhos queimavam de raiva e conseguia sentir o cano frio de sua arma se afastar do meu corpo quando o mesmo já estava indo embora.

— Eu ia te devolver... Não precisava vir com uma arma e me atacar desse jeito. É só uma pulseira. – Comento antes que ele saísse dali. Seus olhos encaram os meus com seriedade, uma mistura de angústia e deboche no olhar cinzento e apagado demonstrava, que aquilo era definitivamente bem mais do que só uma pulseira.

— Não é só uma pulseira... É a pulseira dela. — Murmura baixinho como se não quisesse que eu escutasse. Saio correndo antes que ele desaparecesse de minha visão.

— Meu nome é Jolene. – Grito e ele continua andando em direção ao seu carro sem me encarar.

— Ethan... Mas você não precisa saber disso. – Diz em resposta, entrando no carro e sumindo pelas ruas movimentadas da cidade. E eu desejei mentalmente poder vê-lo de novo, mesmo sem ter a certeza de que isso era algo bom ou ruim.

Sophie

— O que conseguiu encontrar? – Pergunta Anthony apoiado em sua cadeira de couro. Ele tem me usado de isca para descobrir algo sobre Andrew, mas os capangas eram fiéis demais a ele.

— Andrew está mudando de endereço, celular e cidade todo santo dia, sabe Deus onde estará amanhã. E Anthony... – Seus olhos acinzentados me encaram com curiosidade e intensidade assim como os de Blair. – Ele ainda procura por Ethan...

Um nó enorme se forma em minha garganta, mas antes que qualquer um pudesse se manifestar, um dos homens de Anthony entra aos gritos e o mesmo se levanta de sua cadeira.

— Santiago está aqui. – Grita alto, enquanto eu e Blair corremos em direção aos armários pegando munições e armas.

Corro em disparada para o lado de fora e atiro ao longe assim que vejo um dos caras de Santiago correndo pelas escadarias. Desço vários lances de escada dando de cara com vários caras com a arma apontada em minha direção... Minha respiração para. Ouço o barulho de tiro e um dos caras caem no chão, dando a visão privilegiada de Santiago com a arma apontada em minha direção. Como ele tinha a coragem de atirar em um de seus homens sem mais nem menos?

— Eu acho melhor você vir comigo Sophie... Antes que se machuque. – Diz baixinho e eu caminho em sua direção quase que contando os passos e soltando minha arma no chão.

— Santiago, pela milésima vez... Não foi Ethan quem matou Heather. – Murmuro já bem próxima a ele.

— Então por que Ethan não está aqui agora? Não se iluda pequena Sophie... Ele mentiu para você. – Santiago sorri, sabendo que aquilo havia me atingido como uma grande bomba explodindo em meu estômago.

Aproveito que suas mãos não estão firmes sobre a arma e puxo o cabo da pistola para cima, mirando o teto e usando a outra mão para tomar o revólver dele, apontando-o rapidamente em sua direção. Ele estava pasmo, o que fez com que escapasse um sorriso de deboche dos meus lábios. Antes que o mesmo pudesse gritar para que seus capangas o ajudassem, os seguranças de Anthony entram, atirando na cabeça de cada um, deixando apenas Santiago em minha mira. Blair desce as escadas graciosamente contando os passos, sendo seguida por Anthony que estava com o velho sorriso de lado. Cada movimento dele fazia eu me lembrar de Ethan, e aquilo doía. Mas eu escondia qualquer rastro de sentimento por ele, encarando Santiago com audácia, desafiando-o apenas com o olhar.

— Sabia que era bom em treinar seus capangas Anthony... Mas quando soube que decidiu treinar Sophie, achei que seria impossível conseguir. – Sussurra realmente surpreso. Dou uma risada falsa.

— Para você ver... – Ironizo ainda rindo.

— Entrou em terreno perigoso Santiago. Está na hora de termos uma conversa decente. – Diz Anthony sério e os garotos pegam Santiago pelo braço levando-o para o porão. Mas antes que eles descessem as escadas, o pai de Heather me encara, o sorriso vitorioso estampado em seu rosto como se me tivesse na palma de sua mão.

— Espero que sua irmã Camille seja tão habilidosa quanto você Sophie... Aposto que nesse exato momento, meus capangas estejam certificando isso.

Meus olhos se arregalam, encaro Anthony e Blair que me deixam sair imediatamente e eu corro em desespero, mal respirando, desejando pela primeira vez desde que eu e Camille brigamos que ela estivesse bem. Que ela estivesse viva.


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