Crônicas Espaciais escrita por Lorena Espíndola


Capítulo 2
Elvis não morreu


Notas iniciais do capítulo

Rose Tyler e o 10th Doutor



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– Rose! Preciso da sua ajuda aqui! – gritou o Doutor tentando inutilmente dar um jeito em seus cabelos rebeldes.

– Algum problema com a TARDIS?! – perguntou Rose tentando fechar o zíper da linda saia rosa que ela havia escolhido para ver Elvis Presley, caso eles parassem no lugar e na data correta. O Doutor havia prometido que ela veria o cantor e ele era bom em cumprir promessas feitas a ela. Mas ele também era muito bom em parar nos lugares errados e nas datas erradas. Ela veria Elvis um dia so não tinha certeza de quando.

– O quê? Não! Quer dizer, acredito que não! – Mas apenas para verificar ele perguntou sussurrando para sua garota se havia algum problema, a TARDIS ronronou e ele tomou aquela resposta como um não – Que pergunta é essa? Eu saberia se existisse um problema na minha nave, não acha? – retrucou ofendido. Ele olhou no espelho do seu quarto e suspirou, seu cabelo era legal demais para se deixar levar por um fixador qual quer. Pegando três fixadores de planetas diferentes, ele marchou para o quarto de Rose. Se Rose não viria, ele iria até ela.

– Rude! – repreendeu Rose puxando o zíper mais um vez, de repente aquela coisa grande e rosa não pareceu uma boa escolha.

– Rude e não ruivo – lembrou-lhe entrando no quarto dela sorrateiramente.

Rose não notou sua aproximação, além de estar de costas para a porta, sua concentração estava no melhor jeito de vestir a saia, ela quase foi ao grande guarda-roupa da TARDIS pegar outra roupa, mas ela havia gostado da saia, tão linda e rosa.

– Doutor, tenho certeza que o meu problema é maior! – Gritou Rose. Ela prendeu a respiração e puxou mais uma vez, ela franziu o cenho irritada, fechar aquele zíper agora era questão de honra.

O Senhor do Tempo sorriu para si mesmo, aproximando-se dela silenciosamente, ele não pode resistir a tentação de assusta-la e sabendo que talvez ela ficaria irritada – ela ficava linda assim, mas é evidente que isso não influenciava na decisão de assustar a humana rosa e amarela – ele hesitou por dois segundos antes de se aproximar do corpo dela e sussurrar no seu ouvido:

– Rose meu cabelo não esta digno de Elvis Presley. Como seu problema pode ser maior que o meu? – Rose pulou de susto e derrubou as latas de spray que ele segurava ao se virar para o alienígena que deu três passos para trás.

– Doutor! Você quer me matar de susto? – Gritou ela entre os segundos que sua surpresa se transformou em irritação.Tão linda. Feroz como um gatinho.

– Quem é feroz como um gatinho? – Exigiu Rose dando um passo na direção dele. Por Rassilon ele havia falado aquilo é voz alta? Rapidamente ele viu que estava errado. Rose Tyler era atenta e até mesmo feroz como um lobo. Lobo mau. Mas Rose não era má. Era só Rose Tyler…

Ela deu outro passo antes de pisar nos fixadores e seu corpo se projetou para frente, ela fechou olhos pronta para sentir o impacto, mas o Doutor, que tivera seus pensamentos interrompidos com a futura queda da garota, foi mais rápido e a segurou. Ele pisou nos fixadores, prendendo-os no lugar e os usando como base para se firmar.

– Olá – cumprimentou ele com seu sorriso heroico.

– Olá – devolveu lhe um sorriso pequeno, surpresa demais por não cair.

O sorriso dele foi se fechando quando percebeu um pouco tarde que sua posição e a dela não estava muito segura, prova disso foi a queda dos dois. O pé dele se mexeu quando ela tentou se levantar apoiando-se nele e ele perdeu o equilíbrio levando os dois ao chão. Rose gemeu quando o Doutor alem de deixa-la cair, caiu em cima dela.

Eles se olharam.

E começaram a rir loucamente.

Ele saiu de cima dela, apenas para deitar do seu lado e rir ainda mais. As mãos deles se encontraram. Elas sempre faziam isso. Eles pararam de rir gradativamente. O Doutor estava agradecido por ela ter deixado de lado a sua pergunta e não ter cobrado resposta, embora ele tivesse certeza que ela havia esquecido o assunto.

Ela olhou para ele, eles sorriram um para o outro e ele sentiu a necessidade de perguntar:

– Você está bem? – Ela riu e ele tomou aquela resposta como um sim.

– Sim e você?

– Eu estou sempre bem – falou sua resposta padrão. Ele ficou surpreso quando percebeu que naquele momento ele estava realmente bem, no chão com Rose Tyler. – Eu realmente estou bem! – exclamou surpreso

– Brilhante! – riu roubando a fala dele.

– Realmente brilhante! – Concordou o Doutor ainda surpreso. Ele apertou a mão dela e se levantou a puxando junto. Ele olhou para ela, ela vestia uma saia rosa que ele não sabia definir em uma so palavra – talvez, grande – seu cabelo já estava arrumado e ela já se equilibrava nos saltos altos. Rose Tyler sua humana rosa e amarela. Ele se lembrou do seu problema, olhou para ela suplicante e Rose suspirou.

– Me ajude a fechar o zíper e depois eu dou um jeito no seu cabelo. Depois Doutor – frisou levantando a mão como se o mandasse ficar quieto. Ela se virou, ficando de costas para ele, tentou mais uma vez fechar o zíper,sem sucesso. Ele apenas observou em silêncio

– Tudo bem. Sua vez. – Ele ficou calado por 10 segundos e Rose tinha quase certeza que era um novo recorde. Ela esperou ele chegar mais perto, seu corpo traidor desejando o toque dele.

Ele se aproximou dela com a respiração presa. Eles estavam próximos demais, eles estavam sempre próximos, mas dessa vez para ele era diferente, porque ele se sentia verdadeiramente bem, sem medo. O Senhor do Tempo conseguiu fechar o zíper na segunda tentativa. Ele segurou a cintura dela e a ouviu suspirar. Ele sorriu. Rose gostava de estar perto dele tanto quanto ele. E ele não estava certo se isso era bom ou ruim. O Doutor hesitou sobre o que fazer, mas Rose foi mais rápida e se virou antes que ele desistisse.

Rose olhou nos olhos dele, ele não soube o que ela viu, mas foi o suficiente para pegar na mãos dele e pousa-las na sua cintura novamente, ela sorriu e ele viu as mãos dela no seu peito, cada mão sentindo o fluxo acelerado de seus corações. As mãos do Doutor a puxaram para mais perto e seus braços se fecharam em volta dela. Quase um abraço. Ela estava tão perto que se ele abaixasse sua cabeça, ele encontraria os lábios dela ansiando pelos dele.

Mas ela era Rose Tyler! Por Rassilon! Se ele a beijasse eles não poderiam voltar atrás, ele não deixaria ela ir. Ela não teria uma vida normal, nem filhos. E por mais que doesse para ele, Rose merecia ter uma vida normal. Ela iria morrer um dia e só de pensar na dor que isso traria seus braços se soltaram dela e ele deu um passo para trás. Perder Rose seria insuportável demais. A falta do calor do corpo dela agora já o fazia ansiar por ela e ele se segurou para não puxa-la de novo. Ele fechou os olhos e quando abriu algo dentro dele se quebrou porque Rose o entendia e estava sorrindo para ele. Rose sentia por ele o que sentia por ela. E isso não era justo.

Ela viu que ele quase fez, quase a beijou, mas Rose também viu quando o Doutor se deu conta do que estavam fazendo, os olhos dele sempre – não importava qual corpo – contavam mais que sua boca. Ela sentiu as mãos dele deixarem sua cintura e o corpo dela quase o acompanhou. Ela daria tempo para ele. Ela daria tempo para um Senhor do Tempo. O pensamento a fez sorrir e quando ele olhou para ela, Rose sabia que ele tinha apenas medo.

– Vamos, temos que arrumar seu cabelo, um topete digno de Elvis Presley! – ela estendeu a mão para ele. Ele hesitou, mas segurou firme a mão dela. O sorriso dela prometia que ela não tocaria no assunto do beijo.

– Allons-y Rose Tyler! – disse ele antes de a puxar e os dois caírem sob os fixadores.


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Notas finais do capítulo

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