Prazer, Levy McGarden. Vinte e dois anos e sou Escritora.

Já escrevi três livros que fizeram muito sucesso.

Gosto muito de escrever em bibliotecas, já que são extremamente calmas e tal. Minha favorita é a Biblioteca Nacional de Fiore.

Falta mais alguma coisa para escrever ao meu respeito ? Ah sim. Estou apaixonada por um rapaz. Ele sempre está na biblioteca, lendo vários livros, estudando. E não, não vou sempre á mesma biblioteca por causa dele, não mesmo!

Temos apenas o mesmo gosto para bibliotecas. Só isso.

- Ai, quem eu quero enganar ?! – Amassei a Folha-do-desabafo-diário, me levantei e joguei no lixo. Ao sentar olhei fixamente para o rapaz. Cabelos negros com a franja cobrindo seu olho direito. Orbes cor de sangue. Uma pele tão alva que imagino que só o mais simples toque deixaria marcado. Mãos masculinas que viram as páginas tão rapidamente – Meu Deus, como eu desejo esse homem! – Deitei em cima dos manuscritos e suspirei pesadamente.

- Se pelo menos ele me notasse. Estou há cinco meses nessa biblioteca e nunca vi ele ao menos me olhar – Estou chorando internamente. Levantei a cabeça e bebi o resto do meu Chá Gelado. Foi quando ele se encostou na cadeira e levantou o livro, deixando que eu visse claramente a capa – Mas é o meu livro...! – Era o terceiro da série e estava bem surrado, parecia ter sido lido muitas vezes. Corei muito ao ver a vontade em que ele lia meu livro.

Então ele olhou para mim. Corou tão forte que não imaginei que alguém poderia ficar tão vermelho, parecia que ele iria ter uma combustão instantânea. Pela vergonha continuei a escrever meus manuscritos, e sempre que arriscava olhar para ele já estava sendo observada.

- Senhor, como isso é vergonhoso – Sussurrei – Nossa Levy, você já tem vinte e dois anos e fica vermelha por essas bobagens ?! Tem que chegar no cara, isso sim – Tentativa de me encorajar: Falha – Quer saber ? Vou é comprar outro Chá Gelado! – Me levantei e o rapaz também se levantou e parecia estarmos indo para o mesmo lugar, a máquina de bebidas. Chegamos exatamente no mesmo momento e olhamos para o tão desejado Chá Gelado.

- E-er, pode ficar – Ele disse e sua voz grossa me fez arrepiar inteirinha. AI MEU DEUS, AI MEU DEUS, AI MEU DEUS! VOCÊ É PERFEITO, HOMEM!

- Não, f-fica você! Eu insisto – Ele corou um pouco e sorriu de lado. Alô, é da ambulância ? Estou morrendo aqui!

- Eu que insisto. Aceite como um ato de cavalheirismo.

- C-cavalheirismo é coisa do passado! Eu insisto, você viu primeiro – O que era meia verdade. Ele é meio teimoso, eu admito, mas esse Chá vai ser dele.

- Então pagarei pra você como um obrigado por ter feito uma trilogia tão perfeita – Ele colocou a nota na máquina e se abaixou para pegar a lata – Você fez minha vida muito feliz com esses livros. Obrigado – Me entregou, sorriu e voltou ao seu devido lugar.

Se eu estava vermelha ? Não! Só entrando em combustão instantânea!

Olhei para a lata e olhei novamente para o rapaz. Talvez seja minha última chance... Peguei dois copos de plástico, fui em minha mesa e peguei os manuscritos. Enchi meu peito de coragem e me sentei ao lado do moreno, abrindo a latinha e servindo o delicioso conteúdo nos copos.

- Vamos dividir então. Pra ser algo mais justo – Ele parecia surpreso e um tanto feliz por minha atitude. Aceitou o copo de bom grado e bebemos – Gostaria de saber seu nome, para não te chamar de rapaz ou moço.

- Rogue Cheney – Ai, que nome lindo – Sou melhor amigo do Sting Eucliffe. Creio que você o conheça muitíssimo bem.

- Você ? Melhor amigo daquela abelha insensível ? É um blefe, certo ? – Ele gargalhou e não acreditei mais ainda.

- É a verdade. Pode não parecer, mas é.

- Mas vocês são tão diferentes! Ele é irritante, idiota, insensível, cafajeste enquanto você é todo intelectual, calmo, totalmente aprovado para se viver junto!

- Bem, você e sua melhor amiga são bem diferentes, também.

- Você conhece a Lucy ?

- Quem não conhece a Lucy ? – Fiz uma cara interrogativa e depois tive que concordar, o fazendo rir – Ela é escandalosa, bruta, um tanto brava enquanto você é adorável, quieta e totalmente namorável – Corei.

- Já que você pensa isso de mim, o que acha de tentar, então ? – Agora foi a vez dele de corar, ahá, touché.

- Com todo o prazer – E juntou seus lábios com os meus quase instantaneamente. E pensar que a causa disso tudo foi um Chá Gelado e uma dose e tanto de coragem. Agora só o futuro dirá como ficaremos.