A Razão do Rei escrita por Andy


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Eu prometi a mim mesma que ia tentar não fazer um discurso gigante aqui, mas receio que isso não será possível... Ou talvez seja, porque estou simplesmente sem palavras. É difícil acreditar que este é realmente o último capítulo da fanfic, depois de quase um ano escrevendo e compartilhando-a com vocês... É simplesmente inacreditável. Quando comecei "A Razão do Rei", nunca poderia imaginar que ela tomaria as dimensões que tomou. Eu não esperava escrever tanto (ela ia ter só um capítulo, depois eu aumentei para três... Mas 19?!), e nem esperava que ela recebesse tanta atenção assim. Foram quase 200 reviews no total até agora e dezenas de acompanhamentos! Quase 10000 visualizações! Isso é MUITO mais do que eu já cheguei a sonhar que uma fanfic minha realizasse. É até engraçado comparar o quadro de estatísticas desta fanfic com os das outras que tenho publicadas aqui.
E agora que chegamos ao fim... Eu só tenho a agradecer a todos que acompanharam Syndel e Thranduil, quer tenha sido desde o início, quer tenha sido a partir do meio ou só agora no final. Muito, muito obrigada! Eu já disse isso antes e repito: esta fanfic não seria nada sem vocês!
Então... Muito obrigada a todos os leitores. Aos fantasminhas, que só deixam marcas nas estatísticas de acompanhamento e visualização da fanfic... Mas principalmente aos que comentaram, que compartilharam suas emoções e opiniões comigo e me ajudaram a crescer como escritora. Eu aprendi muito com vocês e me emocionei muito também. Muitos, considero como amigos agora. E vou sentir sinceramente a falta de todos.
Antes de encerrar o discurso... Tenho mais um agradecimento especial a fazer! Muito obrigada, AnaBonagamba! Como eu já te disse, eu não esperava receber mais recomendações, a esta altura do campeonato. Muito obrigada pela deliciosa surpresa!
Bom, vou deixar vocês lerem, então! Mais uma vez, muito obrigada pelo carinho! ♥

IMPORTANTE: Não deixem de ler as notas finais deste capítulo!!! É muito importante mesmo!



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– O que aconteceu na fortaleza? – Gimli perguntou, já sabendo da resposta. Ele se sentia tão triste quanto todos os que ouviam a história.

Legolas olhou para ele por um instante. Ele reconheceu a tristeza do anão e se sentiu grato pela solidariedade dele.

– Eu não... Eu não sei com certeza. Meu pai não fala sobre isso. Ele nunca me contou nada, ele... – Ele fez uma pausa e respirou fundo. – Ele acordou apenas semanas depois. Todos pensamos que íamos perdê-lo. Seu corpo se tornava cada vez mais frio com o passar dos dias, e ele não reagia a nada, nem a ninguém. Nós o levamos de volta para Greenwoods e Mestre Elrond foi conosco para tentar ajudar, mas nada funcionava.

“Oropher havia caído durante a luta contra o Rei Bruxo. Eu não vi nada, mas os elfos que viram disseram que ele lutou bravamente até o fim. Ele caiu pouco antes de Valfenda chegar ao campo de batalha. Minha avó, a rainha, tinha ficado no reino, e adoeceu assim que soube do que havia acontecido e do estado do meu pai. Ela partiu antes que meu pai acordasse. Minha mãe... Minha mãe jamais saiu de Angmar. Nós realizamos várias buscas antes de Mestre Elrond selar o local. Não encontramos nada.

Eu já havia perdido completamente as esperanças e me preparava para o que viria a seguir quando meu pai despertou, numa manhã quente de verão. Ele estava muito fraco, mal conseguia abrir os olhos. Assim que ele acordou, eu fui chamado e corri para lá imediatamente. Quando eu me aproximei e ele me viu, ele passou os braços em volta de mim, me abraçando, e sem dizer uma palavra, chorou.

Muitos dias se passaram até que ele ganhasse forças o suficiente para deixar a ala médica. Então nós enterramos o rei e a rainha. Foi um dos dias mais tristes de que eu tenho lembrança. Minha mãe não recebeu um túmulo.

Meu pai não tinha dito palavra a ninguém sobre o que havia acontecido dentro da fortaleza. Eu tentei perguntar algumas vezes, especialmente sobre minha mãe, mas ele se recusava a falar. Ele apenas exibia aquela expressão mortificada, como se uma dor insuportável tomasse conta dele, e não dizia nada. Eu insisti e teria insistido mais, se Mestre Elrond não tivesse vindo a mim e me aconselhado a deixá-lo em paz.

– Temos sorte, Legolas, por não ter pedido Thranduil... Eu pensei que o espírito dele já estava nas mãos de Mandos, mas alguma coisa o fez recobrar a vontade de viver e o trouxe de volta. – Ele pôs as mãos em meus ombros. – Não convém pressioná-lo, nem questionar suas razões.

– Mas... Minha mãe...

– Eu sei, eu sei... É justo que você queira saber o que aconteceu a ela. Mas não o pressione. Ele eventualmente irá lhe dizer.

– Mas Mestre Elrond estava enganado, ainda que aquela tenha sido a única vez. Meu pai jamais falou sobre o que aconteceu em Angmar naquela noite.

Fez-se um silêncio completo em torno da fogueira, cujo fogo já se apagava. O horizonte clareava pouco a pouco, discretamente, anunciando o amanhecer que se aproximava. Na floresta, os animais começavam a se agitar. As aves começavam a acordar em seus ninhos.

– No entanto... – Legolas olhou para Gimli. – Alguém me contou.

– Quem? – Frodo perguntou.

– Mestre Elrond. Meu pai lhe contou... Quase tudo o que aconteceu no interior da fortaleza. E então um dia, quando eu estava em Valfenda, Mestre Elrond me chamou e me contou o que ele havia lhe dito. Ele disse que achava que eu tinha o direito de saber. Mas meu pai pensa que eu ignoro tudo até hoje, e Mestre Elrond me aconselhou a manter as coisas dessa forma.

Legolas então narrou aos membros da Sociedade o que Elrond havia lhe contado. Thranduil havia omitido do senhor de Valfenda tudo a respeito da arca dos sindar e também tudo o que Syndel havia lhe dito. Mas enfatizara bastante a covardia de Thror e a forma como ele os havia abandonado, selando o destino da elfa de olhos prateados. Quando Legolas terminou de contar, ninguém soube o que dizer. Gimli sentia-se pior que todos os outros. Todos compreenderam, naquele momento, a verdadeira razão do rei.

– Se Thror não tivesse dado as costas naquele dia... – Legolas olhava para a grama a seus pés ao falar. – Tudo poderia ter sido diferente. – Ninguém respondeu. – Algum tempo depois, Erebor foi erguida. A Pedra Arken foi encontrada e meu pai foi convidado a se curvar diante de Thror, Rei Sob a Montanha.

“– Você não vai... Não é? – perguntei, e na época eu já não ignorava a verdade sobre Angmar. Eu podia sentir o ódio correndo dentro de mim diante da audácia de Thror.

Meu pai parou de costas para mim.

– E arriscar provocar uma guerra?

– Que haja guerra! Não há anão que possa contra nossas forças, você sabe disso! A própria história de nossos povos mostra isso! Eru determinou que fosse assim!

O rei se virou para mim, e eu vi uma expressão estranha em seu rosto. Em seus olhos, queimava o mesmo ódio que eu sentia. Mas ele parecia resignado.

– Eu não vou desperdiçar as vidas de nosso povo em uma guerra sem sentido contra Durin.

– Sem sent...?

– Quieto! É minha última palavra, Legolas. Se Thror deseja a paz... – Ele se voltou em direção aos portões do reino, mas parou. – Eu vou negociar com ele. O reino fica sob seu comando até eu voltar.

– Mas quando meu pai voltou daquela visita a Erebor, estava furioso. Ele chegou quebrando tudo, socando paredes... Quando perguntei o que havia acontecido, ele falou sobre uma arca... uma arca cheia de gemas brancas e um colar... Um tesouro perdido de nosso povo, ao que parece. Ele acusava Thror de tê-lo roubado. Em resumo, não houve acordo de paz. Mas meu pai aceitou a soberania de Thror e não lhe declarou guerra. Ele sabia... – Legolas olhou para Gimli, que desviou o olhar, constrangido. – Ele sabia que a ganância de Thror seria sua própria ruína. Pouco depois, veio Smaug.

– E todos sabemos o que aconteceu. – Aragorn conclui, não desejando que se iniciasse outra história de fogo e sofrimento.

– As pedras que Thranduil queria... Depois da queda de Smaug...? – Gimli ensaiou uma pergunta, sem jeito. Aquilo surpreendeu a todos.

– Bard de Valle as entregou ao meu pai. Ele as recebeu de Dain como parte do pagamento da dívida de Thorin Escudo de Carvalho. E embora você pareça guardar muita mágoa de meu povo, Gimli... – Frodo notou que pela primeira vez Legolas chamava o anão pelo nome. Gandalf alisou a própria barba, satisfeito. –... eu acredito que meu rei tenha perdoado o seu, no coração dele.

– Você “acredita”...?

Legolas sorriu, sem humor.

– Depois da Batalha dos Cinco Exércitos, ficar em Greenwoods se tornou insuportável para mim, e eu parti em direção ao norte. Foi o último conselho que meu pai me deu.

– Uma pergunta... – Merry interrompeu. – Eu ainda não entendi... A sua mãe simplesmente te empurrou em direção à morte? Assim, do nada?

– Ah... Eu também me perguntei sobre isso... A minha vida inteira. Por centenas de anos, eu me perguntei... Por quê? – Ele franziu as sobrancelhas. – Mas antes de eu partir, na última vez em que nos vimos, meu pai me disse... – Ele parou de falar, pensativo.

– Sim?

– Ele disse... “Sua mãe o amava, Legolas. Mais que a qualquer um. Mais que à vida.” – Durante algum tempo, todos se calaram. Minutos se passaram até que Legolas falasse novamente: – Acho que ela sabia que a fortaleza ofereceria um perigo maior... Talvez. Eu acho que ela tentou me proteger. E também... Acho que ela viu Valfenda se aproximando ao longe. Foram eles que me resgataram, antes que as águas me levassem. Eu... Eu gosto de pensar que foi isso.

– Eu tenho certeza de que sim, Legolas. – Aragorn pôs a mão no ombro do companheiro de Sociedade, que lhe agradeceu com os olhos.

E durante certo tempo ninguém mais falou, enquanto imagens da história de Legolas se misturavam às da Desolação de Smaug, que tinham ouvido nas histórias e canções. Com o tempo, tudo se tornava cada vez mais claro nas mentes dele, enquanto as histórias se misturavam e se completavam, preenchendo lacunas. E quando os primeiros sinais do círculo solar apareceram no horizonte, tudo já estava absolutamente claro em seus corações.

– Eu acho que é melhor nós começarmos a nos preparar para seguir viagem, sim? – Gandalf se levantou.

– Mas... Como o sol pode já estar nascendo? – Boromir olhou para o astro-rei, inconformado. – Nós nem chegamos a dormir!

– Às vezes, Boromir, filho de Denethor, boas histórias podem ser ainda mais revigorantes do que uma noite de sono inconsciente. – Gandalf respondeu, pondo o chapéu e batendo o pó das vestes.

– Está muito cansado? – Aragorn perguntou, em certo tom de provocação, enquanto passava pelo outro carregando boa parte do que restava da madeira da fogueira recém-apagada.

– Eu? É claro que não! – Boromir tratou de reprimir um bocejo, enquanto se abaixava para pegar o resto da madeira da fogueira. – É com os pequenos que eu me preocupo!

– Nós estamos bem. – Sam se pôs de pé, passando as mãos sobre a barriga, satisfeito por ter podido comer aqueles esquilos mais cedo.

– Merry, Pippin, vão checar o pônei, sim? – Aragorn pediu.

Pouco depois, já estava quase tudo pronto para partirem. O sol mal se tinha erguido. Legolas olhava além, tentando ver o que os aguardava na distância, enquanto Gandalf e os dois homens discutiam qual seria o melhor caminho a tomar, dali em diante. Discretamente, tão silenciosamente quanto um anão podia (o que não é muito silenciosamente, convenhamos), Gimli se afastou deles e foi até Legolas. Ele parou atrás do elfo, um tanto sem jeito. Legolas fingiu não notá-lo, mas sorriu levemente enquanto sentia o vento fresco em seu rosto.

Gimli limpou a garganta:

– Ei, elfo...

Legolas se virou para ele, sério, mas ainda rindo-se por dentro.

– Eu... – Ele pigarreou. Aquilo era mais difícil do que ele tinha esperado que seria. – Eu sinto muito. Você sabe... Pelo que aconteceu à sua mãe.

O elfo se permitiu sorrir para ele.

– Eu agradeço seus sentimentos, mestre anão. – Ele baixou um pouco a cabeça num cumprimento, que Gimli retribuiu.

– Ei! Legolas! – Aragorn chamou. – Venha! Vamos partir! Merry! Pippin!

E logo a sociedade partia. Os hobbits estavam empolgados. Boas histórias sempre lhes renovavam as energias. Assim que Gandalf apontou o caminho, eles se apressaram, indo à frente. Os demais membros da sociedade iam atrás. Lado a lado, os hobbits cochichavam. De vez em quando, Pippin olhava para trás e dava pequenas risadinhas. Gandalf olhava desconfiado, se divertindo. Não muito depois, os hobbits começaram a cantar:

Oito pés à frente vão,

Atrás deles mais oito seguirão

Quatro hobbits, um elfo e um anão,

Um homem errante e um mago ancião!

Eles começaram a rir, felizes, e se puseram a repetir os versos, cada vez mais rápido até perderem o fôlego e recomeçarem. Atrás, Gimli resmungava:

– “Um elfo e um anão” ... Como isso soa estranho!

– Soa, não soa? Mas pelo menos rima. – Legolas comentou.

– Espera, o “homem errante” sou eu? – Aragorn se divertia.

– Eu é que não sou. – Boromir sentia-se levemente magoado por ter sido excluído da letra da canção.

– Ei, Mithrandir! Não seria melhor fazer com que se calem? Eles vão atrair qualquer orc ou outra criatura num raio de três milhas!

Gandalf riu:

– Não, meu jovem Legolas! Deixe que eles cantem! Deixe que cantem, enquanto há alegria em seus corações para fazê-lo. A jornada que nos espera já será demasiado dura. Por ora, deixe que sua alegria e suas canções nos alegrem também. – e aumentou o tom de voz: – Quem é ancião?!?! É melhor se apressarem, se não quiserem coaxar os próximos versos!! Eu os transformo todos em sapos, estão ouvindo?!

– Você pode fazer isso? – Aragorn perguntou, rindo.

– Não exatamente... Talvez...

Todos riram (inclusive eles mesmos) enquanto os hobbits se atrapalhavam, tropeçando uns nos outros enquanto tentavam andar mais rápido. E a Sociedade do Anel seguiu viagem... Prontos para se tornarem eles mesmos canções e histórias para serem ouvidas em torno da fogueira.

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Editando rapidinho para adicionar esta imagem, compartilhada pela leitora Spencer, que tem tudo a ver com a fanfic! Obrigada, Spencer! ^^

(Créditos ao artista. Seja lá quem ele for, tem muito talento!)


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Notas finais do capítulo

Fim
°
°
°
?

Bom, talvez não. Ok, ok, não me matem se eu tiver deixado vocês tristes pensando que este era o fim, para chegar aqui e dizer que não é! A verdade é que este era para ser o fim, maaaaaaaas eu não aguentei! Então, escrevi mais algumas palavrinhas... Um EPÍLOGO! Só que eu fiquei em dúvida se publicava logo de cara junto com este capítulo, ou se esperava mais uma semana ou o quê. Na dúvida, optei pelo meio-termo. Como estamos no meio de um feriado... Eu devo publicar esse epílogo daqui a uns dias, na segunda ou na terça, ok? Vou só dar um tempinho para que todos possam ler este último capítulo primeiro. Me desculpem por trollar vocês, muahaha! ^w^'
Vocês sabem que eu os amo, ne? ♥