Bem longe dali, uma mulher dava instruções para dois homens grandalhões e fortes.

— É essa a mulher que quero que vocês tragam até aqui, entenderam? – ela falou com rispidez, mostrando uma foto da vítima para eles – Quero-a aqui o quanto antes.

— Sim senhora – eles assentiram – Pode ficar tranquila que logo a traremos para a senhora.

— Tragam-na viva – ela disse com voz repleta de ódio – Tenho contas a acertar com ela.

Ela passou o endereço de onde encontrá-la. Pediu também que eles tivessem muito cuidado para que não fossem vistos.

— Pode deixar chefe, nós somos profissionais – falou o capanga que parecia ser o líder.

— Agora vão! – ela os dispensou – E só voltem quando estiverem com minha convidada especial. Tenho ótimas acomodações para ela – ela comentou sorrindo.

Eles partiram rapidamente a fim de cumprirem a ordem recebida. A mulher ficou parada saboreando por antecipação sua vingança. Tinha excelentes planos para sua convidada. Ela não perdia por esperar.

Como não queriam que nada desse errado, e que sua contratante lhes escalpelassem vivos, passaram um mês inteiro observando a rotina da vítima, a que horas saía de casa, a que horas voltava como era seu trabalho, quais eram suas companhias. Quando se deram por satisfeitos, planejaram como a pegariam sem deixar pistas. Estava tudo certo. O sequestro se daria no dia seguinte. Sua chefe ficaria muito satisfeita com o trabalho deles, talvez até lhes desse um aumento.

–o-

Enquanto isso o Laboratório vivia uma grande festa. Era o chá de fraldas e berço de Theodore e Alexander Sidle Grissom. Toda a equipe do turno noturno chegou um pouco mais cedo a fim de reunirem-se na sala de descanso para entregarem seus presentes para os bebês de Sara e Gil. Os amigos e companheiros de trabalho do casal Grissom estavam muito contentes com a proximidade do nascimento das crianças e mal conseguiam disfarçar a ansiedade de poder conhecer os novos membros da família CSI.

Todos sem exceção se divertiam enquanto comiam e bebiam. Pouco tempo depois, Grissom percebeu uma pequena mudança no comportamento de sua esposa para com ele – apenas com ele, com os amigos ela continuava sorridente e educada – ao que tudo indicava ninguém nada percebera. Logo ele teria sua explicação. Fez um intervalo para poder arrumar a sala e guardar os presentes que haviam ganhado.

— Pessoal vocês podem sair um pouco. Espero vocês de volta em quinze minutos.

O grupo saiu e quando Sara ia saindo ele pediu:

— Preciso que você fique Sara.

Ela permaneceu a contra gosto.

— Posso saber o motivo de seu mau humor? – ele indagou.

— Não quero falar sobre isso – ela recusou-se a responder.

— Querida, preciso saber o que está acontecendo – ele disse aproximando-se um pouco mais dela. Sara afastou-se.

— Está vendo? Se tem algo errado, por favor, me diga! – ele rogou.

Grissom pôde ver um olhar de ressentimento nos lindos olhos castanhos.

— Onde está sua aliança, senhor Grissom? – ela perguntou com os olhos úmidos de lágrimas, apontando para o dedo anelar da mão esquerda do marido.

Ele olhou para sua mão e viu espantado que sua aliança não estava ali. Onde a teria deixado? Como a teria perdido? Fora no dia em que arrumaram o quarto dos bebês ou em outro dia qualquer? A incerteza o afligia. Sabia que apenas por isso sua esposa estava sofrendo.

— Me desculpe... – ele começou a explicar.

— Não quero saber de desculpas Gil, se você não queria mais esse casamento era só me avisar. Temos um acordo, era só rompermos e não haveria problema algum. Mas você ficar andando por aí, sem aliança como se fosse um homem solteiro, eu não aceito.

Sara nem esperou que Grissom pudesse tentar desculpar-se novamente. Saiu, deixando-o sozinho na sala de convivência, batendo a porta atrás de si com força. Grissom agradeceu silenciosamente que nenhum de seus amigos estivesse ali, presenciando aquele desentendimento. Suspirou angustiado. Teria que encontrar alguma maneira para provar a Sara que ele queria aquele casamento mais do que qualquer outra coisa. E que não fora de propósito que ficara sem a aliança. Dirigiu-se para seu escritório com a intenção de pegar as fichas dos casos para aquela noite.

Quando retornou à sala todos já se encontravam ali. Sara se encontrava sentada em um local afastada dos outros, calada. Ninguém estranhou dado às mudanças de humor constantes da grávida.

Grissom pigarreou chamando a atenção de todos.

— Boa noite pessoal! – ele saudou-os – Temos dois casos essa noite. Cath, Warrick e Greg, vocês ficam com um assassinato em uma loja de bebidas. Nick, você fica com um jovem encontrado morto em uma banheira. Ele olhou para Sara.

— Desculpe-me pedir isso a você, querida, mas preciso que você acompanhe o Nick na cena do crime – Grissom pediu-lhe.

— Tudo bem. Eu aceito – ela concordou com satisfação.

Aos sete meses de gestação, com a barriga enorme, com um andar de pata e os extremos cuidados de Grissom, Sara agradeceu a oportunidade de ir a campo, mesmo que fosse apenas para ver-se longe de Gil.

— Você não vem Gil? – Nick perguntou.

Ele lançou um olhar inquiridor a Sara que balançou suavemente a cabeça em negativa.

— Não – ele respondeu – Preciso preencher alguns relatórios – ele mentiu. Precisava dar espaço para sua esposa. Não imporia sua presença a ela.

Todos saíram para sua cena de crime. Nick e Sara se afastaram apenas alguns metros do laboratório. Nick estava ao volante, Sara ia ao lado do carona. Eles ouviram apenas o barulho do choque das latarias dos carros. O veículo rodou algumas vezes antes de parar. A perita bateu com a cabeça no console do carro mesmo usando o cinto de segurança e em seguida desmaiou. De onde estava Stokes teve apenas o vislumbre de dois homens soltando o cinto de segurança e tirando Sara do carro. Ia protestar ou pedir ajuda, mas a consciência lhe faltou. Desmaiou.