Opostos escrita por Mari


Capítulo 15
15. Crisântemos.




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A luz do sol iluminava meu rosto fortemente me obrigando a acordar. Cerro os olhos por alguns segundos e os abro pronta para levantar quando percebo braços fortes em volta do meu quadril e um frio na barriga tomando conta como se milhões de borboletas voassem no local. Sinto sua respiração pesada no frio da manhã e nosso corpo junto sobre a cama por cima de um cobertor quente. Ele ainda dormia suavemente próximo a mim... Aquela sensação de segurança era incrível.

Tento me levantar mais uma vez, lutando contra os instintos de continuar ali na segurança de seus braços, mas Ethan me puxava mais para perto de si, como se isso fosse possível. Giro meu corpo em sua direção, ficando em sua frente, tentando inutilmente sair de seus braços. Desisto depois de alguns minutos e encaro seu rosto próximo do meu. Um sorriso de imediato aparece em meu rosto enquanto eu observava o seu, decorando cada traço existente em seu rosto. Minhas mãos vão para seu rosto sem meu devido consentimento, trilhando um caminho de seus cabelos à sua bochecha.

Em questão de segundos seus olhos cinza se abrem, e um sorriso de lado aparece em seu rosto. Sinto minhas bochechas queimarem e podia jurar que, agora, eu estava roxa de vergonha. Quando ia retirar minha mão de seu rosto, suas mãos me impedem, permitindo as minhas descansarem em seu rosto. Ouço um barulho da porta do quarto sendo fechada e encaro Ethan assustada. O mesmo se levanta em um pulo e acabo me levantando também dando de cara com Olívia e Pietro.

— Que droga vocês estão fazendo aqui? – Pergunto ainda assustada observando Olívia que estava vestindo uma blusa e uma calça com estampa militar assim como Pietro que encarava a mim, a Ethan e por fim as camas unidas e sinto minhas bochechas queimarem.

— Que droga vocês estavam fazendo aqui? – Questiona Olívia também encarando a cama.

— Só estávamos dormindo. – Responde Ethan bufando alto e indo até o banheiro.

— Juntos? – Indaga Pietro e me sinto em um interrogatório sem fim.

— Apenas dormimos. – Digo resumidamente aquilo que ele tanto ansiava saber. – Agora pulando a parte do meu interrogatório, podem começar a responder parte do meu? A começar com o porquê de estarem aqui tão cedo e vestidos assim como se estivessem prontos para a guerra...

— Compramos para você também olha... – Mostrou Olívia e eu fiz uma careta.

— Olívia quer procurar aquela planta florífera bonita que causa irritação na pele. – Resume Pietro toda a história e eu arregalo os olhos encarando Olívia que deu de ombros como se não estivesse se importando com qualquer consequência dando de ombros.

— Crisântemos?

— Qual é... Você está se tornando rebelde... Achei que fosse me ajudar dessa vez. – Murmura me implorando quase que em um silêncio mutuo que eu aceitasse.

— Eu gostaria de ir... – Manifestou Ethan após sair do banheiro e o sorriso de Olívia se aumenta.

— Espero vocês do lado de fora... – Grita ela puxando Pietro para fora do chalé. Encaro Ethan descrente que apenas sorri.

— O quê? Você que disse para eu me enturmar. – Preferiu dando de ombros e eu fecho a cara vendo-o sair dali.

Vendo que já não tinha mais tanta escolha, corro para o banheiro colocando uma roupa simples, amarrando o cabelo e fazendo minha higiene matinal. Saio do chalé já pronta, e Olívia nos guia para dentro da floresta... Não estava gostando muito da ideia, mas ela era minha amiga então, o que eu não faria por ela. O local não estava nem um pouco silencioso com Olívia que sempre queria deixar claro o fato de que o contato breve da planta com a pele humana causaria apenas uma irritação moderada, não é como se ela quisesse que algo grave acontecesse. Mas de Olívia eu jamais duvidava, afinal, sempre que ela diz que algo dará certo, pois ela sabe tudo sobre o assunto, só dá errado. Isso é quase que uma lei para essas ‘excursões’ dela.

Respiro fundo tentando apressar o passo ao ver que todos já estavam longe procurando a tal planta. Corro até eles e quase tropeço sendo segurada por Ethan que sorri de lado ao ver o cansaço estampado no suor que escorria em minha testa. Ele me entrega uma garrafa de água que eu mal havia percebido que ele tinha pegado e eu bebo em goles grandes parando um pouco a caminhada e respirando fundo. Olívia revira os olhos dizendo que isso era frescura minha e que nem estávamos tão distantes assim do local e eu a encaro, assassinando-a mentalmente. Pietro percebe pela minha expressão aquilo que eu tanto imaginava e sorri, levando um tapa de Olívia que mandava ele ficar focado na missão. Ninguém merece uma amiga como ela. Só digo isso.

— Tudo bem, é o seguinte. Ethan e Sophie vão procurar a droga dessa planta perto da cachoeira... Eu e Pietro nos viramos aqui. – Grita ela dando uma de líder. Encaro-a mortalmente entre arfadas.

— A cachoeira é do outro lado do acampamento, por que não avisou antes? – Pergunto irritada.

— Porque eu não pensei sobre o assunto antes sua chata. – Responde ela em deboche, gritando pelo Pietro e desaparecendo em meio ás milhares de árvores ali.

Encaro Ethan que simplesmente sorri, me conduzindo até o outro lado do acampamento. Eu estava literalmente morta de cansaço esperando ansiosamente chegar até a cachoeira e molhar o rosto um pouco. Depois de quase uma hora de caminhada chegamos no acampamento e atravessamos o local até chegar a cachoeira, jogo meu corpo sobre a enorme rocha e ouço a gargalhada de Ethan.

— Como não pode estar cansado? – Questiono e ele simplesmente dá de ombros. Pego mais uma vez sua garrafa de água me deliciando com aquilo. Observo Ethan atravessar a cachoeira. Engulo em seco. Eu não sabia nadar e na metade da travessia era bastante fundo.

— Está com medo? – Indaga Ethan já do outro lado da cachoeira com seu velho olhar desafiador. Me levanto da rocha e caminho vagarosamente me deliciando com os pés já embaixo d’água.

Encaro os olhos de Ethan que me observava com curiosidade, prestando atenção em qualquer movimento que eu fizesse. Caminho mais um pouco até a água bater em meus ombros. Respiro fundo, engolindo meu orgulho.

— Ethan. – Chamo-o baixinho ficando paralisada a cada movimento que a água fazia. Ele continuava me observando sem pronunciar nenhuma palavra, vi aquilo como uma deixa para dizer pela primeira vez, a verdade para ele. Fecho os olhos. – Eu não sei nadar bem o suficiente para conseguir terminar de atravessar.

Suspiro pesadamente.

— Tudo bem, eu vou até aí. – Sussurra ele. Um medo subia pela minha espinha, mas eu ainda continuava ali feito idiota esperando Ethan.

Ouço o barulho de alguém se aproximando da cachoeira e viro os calcanhares somente para ter a visão de Olívia e Pietro que corriam entre arfadas até nós. E foi a última coisa que vi antes de escorregar no lodo e ser puxada pela correnteza para baixo da água.

Camille

Eu estava irritada com a Sophie... Como sempre, a estraga prazer da família. Engraçado como meus pais aceitam ela fazer tudo que quer, e, eu sou obrigada a baixar a cabeça para todos eles. Mesmo correndo em coisas ilegais e estando toda apaixonada por um marginal lindo, meus pais passam a mão na cabeça dela. E agora essa de não ir ao acampamento, provavelmente está se divertindo até demais com os amiguinhos retardados. Sento-me na escada na varanda de minha casa, mexendo no celular e procurando maneiras de irritar a minha irmã quando ela voltar. Ela iria se arrepender feio de ter me feito ficar sem minha amiga Suzanna, que agora não tem sinal no celular e mal pôde ter a chance de me contar as novidades.

— Ei, tampinha. Você é irmã da Sophie não é? – Pergunta uma garota e eu levanto o rosto para observá-la melhor. Ela era loira e possuía olhos negros com um sorriso espantosamente branco e um corpo que deve passar inveja em muitas meninas. Arqueio a sobrancelha.

— E você é a... – Questiono esperando que a mesma completasse a fala.

— Heather. Fiquei sabendo do seu projeto de irritá-la. – Sussurra ela sem tirar o sorriso no rosto.

— Se você for amiga dela e estiver tentando me fazer desistir, pode dar meia volta e ir embora daqui. – Grito, me levantando e indo em direção à porta, mas sendo impedida por ela.

— Não, não, longe disso. Não sou amiga dela, mas adoraria ser a sua amiga. E para provar o quão legal eu sou... Já tenho uma ideia incrível para irritá-la.

Encarei ela prestando mais atenção dessa vez, voltei a me sentar na escada e retribui o seu sorriso maquiavélico.


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