Give us the Wonderland escrita por Krieger


Capítulo 5
A sábia Lagarta Azul.


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, feliz natal (um pouco atrasado) e feliz ano novo para todos!
Queria me desculpar, era para eu ter postado esse capitulo na quarta-feira, porém minha internet não estava pegando, só voltou hoje. Sério, fiquei muito revoltada.
Mas, aqui está ^-^ Meio grande, foi o maior até agora. Não sei se antes do ano novo eu vou postar.
Por favor, qualquer erro me avisem.



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“O que lhe agrada? A paisagem, música, moradia, pessoas, companhia, amor, carinho, família? Talvez o ódio, inveja, ciúme, luxuria, egoísmo?... Ainda não sabe o que lhe aguarda?”

Como se tivesse viajado a algum lugar distante, acordando no desconhecido. Em um minúsculo quarto marrom, talvez ali mesmo nem coubesse uma cama de casal. As paredes e o teto de madeira pareciam querer dar a impressão de um cativeiro, um lugar para se castigar. Uma simples mesa no centro do local onde mantinha um frasco contendo um líquido estranho. Em um canto qualquer, como se tivesse sido jogada, uma garotinha de cabelos curtos e loiros parecia estar adormecida com um sorriso no rosto como se experimentasse um doce sonho. No entanto, ela acordara com algum barulho desconhecido. Não era possível ter vindo desta pequena sala, já que não havia praticamente nada ali. O som era como se fossem fortes e apressadas batidas em uma porta. Porém, havia uma porta?

A garota se levantou aos poucos, permanecendo sentada. Passou as mãos em seu rosto e esfregou seus olhos, bocejando. Por fim, ficou surpresa pelo local mesmo que fosse apertado, ela se sentia um ser minúsculo. Uma sensação bastante estranha parecia não sair de sua mente. Virava a cabeça para todos os lados possíveis para observar bem o local. Quando ficou de pé uma forte dor de cabeça a atingiu e sua visão ficou embaçada por poucos segundos. Isso a fez cambalear para os lados, por pouco não caiu no chão outra vez. Ela passou novamente a mão no rosto e engoliu um seco em sua garganta, como se ela mesma pudesse encorajar-se. Perguntava-se onde poderia estar nesse momento, apenas se lembra de ter adormecido em sua cama e recentemente em seus sonhos estava correndo em um quarto escuro onde conseguia ver uma luz no final do caminho, como se fosse um túnel. Lembra-se te der corrido muito rápido como se sentisse algo a perseguindo mesmo não vendo nada, apenas tudo preto. Quando esteve perto da luz sentiu uma brisa fresca e um aroma doce extremamente convidativo, como se fosse um perfume de flores. Logo, acordara aqui. Claro, com certeza ainda estaria sonhando.

Lisbel deu curtos passos cheios de insegurança até a mesa e, quando chegara perto, percebeu que era muito pequena em comparação ao móvel. Esticou seu braço e ficou na ponta do pé, mas mesmo assim apenas metade de sua mão alcançava o topo da mesa. Ela cruzou os braços e suspirou, irritada. Não queria ficar parada nesse lugar para sempre, queria correr por ai, era assim até mesmo em seus sonhos. De repente percebeu algo no quarto e se sentiu estúpida por não ter notado antes. Havia uma porta enorme ali, pegava praticamente a parede inteira do quarto. Era uma porta muito detalhada, era branca com desenhos em curvas rosa claro e azul bebê. A maçaneta era enorme e dourada, parecia haver brilho, pensava também que podia ser de ouro puro. Parecia algo de contos de fadas que apenas existe em livros. A garota ficou fascinada e sem pensar duas vezes correu para perto da porta. Quando chegou perto a observou por apenas segundos, seu entusiasmo despertado pela maçaneta de ouro era enorme. Passou a mão nela e a agarrou com as duas mãos por ser bastante grande, e a girou fazendo bastante força. Tentou empurra-la, mas nada acontecia. Parecia estar trancada ou era muito pesada para a garota conseguir abri-la. Estava começando a ficar irritada por nada dar certo, ficava animada e rapidamente já se emburrava.

De repente, como se fosse magia, aquelas curvas azuis e rosas desenhadas na porta começaram a se mover. Elas pareciam estar formando várias palavras. Sim, elas estavam formando uma frase! Lisbel ficou animada novamente e sorriu, adorava aquelas magias que a mãe lhe contara nos livros e realmente parecia estar vivendo uma. Como amava seus sonhos, pensava com certeza que ninguém devia ter uma mente tão pura como a dela. A frase por fim foi formada e a garota se sentiu triste novamente. “Você não pode me abrir”, dizia a porta.

– Não, não é justo! Isso é um sonho meu, certo? Eu ordeno que abra! – Lisbel cruzou os braços e fez uma expressão séria, porém nada aconteceu. – Porta estúpida, por acaso você tem vida? Vamos, deixe-me passar! Sou tão pequena, não posso fazer nada.

Nada acontecia. A garota já estava irritada, aproximou-se da porta e bateu várias vezes, colocando seu ouvido sobre a mesma.

– Alô?! Tem alguém aí? Pode me ouvir? Estou trancada aqui dentro, abra para mim! – Lisbel havia se lembrado de que fora acordada por batidas em uma porta, possivelmente seria do outro lado.

Quando se afastou da porta viu a frase que estava montada se desmanchar e logo montar novamente, mas diferente. “Estamos todos aqui”, era a nova frase que havia se formado.

– Todos? Quem são vocês?! Vamos, então apenas abra para mim... – a expressão triste voltara aos poucos em seu rosto. Infelizmente, a porta não formara nenhuma outra frase como resposta.

A garota suspirou, quase desistindo. Talvez acordar seria uma boa ideia. Parando apenas esse momento para pensar, tudo parecia extremamente estranho. Por que, em pleno sonho, estaria consciente de tudo que ocorrera? Conseguira guiar seus gestos e movimentos nesse tempo, pensamentos vinham em sua mente a todo o momento e ela se sentia como se vivenciasse exatamente tudo isso. Que tipo de sonho poderia ser? Tudo era extremamente confuso para a garota, nem pensar em acordar ela conseguia. Talvez sua irmã pudesse explicar o ocorrido? Estava com medo, bastante medo. Uma sensação estranha ainda não a abandonara, mas estava claro que isso era um sonho muito, muito estranho.

Em pouco tempo se lembrara da mesa no centro da sala. Virou-se para ela e percebeu que, vendo daquele ponto de vista, havia um frasco em cima dela. No objeto havia um estranho líquido verde escuro que parecia borbulhar ou seria apenas uma impressão da garota. Notara que o frasco estava na beira da mesa como se a qualquer momento ele cairia. Não tinha nada a perder, afinal não conseguira abrir a porta e não havia mais nada nesse minúsculo quarto. Voltou para perto da mesa e ficou na ponta do pé, esticando o seu braço o máximo que conseguia. Como pensado não alcançaria o frasco, ela era muito pequena para essa mesa de tamanho desproporcional a realidade. Pensou um pouco até concluir que podia derruba-lo. Talvez o frasco pudesse quebrar. Nesse caso ela poderia ou não ter a sorte de não perder todo o líquido. O frasco também poderia sair intacto.

Ela decidiu arriscar a sorte e chacoalhar a mesa até o frasco cair. Foi para perto de uma das pernas da mesa e a segurou firme, fazendo força para chacoalhá-la. Não conseguia fazer um efeito grande, como a mesa era maior seu peso também aumentara. O frasco balançou várias vezes e por fim caiu de cima da mesa, rolando pelo chão e batendo contra a parede que conseguiu o parar. Um grande sorriso se formou no rosto de Lisbel quando percebera que o frasco estava intacto, teve uma grande sorte de o objeto não quebrar-se quando caiu no chão. Ela examinou em suas mãos aquele frasco de vidro que por sinal era bonito, parecia um frasco de perfume vazio. Percebeu que havia uma tira de papel amarrada na boca do frasco, sendo segurada pela tampa. Com uma tinta escura e letras grossas estava escrito “Jogue-me fora”.

Isso confundiu um pouco a cabeça da pequena que de primeira pensara que poderia beber o líquido. Abriu o frasco e fez o bilhete cair, já que era a tampa que o segurava. Parecia que uma fumaça saiu do frasco e o líquido parava de borbulhar. Ela aproximou um pouco o seu nariz para sentir o aroma de dentro, mas afastou o rosto segundos depois. Fez uma cara de desgosto, aquele cheiro era extremamente forte e havia incomodado o seu nariz. Agora ela realmente perdera a vontade de beber esse líquido verde. Tombou calmamente o frasco em sua mão, derrubando apenas uma pequena quantidade do que havia dentro. Quando entrou em contato com o chão o líquido começou a evaporar e corroer a madeira como se a fizesse sumir. Isso impressionou a garota, que voltara a encarar o frasco e também a porta. Isso seria... Ácido? Provavelmente, sim. Lembrava-se de ter aprendido na escola, era um líquido que havia em laboratórios e corrosivo, era proibido de beber.

Lisbel tacou a tampa do frasco no chão e o levou na mão, aberto. Foi andando até se aproximar novamente da porta. Encarou um pouco esperando que algo acontecesse, mas nada acontecia. Talvez pudesse tacar o ácido na porta para derretê-la, assim poderia ir para o outro lado. Estava com um pouco de dó de destruir algo tão bem feito, mas pouparia a linda maçaneta de ouro. Queria poder levar consigo, mas não iria conseguir tirar sem derretê-la.

– Ei, posso te derreter? Não vai machucar, eu acho. – Lisbel apenas esperava alguma resposta se formar com as curvas coloridas. Infelizmente a porta continuava não respondendo a garota que já estava impaciente.

Ela formou um largo e sincero sorriso em seus lábios, fechando os olhos por alguns segundos e tombando a cabeça para o lado direito. Queria mostrar um pouco de afeto para... Bem, qualquer um que seja. Afinal, aquilo era apenas um objeto mágico, mas talvez houvesse alguém do outro lado. Lançou todo o ácido que havia no frasco direto para a porta, tacando o objeto de vidro logo em seguida no chão. Desta vez fez um pouco mais de força, então o frasco havia se quebrado. O ácido não demorou a evaporar e começar a derreter a porta, fazendo um enorme buraco no meio. Uma fumaça saia enquanto a madeira derretia. Percebendo só agora, algo havia se formado na porta, mas o ácido era rápido e já estava derretendo tudo. Por sorte conseguira ver as primeiras letras da palavra. ALIC... Não conseguira ver o resto. Bem, isso não importava nem um pouco para a garota no momento, estava muito animada para ver o que estava a esperando.

Assim que percebera o buraco grande o suficiente para passar, não demorou muito para entrar e passar pela porta, indo para o outro lado. Antes de passar tinha tomado cuidado para que algum resto de ácido não pingasse nela, mas parecia que o líquido tinha evaporado por completo enquanto derretia a porta. Lisbel começou a caminhar em um gramado verde, um solo fofo e bem cuidado, seus pés pareciam deslizar por contra própria. Olhou em volta e assim sua vontade de sair correndo para todos os lados apenas aumentava. Via um jardim muito grande e colorido. Flores de todos os tipos se espalhavam pelo local, diversas cores se misturavam dando um certo prazer na vista de quem via. As árvores eram grandes e pequenas de acordo com o lugar em que estavam, nunca ficavam perto uma da outra. Parecia que uma trilha de terra estava entre o gramado, parece que poderia dar em algum lugar ou estaria ali apenas para guiar quem chegava. Ela se expandia fazendo vários caminhos e curvas diferentes, mas o que mais chamou a atenção da garota foi um caminho que dava para o meio de várias árvores grandes, as quais eram as únicas que estavam juntas e amontoadas uma perto da outra, fazendo o caminho ficar escuro por bloquear a luz com seus grandes galhos e folhas.

Lisbel desviou o seu olhar da trilha quando uma borboleta de asas azuis e pretas se aproximou. Ela pousou na cabeça da garota, fazendo-a bater em seu cabelo para tirar o inseto, o qual levantou voo novamente, porém continuou por perto. Ele parecia voar rodeando a pequena, que estava rindo e se divertindo com este ato. Ela começou a dar pulinhos e esticar seu braço na tentativa de capturar a borboleta, mas estava em uma altitude que a garota não alcançaria.

A borboleta começou a se distanciar de Lisbel, que correu atrás da borboleta, seguindo-a. De alguma maneira a garota queria capturar o inseto, suas asas e combinações de cores haviam a impressionado. Ela era bastante teimosa, iria insistir e ir atrás até conseguir o que queria, persistente. Enquanto andava percebia o vento bater de leve nas flores, as quais balançavam parecendo querer dançar por contra própria. Lisbel sabia que seria loucura, mas às vezes sentira as flores cutucarem sua perna enquanto andava, como se estivessem a chamando ou também bloqueando sua passagem, querendo a fazer tropeçar. O vento também batia em seu rosto, tocando de leve o seu ouvido parecendo querer sussurrar. Jurava que havia escutado alguma voz, pensara que era das flores que poderiam possuir alguma mágica, assim como vira na porta. Achou estupidez pensar em tal coisa, apenas ignorou e concentrou-se em acelerar seus passos para alcançar a borboleta.

Lembrando agora da porta e suas curvas que formavam palavras, pensou na frase que citava pessoas, dizendo que estariam atrás da porta, como se tivessem batendo na madeira para chamar Lisbel. Pensava quem poderia ser, pois quando chegou ao jardim não encontrou ninguém a não ser essa borboleta. Duas possibilidades passavam na cabeça da loira, poderiam estar se escondendo ou tudo isso foi apenas sua impressão. Queria acreditar na primeira possibilidade, claro que assim poderia se aventurar cada vez mais, como uma brincadeira de pique-esconde. A borboleta começou a descer, entrando entre duas grandes folhas que pareciam bloquear algo. Elas eram enormes, poderiam até cobrir a garota, a qual não se preocupou, apenas tirou as folhas de seu caminho com a mão e passou por elas. Logo que conseguira passar começou a ver uma grande quantidade de fumaça que irritava o seu nariz, fazendo-a tossir. Era estranho, parecia ser tóxico, talvez. Começou a caminhar e não se preocupou mais com a borboleta. O lugar que estava coberto por fumaça parecia ser vazio, no chão não havia grama, apenas terra. Em sua volta havia mais daquelas grandes folhas que vira na entrada. As folhas pareciam rodear e bloquear o lugar, como se formassem uma cabana.

Quando chegou ao fim, enxergara uma pedra no centro do lugar. Logo atrás, um pouco perto da pedra, havia outra ainda muito maior. Lisbel estava toda hora abanando sua mão em frente de seu rosto para livrar-se da fumaça. Forçando a sua visão, conseguira ver alguém sentado naquela grande pedra com as pernas cruzadas e segurando alguma coisa em sua boca.

– E-Ei! Olá! – ao tentar chamar a pessoa que acabava de avistar, começou a tossir, a impedindo de dizer mais alguma coisa.

A pessoa parecia ter percebido a presença da garota, virando sua cabeça para ela e a fitando. Antes, parecia estar distraído, olhando para cima. A fumaça do local parecia estar saindo da sua boca e do objeto que segurava. Depois de olha-lo mais um pouco, Lisbel conseguiu concluir que aquela pessoa era um homem.

O homem parou de assoprar a fumaça, deixando apenas aquilo que segurava parado em sua boca, que também soltava uma fumaça, mas agora não estava tão forte. Aos poucos, aquele lugar foi se limpando quando a fumaça saíra. As folhas dos cantos pareciam se mover sozinha para deixar o ar circular lá dentro. Talvez elas fossem ordenadas. Agora com o lugar mais limpo e sem aquela fumaça tóxica, Lisbel conseguia enxergar bem melhor. Olhou para o homem sentado na pedra. Ele tinha um cabelo azul e bastante bagunçado, era um pouco comprido, mais ou menos na altura de seus ombros. Sua roupa se distinguia em azul, preto e branco, pareciam bastante com as roupas que os árabes usavam. Sua calça era larga e preta, seus sapatos pontiagudos e azuis. Sua camisa azul era justa em seu corpo, um colar pendurado em seu pescoço parava bem no centro de seu peito, era um colar dourado. Parecia usar um tipo de capa ou jaleco, Lisbel não sabia do que se tratava, nunca havia visto algo parecido. Só sabia dizer que era bastante grande, parecia ir até seus pés. Era azul até a sua cintura, depois mudava para a cor branca, assim como suas mangas.

Olhou para o rosto do homem e percebera que o mesmo a fitava com seus olhos azuis um tanto misteriosos. Usava um óculos e finalmente conseguira saber que em sua boca estava um cigarro, o causador de toda essa fumaça. Já vira seu novo pai fumar no jardim às vezes, mas não se recordava de fazer tanta fumaça como acabara de ver nesse lugar.

– Você é? – ele finalmente disse alguma coisa a não ser apenas ficar olhando para a garota. Sua expressão era séria.

– Eu sou Alice...

– Alice?! – o homem interrompeu Lisbel, ficando surpreso quando a garota disse o seu primeiro nome, quase deixando o cigarro cair de sua boca. – Isso não é possível, você não pode estar aqui. Eu calculei o tempo de sua chegada, não está certo, eu nunca erro!

– Não sou Alice! Eu sou Alice Lisbel, não pode me chamar de Alice!

– Por que não? Alice é Alice, você sabe.

– Porque minha irmã também chama Alice! Se você me chamar de Alice vai acabar se confundido, por isso Lisbel! Entende?

– Irmã? Então você me diz que não é Alice? Estou aliviado, por um momento pensei que estava errado. – o homem deu um leve sorriso, fumando o seu cigarro uma vez, soltando a fumaça de sua boca.

– Como assim eu não sou Alice? Já disse quem eu sou! Eu deveria ser... Bem... – Lisbel olhou para o homem e depois abaixou sua cabeça, confusa. Toda essa conversa estava a deixando louca, não conseguia entender nada que aquele moço dizia.

– Quem você é, garota? – ele arrumou seus óculos com apenas um dedo, lançando outro olhar sério para a menina.

– Eu sou Lisbel... E esse é meu sonho. Você está na minha mente, então não dirija palavras confusas para mim! – Lisbel cruzou os braços, irritada.

– Ah, entendo. Seus sonhos, sua mente... Garota, eu não sei quem você é. Esse lugar também não sabe quem você é, pois você mesmo nem deve saber onde você está. Você é louca.

– Ei! Não fale assim! Eu não sou louca, você está dizendo coisas confusas para mim, sem sentido. Peça desculpas para mim. – ela fez uma cara emburrada.

– Não vou me desculpar por nada. – ele fumou seu cigarro novamente. – Diz que tem uma irmã. Onde está?

– Ela... Bem, isso é um sonho, não pode estar em meu sonho!

– Refere-se esse lugar como um sonho? Bom, eu entendo. Pobre garota... Ou melhor, garotas. É uma pena se acabarem por pararem nesse lugar. Eu recomendo você conhecer um pouco mais seu “sonho”. Aproveite para descobrir quem você é.

– Já disse que sou Lisbel! Não vou descobrir nada, vou apenas explorar. Esse lugar que é sua casa é meu sonho sim. – ela começou a sorrir novamente com a ideia de poder explorar mais esse seu novo sonho. – Me diz moço, seu nome.

– Não sei meu nome. Não sei de nada, mas sou sábio. Chame-me de Lagarta Azul. Deveras se lembrar disso quando alguém se referir a um ser sábio deste lugar.

– Lagarta? Mas, você não é uma lagarta, moço.

– Sim, eu sou. Garota, logo eu vou virar uma borboleta e vou poder voar livremente. Porém, apenas lhe informo que isso pode demorar, quando isso acontecer você já deverá ter ido embora. Infelizmente acho que não vai me ver voar.

– Legal! Eu quero te ver voar sim! E se eu te disser que posso dar um jeito de ficar? Isso pode ser uma promessa! Vou te ver voar, Lagarta.

A Lagarta Azul franziu as sobrancelhas, parecendo não apreciar a ideia da menina. Ele saiu de cima da pedra com um pulo, caindo levemente no chão. Enquanto caminhava para perto da garota usou uma de suas mãos para tirar o cigarro de sua boca e soltar um pouco daquela fumaça, por fim jogando o cigarro no chão e pisando em cima dele. A fumaça conseguiu atingir novamente o nariz de Lisbel, fazendo-a tossir mais uma vez.

– Não vou acreditar no que você diz. Porém, apenas você pode acreditar, prometa para si mesma, eu não estou ligando. – parou ao lado de Lisbel, abaixando a cabeça ao olhar para a garota. – Alice, digo... Garota. Saia daqui e atravesse a Lagoa de Lágrimas, lá encontrara certas coisas. Lembre-se de levar flores consigo, porém eu me esqueci no momento o porquê disso.

– Flores... Sim! Vou te dar uma, tá? Tenho um jardim com muitas flores! Talvez você pare de ser rude. Então, que tal me pedir desculpas?

– Garota, quando eu e este lugar estivermos salvos, eu posso te pedir desculpas e também agradecer. Até lá, não serei uma borboleta.

Lisbel olhou confusa para a Lagarta, que agora saia de perto da garota e voltava para sua grande pedra, sentando-se novamente e se acomodando no lugar. A grande folha que ficava em cima dele e da pedra se movia por ordens, parecendo querer abanar aquele homem de cabelos azuis. Ele pegou outro cigarro e colocou em sua boca, parecia que havia se acendido sozinho. Começou a fumar e ordenou que as plantas em volta do local se fechassem novamente, fazendo aquela fumaça dominar todo o ar.

A garota começou a tossir frequentemente, apenas se virando sem dar alguma resposta a Lagarta, saindo correndo. Correu rápido até conseguir sair do local, se livrando da fumaça. Enquanto desacelerava seus passos de volta ao jardim jurou para si mesma que estava vendo, não tão longe de si, alguma imagem humana. Sua visão estava um pouco embasada, estava cansada, suspirava enquanto implorava para acordar.

As palavras da sábia Lagarta... O que eu sou... O que é Alice Lisbel? O que é este sonho?


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem! Feliz ano novo!



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