Ela entrou em sua casa, tremendo por dentro e por fora. Sabia muito bem que não era por causa de frio. Era outra coisa. De repente, como em um passe de mágica, sua vida tinha virado de ponta cabeça. Como aquilo tinha acontecido? Não podia ser verdade. Ela, justo ela, estava casada com Grissom. O maior sonho de sua vida se realizara e ela não podia desfrutá-lo. Aquilo era a definição correta de uma brincadeira de mau-gosto. Desejar uma pessoa, desejar estar casada com ela, isso se realizar e não poder desfrutar. Ela suspirou exasperada.

Seguiu para o quarto e tirou as roupas. Um bom banho era tudo o que precisava. Entrou no banheiro e abriu a torneira do chuveiro e deixou a água fria percorrer seu corpo cansado. Passou a mão pelos cabelos molhados e sentiu o toque gelado da aliança. A mente novamente vagou para o assunto que não saía de sua cabeça: o casamento. Como teria sido? Como estavam os ânimos dela e de Grissom?Teriam tido alguma testemunha? Teriam feito juras de amor? Isso era o que mais lhe frustrava. Por mais que tentasse não conseguia lembrar-se de nada da noite anterior. Apenas que estivera na Boate Evolution e que bebera demais. Depois disso, tudo se apagara de sua mente.

Sua cabeça dava voltas e mais voltas tentando assimilar toda aquela novidade. Outros pensamentos vieram à sua mente. O que seus amigos estariam pensando dela naquele momento? Eles a viram beber exageradamente na noite passada. Teriam ideia do que acontecera com ela? Como os olharia nos olhos depois do vexame que dera? Decidiu deixar esses pensamentos de lado. Tudo ao seu tempo. Logo teria todas essas respostas. O mais lhe afligia no momento era saber por onde começar para dar entrada no pedido de divórcio. Não sabia nem ao menos onde havia sido a cerimônia. Em Las Vegas havia tantas capelas... Como descobrir onde se casara com Grissom?

Sara saiu do banho com o ânimo um pouco renovado. Procurou em seu guarda-roupa uma roupa confortável e optou por uma calça jeans azul e uma blusa preta com decote U. Depois de pentear os cabelos, decidiu deixá-los soltos. Olhou-se no espelho, satisfeita com o resultado. Antes de sair, passou pela cozinha e apanhou uma fruta. Uma refeição decente naquele momento estava fora de questão. Também duvidava que conseguisse comer qualquer outra coisa, pois seu estômago dava cambalhotas. Estava ansiosa para saber a opinião de seus amigos sobre a noite anterior. Pegou as chaves do carro, a pequena bolsa que sempre levava consigo e rumou em direção ao seu trabalho.

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Ele chegou em sua casa com uma estranha sensação em seu peito de vitória e perda. Vitória por descobrir que na noite anterior havia se casado com Sara Sidle, a mulher que sempre amara em segredo, e perda por ela querer se divorciar dele sem ao menos tentar fazer com que o matrimônio deles desse certo. Do que, em nome de Deus, ela tinha medo?

Grissom suspirou resignado e seguiu em direção ao banheiro. Tirou cada peça de roupa que vestia, deixando-as amontoadas em um canto. Um banho era tudo o que ele precisava para pôr seus pensamentos em ordem.

Abriu a torneira e deixou a água morna acariciar seu corpo de homem maduro. Primeiro a cabeça, depois o restante do corpo. O contato da água em seu corpo fê-lo sentir mais revigorado e fez com que a mente clareasse para o assunto que o vinha atormentando desde a noite passada. Um sorriso brincou em seus lábios ao tentar lembrar-se de seu casamento com Sara. Tinha uma vaga lembrança de vê-la usando um lindo vestido solto, no entanto, sua mente anestesiada pelo excesso de bebida que ingerira, julgara ser um sonho.

Sentia-se ao mesmo tempo feliz e triste. Nunca, nem mesmo em seus sonhos mais loucos, se havia imaginado casado com a bela morena. Claro que esse era seu desejo mais secreto, no entanto, a aliança de ouro em seu dedo anelar da mão esquerda deixava claro de que aquilo era pura realidade. Embora, nunca tivesse conseguido declarar-se para Sara, o seu amor por ela crescia cada vez mais e via naquele casamento por acaso uma oportunidade para tentar declarar seu sentimento por ela.

Grissom terminou seu banho e talvez inconscientemente, vestiu sua melhor roupa e dirigiu-se para o trabalho. Tinha certeza, embora não soubesse o porquê, de que aquele dia entraria para a história do Laboratório de Criminalística de Las Vegas.