The Wind escrita por HikariBibii


Capítulo 6
Desculpas


Notas iniciais do capítulo

Heyooou pessoas!
Estou de volta mais cedo do que o normal, como prometido, já que estou de férias, com o capítulo 6! Esse cap alcançou quase 4.000 palavras, o que me deixou boquiaberta! Nunca pensei que fosse conseguir escrever tanto! Mas bom, pelo menos eu consegui colocar tudo o que eu queria nesse cap. Aproveitando que estou aqui, gostaria de começar a agradecer a todos os lindos que vem acompanhado a fic até então, obrigada: BlueGirl, Miss_Miyako, SatonePink, Julia Sasaki, Sweet Blasphemy, Marcondes Pereira, Isa Poke Shugo, eduardacoppo e liice! Obrigada, vocês são incríveis!
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Quarta-feira, 19 de Setembro.

Eram 11 da manhã, eu estava em casa, deitada na minha cama, com um termômetro na boca, fingindo estar doente. Eu não consegui criar coragem de ir pra escola depois de tudo o que aconteceu ontem à noite. Com que cara eu vou olhar para o professor N da próxima vez que o ver? Tal pensamento não saía da minha cabeça, junto com as lembranças da noite passada.

O abraço dele era tão quente... E depois de nos abraçarmos, ele me levou até em casa. Andamos lado a lado pela rua escura e deserta, em silêncio absoluto, sem trocar uma palavra sequer. O meu rosto estava completamente vermelho e o meu coração batendo a mil. Quando chegamos na porta de casa, ele apenas falou para eu me cuidar e foi embora. Nem tive a chance de olhá-lo de relance quando ele deu de costas, sumiu quase que instantaneamente.

Chegando em casa, a minha mãe indagou aos berros o porquê da minha demora, e o porquê de eu estar toda suja, com os ingredientes amassados e todos os ovos quebrados. Eu não estava muito a fim de conversar, logo, tivemos uma pequena discussão, que terminou com eu indo para o banho e logo depois para o meu quarto. Não sai daqui desde então, nem ao menos para comer.

Ouço um barulho vindo da porta, parecia que a maçaneta estava sendo girada. Em questões de segundos ouço a porta sendo batida com força.

– T-T-OU! EU PRECISO DA SUA AJUDA! - me viro bruscamente e me deparo com Mei, extremamente vermelha na frente da porta, segurando uma bandeja carregada e usando o seu uniforme de líder de torcida.

Mei se aproximou de mim ainda vermelha, e estendeu a bandeja na minha direção:

– Como eu sei que você está doente e não come desde ontem, eu peguei uns restos do café da manhã e coloquei aqui para você. – falou ao apoiar a bandeja na cômoda, ficando um pouco menos corada.

– O-obrigada, Mei! – minha boca se encheu de saliva, e logo levantei para pegar o delicioso sanduíche que estava no prato sobre a bandeja. – Mas então, no que você precisa da minha ajuda? E o que você está fazendo em casa às 11 da manhã? Não deveria estar na escola?

– SIM, EU DEVERIA, MAS EU ESTRAGUEI TUDO! – Mei berrava aos prantos apertando o próprio rosto com as duas mãos.

Olhando para a minha irmã de cima a baixo, algo me dizia que tinha acontecido algo entre ela e o Hyuu, visto também que ela estava com seu uniforme de líder de torcida.

– Aconteceu algo entre vocês? – perguntei dando uma mordida em meu sanduíche que revelava-se ser de patê de azeitona com queijo. – Sabe, entre você e o Hyuu.

– Aaaah Tou! Você como uma mulher mais velha e experiente precisa me ajudar, porque eu ESTRAGUEI TUDO! – a morena continuava a berrar na minha frente, sem conseguir se acalmar.

Fitei ela com atenção. Eu não tinha outra escolha. Peguei a almofada mais próxima e lancei em sua direção. Mei caiu pra trás soltando um pequeno grito.

– Está melhor agora? – perguntei sorrindo de leve.

– Sim. – ela respondeu ao se levantar e ao abraçar a almofada contra o corpo.

– Então tá, agora você me explica porque você estragou tudo.

– Bom, eu estava lá, no meu treino de líder de torcida com os membros do UST. Eu e as outras meninas selecionadas estávamos ensaiando uma coreografia enquanto os meninos jogavam. E bom... eu conseguir ESTRAGAR TUDO caindo no meio da dança! E não foi só um tombo qualquer, EU CAI EM CIMA DELE! – Mei finalizou com a mesma vermelhidão no rosto de antes.

– E aí, você morreu de vergonha e fugiu pra cá? – perguntei ironicamente.

– Isso mesmo! – ela respondeu quase chorando.

– O que?! Sério, que você fugiu mesmo?! – retruquei ao arregalar os meus olhos. Não esperava esse tipo de atitude da minha irmã. Deve ser porque eu nunca a vi a apaixonada antes.

– Sim! Por quê mais eu estaria aqui e não na escola?! – exclamou a minha versão melhorada, me fazendo acordar pra realidade.

– Ok, ok, você está certa. Mas o que exatamente aconteceu pra você cair?

– Eu estava dançando, mas durante o jogo, ele deu uma parada rápida perto de onde eu e as outras meninas estávamos, e olhou pra mim Tou! ELE OLHOU PRA MIM! E você sabe o que acontece quando ele olha pra mim!

– Sei... continua.

– Eu caí em cima dele da forma mais constrangedora possível. Eu fiquei sobre ele, e nós ficamos cara a cara. O rosto dele estava tão próximo do meu que parecia até que nós fossemos nos beijar! E-e-e- que vergonha! Todos os outros meninos do time e as outras líderes e torcida viram a cena! Como eu faço agora pra olhar na cara dele de novo?! – esperneou botando para fora a situação que avermelhava suas bochechas.

Mei acabava de me pegar no flagra, mesmo sem saber. Era exatamente essa pergunta que eu estava fazendo para mim mesma a manhã inteira. Como eu faço agora para olhar na cara dele de novo?! Felizmente, dar conselhos era mais fácil do que seguí-los, e eu apenas tinha que aconselhar a minha irmã de alguma forma.

– Pelo o que você disse, me parece que o que aconteceu foi um acidente completo. Você deveria voltar lá e pedir desculpas. Não havia necessidade de você sumir assim de repente.

O rosto de Mei começou a ficar menos vermelho, e pela sua expressão facial eu diria que ela estava mais calma.

– Você está certa, Tou! Ainda bem que eu tenho uma irmã mais velha experiente para pedir conselhos! – agradeceu-me com um sorriso gentil, aquele sorriso que só a Mei faz.

– Você diz experiente... como se eu já tivesse tido algum relacionamento. – comentei, provocando um risinho na morena – Mas, agora que você está aqui, o que rolou depois daquele dia com o Hyuu? Sabe, depois que vocês foram embora do teste das líderes de torcida.

Mei sorriu encabulada. Começou a enrolar o dedo indicador em uma mecha de cabelo ao fitar o chão.

– Não aconteceu nada de demais. Ele apenas me explicou como funciona a UST e decidimos como seriam os nossos treinos, de forma que ficasse agradável para ambos os lados. Nós comemos no Wc Donald’s e foi bem divertido passar esse tempo com ele, mesmo que conversando sobre coisas sérias.

– Ele não falou nada sobre aquela atitude repentina dele, sobre ter te escolhido? Ele não te reconheceu como a menina daquele episódio que você me contou?

Mei sacudiu a cabeça para os lados, demonstrando negação.

– Mas sabe... – ela começou – Foi melhor assim. Algo me diz que alguma hora eu vou obter as respostas para essas perguntas. E isso vai acontecer quando nos aproximarmos mais, naturalmente. Conversando com ele, eu percebi uma coisa, que para eu ser a líder de torcida dele nós temos que estar sempre em sintonia, nos conhecer bem, e nos darmos bem, como se fossemos um só. Isso só me fez ter mais certeza de que eu realmente sou apaixonada por ele! – Mei finalizou com um sorriso acompanhado de maçãs no rosto, comprovando a sua paixão.

– Boa sorte então, Mei! É melhor você voltar logo para se desculpar, não acha? E obrigada pelo lanche!

– Eu que agradeço, Tou! Obrigada também por ser uma ótima irmã! Sempre que eu converso com você me sinto mais confiante para fazer qualquer coisa! – a morena finalizou ainda sorrindo, como de costume, ao sair do quarto.

Fitei o teto mais uma vez, e os pensamentos de mais cedo voltaram a remoer na minha mente. Voltar lá e ir pedir desculpas pra ele... Talvez fosse isso que eu devesse fazer também... Eu devia me desculpar por ter causado problemas pra ele ontem à noite... As suas mãos ficaram bem machucadas depois daquilo... E além do mais, tenho que me desculpar também por tê-lo abraçado tão repentinamente... Eu não deveria abraçar o meu professor por aí, ainda mais tão perto da escola, se alguém conhecido visse, poderia ser problemático.

E além disso...

“Eu apenas gosto de ficar de olho no que é importante pra mim.”

Sacudi o rosto a fim de afastar tais lembranças. Não dava, era mais forte que eu. O que ele realmente quis dizer com isso? Ou melhor, será que ele falou isso mesmo? Eu devia estar tão atordoada na hora, que acabei ouvindo coisas. Mesmo que essa fala me pareça tão real...

Uaah, que sono!

x-x-x

Pipipi. Pipipi. Pipipi.

O alarme que coloquei para às 14:45 soava. Levantei da cama, vesti o meu uniforme às pressas, peguei a minha bolsa e saí do quarto. Depois da conversa que tive com Mei, eu estava obstinada a desistir dessa febre fingida e ir até a minha aula de recuperação pedir desculpas para o professor N.

Desci as escadas com pressa, contudo hesitei nos últimos degraus ao ouvir a voz da minha mãe, vindo da cozinha, falando no telefone. Essa não... a minha mãe pensa que eu estou realmente doente... se ela me ver saindo, posso acabar tendo problemas. Comecei a andar na ponta dos pés na direção da porta. Retirei as minhas chaves da bolsa e hesitei. Não... melhor não... se eu abrir a porta vai fazer muito barulho, e ela obviamente vai escutar.... Olhei ao meu redor a fim de encontrar alguma solução para o meu problema. Isso! A janela! Caminhei poucos centímetros, ainda na ponta dos pés, até a janela da sala. Para a minha sorte, ela estava aberta, e tudo o que eu teria que fazer era pular do primeiro andar cuidadosamente e-

– A-aah! – acabei caindo na calçada do jeito mais desengonçado possível. Eu definitivamente não era uma garota atlética.

Tapei a minha boca com as mãos ao ver a sombra da minha mãe se aproximando da janela, fazendo- me perceber que havia soltado um pequeno grito quando pulei para fora. Me levantei rapidamente, e saí correndo na direção da escola.

Se ela for até o meu quarto, eu definitivamente vou estar muito ferrada quando voltar para casa... Mas bom, me desculpar com o professor N é mais importante agora!

x-x-x

Chegando na porta da escola, avistei Cheren. Que surpresa! O moreno logo me reconheceu, acenando de longe. De vez em quando isso acontece. Quando Cheren é liberado mais cedo da faculdade ele sempre aparece de surpresa para ver a Bianca na hora da saída. Isso que é um namorado dedicado!

– E aí, Touko. O que você está fazendo chegando na escola essa hora? – o moreno indagou curioso.

– Ah, e aí Cheren! Que surpresa te ver por aqui! Estou chegando só agora porque não estava me sentindo muito bem de manhã, e como agora eu tenho aula de recuperação de biologia, resolvi aparecer.

– Haha, nossa Touko, que progresso! Pelo o que conheço de você, no passado, pelo menos, você aproveitaria uma situação dessas para passar o dia todo em casa. Que bom que está ficando mais responsável. O que foi que aconteceu? – comentou o moreno ao tirar um pouco do meu sarro.

Mas bem que o Cheren estava certo. Antigamente, eu jamais, tendo me recuperado de uma febre, iria retornar para escola só para assistir uma mísera aula. Só que acontece que esse sentimento de culpa em relação ao professor N estava me matando tanto que eu precisava fazer alguma coisa a respeito. E, além disso, se eu matasse mais uma aula de recuperação, as minhas notas nunca iriam melhorar e eu teria que aguentar a minha mãe berrando comigo mais uma vez.

– Bom, é melhor você ir lá então, se encontrar a Bianca, avise que estou aqui esperando por ela.

– Ah, claro! A gente se vê! – me despedi do moreno com um aperto de mãos, e segui para dentro da escola.

A cada passo que eu dava a caminho da minha sala, o meu coração batia mais forte. Conseguia senti-lo sem nem ao menos tocar em meu próprio peito. Quanto mais próxima da sala eu estava, mais os mesmos pensamentos que haviam me infernizado o dia inteiro voltavam à tona. Tudo o que eu tinha vontade era dar meia volta e voltar para casa. Mas eu não podia. As coisas não podiam continuar assim. Eu quero vê-lo...

Ao chegar na porta da sala, avisto Bianca e Black conversando ao lado do bebedouro mais próximo. Sinto uma sensação fria e desconfortável percorrer o meu corpo. Minha expressão facial ficar séria e os encaro de relance com um olhar frio.

– Tou! Você veio! O que aconteceu com você mais cedo? – a loira perguntou sorrindo ao vir na minha direção.

– Nada de demais... – respondi friamente ao fitar o chão – Só não estava me sentindo muito bem... Apropósito, o Cheren está lá fora te esperando...

Percebi que o sorriso de Bianca se desmanchou na hora. O que deu nela? Normalmente seu sorriso tendia a aumentar quando sabia que o Cheren estava lá fora. Vai ver ela pretendia sair com o Black e pelo visto não vai dar mais. Bom tanto faz, não era problema meu. Eu tinha algo mais importante para me preocupar agora.

Passei pela loira e pelo moreno sem trocar mais nenhuma palavra e entrei na sala. Sentei na carteira em frente à mesa do professor, tirei as minhas coisas da bolsa e as espalhei pela mesa. Fiquei olhando para a porta, esperando o professor N chegar.

Ele estava demorando. O que me preocupava. Já eram 15:05 no relógio da sala, e ele sempre costumava ser super pontual. Justo hoje quando eu criei coragem para vir aqui ele resolve demorar assim? Ou será que ele também estava nervoso para me ver depois do que aconteceu...? Fitei a janela, a fim de me descontrair um pouco, eu estava tensa demais.

Cheren ainda estava lá fora esperando por Bianca. E foi só eu pensar isso que a loira aparece, seguida por Black. Aparentemente, Bianca estava apresentando um ao outro com um sorriso no rosto, mas ambos não pareciam estar gostando muito do que estava acontecendo. Eles estavam um tanto sérios e começaram a conversar um pouco, ainda na porta da escola.

– Desculpe o atraso. – a voz de um anjo soa pelo os meus ouvidos, tirando completamente a minha concentração da cena que estava observando.

Sinto o meu rosto esquentar. Era ele. Cabelos verdes presos em um rabo de cavalo e olhos da mesma cor. Com feições de um deus grego e um jeito encantador.

– Esperou muito? – ele continuava a fazer perguntas, me provocando com sua voz.

Corei mais ao perceber que estava muda apenas o admirando, e resolvi responder:

– N-n-n-n-não...! – fitei o chão de nervoso – Cheguei agora pouco também... – engoli em seco.

– Chegou agora? Não estava aqui antes? – sua curiosidade ao meu respeito me provocava muito. Ele demonstrava um interesse acima do normal sobre a minha vida.

– É... de manhã não estava me sentindo muito bem... mas dei uma melhorada... então resolvi aparecer... – respondi ainda cabisbaixa na tentativa de disfarçar as maçãs que se formavam no meu rosto.

– Que bom que você está melhor e veio para a gente se divertir um pouco! – ele comentava, sorrindo como um príncipe de tanta felicidade. Meu coração vai explodir! É muita lindeza para um homem só!

O professor N se virou e começou a fazer algumas anotações sem sentido no quadro. Percebi que as suas mãos estavam enfaixadas com uma gase branquinha. O sentimento de culpa começava a me remoer novamente. Contudo, enquanto ele anotava, acabei desviando a minha atenção para a janela mais uma vez. Cheren, Bianca e Black ainda estavam lá, e o clima, diga-se de passagem, não parecia dos melhores. Bianca sorria ao falar, e enquanto isso, os dois ficavam sérios, apenas se encarando da cabeça aos pés. Aquele moreno de olhos castanhos me irritava muito, eu não gostava de vê-lo perto da Bianca. Eu definitivamente não ia com a cara dele.

– Algo errado? – a voz angelical soa pelos meus ouvidos mais uma vez, chamando a minha atenção.

– A-ah... nada! – tento disfarçar, ao começar a copiar as anotações do quadro negro.

O professor N fita a janela, e logo depois volta a olhar pra mim com um olhar sério.

– Tem algo errado, sim. E se você continuar assim não vai conseguir prestar atenção na aula. – o professor me encarava com as mãos na cintura como quem estivesse esperando que eu falasse alguma coisa.

Eu sabia que ele queria que eu contasse para ele o que estava me deixando tão dispersa assim. Além da sua presença, como de costume, tinha o fato daqueles três estarem conversando bem em frente da janela da sala. E mais uma vez, ele estava se interessando demais pela minha vida...

Suspirei, vendo que não tinha mais jeito e comecei ainda cabisbaixa:

– Você, alguma vez, por acaso, já sentiu algo extremamente frio e desconfortável percorrer o seu corpo quando você vê uma determinada pessoa perto de uma outra em especial? Sendo que a pessoa em especial seria alguém que sempre esteve com você e de repente começa a passar bastante tempo com uma outra que te incomoda muito... fazendo com que você se sinta excluído...

Ao levantar um pouco o rosto, percebo que o professor N estava com a cabeça apoiada em uma das mãos sorrindo para mim de um jeito extremamente fofo, fazendo-me corar instantaneamente!

– Parece que alguém aqui está com ciúmes... – ele comentava sorrindo com sua voz melodiosa.

Ciúmes. É. Eu definitivamente estava com ciúmes e sabia disso. Só que até então eu não queria aceitar que eu estava com ciúmes daquele garoto. Fitei os olhos verdes encantadores a minha frente e mandei ver:

– Então quer dizer que você também já sentiu ciúmes?

Ele riu um pouco. Me olhou achando graça. Mas não demorou muito para responder:

– Todo mundo já sentiu ciúmes. E se não sentiu, vai sentir ainda um dia. É um sentimento completamente normal, que ou você acaba se acostumando com ele até ele passar, ou ele simplesmente passa.

– E como você se livrou dos ciúmes? – a expressão facial do professor N mudou no exato momento em que lancei a pergunta no ar. Ele ficou bem sério e pareceu hesitar um pouco em responder.

– Circunstâncias da vida. – ele sorriu – Mas lembre-se, código escolar n° 981: a vida do professor é privada, os alunos não devem ser intrometer.

O quê?! O QUÊ?! Quem ele pensa que é?! Ele é o que mais se intromete na minha vida e quando eu pergunto uma coisinha boba dessas pra ele, ele não pode me responder?! Que cara de pau! Virei o meu rosto pro lado, completamente emburrada, voltando a olhar para a janela. Os três já haviam ido embora. Voltei o meu rosto para frente e continuei a fazer as minhas anotações. O professor N, pra variar, continuava sorrindo.

Passou-se um tempo. Na verdade, um bom tempo. Tempo no qual eu fiquei me dedicando a cópia do conteúdo no meu caderno. Quando finalmente terminei, me virei para o professor, que esteve todo esse tempo apenas me observando.

– Terminei. – afirmei, ainda séria, depois da idiotice que ele me falou.

– Que bom, por hoje é só. Vou te liberar meia hora mais cedo, já que pelo visto, hoje você não está com cabeça para prestar atenção em nada.

Até que ele estava certo. Minha mente estava um tanto perturbada desde ontem à noite. Já fui forte o suficiente a ponto de vir até aqui, ver aquele moreno maldito com a minha melhor amiga e ficar nessa aula até o fim.

– O-obrigada... – apenas agradeci, fitando o chão, enquanto pegava as minhas coisas que estavam sobre a carteira e as colocava de volta dentro da bolsa. Feito isso, me direcionei para a saída da sala.

“Você deveria voltar lá e pedir desculpas pra ele.”

A minha voz aconselhando Mei mais cedo soa na minha mente, me lembrando rapidamente do que eu realmente vim fazer aqui hoje! AAAAh, aquele moreno maldito! Me fazendo até esquecer das coisas importantes! Me virei para trás e fitei bem o rosto do anjo na minha frente:

– Pro-professor N... eu posso lhe pedir uma coisa? – mirei o chão, sentindo o meu coração começar a acelerar.

– Claro. – ele começou – Mas só se deixar eu lhe pedir algo primeiro.

O professor N sorria pra mim, como se estivesse esperando alguma resposta minha. Apenas assenti com a cabeça para que ele desse continuidade, já começando a sentir o meu rosto esquentar um pouco.

– Não me chame mais de “professor N”. Me chame apenas N. Sabe, você não precisa ser tão formal comigo. – o professor N, digo, o N, me pegou em cheio. Eu realmente não esperava por essa! Como assim eu não preciso chamá-lo de professor?! Todos os outros alunos o chamam de professor e ele nunca falou nada! Por quê veio pedir esse favorzinho peculiar justamete para mim?!

Engoli em seco. Meu rosto ficou incrivelmente quente, e o meu coração estava pulando contra o meu peito. Respirei fundo, e tentei colocar pra fora aquilo que estava preso dentro de mim até então:

– ...N... eu... queria me... desculpar com você... pelo o que aconteceu ontem... – comecei, fitando o chão logo de início. Se fizéssemos algum tipo de contato visual, eu iria morrer! – Me desculpe por ter lhe causado tantos problemas... as suas mãos ficaram bem machucadas... e ainda estão... – comentei ao desviar o meu olhar para as suas mãos enfaixadas – E além disso.... sinto muito por... por... ter te abraçado tão repentinamente! M-me desculpe! Foi sem querer... foi por impulso... – finalizei com o rosto mais vermelho do que um pimentão, definitivamente.

Uma risada melodiosa tomou conta do ambiente. Olhei para frente e vi aquele príncipe de olhos verdes rindo. Rindo sem parar. Droga! Eu sempre fico confusa quando ele começa a rir desse jeito!

– Você não precisava se desculpar por isso. – ele começou, enxugando uma lágrima de tanto rir – Você não fez nada de errado. Sabe, você quase foi vítima de uma coisa bem séria, e se tem algum culpado aqui pelas minhas mãos estarem machucadas, sou eu. Afinal, foi como eu disse “eu apenas gosto de ficar de olho no que é importante para mim” e antes as minhas mãos machucadas, do que você. Sou aquele tipo de cara que não consegue ver uma donzela em perigo. – N finalizou sorrindo, sorrindo da forma mais doce que conseguiu.

Comecei a corar mais e meu coração estava pulando quase para fora do peito. Então ele realmente falou aquilo! Eu sabia que aquela fala me parecia ser real! Entrei em estado de choque, não sabia o que fazer e nem dizer depois do que ele disse.

Criei coragem, e apenas sorri do jeito mais desengonçado que pude:

– A-até a-amanhã! – dei de costas para o professor e comecei a andar rápido para fora da sala.

Ao sair da sala, corri pelo corredor a fim de chegar logo do lado de fora da USS. Estava correndo sem nem sequer pensar por onde eu estava passando. Parecia até que correr estava ajudando a aliviar a minha vergonha. Tudo o que eu mais queria ela chegar em casa logo e-

–A-ah! – grito ao cair em direção ao chão, sentido que esbarrei em alguma coisa.

Abro os olhos e toda a vermelhidão de antes retorna ao meu rosto em questão de segundos! Eu acabava de cair literalmente em cima do Cheren! Para ser mais específica, ele estava deitado e eu estava sentada em cima da sua barriga. Mas o que diabos ele estava fazendo aqui?! E por quê raios eu estou vermelha?! Tudo bem que ele é lindo, mas ele é o namorado da minha melhor amiga, eu não deveria estar me sentindo assim!!!

– Tou...ko... pode levantar por favor? Você está me esmagando... – resmungava o moreno quase sem fôlego.

– A-ah! Claro! – retruquei ao me levantar rapidamente de cima dele.

Cheren se levantou e me olhou seriamente:

– Eu voltei até aqui porque... nós precisamos conversar.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Se você leu o capítulo até aqui, muito obrigada! E por favor, não se esqueça de comentar, a sua opinião é muito importante pra mim! ♥
P.S: Continuem acompanhando a fic, não vão se arrepender!! ♥ ♥ ♥