Décimo terceiro ato –- Shiki Kagurazaka –- Serpentário

– Por Paola Tchébrikov

Tudo o que eu queria naquele dia era um pouco de paz e silêncio. Eu havia me refugiado naquele canto isolado e quieto do colégio, visando, acima de tudo, fechar os olhos e saborear o ambiente.

Eu não possuía muitos amigos, entretanto, admito: os que tinha eram o suficiente. Não havia nada que pudesse me abalar. Eu estava ali, satisfeito, e novamente relevando sobre aquele estranho poder de ver o futuro. De que me seria útil saber o que aconteceria com os outros? Bem, não era. Era só uma habilidade a mais dentre várias outras dadas para as pessoas para que elas possuíssem algo de interessante em suas vidas, para que conseguissem vencer alguns desânimos iminentes.

As coisas estavam sob controle até aquele momento. A voz que chamava suavemente o nome masculino que eu, de fato, conhecia, me tirou do torpor da isolação e me fez abrir os olhos, não contendo a curiosidade de saber de onde vinha os chamados.

E eles vinham de uma bela moça, alguém tão encantadora quanto misteriosa. Ao olhá-la, nada pude ver sobre sua vida futura. Aquilo foi um verdadeiro choque. Ela era um enigma, o tipo de segredo que nós, humanos, não resistimos ou medimos esforços para desvendar. Sua expressão era pacífica, sua voz doce e fina, e seu jeito meigo e feminino. Ela era tudo o que queremos em alguém: educação, companheirismo e afinidade.

Eu soube que ela era especial desde o primeiro momento.

O evento para o qual ela mesma me convidara, junto a seus amigos, foi divertido e cativante. Eu pude observar todos, pude observar ela. Seu jeito espontâneo mostrou como era popular entre todos, sempre rodeada pelos amigos, rindo e conversando.

Você era a luz para eles, era o sol e a esperança de algo novo e melhor.

Yahisa Tsukiko, você é a luz.