Te amar não estava nos meus planos escrita por Ana Bobbio


Capítulo 27
Inconsciência.




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Acordei sentindo minha pele sendo acariciada levemente, e não demorou muito para que lábios úmidos e gentis percorressem instintivamente pelo meu pescoço descendo até meu braço esquerdo, que estava descoberto.

Eu queria continuar de olhos fechados para aproveitar e prolongar mais aquelas carícias, as quais me causavam arrepios só de sentir, mas eu tinha que acordar, porque meu estômago roncava de fome.

Tínhamos ficado acordado quase a noite inteira, aproveitando muito bem o momento que tivemos juntos. Mal havia dormido, por isso era mais difícil abrir os olhos. Virei-me na cama macia a fim de voltar a dormir, mas desejando que ele não parasse com os beijos. Então, para a minha sorte ou azar, senti seus lábios deslizarem suavemente pelo meu rosto, e eu respirei fundo para tentar me controlar e não pular em seu colo.

Então eu abri os olhos. E, mais uma vez, tive que fazer um esforço tremendo para não abraça-lo com força e beijá-lo ferozmente quando o vi em minha frente, usando apenas uma cueca boxe branca. Eu tinha que aprender a me comportar diante dessas situações, é claro que eu o amava e por isso estava deste jeito. Mas, não é possível! Não faz sentido, porque é como se eu não conseguisse me conter e me aquietar diante da sua imagem tornava-se algo totalmente complicado.

Era como pedir para que eu parasse de sentir meu coração se agitar de maneira fervorosa, ou como se pedisse que eu o apagasse da memória e voltasse a gostar de Bruno. Totalmente sem volta. Inacessível.

Eu estava, literalmente, ferrada.

Procurei esconder o meu nervoso, não me senti tão intimidada com sua presença, como se fosse normal ele estar com uma garota tão... Sem graça como eu. Queria que fosse, queria que ao menos eu chegasse perto dele, mas não era possível. E eu tinha que me contentar com isso, e entender que eu o mereço sim. Porque ele escolheu estar comigo, e isso ninguém mudaria.

Ele segurava uma bandeja contendo algumas frutas, iogurte, um suco amarelado em um copo de vidro. Quando ele pôs a bandeja à minha frente, tive uma visão melhor do que ele me trazia. Avistei uma simples flor, porém muito bonita, no canto da bandeja. Entreabri a boca um pouco surpresa com o gesto e, tentando relaxar as mãos para que não tremesse, peguei a flor de pigmentação violeta.

— Eu sei que normalmente damos a pessoa que amamos flores vermelhas, que representam paixão entre outras coisas. Mas, embora exista isso também... — Eduardo parecia sem jeito, como se pedisse desculpas pela escolha da flor. Como se não soubesse o que fazer, ele estava terrivelmente sem jeito e intimidado, o que me deixou mais confusa ainda. — Embora eu esteja terrivelmente apaixonado por você, acredito que não seja só isso. Paixão não explica o que eu venho sentido a amanhecer, que só aumenta enche o meu peito de alegria e medo de te perder de alguma forma. Nem quando estive com Maggie preocupei-me com esses pequenos detalhes, e senti-me tão incapaz e sem vida como quando decidi voltar à Londres e voltar a minha vida antiga antes de você aparecer. Eu quero te dizer que agora faz sentido te dar ela, porque tudo o que ela pode representar você me proporcionou. De uma maneira incompreensível, me proporcionou.

— Eduardo... — Sussurrei seu nome, chegando um pouco mais perto dele.

— Eu tenho que te falar Antônia. Eu estou arrependido, completamente arrependido por não ter acreditado em você. Por ter desistido de você tão fácil, e eu quero me redimir. Eu quero que você me perdoe, e que você entenda que eu não vou te deixar, nem que você me peça. Não me importo se eu parecer um louco perdido, ou se eu tiver que me ajoelhar aos seus pés e implorar que aceite ficar comigo, eu não me importo. — Ele continuou. Automaticamente, Eduardo chegou mais perto de mim e encostou seu polegar sobre minha bochecha, fazendo-me fechar os olhos e suspirar de nervoso. — Então, de acordo com a pequena pesquisa que eu fiz, achei que essa simples amostra de amor-perfeito, que é o nome desta flor. — Ele a retirou da minha mão, sem nenhuma dificuldade. Lentamente, a colocou atrás da minha orelha direita, retirando uma pequena mecha de cabelo que estava atrapalhando. — Achei que pudesse de alguma forma ilustrar algo que vai além do simbolismo ou da paixão, talvez o amor. Ou algo bem maior do que isso. Você traz calma a minha vida, mesmo que com você ao meu lado meus pensamentos não se aquietem. O único sentimento bom com que venho tendo ultimamente é o que estou sentindo por você a cada segundo que passa, a cada vez que te sinto mais minha. — Bruscamente, os braços de Eduardo enlaçaram minha cintura e meu corpo movimentou-se rapidamente de encontro ao dele. Aproximando não só nossas peles, mas também nossos olhares e nossos rostos. Minhas mãos, antes pousadas na cama, sentiam o choque de seus ombros contra meus dedos.

— Eu amo você. — Disse com a voz um pouco rouca, fechando meus olhos com força para senti-lo mais presente. E consegui. — Eu amo você. — Sussurrei pausadamente, tentando manter minha voz firma e tendo a necessidade de fazê-lo acreditar nisso. Eu não tinha certeza de mais nada, apenas disso. Puxei-o com força e pressionei meus lábios contra os dele. Mas não o beijei, e ele não se moveu.

— Eu amo você, Tônia. — Retribuiu, depois de um tempo longo.

Então eu sorri, antes de beijá-lo.

(...)

O sábado chegou como um dia ensolarado e ótimo para um belíssimo banho de praia. Havia combinado com Alicia que iríamos à praia de Brighton, que pra ser sincera me encantou por sua peculiaridade. Quando Eduardo chegou, assustei-me ao ver uma figura feminina ao seu lado. Parecia uma modelo, de fato. O cabelo da garota ao seu lado eram lisos e loiros, com ondulações caídas até as costas. Seus olhos mantinham um verde vivo quase azul e vestia-se tão bem que me senti totalmente ofuscada com meus jeans um pouco surrados. Usava uma saia de cor clara, puxada para o bege e uma blusa rosa. Senti uma certa raiva quando ela tentou e conseguiu ter a atenção do Eduardo, e mesmo que eu tentasse não estampar um pequeno vestígio de ciúme no meu rosto, acho que meus olhos denunciavam minha completa intolerância com sua presença.

— Prazer, sou Lauren. Sou filha do melhor amigo do pai do Edu, e sua melhor amiga de infância. Irei passar uma pequena temporada por lá junto com meu pai, espero que não se incomode. Você é a Antônia, certo? Espero que saiba falar inglês, infelizmente, não sei falar outra língua. — Cumprimentou-me estendendo a mão em minha direção, tentando parecer amistosa, pareceu que ela se esforçava para isso. Senti seus olhos me avaliarem da cabeça aos pés, e um sorriso estranho e divertido aparecer em seu rosto. Como se eu fosse uma piada e não esperasse que eu fosse assim. Talvez eu devesse voltar ao quarto e tentar passar algum batom, para ao menos parecer mais feminina ou digna de ser a garota por quem Eduardo diz estar apaixonado. Por fim, apenas tentei relaxar e retribui seu cumprimento tentando não fazer vexame algum.

E que história era essa de Edu? Foda-se que era sua melhor amiga de infância, ou que fosse o caralho a quatro! Ninguém poderia chamá-lo dessa forma, a não ser eu! Mas, o que eu estava pensando? É claro que ela poderia chamá-lo assim, ainda deveria ser sua melhor amiga de infância, oras! Portanto, tenho que parar de ver coisas onde não têm, e parar de agir como uma namorada ciumenta.

Enquanto estávamos indo em direção ao carro, Eduardo parou ao meu lado e passou seu braço pela minha cintura, afastou meu cabelo e sussurrou um ''você está linda'' no meu ouvido. Depois disso, dessa pequena atitude dele, pude enfim relaxar de verdade e sentir-me um pouco mais confiante. A ponto de tirar qualquer pensamento mesquinho da minha cabeça e deixar nela apenas o fato que, de um jeito enigmático, Eduardo era meu. E ele gostava de mim. Sai do pequeno transe e da minha constatação quando vi Lauren ultrapassar-me e sentar-se no banco do carona ao lado do garoto de cabelos claros e olhos irresistíveis.

Um pouco emburrada, mas tentando não transparecer isso, sentei-me no banco de trás e fiquei feliz quando senti Alicia deitar a cabeça no meu colo, de certa forma me relaxando por me dar à chance de ter outra coisa para prestar atenção, fiquei mexendo em seus cabelos até que ela dormiu. Fiquei feliz por Alicia preferir a mim a garota intrometida que estava sentada no meu lugar. No meio do caminho ela me fazia algumas perguntas, e eu respondia com palavras curtas, como sim e não. Eu ainda sentia seu divertimento em suas palavras, e confesso que isso já estava me incomodando a ponto de me irritar.

Finalmente chegamos! Dentro daquele carro, que aos minutos não se passavam, eu estava a ponto de vomitar no cabelo feito loiro tingido da garota tão alta que me perguntei se ela tinha algum problema por conta do salto que usava. Quem precisava usar saltos aqui era apenas eu, por ser meio baixinha, e não ela. Aproveitamos para comer alguma coisa, Alicia estava completamente feliz por poder se acabar nos doces, hoje sua mãe havia liberado.

Depois que Eduardo comprou alguns balões para a pentelha de personagens da Disney e em formato de coração, ela insistiu que a levássemos até o parque de diversões. Lauren estava quieta ao nosso, e poderia ser coisa da minha cabeça, mas eu tinha a impressão que seus olhos analisavam-me a cada instante como se debochasse das minhas atitudes.

Eu, sinceramente, preferia achar que era apenas impressão.

Como o verdadeiro namorado prestativo que era, Edu se materializou ao meu lado quando fui conversar com Alicia sobre alguns brinquedos que ela queria ir, estava com medo que ela se machucasse e estava quase pegando-a no colo e a tirando dali. Aqueles brinquedos pareciam tão perigosos para Lili, que eu quase a via sendo devorada pelos monstros de mentira que se espalhavam pelo parque. Eduardo sorriu para mim tentando me fazer relaxar, e como sempre obteve sucesso.

— Não se preocupe com ela, amor. Ela estará segura, não se preocupa. Ela é grande, e forte, olha os músculos dela! — Edu tentou me convencer, Alicia como a verdadeira fã número um do meu namorado, ergueu o braço mostrando como era forte. E eu, claro, suspirei sendo vencida por aqueles pares de olhos que suplicavam minha autorização. Depois de me beijar alegremente por eu ter permitido, Alicia correu em direção ao brinquedo e fiquei ali, vendo-a se afastar. — Não se preocupa, ela estará em segurança. Qualquer coisa, Lauren se dispôs a ficar aqui para vigiá-la. O que acha de andarmos um pouco por ai? — Perguntou, mordendo suavemente o lóbulo de minha orelha, um arrepio percorreu meu corpo.

— Eu acho que é uma ótima ideia. — Sussurrei, virando-me para ele, alisando seu rosto tão perto do meu, sorrimos juntos. E nada mais foi dito por palavras, às vezes nossa comunicação baseava-se em apenas nós dois, juntos, e o silêncio. Ele pegou em minha mão, e caminhamos lado a lado pelo píer que parecia inacabável, suas mãos apertaram as minhas com mais força e a segurança reinou em mim mais uma vez.

Porque ele estava ali. Parecia tão boba por estar tão feliz por simplesmente tocar seus dedos, porém não me importava com isso.

Eduardo prometeu ser rápido quando foi comprar algodão doce para nós dois, preferi esperá-lo. Virei-me olhando para o enorme mar que se encontrava em minha frente, escorei na pequena sacada a fim de admirar mais a fundo a bela paisagem que eu tinha. Diversas pessoas circulavam de um lado para o outro, totalmente despreocupadas com tudo, e isso era bom. Soltei os ombros, prometendo que eu também agiria assim, e pensaria em outras coisas como a minha volta para casa em outra ocasião.

Foi em meio a esses pensamentos que senti uma mão empurrar-me com tanta força, que não consegui nem olhar para trás, apenas senti meu corpo virar. Não tinha como arquitetar alguma ideia naquele momento, a única que se passava pela minha cabeça era que eu estava caindo. E que eu não sabia nadar.

Choquei-me contra a água gelada e mesmo que eu tentasse fechar os olhos para acordar de algum pesadelo, eu não consegui. Tentei gritar, inutilmente. Mesmo imersa, abri meus olhos da esperança de encontrar algum vestígio de ajuda. E nada vi.

Aos poucos estava sentindo a dormência me dominar, e quanto mais eu tentava subir, a procura de ar, mais impossível isso se tornava. Até que fui atingida pela inconsciência.

Meus olhos se fecharam, antes de eu escutar alguma coisa inaudível.


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Notas finais do capítulo

Tenho uma boa noticia, minhas férias começarão na proxima segunda-feira, então terei mais tempo para trazes a vcs os novos caps (: hausha minhas férias ainda não começaram, como a da maioria das pessoas :

Nos proxs caps trarei algumas revelações quanto a algumas duvidas q alguns ainda tem. :$
Nós vemos até la,
bjssss,
ana ♥♥



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