Te amar não estava nos meus planos escrita por Ana Bobbio


Capítulo 6
Carne nova no pedaço




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Eduardo

Em que século alguma garota me faria virar para simplesmente trocar uma blusa? Normalmente fariam questão que eu olhasse a troca de roupa. O que também me causou indignação foi que, minha ajuda não fez com que se derretesse em meus braços. O que normalmente qualquer garota faria. Ela não parecia ser qualquer garota, ela não parecia ter qualquer corpo também. Como não sou idiota, enquanto não notava infringi sua ordem. Virei-me cautelosamente e pude vê-la tirar a blusa manchada. Tive que me segurar para não ficar tão animado. Iria ajudar garotas na rua mais vezes caso fosse sempre assim. Depois olhei pra frente, tentando inutilmente não parecer um tarado. E ao pensar em coisas totalmente broxantes o que não foi difícil, logo me recuperei, virando-me e podendo finalmente vê-la. Agora ela usava uma blusa limpa e desproporcional pro seu tamanho. E nem por isso deixou de ficar sexy.

Lembrei-me da aula. Lembrei-me que eu deveria estar lá no horário certo pois caso contrário ligariam pra minha casa pra avisar minha mãe. Ela havia pedido isso a diretora ao me matricular, pois provavelmente imaginou que eu mataria aula por odiar rever certas pessoas. Voltamos lado a lado, em silêncio. Ela não parecia querer conversar e eu não insistiria. Não agora.

Quando chegamos, todos provavelmente já estavam em sala de aula, ela deu tchau com as mãos e eu devolvi, com um sorriso indiscreto no rosto. E naquele momento havia notado que eu sequer perguntei seu nome.

Merda, assim não teria nenhuma chance de saber mais sobre ela.

Mas quem disse que eu queria saber mais alguma coisa sobre alguém? Meus planos eram: Sentar no fundão, na minha, conversar o básico quando necessário e tentar controlar minhas vontades de acabar com Bruno Andrade se ele aparecesse em minha frente. Não era só da minha parte que havia ódio, não. Da dele também. Seria estranho dizer que tudo isso começou quando éramos amigos, ou melhor, melhores amigos, e o pivô de tudo o que aconteceu era simplesmente de uma garota: Margareth Johnson. Aquela puta que fez com que os caras mais mulherengos e cobiçados ficassem de joelhos pra ela, e a única coisa que ela fez foi aproveitar-se da situação. Porém, apesar de tudo, eu não conseguia perdoar Bruno. Era preferível até um raio cair sobre minha cabeça, mas perdoá-lo? Jamais!

As aulas se passaram lentamente, e logo o sinal bateu. Não pude passar o intervalo na sala, não era permitido. Não queria ficar no pátio ou no refeitório, onde praticamente todos os alunos estavam. Onde, sem dúvidas, Bruno Andrade estava. Não queria vê-lo na minha frente, não queria causar confusão logo no primeiro dia. Caminhava pelos corredores da escola a procura de algum canto para ficar quieto na minha, mas ainda não havia encontrado nada de interessante. Felizmente eu ainda tinha quinze minutos para procurar. Talvez se não encontrasse, me encostaria em qualquer armário e ficaria ali até dar o horário da próxima aula. Me perguntei onde a garota da blusa manchada passava seu intervalo, tinha cara de não ser antissocial como eu estava disposto a demonstrar ser, não que eu fosse, mas agora eu tinha a necessidade de parecer ao menos mais reservado.

E ai. Uma garota se aproximou de mim. Virei-me e pude ver a ruiva que sentou-se na minha frente na segunda aula. Ela era incrivelmente bonita, e ao mesmo tempo, instigante.

E ai. Respondi, sorrindo de lado. Ela pareceu amolecer ao me ver, o que não me era estranho. Conquistar era uma arte fácil pra mim, que cheguei a me aproveitar desse talento muito antes de conhecer Margareth, que até então foi a única que não caiu de primeiro. E provavelmente nem de segunda.

Eduardo, certo? Perguntou tentando acertar o meu nome. Apenas assenti. Sou Lisandra. Apresentou-se.

Eu sei. Fizemos aula de literatura juntos. Quando o professor fez a lista de presença, acabei prestando atenção em alguns nomes. E como ela sentou-se a minha frente, não foi nada difícil saber.

Sim, mas pode me chamar de Lis. Não acho meu nome inteiro bonito. Fez uma careta, apenas soltei uma risada baixa. Ela sorriu. Não disse que poderia me chamar de algum apelido, não fazia questão. Quando mais formal, melhor. Não queria pegar intimidade com ninguém, pelo menos, por enquanto. Sabe, Eduardo, pelo que eu sei você é novato. Se quiser, pode se sentar comigo e com minhas amigas. Elas estão ansiosas pra saber de onde um garoto tão bonito e... Fez uma expressão de pensativa. Tímido veio e porque está aqui sendo que... A interrompi, sabendo onde ela queria chegar. E me deu uma enorme vontade de rir ao escutá-la me chamar de tímido.

O meu fiel '' inimigo '' estuda aqui. Murmurei com cara de tédio enquanto colocava uma das minhas mãos no bolso da calça, ela apenas sorriu e assentiu.

Não somos amigos, nem inimigos. Até terminamos nossa amizade de forma bem... fiz uma pausa. Amigável. Ela pareceu duvidar, mas não questionou. Ótimo. Inventei uma desculpa qualquer para não passar o intervalo com elas e pude vê-la se despedir e caminhar até suas amigas, que pareceram se decepcionar ao ver que eu iria até elas como acharam. Talvez numa próxima, quem sabe. Estava com fome, por conta disso, decidi ir até a cantina rapidamente comprar qualquer coisa que me fizesse sobreviver ao restante das aulas.

Antônia

Ficaram sabendo do menino novo? Bianca perguntou ao sentar-se na mesa, a mesa onde estávamos era uma das últimas, um pouco afastada e também nos permitia ter uma visão privilégiada de todo ambiente. Franzi o cenho e Gabriel deu de ombros. Sempre sentamos juntas ali, mas a partir do momento que o Gabriel veio para cá ele passou a nos fazer companhia.

Parece que é a única coisa que as duas garotas que sentam na minha frente falam, não tem nem como não saber. Gabriel resmungou fazendo cara de tédio. Não respondi. Eu já imaginava quem seria, apesar de não ter escutado nada. Provavelmente o garoto que me ajudou com a blusa, e de certa forma, eu entendia porque era o único interesse das meninas. Carne nova no pedaço, bonito, aparentemente interessante, mas não sei por que, com uma expressão estranha. Poderia ser coisa da minha cabeça, principalmente por tê-lo visto só uma vez, mesmo ele querendo aparentar estar totalmente bem e nem aí com nada parecia guardar algo com ele. Instigante, misterioso. Mas nada que me fizesse ficar interessada ou ao menos agir como a maioria das garotas estariam agindo agora. Talvez se Bruno não existisse, ou eu não o conhecesse, poderia até cogitar a hipótese.

Pois é, parece que o único assunto da escola é este: O garoto novato. Bianca murmurou e logo após revirou os olhos.

Ouviu os boatos? Indagou.

Sim. Pelo que eu entendi ele e o Bruno não se dão muito bem. Já estão inventando vários motivos: Bruno socou a cara dele por ter o desrespeitado; ele e Bruno já se deram bem, mas, esse tal novato declarou inimizade quando Bruno o venceu numa partida de futebol. Ou, o melhor de todos e mais criativo: Bruno pegou o novato e a mãe dele na cama. Ao escutá-la, não aguentei e ri. Assim como Gabriel.


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Notas finais do capítulo

Ai está! Quem quiser pode mandar opiniões e o que querem ver aqui, pois irei ler e levar muito em consideração, porque amo mesmo descobrir outros pontos de vista; até o próximo capítulo que postarei em breve! bjssss



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