Show me Forever escrita por danaandme


Capítulo 11
No more talk of darkness


Notas iniciais do capítulo

Ontem eu e a Chase estávamos batendo o maior papo no whatsapp... detalhe as duas com uma baita febre, acamadas, com uma bela virose. Ela estava me enviando quadrinhos fofinhos de Swanqueen :) e não sei como, e não sei porque, no meio da madrugada eu acordei com uma vontade enorme de mudar tudo que eu tinha pronto para esse capitulo. Então chamem de 'o efeito Chase' ou um mega delírio por culpa da febre, mas SHOW ME FOREVER chegou a seu último capitulo! Sim, depois desse só vai ter um epilogo para concluir a história e terminar de amarrar tudo.
Até ai tudo bem, nê? Okay.
Bem... como vocês sabem, eu sou daquelas que adora recorrer a todos os meios para fazer vocês sentirem a essência da história, então aqui vai um aviso. Alguns trechos estão escritos em Inglês antigo. Quer dizer não tão antigo... é só o inglês falado na época do Sr William Shakespeare!!!! Sim, foi a febre. E deu um trabalhão, mas eu fiquei bem feliz com o resultado. :) Ah, e não se preocupem, tem a tradução de tudo nas notas finais.
Abraços,
Dana.

PS- Tem algumas referências macabras quanto a real descendência dos vampiros, mas é só uma obra de ficção, okay? Nada pessoal. Apenas uma compreensão de que isso traria a história uma profundidade histórica maior.



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SHOW ME FOREVER

CAPÍTULO 11 – No more talk of darkness.

AVIGNON – FRANCE, 1449

As folhas amareladas despregavam-se dos galhos das árvores se amontoando no chão em grandes pilhas ao redor dos grossos troncos das formosas Faias espalhadas pelas campinas, sinalizando que a mãe-natureza já se preparava para o inverno. Não tardaria para que a paisagem secasse, assumindo as cores sóbrias e melancólicas que para muitos significava o início de uma temporada de desolação.

Sempre intrigou-me a importância da morte no segmento dos ciclos. Para que algo nasça, algo deve morrer. Um fenômeno dos mais magníficos de se observar, decerto. Pois, posta em fina analise, a morte não finda a existência de nada, pelo contrário, ela é a passagem para uma nova vida.

Posso enxergar claramente nos campos já desprovidos de suas inigualáveis flores selvagens, que nos brindam com sua beleza toda primavera, os requisitos dessa metamorfose no brilho resplandecente dos pastos que tinge os montes de dourado numa magnitude incontestável ao receber as últimas luzes do dia, quando os raios de sol tocam sua superfície no final da tarde. É algo difícil de definir em palavras. A morte exibindo-se num esplendor de silêncio e paz, abraçando minha pele com seu clamor bucólico, enquanto me alimento dos resquícios restantes de calor do dia, como se eu também pertencesse aquele milagre; é definitivamente divino.

Talvez por isso, meus olhos não encontrem nessa paisagem algo mais encantador que o crepúsculo. Um momento entre a luz e a escuridão, um simples intervalo entre o lá e o cá. Tal qual uma pausa durante uma canção, um minuto que aparentemente não significa nada, mas permanece embebido de uma carga dramática que abrange algo bem maior. Um breve momento. Um mero instante, capaz de libertar minha mente da opressão de viver sobre a máscara de hipocrisia a qual sou obrigada a aceitar desde a mais tenra idade.

“Lucille! Lucille!”

Uma farsa que se apodera de minha alma todas as vezes que respondo aos que clamam pela graça daquela que vive sobre a alcunha desse nome. Lucille, a filha caçula do tão honrado, Russel Fabray.

Pouso sobre o colo a pequena coroa de folhas secas que trançava, abandonando a distração momentânea, para dar atenção a Justine e Donatienne Laubignac, que correm, de uma maneira nada elegante devo salientar, sacudindo suas cestas de vime repletas de folhas secas e outros pacotes, subindo feito gazelas destemperadas pela colina, invadindo meu refúgio junto a sombra da mais frondosa Faia à margem os campos da cidade.

“Justine, Donatienne, Bonsoir. Ça fait longtemps! Comment allez-vous?” É uma cortesia repleta de ironia, o que certamente não passou desapercebido por minhas ‘melhores amigas’.

“Oh, Lucille. Por favor, deixe de formalidades... somos amigas.”

Amigas?

“Oh. Perdão. Então entendi errado quando ambas desprezaram minha presença até então?”

Justine parece encabulada, e como sempre, fica a encargo de Donatienne continuar os esclarecimentos.

“Foi um mal-entendido, decerto.” Ela disse, dando um passo à frente. “Além disso, já foi tudo esclarecido... Seu pai calou os fofoqueiros que difamavam sua honra e anunciou seu noivado com o primo segundo do Visconde de Turenne, jovem Monsieur Louis Godofredo de Comborn.” E após uma pausa ela cutucou a irmã e juntas acrescentaram em um jorro de alegria ensaiada. “Estamos felizes por você, Lucille!”

Evidentemente tal alegria não se devia ao fato do título convenientemente agregado ao jovem Mousieur Comborn.

Meus olhos voltaram a seguir a trajetória do sol que já desaparecia por entre as montanhas. Sei que meu silêncio deve ter sido interpretado como algum tipo de convite a um pedido de desculpas mais elaborado, portanto não houve surpresa de minha parte, quando as irmãs resolveram sentar-se na relva seca ao meu lado e continuaram a matracar seus sentimentos e sobre como estavam arrependidas por darem ouvidos as blasfêmias que envolveram minha graça.

Infelizmente para elas, suas desculpas me ofendiam ainda mais. Porque todos aqueles ‘boatos’ e ‘blasfêmias’ sobre a inocente Lucille Fabray, eram a mais absoluta verdade. Eu havia cometido uma heresia ao me permitir amar outra garota, e meu pecado ainda atingia o pior nível de perversão concebido pela Igreja, porque aquela que conquistara minha afeição havia sido ninguém menos que Anne Michéle Comborn, a irmã de meu futuro marido.

Ça suffit!!!” Decretei me levantando de uma vez, silenciando as duas irmãs. “Agradeço pela companhia, mas preciso retornar agora.”

As duas me oferecem um olhar assustado, mas decidem não contrariar a futura senhora Comborn.

“Tem razão, Lucille. Já está ficando tarde, não é mesmo? Não é de bom tom ficarmos nos distraindo nas campinas até essa hora. Allez, on t'emmène!” Justine milagrosamente toma a frente da irmã, oferecendo para acompanhar-me.

“Não precisa. Prefiro retornar sozinha.”

“Lucil—” Mas Justine teve suas palavras detidas por sua irmã.

“Deixe-a ir, Justine. Agora que todos na cidade voltaram a idolatrá-la, por conta de seu noivo, ela não precisa mais de nós.”

A acidez daquelas palavras fez-me retroceder.

“Idolatrar-me, você diz. Pois creia, minha cara amiga, sinta-se à vontade para ter comigo toda a idolatria que envolve meu nome, porque pouco me importa o futuro como aparentada da Corte! Do que vale um título, senão há algo que faça meu coração bater mais forte em meu leito nupcial? Prefiro a morte! Que os anjos me escutem, porque clamo a sorte que certamente encontrarei junto escuridão eterna, pois aquela a quem entreguei meu amor destrata meu afeto, ignora minhas suplicas e desdenha do meu sofrimento.”

Já não me importava com as lágrimas que escorriam livremente por minhas faces, ou mesmo com os olhares estupefados perante minha confissão inesperada. Elas que corram e espalhem novos boatos.

“Olhem! Aqui está Lucille Fabray, uma farsa que se sustenta numa teia de mentiras, forjadas a partir dos ideais de um pai que pouco se importa com o destino de sua filha, seu próprio sangue e carne. Prefiro arder no inferno, que viver em meio a essa corja fétida, de intenções superficiais e interesses passageiros.”

Esquecendo meus modos, gritei as últimas palavras, enquanto elas corriam para longe, provavelmente para anunciarem o ocorrido perante os tão respeitados cidadãos de Avignon.

Eu ainda tinha as faces rubras de raiva, e respirava pesadamente recuperando o folego, quando ouvi as palmas ressoarem atrás de mim.

“Confesso que durante o pouco tempo que a observo, já havia percebido que a eloquência certamente era parte de seus atributos, My Lady. Mas, permita salientar que esse discurso excedeu todas as previas existentes sobre sua admirável pessoa.”

Suas feições estavam encobertas pela sombra da Faia cuja copa havia me abrigado durante a tarde, mas por seus contornos pude notar imediatamente que se tratava de um jovem rapaz de postura nobre e porte esguio. Não reconheci sua voz, mas a maneira como ele se expressava em francês, delatava que aquela não era sua língua-mãe. Ele disse, ‘My Lady e não Mademoiselle’, como seria conveniente dirigir-se a uma dama estando na França, e a maneira como ele pronunciou ‘My Lady’ e não ‘M’lady ou Milady’ deixou evidente de que se tratava de um nobre cavalheiro. Mesmo assim, por sua ousadia, dei um passo para trás.

“May I holp thee, My Lord?”

Sua risada melódica ecoou pelos campos, antes dele dignificar-me uma resposta.

“The young lady doest not cease surprising me.”

“I may say dear Sir, that as the honorable gentleman whom appears to be by the grace of thy good manners, that thou hast not yet dignifi'd me with the cursy requir'd in presence of a lady, by introducing yourself, thy surprise howev'r 'tis not forsooth greater than mine.”

Quaisquer que fossem suas intenções, eu pretendia deixar claro que não era simplesmente uma camponesa ignorante.

“Forgiveness for mine forgetfulness, My Lady.” A reação dele foi imediata, e o pedido de desculpas veio seguido de uma mesura. “Lest I known by Enoch, eldest son of mine father, his heir and the absolute master of mine house. As a way to redeem myself ere thy presence, allow me quote a common saying among thee.”

O jovem senhor Enoch, fez outra mesura respeitosa, talvez para assegurar-me de suas boas intenções. Quando devolvi o cumprimento, ele recitou num Francês com um sotaque evidente.

Par les soirs bleus d’été, j’irai dans les sentiers, Picoté par les blés, fouler l’herbe menue : Rêveur, j’en sentirai la fraîcheur à mes pieds. Je laisserai le vent baigner ma tête nue. Je ne parlerai pas, je ne penserai pas: Mais l’amour infini me montera dans l’âme, Et j’irai loin, bien loin, comme un bohémien, Par la Nature, – heureux comme avec une femme. Parce que L’Amour C’est la plus belle façon de se sentir vivant.”

Não pude evitar minha surpresa com a escolha de suas palavras.

“Those words hold thee dearly, My Lady?”

Ergui o queixo audaciosamente.

“Wholeheartedly.”

Um vento frio urgiu um calafrio sobre minha pele. Mesmo tendo seu rosto ainda envolto pelas sombras, eu podia sentir que ele sorria.

“Then doth not hesitate to taketh mine handeth, my beloved Lucy Quinn. I wilt giveth thee eternity to prove the true meaning of those words.”

Só então ele deu um passo à frente, deixando que a luz da lua iluminasse suas presas pontiagudas.

...

NEW YORK CITY – DIAS ATUAIS

Lord Enoch, meu criador. O filho mais velho daquele que foi o verdadeiro primeiro vampiro; o primeiro assassino a caminhar sobre a Terra. Suas palavras demoraram para se tornar realidade, mas nesse minuto, não poderiam ser mais válidas, ‘O amor é a melhor maneira de se sentir vivo’.

Vaguei pelo mundo durante todo esse tempo, já desacreditada nas palavras que me fizeram abraçar a escuridão naquele começo de noite em Avignon. Muito embora não tenha me arrependido do meu destino, cheguei muitas vezes a amaldiçoa-lo. Nunca esqueci o motivo pelo qual tomei entre as minhas, a mão do imortal o qual transmitiria a mim sua maldição. E apesar de claramente enxergar a solidão da eternidade em seu olhar, com minha, até então, tão limitada experiência de vida, só compreendi que o tempo a mim concedido para encontrar aquilo que eu tanto desejava sendo mortal não era o bastante. A eternidade estendeu suas garras sobre minha alma, e eu entreguei meu último suspiro e meu coração partido a eterna morte em vida, sem pensar duas vezes, simplesmente porque perante meus olhos, aquele vampiro, havia sido o único ser a responder minhas preces. Lembro-me bem daquela Lucy Quinn. Ela costumava ser impaciente, e bastante impetuosa para sua época. A morte a fez mudar.

A transformou.

A deu uma nova vida.

Mas não um novo desejo.

Durante muito tempo pensei que teria o mesmo destino do meu Criado. Até sentir o abraço quente daquela que capturou a alma que julguei ter perdido. Há alguns séculos, a eternidade se estendia diante de meus olhos como a decisão impulsiva de uma jovem descontente com seu mundo, e que sofria com o coração partido. Agora, contemplo o caminho a minha frente com uma nova esperança. Rachel. Ela é minha vida, a minha mais recente transformação. Ela é aquela que torna verdadeiras as palavras que fizeram com que eu abraçasse esse destino. Foi por ela que percorri esse caminho. Foi por ela que esperei todo esse tempo. Minha Rachel. É por você que lutarei hoje.

“Jesse St. James, chegou o dia de dizer adeus à eternidade.”

Santana tinha acabado de seguir na direção da saída que levava ao palco. Lógico. Jesse queria o show completo. Não ficaria surpresa se Rachel estivesse vestida com uma das peças do figurino de Christine Daaé.

Esperar pela minha ‘deixa’ na verdade era uma desculpa esfarrapada para dar-me tempo de colocar a cabeça no lugar. Não seria a primeira vez que eu enfrentaria um adversário imortal, mas Santana e Brittany estavam cientes do quanto tudo podia dar errado agora. No passado não havia nada que pudesse ser usado contra mim durante uma batalha. Hoje, meu adversário estava de posse do meu mais precioso tesouro. E como se isso já não bastasse, ambos compartilhávamos o mesmo Criador.

A não ser que Lord Enoch tenha sentido alguma espécie de preferência pela minha pessoa no momento que me criou, não posso contar com nenhuma vantagem nessa luta. Serão minhas habilidades contra as dele.

Sei muito bem que Jesse sempre desdenhou a importância de se aperfeiçoar nas artes de combate. Seu discurso era que como fomos os únicos imortais, criados por um dos Lordes da primeira geração antediluviana, a mais antiga geração, já nos encontrávamos num patamar superior, então, tais atividades eram inúteis. Não é preciso salientar o quanto discordava de sua opinião. Treinei todas as artes de luta conhecidas, pratiquei com todas as armas, estudei todas as formas. Minha ânsia de aprender tudo aquilo que minha sociedade sempre negou-me por ser uma mulher, dominou meus sentidos durante as primeiras décadas de minha nova vida. Mesmo que Jesse tenha mudado de opinião a respeito das práticas de batalha, tenho séculos à sua frente. E entre imortais, a experiência é uma das armas mais poderosas.

Com meu objetivo fixo em mente, caminho lentamente até um dos acessos que levam aos andaimes superiores instalados sobre o palco. Minha essência está completamente camuflada. Um pequeno truque que desenvolvi durante os anos. Bastante útil quando precisei conter alguns conflitos formados por um pequeno grupo de imortais insubordinados há algumas décadas. O que resultou exatamente num jantar honroso e um convite para o suceder Lord Enoch no conselho. Justamente a honra que Jesse tanto desejava. Aquela também foi a última vez que estive na presença do meu Criador. Seu último gesto antes de recolher-se em sua tumba durante o resto do milênio, foi oferecer-me um brinde de sangue perante todo Clã.

‘Hou're the truly heir of this all so acclaim'd eternal night, My belov'd Lady. I knew how special thou wast since the very first time mine eyes got lost in thou in those meadows.’ Lembro-me de sua figura pálida erguendo a taça acima de sua cabeça com um sorriso malicioso nos lábios. ‘That thy enemies fear f'r their blood, because thou hast them all.’

Nunca tive a chance de pergunta-lo sobre o real significado daquelas palavras.

Mas isso pouco importa agora.

De onde estou posso ver toda a cena, e como imaginei, o maldito imortal psicopata com tendências teatrais reproduziu do cenário ao figurino. O cheiro do sangue de Rachel está impregnado por todo lugar. Seu vestido – sim, uma peça do vestuário de Christine Daaé – estava completamente coberto de manchas vermelhas sobre o tecido branco. Era um milagre que ela ainda respirasse.

Minhas mãos se fecharam com força. Senti meu maxilar travar, enquanto meus punhos tremiam presos junto ao meu corpo. ‘Vou mata-lo. Vou despedaça-lo.’ Mesmo não necessitando respirar, enchi meus pulmões de oxigênio. Um velho habito que tem um efeito calmante. Eu precisava manter o foco. Se deixasse me levar pela fúria, estaria dando a vantagem que Jesse precisava para derrotar-me. Fechei os olhos por um breve momento, comandando ao meu sangue que fluísse pelos meus músculos.

Minha ‘deixa’ havia chegado.

“Sabe qual é o seu problema, St. James?” Minha voz vibrou, imponente por todo teatro. “Você fala demais.”

No segundo seguinte, eu estava parada na frente dele. Tendo saltado do andaime, já o agarrando pelo pescoço e pelo terno e o atirando do outro lado do palco sobre as primeiras fileiras da plateia.

Sem perder tempo, saltei sobre ele novamente, mas dessa vez, Jesse conseguiu desviar da minha investida. Ele tentou correr na direção de Brittany, que segurava Rachel em seus braços, a mão direita firmemente comprimida sobre o pulso de minha amada estancando o sangue do último ferimento feito por ele. Mas, infelizmente para Jesse, eu era bem mais rápida e Santana não tinha nenhuma intenção de deixa-lo chegar perto de sua esposa.

Cercado, Jesse apelou.

“Duas contra um? Pensei que sua honra fosse maior, Fabray.”

“Se você quisesse uma luta justa, teria deixado minha Rachel fora disso, St. James.” Rosnei de volta.

Ele zombou com uma risada.

“Oh, sua Rachel. Decerto uma novidade... Você não quis dizer minha Rachel, maninha...”

O sangue ferveu dentro de mim. Num piscar de olhos, eu já estava sobre ele.

“Não preciso de ajuda para arrancar sua cabeça, seu maldito infeliz.”

Pude senti-lo forçar seus músculos tentando libertar-se, suas presas à mostra, olhos dilatados. Ele realmente estava se esforçando.

“Que desonra. Uma cria de Enoch, tão fraca, subjugada...Incapaz de se defender de sua irmã caçula?” Minha voz assumiu um timbre mais grave, quase animalesco. O sangue pulsava tanto dentro de mim que até dava para imaginar meu coração batendo numa velocidade inumana.

Então ele parou. Seus olhos se arregalaram. A palidez de seu rosto ficou ainda mais evidente. Toda arrogância que vestia seu semblante sumiu. Seus lábios de mexiam, mas não emitiram som. O sorriso diabólico que se espalhou pelas minhas feições, em vista da evidente derrota dele parecia o assustar ainda mais.

“O B-brin-de...er-aCa-im...” as palavras dele soaram urgentes, como se finalmente tivesse compreendido algo importante.

O que pouco me importava.

“Adeus, St. James.” E arranquei a cabeça dele fora.

O corpo caiu inerte aos meus pés, mas mantive a cabeça segura entre os dedos, apertando um tufo de cabelos contra a palma.

“Uau.”

Foi o que me fez voltar.

Santana estava parada a poucos passos de onde eu estava. Os olhos tão arregalados quanto os do vampiro, cujo a cabeça agora pendia entre meus dedos.

“Quinn...seus olhos. Estão cor de sangue.”

Então as últimas palavras de Jesse fizeram sentido. Ao contrário da atual crença popular, os olhos de um vampiro transformado assumem um tom dourado, algo que varia de acordo com a geração. Ou seja, quanto mais pura a cor dourada, mais próxima da primeira geração aquele vampiro estará. Olhos vermelhos como sangue, só poderiam ser encontrados nas gerações antediluvianas, mais especificamente na primeira geração. A única transformada diretamente a partir do sangue do vampiro original. Mas, o único sobrevivente dessa geração jazia nesse momento em sua tumba subterrânea num estado de hibernação que duraria todo o milênio, descansando ao lado daquele cujo o pecado mortal havia originado a maldição da nossa raça. Lord Enoch seria o único ser em todo mundo que tinha acesso aquela cripta. E a única maneira de alguém como eu ter os olhos cor de sangue seria se eu tivesse provado do sangue...

“O sangue de Caim...” Murmurei. “O brinde...”

“Parece que Lord Enoch fez de você sua herdeira mesmo sem seu consentimento, Fabray.” Santana completou meu raciocínio. “Tendo em vista as circunstâncias, essa atitude veio a calhar, My Lady.”

Okay. Extraordinário. E durante todo esse tempo eu julguei que a razão pela qual o conselho sempre recorria a mim para resolver seus assuntos junto ao clã, ou para realizar novas estratégias nos nossos negócios, ou quando qualquer outro problema surgia, havia sido somente porque eles realmente valorizavam a minha opinião. ‘Agora eu estou me sentindo bastante idiota...Obrigada Lord Enoch.’

“QUINN!!!!”

A voz de Brittany fez com que nos duas corrêssemos até onde a esposa de Santana estava, com minha Rachel aconchegada em seus braços. Senti o cheio lúgubre da morte antes mesmo de ajoelhar-me ao lado dela.

“RACHEL?” Tomei minha pequena dos braços de Brittany, a encaixando junto a meu corpo. “RACHEL?”

“Não dava para conter o sangue...os ferimentos eram muitos e... ele rasgou o pulso dela...Quinn... eu sinto muito...”

“Não...”

Não.

“NÃO!”

Enfiei minhas presas no meu pulso, abrindo um lasco que quase quatro centímetros. O sangue começou a escorrer e sem perder tempo coloquei o pulso sobre os lábios de Rachel. Ela não reagia. O sangue enchia sua boca e derramava pelos cantos dos lábios.

“Não!” Num gesto rápido lambi a minha ferida, cicatrizando o corte imediatamente. Ergui o queixo de Rachel e soprei o sangue para dentro, ao mesmo tempo que comprimia seu tórax. “Rachel, por favor... Não é hora para ser teimosa...engula isso.”

O sangue continuava a escorrer pelo canto de sua boca, e o desespero já tomava conta de mim. Mordi meu próprio pulso, só que dessa vez chupei uma boa quantidade de sangue e literalmente cuspi tudo dentro da boca da morena em meus braços. Fiz isso mais uma, duas, três vezes, antes de sentir uma mão sobre o meu ombro.

“Quinn...” era a voz de Santana.

“Agora não! Ela vai engolir!” berrei puxando mais sangue do meu pulso e voltei a expelir dentro da boca de Rachel. “Ela vai engolir, Santana!”

“Quinn...”

“Ela não pode me deixar!” Disse sacudindo Rachel pelos ombros. “Rachel! RACHEL!”

Santana puxou-me para trás, ao mesmo tempo que Brittany segurou o corpo de Rachel que caiu inerte em seu colo. Estava tudo acabado. Ela tinha me deixado...

“Eu a perdi...” murmurei sem acreditar em minhas palavras. Não havia mais porque continuar existindo. Minha Rachel havia partido. Nada mais import –

“Argh...”

Os braços de Santana enrijeceram ao meu redor. Brittany tapou a boca de uma vez, sufocando um grito. Meus olhos não acreditavam no que viam.

Rachel. Minha Rachel havia aberto a boca devagar, puxando uma grande lufada de ar. Sua mão se abriu, e os dedos se esticaram lentamente. Só percebi que havia alcançado sua mão, quando nossos dedos se entrelaçaram. Ela pareceu tentar sorrir em meio sua inconsciência. Depois parou de se mexer.

“Mas que maldita pirralha dramática é essa sua garota, Fabray!!!” A voz de Santana ressoou por todo teatro.

Um sorriso bobo se espalhou pelo meu rosto, se unindo a sensação de alivio que percorria todo meu corpo.

“Mas ela será a minha pirralha dramática, Lopez...”

“Ah tá! Senhora de todo o clã! My Lady! É bom ensinar sua futura mulher que não é porque eu sou imortal que não sofro com stress! Vamos Brittany, vai sobrar para gente limpar essa bagunça toda!”

Não me importei com o discurso repleto de palavrões que minha cria malcriada tão eloquentemente iniciou. Simplesmente me levantei, com Rachel segura em meus braços e caminhei em direção ao terraço.

Tudo que eu mais queria agora era leva-la para casa, antes que ela acordasse.


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Notas finais do capítulo

Conforme prometido, as traduções!

Tradução do diálogo em Inglês:
“May I holp thee, My Lord?” – Posso ajudá-lo, Meu Senhor?

“The young lady doest not cease surprising me.” – A jovem dama não cansa de surpreender-me

“I may say dear Sir, that as the honorable gentleman whom appears to be by the grace of thy good manners, that thou hast not yet dignifi'd me with the cursy requir'd in presence of a lady, by introducing yourself, thy surprise howev'r 'tis not forsooth greater than mine.” – Se me permite dizer, caro Senhor, que como tão honrado cavalheiro que aparenta ser, pela graça de suas boas maneiras, que o senhor ainda não tenha-me dignificado com a cortesia requerida na presença de uma dama, se apresentando, que a sua surpresa não chega a ser maior que a minha.

“Forgiveness for mine forgetfulness, My Lady.” – Perdoe-me por meu esquenicimento, minha dama.

“Lest I known by Enoch, eldest son of mine father, his heir and the absolute master of mine house. As a way to redeem myself ere thy presence, allow me quote a common saying among thee.” – Atendo por Enoch, o filho mais velho de meu pai, seu herdeiro e absoluto mestre da minha casa. Como forma de redimir-me perante sua presença, permita-me recitar um poema bastante popular entre os seus.

“Par les soirs bleus d’été, j’irai dans les sentiers, Picoté par les blés, fouler l’herbe menue : Rêveur, j’en sentirai la fraîcheur à mes pieds. Je laisserai le vent baigner ma tête nue. Je ne parlerai pas, je ne penserai pas: Mais l’amour infini me montera dans l’âme, Et j’irai loin, bien loin, comme un bohémien, Par la Nature, – heureux comme avec une femme. Parce que L’Amour C’est la plus belle façon de se sentir vivant.”

Tradução da poesia em Francês declamada por Lord Enoch:

“Pelas tardes azuis do Verão, irei pelas sendas, Guarnecidas pelo trigal, pisando a erva miúda: Sonhador, sentirei a frescura em meus pés. Deixarei o vento banhar minha cabeça nua. Não falarei mais, não pensarei mais: Mas um amor infinito me invadirá a alma. E irei longe, bem longe, como um boêmio, Pela natureza, – feliz como com uma mulher. O amor é a melhor maneira de se sentir vivo”

Continuando o dialogo em Inglês:

“Those words hold thee dearly, My Lady?” – Essas palavras lhe são queridas, minha dama?

“Wholeheartedly.” – de todo coração.

“Then doth not hesitate to taketh mine handeth, my beloved Lucy Quinn. I wilt giveth thee eternity to prove the true meaning of those words.” – Então, não hesite em aceitar minha mão, minha amada Lucy Quinn. Eu darei a ti a eternidade para provar o verdadeiro significado dessas palavras.

E para finalizar as palavras de Lord Enoch durante o brinde:

‘Hou're the truly heir of this all so acclaim'd eternal night, My belov'd Lady. I knew how special thou wast since the very first time mine eyes got lost in thou in those meadows.’ That thy enemies fear f'r their blood, because thou hast them all.’ – Tu és a verdadeira herdeira dessa tão aclamada noite eternal, minha amada dama. Sempre soube o quão especial era, desde primeiro momento que meus olhos se perderam em ti naquelas campinas. Que teus inimigos temam pelo próprio sangue, porque tu os possui a todos.

Bem gente, agora só falta a conclusão! Que venha o epilogo!
:)



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