A viagem em grupo planejada por Sasuke e Sakura estava se aproximando, seria neste final de semana e a ideia que parecia ótima estava começando a me apavorar. Já fazia um tempo que eu tinha dito ao Naruto que faria algo para deixá-lo mais à vontade com o nosso relacionamento, só não disse o que e, um tempo depois de ele ter me levado em sua casa oficialmente como sua namorada, embora fosse o que eu queria, quem estava nervosa demais para seguir adiante com meus planos agora era eu. Eu ainda queria fazer o que estava planejando, mas nunca tínhamos a oportunidade de ficar sozinhos e eu não ousaria fazer o que estava pensando durante a viagem. Respirei fundo, talvez eu tivesse que esperar um pouco mais, a minha sorte é que ele nunca mais tinha tocado no assunto.

— Hinata? Tudo bem? — Ino perguntou.

— S-sim, está, por quê? — Respondi despertando dos meus pensamentos.

— É que faz uns bons cinco minutos que você está parada segurando essa calcinha na mão, será que estaria decidindo se um certo loiro gostaria de te ver a usando? — Ino abriu um sorriso malicioso e eu joguei a peça que estava em minhas mãos longe.

— N-Não estava, Ino! — Eu sabia que todo o meu rosto estava vermelho.

— Relaxa! Só estou brincando. — Ela piscou pra mim como se negasse tudo o que acabara de dizer.

Ino, Sakura, TenTen, Karin e eu estávamos fazendo compras para a viagem e decidimos parar em um sex shop, bem, a morena, a loira e a ruiva decidiram, a rosada e eu não conseguimos negar.

— Para de perturbar a Hina e anda logo, Ino, eu tenho que voltar pra casa ainda hoje. — disse Sakura vindo em nossa direção segurando duas peças na mão, uma era uma camisola rosa que eu julguei ser bem curta e sexy, suas laterais tinham apenas algumas fitas que davam a impressão de que a peça ficava costurada ao seu corpo, a outra peça era um conjunto de lingerie pretas quase transparentes, para quem não queria entrar no lugar, ela estava se servindo muito bem.

— Eu vou terminar logo, prometo. — Ino segurava uma cesta de compras repleta de calcinhas, sutiãs, camisinhas, lubrificantes e outras coisas que eu ainda não sabia o que eram ou pra que serviam.

— No lugar de me perturbar, me ajudem a escolher alguma outra coisa. — Pedi.

— Certo, nos mostre o que você achou até agora e vamos ver outras peças que combinem, priminha. — disse Karin se aproximando de nós e apoiando um dos seus braços em meus ombros.

Atendendo ao pedido de Karin, eu levantei a única peça que tinha escolhido até ali e coloquei na frente do meu corpo para que vissem, as garotas prontamente balançaram a cabeça negativamente e me colocaram em um provador de roupas, disseram que seria melhor me ver usando. Eu teria recusado, apenas se Ino não tivesse razão: eu estava imaginando o que o Uzumaki acharia se me visse usando algo do tipo. Me troquei e abri o provador. Era uma camisola roxa, de cetim, alças finas, que se entrelaçavam atrás e desenhavam as costas com um X cavado até o cóccix, na frente, um decote leve com uma pequena renda na borda, nas laterais, o tecido era feito de renda para dar transparência, as rendas tinham formas de grandes rosas, então você poderia ver parte da minha pele desde a borda dos seios, ao quadril e as coxas, seu comprimento aliás, cobria apenas quatro dedos dela. Na barra, havia um pequeno corte em V de cada lado.

— Caralho. Que gostosa. — disse Karin.

— Eu to passando mal, alguém me segura antes que eu a roube daquele idiota. — disse Sakura se segurando em Ino.

— Se o Naruto nasceu com sorte eu não sei, mas que se ele te deixar escapar ele vai ter azar para o resto da vida, AH ele vai. — comentou TenTen.

— Hinata, se os deuses da Sakura existem, algum deles é assim. — Ino mordeu os lábios.

— Meninas... — Eu podia sentir meu corpo inteiro queimar, meu coração estava acelerado e apesar da vergonha e ansiedade, eu tinha certeza, compraria aquilo de qualquer jeito.

— Só falta uma coisa. — Sakura tinha se afastado e eu nem percebi, ela voltou com uma cinta-liga preta, se aproximou e a colocou em mim, passando-a pelos meus pés e a posicionando em minha coxa. — Agora podemos até rezar para você. Afrodite.

Todas aplaudiram atraindo a atenção de outras pessoas no local, eu rapidamente fechei a cortina do provador e me permiti rir lá dentro, no final eu tinha razão, precisávamos aumentar as saídas só das garotas.

...

— Precisa mesmo de tanta roupa intima assim pra uma viagem? — Perguntei para a Princesa Jujuba que estava segurando sua cesta do meu lado esperando as outras terminarem suas compras.

— Não é só para a viagem. — Sakura corou. — Pensei que precisaria renovar o guarda-roupa se as coisas avançarem. — Ela corou ainda mais, mas dessa vez sorriu de canto, estava se lembrando de alguma coisa, muito boa por sinal.

— Idem. — disse levantando minha cesta em sua direção, mas ao contrário da dela, eu tinha adquirido alguns novos brinquedinhos e a fiz corar ainda mais.

— Então você e o Neji estão indo bem... Muito bem. — Ela perguntou envergonhada.

— Você ainda não pode imaginar o quanto, digamos que o nosso nível de experiência é... Nível Itachi. — Eu ri com a comparação, mas imaginava que estava fazendo uma excelente, porque a cara dela agora quase soltou fumaça.

...

Depois de encerrarmos as compras, decidimos no lugar de comer na rua, comprar coisas para comer e passar a noite na minha casa, afinal era quinta-feira e fazia quase duas semanas do fim das aulas e início das férias, precisávamos nos divertir ao máximo antes que o ano letivo acabasse e as responsabilidades começassem a nos exigir certas urgências.  Para nossa sorte, viajaríamos naquele domingo.

— Devíamos ir para sua casa, Karin, afinal você mora sozinha. — Sugeri quando estávamos chegando no portão da minha casa, cheias de sacolas.

— Nem pensar, Sakura, é restrito para garotos, bom, só um agora. — Ela respondeu e todas riram.

— Bom saber! — Exclamei.

Eu abri a porta de casa e ouvi vozes vindas da cozinha, quando nos aproximamos, Sagi e Konan estavam sentados no balcão conversando com minha mãe que estava em pé próxima à geladeira, toda arrumada para sair e mordendo uma maçã.

— Oi, meninas, filha! Que surpresa tantas moças bonitas de uma vez na minha casa. — Minha mãe nos cumprimentou e todas responderam.

— E como foram as compras? Desculpa por ter furado com vocês. — disse Konan enquanto as meninas passavam a cumprimentando e depois começando a desfazer as sacolas do mercado em cima da mesa.

— Não se preocupe, eu trouxe presentes para minha cunhadinha linda. — Pisquei para ela que abriu um enorme sorriso.

— Vocês já estão no nível em que trocam presentes, é? — Sagi zombou de nós.

— E você tá com ciúmes porque os meus com certeza serão melhores que o seus sempre, Sa. — Mostrei a língua para o meu irmão e ele fez a mesmo coisa de volta.

— Vocês dois são tão bobos. — disse Konan rindo.

— Espera aí, mãe, vai a algum lugar? — falei notando que além de arrumada, minha mãe tinha uma bolsa, todos no cômodo voltaram sua atenção para ela.

— Ela tem um encontro. — disse meu irmão sorrindo.

— Sério? Com quem? O que? — minha cabeça deu um giro de 360 graus, ela nunca tinha mencionado ninguém.

— Não é bem um encontro, seu irmão está exagerando tudo. Eu o conheci no hospital, um médico residente, temos conversado e aí decidimos nos ver fora do trabalho, só isso. — Ela corou um pouco e eu me surpreendi, fazia muito tempo que não a via assim.

— Poxa mãe, por que não me disse antes? Eu teria te levado para fazer compras com a gente! — Levantei a sacola em minhas mãos exibindo o logo da sex shop, as meninas deram risada e minha mãe apenas saiu do cômodo rindo e se despedindo de nós.

— Ah, ok, isso aí já foi demais pra mim! — exclamou Sagi cobrindo o rosto com as duas mãos.

— Careta. — disse Ino zombando do meu irmão.

— Ah é, hoje é noite das meninas, então você pode arrumar um lugar para dormir. — falei para o meu irmão.

— Isso é fácil, né, amor? — Ele se virou para Konan e depositou um selinho em sua boca.

— É mesmo, o Uzumaki vai adorar te acolher, já que ele tem cuidado do Uchiha! — Ela segurou as bochechas do meu irmão com uma mão só, fazendo sua boca criar um bico. — Eu sou uma garota e essa noite é só nossa, a-m-o-r. Cai fora. — Ela repetiu o apelido carinhoso devagar debochando dele.

— Ok. Ok. — Ele disse quando ela o soltou. — Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Fui. — Ele beijou sua testa carinhosamente e deixou a cozinha, pouco tempo depois ele passou por nós se despedindo e saiu.

Fizemos ponche, tínhamos algumas latinhas de refrigerante e suco de melancia, alguns sanduiches, enchemos várias vasilhas com muitos — muitos —doces e salgadinhos e nos organizamos no meu quarto, espalhando muitas cobertas e almofadas no chão, todas nos trocamos e colocamos nossos novos pijamas, incluindo Konan, pois esse era o meu presente.

— Mandei mensagens para o Naruto e Sasuke não passarem pela minha janela. — falei enquanto colocava meu celular para recarregar próximo à minha cama.

— Eu não acredito que eles ainda fazem isso. — disse a loira Yamanaka que estava trançando o próprio cabelo, era como olhar a Rapunzel.

— Nem vou comentar. — Suspirei e Hinata riu, Naruto também sempre aparecera na casa dela sem avisar desde sempre, então ela me entendia perfeitamente.

Ouvimos músicas e conversamos a noite inteira — e os papos, cantorias, jogos e brincadeiras adentraram a madrugada. TenTen, Karin e Konan eram as que mais falavam, já que Ino, Hinata e eu nos conhecíamos há muito mais tempo e queríamos saber tudo sobre a vida das garotas, que inclusive, eram bem agitadas, até eu comecei a me sentir como um monge — e a Hina provavelmente como uma freira. Quando começamos a nos preparar para dormir, TenTen disse que precisa nos contar algo.

— Eu vou me casar. — Ela disparou e fechou os olhos, seus longos cabelos castanhos estavam soltos e caíam pelos seus ombros.

— O QUE? — gritamos juntas, tive certeza de que o quarteirão inteiro nos ouviu e nos amaldiçoou.

— Semana passada... Shikamaru me pediu em casamento. — Ela abriu os olhos devagar e corou, seus olhos brilhavam, ela estava emocionada ao falar.

— Mas vocês ainda são tão jovens. — disse Konan.

— Pelas histórias que eu acabei de ouvir, não é como se ela já não tivesse vivido o bastante. — disse Karin.

— Não foi algo impensado. — Ela começou a contar olhando para todas nós. — Digo, sempre fizemos planos de sair do país juntos para cursar a universidade e até certo ponto, isso está dando certo, já sabemos o que cursar, nos empenhamos para tirar notas boas e sermos os melhores em nossos cursos extracurriculares para pode entrar onde escolhêssemos...

— E então com o verão chegando e depois nossos últimos meses por aqui, ele decidiu fazer o pedido. — Conclui, meu coração batia forte, eu ainda não tinha parado para pensar em nada daquilo e me dei conta de que também não sabia o que Sasuke faria a seguir.

 — Sim, ele me levou para fazer um piquenique noturno... Me mostrou uma música que ele compôs para mim com o violão... E eu juro, ele amarrou a aliança em um morango que eu quase comi. — Seu rosto estava feliz, seu olhos brilhavam ainda mais enquanto ela se lembrava do evento. — Disse que entrar para a universidade comigo era só uma das milhares de coisas que ele queria fazer ao meu lado, que era um saco ter que se preocupar com o futuro — Ela riu —, mas se ele me colocasse na equação, ficava incontavelmente mais simples e tranquilo. Que ele me amava.

Uma lágrima escorreu por sua bochecha e ela correu para limpá-la, mas antes que suas mãos alcançassem o seu rosto nós pulamos em cima dela, a abraçando. Todas estávamos chorando e rindo, se ela estava feliz ao ponto de se emocionar tão facilmente ao falar sobre, para nós era o suficiente e com certeza eles dariam conta de qualquer coisa que viesse.

...

Acordei primeiro que as garotas e resolvi descer para tomar um copo d’água. Olhei pela janela da sala e uma neblina densa encobria tudo lá fora, significava que o dia seria bem quente. Quando acendi a luz da cozinha, havia um envelope branco em cima da mesa. Um calafrio de empolgação percorreu a minha espinha, era com certeza o último bilhete de Sasuke, afinal, viajaríamos cedo no dia seguinte. Corri até a mesa e o peguei, hesitei um pouco antes de abrir, mas o peso em minhas mãos me fez mudar de ideia, tinha algo dentro.

LOVERS IN THE NIGHT

POETS TRYIN’ TO WRITE

WE DON’T KNOW HOW TO RHYME BUT, DAMN, WE TRY

BUT ALL I REALLY KNOW, YOU’RE WHERE I WANNA GO.

THE PART OF ME THAT’S YOU WILL NEVER DIE

…

Te vejo amanhã, Rosinha.

PS.: Guarda pra mim? Pego de volta domingo à noite.

S.U.

 Segurei em minhas mãos o colar com o pingente de meio coração que estava junto com o bilhete. Lágrimas silenciosas escorriam livres pelo meu rosto, eu não estava triste, mas elas não paravam de rolar, tamanha era a emoção de segurar aquilo de novo em minhas mãos. A tradução da música no bilhete, era igualmente impactante: Amantes da noite, poetas tentando escrever, nós não sabemos rimar, mas, caramba, nós tentamos, mas tudo o que eu realmente sei, você está aonde eu quero ir. A parte de mim que é você, nunca irá morrer. Seja o que for que Sasuke estivesse planejando para a noite do dia seguinte, ele tinha conseguido me deixar ainda mais ansiosa. A parte de mim que é você nunca irá morrer. Era o que dividir os colares sempre significou pra mim, uma parte minha que estaria sempre com ele. Enxuguei as lágrimas emotivas. Eu guardaria aquela parte com prazer junto à minha e a devolveria junto com todo o meu coração.