Ela sentia-se revigorada após a tarde de passeio no shopping. Segurava as sacolas de compras em uma das mãos enquanto que com a outra abria a porta da residência. Como sentia falta de seus meninos! Apesar de ter ficado ausente apenas por algumas horas, tinha a sensação de ter passado uma eternidade.

Sara abriu a porta com entusiasmo, pois estava louca para rever seus rebentos e enchê-los de beijos e abraços. Assim que a abriu e pôs o primeiro pé dentro de casa, ela soube que algo estava errado. Apurou os ouvidos para certificar-se de que seu receio estava certo. Não escutava um único ruído vindo de dentro das dependências internas da moradia, nenhum choro, riso ou coisa parecida, o que significava que não havia ninguém ali.

Sara sentiu seu coração acelerar. Aquilo não podia ser verdade. Eles tinham de estar ali em algum lugar. Ninguém sumia do nada. Subiu as escadas a fim de averiguar se dona Beth e os meninos estavam no quarto infantil. Não estavam.

A jovem senhora Grissom começou a desesperar-se, sua experiência profissional lhe dizia que algo muito ruim poderia ter acontecido com sua sogra e os seus filhos. E se eles tivessem sido sequestrados? Quem poderia lhe ajudar naquele momento?

Um barulho na porta vindo do andar de baixo fez seu coração aquecer-se e ter um centelho de esperança de que fossem eles. Desceu correndo as escadas.

— Graças a Deus vocês voltaram – ela disse sem ver quem era – Eu já estava prestes a ligar para a polícia.

— Vocês quem? – ela ouviu a pergunta de volta. Não era quem ela pensava – Como você está? Eu vim correndo...

— Gil, nossos filhos... eles sumiram e sua mãe também – ela o interrompeu para dar a má notícia quase de uma vez só.

— O que? Como? Você já olhou todos os cômodos? – ele indagou preocupado, esquecendo o motivo que o havia trazido até ali.

— Já olhei lá em cima – ela respondeu apontando para o andar superior.

— Venha, vamos revistar o restante da casa – ele a convidou.

Os dois averiguaram juntos toda a residência e nada encontrara, nem uma única pista que pudesse indicar onde Beth Grissom e os gêmeos estavam.

— Onde diabos eles se meteram? – Sara indagou quase chorando.

— Não faço ideia. Mas há um lugar o qual não olhamos ainda.

— Qual?

— A cozinha.

Seguiram para a cozinha. Assim que entraram deram de cara com a mesa posta para duas pessoas, incluindo uma garrafa de vinho branco com duas taças. Havia um bilhete sobre a mesa. Grissom pegou-o e leu-o.

O jantar está dentro do forno. Espero que o apreciem, pois foi feito com muito carinho.

Com amor, Beth Grissom

PS: Não se preocupem conosco, estamos em segurança.

Aquela letra era inconfundível. Era a letra de sua mãe. Quando terminou de ler, Grissom não conseguiu reprimir uma sonora gargalhada, compreendendo enfim o que estava acontecendo.

— O que houve? Porque você está rindo? Será que não percebe a gravidade do problema em que estamos envolvidos? – Sara indagou sem entender o que sucedia com seu marido.

Ainda sorrindo, ele entregou o papel a ela.

— Leia e você entenderá.

Enquanto ela lia, Grissom explicou:

— Isso foi obra de mamãe. Ela aprontou tudo isso para nós – ele apontou para a mesa posta.

— Mas por quê?

— Será que você não consegue ver? Ela quer que façamos as pazes. Ela se sente culpada por nossa separação.

Sara fez menção de falar alguma coisa, porém ele a impediu.

— Não precisa falar nada agora, vamos apenas desfrutar desse jantar que parece estar delicioso.

A comida era macarrão ao molho pesto, um molho feito a base de ervas finas verde, pois Beth sabia que Sara era vegetariana. Os dois desfrutaram da deliciosa comida.

— Sara você me disse há pouco tempo que era necessário que eu perdoasse minha mãe e eu assim o fiz. Não acha que está na hora de fazer o mesmo? Ou você tem dois pesos e duas medidas? Gostaria que você fizesse o mesmo por mim. Amo-te tanto minha querida... – ele falou acariciando-lhe a mão suavemente.

— Não, não tenho dois pesos e duas medidas Grissom. Eu quero te perdoar. Juro que estou tentando, mas não consigo. Ainda mais quando sei que você esteve com outra mulher.

— Eu não estive... – ele negou.

— Não precisa mentir para mim Gil, estamos separados e você tem todo direito de seguir sua vida. Eu vi quando você chegou tempos atrás de uma saída com uma “amiga” – ela enfatizou a palavra amiga – Sua camisa cheirava a perfume barato de mulher.

— Querida, eu não tive nada com Sofia...

— Oh! Você saiu com Sofia? – ela perguntou indignada.

— Como eu dizia, não tive nada com ela, apenas queria fazer ciúmes em você. Por favor, acredite quando eu digo que você é a única em minha vida. Me de uma nova chance!

— Estou tentando Gil, estou tentando, mas está difícil.

—o-

Um pouco distante dali, Beth segurava os netos no colo.

— Se tudo der certo meu queridos, seus pais estarão fazendo as pazes agora – ela dizia para as crianças.

Ela torcia com fervor para que seu plano desse certo e Grissom e Sara reatassem o relacionamento.