Novos Começos escrita por Tenshikass


Capítulo 17
Capítulo 17 - Um passo mais perto.


Notas iniciais do capítulo

AVISO: Neste capítulo temos um trecho com música! Então pra quem quiser ouvir, no primeiro link deixo a música original (com tradução), e no segundo, a versão da música com voz masculina que traz mais proximidade com a história, nessa versão cover o trecho representado na fic como dueto pode ser ouvido aos 2min17seg de vídeo.
Link 1: https://www.youtube.com/watch?v=m34UOZv3Eds (original)
Link 2: https://www.youtube.com/watch?v=-uDE0jT9VIk (cover)
Outros links opcionais:
Link 3: https://www.youtube.com/watch?v=aoPTSuMAfE4 (Te ver - bilhete)
Link 4: https://www.youtube.com/watch?v=7TunQUJdy1E (Música que o Naruto canta)
Link 5: https://www.youtube.com/watch?v=rtOvBOTyX00 (A thousand years - bilhete).



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Sábado.

Por sorte o dia estava lindo pela manhã, era como se a chuva do dia anterior fosse apenas para preparar o solo. Eu estava levando algumas ferramentas para o jardim quando abri a porta da frente e encontrei Neji quase tocando a campainha e segurando algo na mão.

— Ah, oi.

— Oi, Neji. Chegou bem na hora. — Eu falei levantando os baldes na minha mão.

— Acho que isso aqui é pra você, estava no tapete quando cheguei. — Ele me estendeu um envelope branco sem nada escrito, do mesmo tipo que eu havia recebido ontem.

— AH SIM, OBRIGADA — Acabei quase gritando e comecei a rir nervosamente — São anúncios, eu assinei algumas revistas e recebo as promoções com antecedência. — Eu nem sabia por que estava me explicando.

— Estranho, eles nem colocam endereço. — Ele constatou.

— Estranho né? Mas então, vamos começar pelo jardim dos fundos, por aqui. — Passei por ele depressa e o deixei com as ferramentas dizendo que precisava pegar mais algumas coisas dentro de casa e já voltava.

Subi tão depressa a escada quando entrei em casa que devo ter pulado alguns degraus. Eu ainda estava fantasiando com a mensagem de Sasuke, ou melhor, de Lisandro para Hérmia, e agora tinha mais um bilhete anônimo pra disputar espaço entre as minhas teorias loucas.

TE VER E NÃO TE QUERER

É IMPROVÁVEL, É IMPOSSÍVEL 

DE SEU ADMIRADOR, TALVEZ, SECRETO

Mais uma letra de música, mais recortes de jornal. Dessa vez a música era uma bem popular, se chamava Te ver, poucas pessoas não reconheceriam aquele refrão. E o mais importante, aquilo seria uma indireta? Ele me entregar pessoalmente o bilhete, fingindo que o encontrou ali, e me dizendo que independente de sermos próximos ou não...

— Me ver e não me querer era impossível? — Senti meu rosto queimar. Já era difícil me acostumar com a ideia de que Itachi se sentia atraído por mim, aceitar que o Hyuuga pudesse sentir o mesmo — isso sim era improvável e impossível.

Guardei o bilhete junto com os outros e decidi que tentaria esquecê-los pelo menos até que Neji já tivesse ido embora. Desci para pegar mais algumas coisas e sai para o quintal atrás da minha casa, ao qual consistia em um espaço amplo com um pequeno lago. Ele estava me esperando sentado próximo as plantas.

— São lindas, estão mesmo precisando de alguma mudança? — Ele perguntou quando me aproximei. O Hyuuga tinha uma voz suave, seu tom de voz dificilmente se alterava, o olhando ali com o cabelo solto me lembrei de Itachi, era muito parecido com os dele, talvez maior e seus olhos eram idênticos os de Hinata, os quais eu sempre fui apaixonada pela cor. Eu não podia negar que era uma combinação muito atraente, ele era muito bonito.

— São mesmo, não é? O inverno não foi tão duro esse ano, por isso agora já temos tantas folhagens verdes, poucos galhos vazios. Mas sim, precisamos, se você olhar de perto vai saber quais precisam de poda e quais precisam fazer a troca da terra, o clima vai fazer todo o trabalho mágico daqui pra frente, nós só precisamos literalmente “preparar o terreno”. — Eu sempre tagarelava demais, ele teria que se acostumar.

— Entendi, então essa é a parte da jardinagem? — Ele parecia muito concentrado no que eu dizia, mas não me olhava.

— Sim, basicamente é a “mão na massa” do paisagismo, e é claro que nem de longe eu sou uma especialista nisso. Muito do paisagismo, que foi o projeto para que o quintal ficasse exatamente como é, com o pequeno lago com as pedras e a disposição dos arbustos e plantas em sua volta, veio da tia Mikoto. — Senti uma pontada no peito ao falar o nome dela.

— A mãe dos Uchihas? — Agora ele se virou para me olhar, seus olhos tinham um brilho ainda mais intensos do que os de sua prima.

— Sim... Ela era arquiteta, se especializou em paisagismo e era muito talentosa.

— Então ela te ensinou tudo isso?

— Exatamente. Bem, o jardim da frente como você viu, tem as árvores maiores, inclusive a que dá acesso à minha janela — não sei por que senti vergonha em lhe revelar esse detalhe, mas continuei — e do outro lado tem uma horta, essa sim tem todo crédito meu e um pouco do meu irmão, para ser justa.

— Deve dar muito trabalho.

— Hoje em dia muito menos, acredite. — Eu sorri e ele sorriu de volta.

Logo começamos a aparar algumas folhas queimadas, trocar a terra de alguns vasos e adubar a terra das plantas que ficavam no chão. Conversamos sobre como as cores ficariam quando as flores florescessem na primavera, e como era função de um paisagista prever e sentir essa harmonia. Fizemos uma pausa para beber e comer alguma coisa e ele me contou como tinha começado a se interessar pelo paisagismo e suas intenções de se tornar um arquiteto. No fim, eu estava muito feliz de ter uma companhia comigo no jardim, não só por aliviar um pouco do trabalho, mas porque a aura tranquila e focada de Neji tinha me trazido um pouco de calmaria que nem notei que estava precisando, já que todos os dias era como se eu estivesse no olho de um furacão emocional.

...

Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o Sol nascer.
Devia ter arriscado mais e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer. Queria ter aceitado, as pessoas como elas são, cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração...” 
— Naruto cantava como se fosse um com a música, não importava qual estilo de música tocássemos sua voz se encaixava perfeitamente, não apenas como um cover, mas como uma releitura muito original. A única coisa que me incomodava é que ele estava cantando e olhando diretamente pra mim como se quisesse me dedicar a letra.

— Uau, esse som ficou muito bom. — disse Shikamaru.

— Essa música é a sua cara, Sasuke, enterrado em ressentimentos, o senhor do devia. — Disparou o Uzumaki, eu amava e odiava seu lado artista.

— Naruto, por amor a minha guitarra, ela vai continuar na minha mão, mas se falar qualquer coisa de mim de novo eu vou enfiar ela no seu-

— Acontece nas melhores bandas. — disse TenTen rindo.

O ensaio acontecia na garagem dos fundos, ao lado do dojo. Gaara tocando bateria, Naruto com a segunda guitarra e cantando, Shikamaru tocando baixo e eu tocando a guitarra principal. Ino, Hinata e TenTen acompanhavam o ensaio e eram um ótimo público cantando os refrões das músicas tão animadas como se estivessem em um show.

— Qual a próxima? — perguntou Gaara.

— Qualquer uma que impeça o Naruto de associá-la à mim, por favor. — Já era ruim o suficiente que quem eu queria não estivesse aqui.

Bring me to life, do Evanescence. — Sugeriu Ino.

— Isso não é muito emo pra você? — zombou Naruto.

— Calado, você sabe que eu amo a versão na sua voz, pateta. — Ela mostrou o dedo médio pra ele.

— E você e o Sasuke fazem um ótimo dueto nessa música. — disse Hinata.

— É verdade, faz tempo que não vejo vocês cantando juntos. — Shikamaru completou.

— Ah, essa eu quero ver, quer dizer, ouvir! — exclamou TenTen.

— Pode ser, mas vou ter que assumir o piano no início. E tudo bem pra você, Gaara? — perguntei, era nosso primeiro ensaio então estávamos testando o que conseguíamos de fato fazer juntos.

— Claro, eu conheço essa.

— O.k. — Encostei a guitarra ao lado do piano, eu particularmente gostava do desafio de cantar acompanhando o Naruto enquanto tocava e essa era uma das músicas mais antigas das quais já tocamos juntos.

[Introdução com o piano]

Naruto — “How can you see into my eyes like open doors. Leading you down into my core, where I've become so numb…”

[Sasuke assume a guitarra]

Naruto — “Without a soul… My spirit's sleeping somewhere cold, until you find it there and lead… it - back - home.”

[Terceira parte da música antes do último refrão]

Naruto — “Frozen inside without your touch, without your love, darling, only you are the life among the dead”

Sasuke — “All of this time I can't believe I couldn't see, kept in the dark, but you were there in front of me”

Naruto — “I've been sleeping a thousand years it seems, got to open my eyes to everything”

Sasuke — “Without a thought, without a voice, without a soul — DON'T LET ME DIE HERE, THERE MUST BE SOMETHING MOREEEEEE”

Naruto — “BRING - ME – TO - LIIIFEEEE”

[Refrão final]

— Porra, isso foi do cacete. — Exclamou TenTen.

— Eles mandam muito! — disse Shikamaru.

— É surreal que essa vozes venham deles, né?

— Ei, como assim, Ino? Do Sasuke tudo bem, mas eu sou muito talentoso.

— Obrigado, babaca. — Joguei uma palheta de guitarra no loiro.

— Mas é diferente, tipo, vocês conversando com a gente, ninguém imagina esses vozeirões. — Concluiu a loira. — Ué, Hina, você estava chorando. — Ela disse quando olhou para o lado e viu Hinata enxugando o rosto com a manga da camisa, então todos nós também a olhamos.

— Fomos tão péssimos assim? — falei.

— Ah, gente, não é isso, é que eu sempre achei essa letra muito triste. — Todos nós nos entreolhamos e rimos baixinho, Naruto tirou a alça da sua guitarra pela cabeça e encostou o instrumento na parede, indo abraçar a Hyuuga. Não pude ouvir o que ele sussurrava para ela enquanto se abraçavam, mas logo a tomou em um beijo, eu imagino que foi algo como “não precisa se preocupar, sua vida está bem aqui”, ou algo assim.

Eu nunca tinha sentido tanta inveja do meu melhor amigo quanto agora. Não importava quantas músicas tocássemos e o que elas dissessem, eu estaria pensando na minha Rosinha o tempo todo.

...

Domingo.

Acordei um pouco mais cedo do que pretendia só para poder tomar café da manhã com a minha mãe. Ela era enfermeira e trabalhava no mesmo hospital que o papai, para mim e meu irmão, ir ao hospital era um tabu enorme e no começo não conseguíamos entender como ela conseguia frequentar todo dia o lugar em que seu marido passara a maior parte da vida e morrera. Mas então um dia ela nos disse “é o meu dever ajudar as pessoas, preciso continuar... é o que ele diria”, então entendemos. Seus turnos eram muito flexíveis e era difícil dizer quando estaríamos juntas à mesa, mas especialmente hoje eu fiz questão de estar com ela. Lhe contei meus planos e ela quase chorou, mas disse que com certeza tiraria um tempo para ir conferir depois. Então me despedi e sai.

— Isso vai dar um trabalhão..., mas eu não vou me perdoar se esse lugar continuar assim. — Eu estava parada segurando algumas sacolas enquanto analisava o quintal da frente da casa dos Uchihas. Itachi havia me dado sua chave do portão, da casa e do pequeno armário que ficava na garagem onde tia Mikoto guardava suas ferramentas de jardinagem.

— É melhor eu começar.

— Você invade casas agora? — A voz de Sasuke soou atrás de mim e eu quase derrubei todos os sacos, mas ele prontamente os pegou tirando-os da minha mão.

— Ah, desculpa — por que eu me desculpo tanto com ele? — não sei se o Itachi te avisou...

— Não. — Ele disse apenas como se fosse óbvio que Itachi não avisasse nada nunca, muito menos sobre mim.

— Eu pedi pra ele avisar, juro. É que eu pedi pra ele as chaves... Eu pensei que vocês iam gostar de ter esse lugar de volta. — Eu olhei o jardim em volta constrangida, eu deveria tê-lo avisado, afinal, a casa e a mãe também eram dele.

— Ela vai amar. — Ele disse e me olhava tão intensamente que achei que me perderia naqueles olhos.

— Vou dar o meu melhor. — Eu disse e estiquei as mãos para pegar as sacolas, mas ele as puxou para mais perto de seu corpo.

— Então eu vou te ajudar — eu ergui uma sobrancelha — e você não pode recusar, é a minha casa, afinal. — A pior (ou melhor) parte, era que ele tinha razão.

— Tudo bem, eu aceito sua ajuda. Mas você vai ter que sujar as mãos de terra, e os joelhos, e os pés, e talvez o cabelo. — Eu apontei para o lenço vermelho que eu tinha amarrado cobrindo o cabelo; era o lenço oficial da jardinagem.

— Terra não é pior que graxa, eu dou conta. — Ele falou me lembrando o trabalho da família.

— Ok. Daqui a uma hora a floricultura da Ino deve entregar algumas mudas novas que eu pedi, então vamos começar preparando suas novas casas. — Eu me senti boba falando das plantas como se fossem gente na frente dele. “novas casas”

— Ok. — Ele riu baixinho e eu me achei ainda mais boba.

Pouco tempo depois estávamos agachados sob os joelhos lado a lado removendo algumas plantas e cavando novos buracos. Sasuke não tinha muito jeito com jardinagem então eu sempre dava instruções do que fazer e de como fazer — a distância entre os buracos, a profundidade de cada um e como adubá-los. Quando as mudas chegaram, eu lhe expliquei o que eram e como ficariam, o plano era manter a paisagem que sua mãe criara, só renovar as plantas que tinham morrido com o tempo. No geral ele não falava muito, só quando tinha dúvidas ou precisava de ajuda, porém notei que o tempo inteiro ele me olhava — e digo o tempo inteiro, pois quando o flagrei pela primeira vez, comecei a olhar de volta. Penso que se alguém de fora nos visse seria uma cena cômica: ele me olhando sem achar que eu estou vendo e fingindo não estar quando eu o encaro e vice-versa. Até que ele se levantou, lavou as mãos e entrou dentro da casa, poucos minutos depois ele estava de volta com sua câmera semiprofissional.

— Ah não, Sasuke, eu to uma zona! — Falei esticando as mãos sujas de terra na frente do rosto, fazia muito tempo que não o via fotografando, acho que desde que sua mãe se foi, ele costumava tirar muitas fotos dela fazendo de tudo.

— Só uma, eu prometo. Você não precisa posar, só continue o que está fazendo. — disse enquanto se sentou no piso de madeira da varanda e me olhava através das lentes, corei ao pensar o quanto ele ficava fofo quando estava focado.

— Só uma. — disse e tentei ignorar a câmera.

Ele esperou até que eu realmente tivesse me esquecido e voltado o foco para o trabalho, pois quando eu ouvi o “click” da foto sendo tirada me surpreendi. Depois disso ele voltou a me ajudar e voltamos ao silêncio e troca de olhares. Essa dinâmica se seguiu por horas e às vezes eu o ouvia cantar baixo e evitava fazer muito barulho para poder ouvir — ele sempre canta quando está focado. Almoçamos juntos e passou pela minha cabeça várias vezes falar sobre nossos papéis na peça, mas eu me lembrava da nossa troca de mensagens e ficava com muita vergonha pra tocar no assunto. No fim da tarde tínhamos feito tudo o que podíamos e quase mais da metade do jardim estava em ordem, então nos despedimos, eu devolvi as chaves e prometi voltar no próximo domingo, ele assentiu e disse que me esperaria.

Fui em direção ao portão e percebi que eu já não estava mais com raiva dele — de ter me dito não se importar e ter voltado atrás como se não fosse nada, nem do episódio que armaram no jantar. Naquele momento eu só conseguia pensar que mal o portão se fechara atrás de mim, eu já estava com saudades. “maldito feiticeiro”

...

— Dois dias inteiros enfiada na terra acabaram com meus braços. — Eu estava jogada no sofá da sala depois de um bom banho, com as pernas jogadas em cima do meu irmão.

— Foram as plantas que mandaram você me perdoar?

— Elas jamais perderiam tempo falando sobre você.

— Ai, essa doeu, mesmo que sejam plantas. — Ele gargalhava como seu eu fosse a louca das plantas.

— Você tem dormido bem? — perguntei e ele parou de rir.

— Quer saber se os pesadelos pararam? Pra ser sincero, não, você não sabe por que sou eu que tenho lavado as roupas, mas saberia pelo suor.

— O que, Sagi, tipo terror noturno? Está tão ruim assim? Por que não me disse nada? — Eu não sabia se me levantava para abraçá-lo ou se matinha a posição e chutava sua cara por estar me escondendo coisas.

— Calma, calma, não me chuta! — ele disse como se pudesse prever os meus pensamentos, e podia, afinal, me conhecia a minha vida toda. — Foi só uma vez tá, faz dias que está mais leve, estão ficando mais curtos e rápidos, fica tranquila. — Ele me abraçou, eu ia começar a chorar.

— E-e-eu s-ó não que-quero que-que isso te ti-re de mim, de novo... — Eu soluçava e balbuciava as palavras com dificuldade, era dolorido só de lembrar como ele ficou depois da morte do papai e do seu acidente depois.

— Eu sei, eu sei. Não vai. Ei, estamos indo bem, não estamos? Vamos poder até atuar juntos. Eu até sou seu pai na peça, aposto que foi por causa do cabelo. Por favor, não chora. — A voz dele vacilou, ele já tinha lágrimas escorrendo pelo rosto.

 — Me des-desculpa, eu não queria te fazer chorar. — Eu apertei um pouco mais o abraço e tentei parar de chorar.

— Você se desculpa demais... E sujou minha camisa, melequenta... — Sua voz ainda era fraca, mas ele ria.

— Desculpa, idiota... — Eu ri de volta.

Um tempo depois nos recuperamos e decidimos assistir um filme de terror — meu irmão disse que dormia melhor quando achava que não podia sonhar com nada pior que um filme de terror bem-feito, o que era idiotice. Cerca de duas horas depois, deixei meu irmão que dormira no meio do filme no sofá e subi para o quarto, ao terminar de subir as escadas, fechei os olhos e corri para o quarto para não ficar muito tempo no corredor escuro e silencioso. Fechei a porta atrás de mim e quando abri os olhos novamente soltei um grito. Rapidamente levei a mão à boca e torci para não ter acordado meu irmão, fiquei só ouvindo por uns instantes e nada, ele não tinha acordado, o que eu achei uma droga — em uma emergência real eu já estaria tragicamente morta, e ele, dormindo.

— Vou morrer do coração antes de descobrir quem é... — Falei enquanto ainda segurava a maçaneta da porta com força. Meu quarto estava iluminado apenas pela luz da lua entrando pela janela, o que lançava duas sombras no chão: a da árvore e a de um bilhete no parapeito da janela. Eu não sabia dizer se já estava lá quando cheguei em casa mais cedo, ou se alguém estava mesmo entrando pela janela. Abri.

ONE STEP CLOSER

DE SEU ADMIRADOR, TALVEZ, SECRETO.

— Um passo mais perto? É, só se for pra você Sr. Talvez Secreto, eu não me sinto mais perto de descobrir nada sobre... Espera... — me dei conta de que não era sobre mim, era para mim sobre ele, ele estava um passo mais perto. — Mesmo assim isso não me diz nada, só que devo esperar algo a mais do próximo bilhete.

Me joguei na cama exausta, mas também ansiosa. Peguei meu celular e desbloqueei a tela, pesquisei “One Step Closer” e apareceu no resultado da busca que era um trecho da música A Thousand Years.

— Mais uma música hein...

Voltei na mensagem de Sasuke que tinha salvado como destaque. “Sempre seu, Lisandro”, depois do dia anterior, eu ainda desconfiava que Neji poderia estar me mandando aqueles bilhetes, ainda mais porque eu havia o contado sobre o acesso não convencional à minha janela. Por um momento eu desejei que fosse outra pessoa, que fosse o meu Lisandro, mas aquilo era bobagem, ele não faria isso de jeito nenhum.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler ♥



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