As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 19
Capítulo 19 – Acordos e desacordos. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Hi, mina!!! Estou deixando mais um cap para vocês!!! Quero agradecer à todas as leitoras que acompanham e deixam comentários em cada capítulo! É graças a vocês que essa fic. continua xD Muito obrigada, minhas lindas!!!



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— Sejam bem-vindos ao nosso clã. – falou a figura. – Meu nome é Shiro, sou a líder deste clã.

            Sesshoumaru estava perplexo. A pessoa que lhe dirigia a palavra, “o famoso líder deste clã”, não passava de uma jovem youkai. Era mais baixa que a garota que o acompanhava, tinha cabelos em tom violeta claro e olhos enigmáticos cinza claros. Seu olhar inteligente contrastava com sua aparência jovem, trazendo imediatamente à mente do Lorde, o olhar de seu estrategista. A lembrança de Suiryu fez Sesshoumaru se questionar até que ponto iam as semelhanças desses clãs rivais.

A líder trajava algo bem incomum. Sua vestimenta pouco lembrava as vestimentas nobres típicas das youkais. Vestia malhas justas e leves, possibilitando maior movimentação. Suas roupas somadas à espada que trazia ao cinto formavam a visão típica de uma guerreira.

            O que o surpreendeu de fato não foi a ideia de uma youkai guerreira, afinal possuía uma general e acompanhante do sexo feminino, ambas com ótimas habilidades de luta. Estava surpreso simplesmente por não esperar algo do tipo. Sempre que Sesshoumaru ouvia falar daquele clã, vinha a mente um líder tão cruel e frio como gelo. Não uma jovem youkai como a que estava a sua frente. Mas o Lorde tinha que admitir: apesar da aparência, ela exalava poder e confiança característicos de um líder. Arashi aprovaria... pensou se questionando se não teria sido melhor Suiryu enviar Arashi.

            – Sou Sesshoumaru, Senhor das Terras do Oeste. – falou. – Imagino que tenha recebido uma carta avisando sobre minha visita.

            – De fato. – concordou Shiro. – Mas devo dizer que estou surpresa. Não acreditei que viria pessoalmente. Achei que enviaria seu diplomata.

            Poderia ser apenas impressão, mas Sesshoumaru viu um brilho desafiador em seus olhos. É um teste, desconfiou.

            – Sabe o motivo de não tê-lo feito. Mandar alguém de um clã rival seria o mesmo que declarar guerra. – respondeu. – Meu objetivo é outro, como deve ter lido.

            – Se não me engano... Deseja firmar um acordo conosco. – seu tom era provocador, seus olhos, desafiantes.

Ele sabia que ela analisava cada aspecto a seu respeito, cada palavra e reação. Sesshoumaru fazia o mesmo, tinha a mesma expressão de desafio nos olhos, mas ao contrário dela, dispensou o sorriso travesso no rosto. Parece que ambos gostamos de um desafio. O julgamento começava ali, uma batalha silenciosa de determinações que decidiria quem cederia a quem.

            Houve um murmúrio entre os presentes, Koba, que permanecia de forma protetora ao lado de sua líder, não pôde esconder seu espanto.

            – Shiro-sama, não está mesmo cogitando...

            – Silêncio, Koba! – impôs a jovem. – A decisão cabe somente a mim.

            O youkai franziu a testa e desviou o rosto, claramente ofendido.

— Presumo, então, que irá aceitar minha oferta. – continuou Sesshoumaru, ignorando o ocorrido anterior.

— Não seja precipitado. – falou a jovem para a irritação de Sesshoumaru. – Ainda não concordei com suas exigências em virtude de meus ganhos. – disse convicta.

Sesshoumaru já esperava algo do tipo. Em negociações era comum ver ambos os lados buscando o máximo de benefícios próprios e vantagem sobre o outro. Normalmente ele tentaria impor sua vontade, mas precisa firmar esse acordo o mais rápido possível. Havia demorado mais do que esperado nessa viagem e necessitava voltar para seu Shiro e comandar seus homens na guerra que estava travando. Para isso, a aliança do clã do gelo era indispensável. Eram, não somente os guardas ideais para a região, mas também o último grande clã a não se aliar a nenhum dos lados da guerra.

— Creio que possamos ser flexíveis quanto ao apresentado. Estou disposto a modificar o acordo de modo que terão mais ganhos com ele.

Shiro analisou a proposta, mas negou-a.

            – O problema não é o que foi oferecido, e sim, a desconfiança. – explicou. – Não há garantias de que cumprirá o acordo.

            – Duvida de minha palavra? – Sesshoumaru começava a se cansar. Sabia conduzir negociações de forma calma e fria, mas no momento carecia de paciência.

            – Não chega a tanto. – defendeu-se, Shiro, ciente do pavio curto do Dai-youkai. Koba, ao seu lado, tinha os olhos semicerrados para Sesshoumaru e sua acompanhante. O guarda mantinha a mão próxima à bainha da espada, preparado para agir a qualquer movimento suspeito dos dois. – Mas veja pelo nosso lado: somos um clã distante tanto dos clãs do leste quanto do oeste, razão para nos mantermos neutros a qualquer aliança. Diante disso, você nos oferece um acordo com o seu clã, que a propósito possuí aliança com nossos inimigos, porque precisa de nossa assistência na guerra. Quando a guerra acabar, como posso saber se cumprirá o que prometeu e não nos trairá ou esquecerá?

            Seu argumento era consistente, mas Sesshoumaru não iria deixar por isso.

            – Digo o mesmo. Estou travando uma guerra no momento e vim pessoalmente firmar o acordo com vocês, indicando o quão sério estou. Mas não tenho qualquer garantia que cumprirão a sua parte. Se me traírem, correrei o risco de cair nas mãos do inimigo.

            – Nada muda o fato de que atualmente são vocês que precisam de nós, e não o inverso. – percebendo o clima hostil se formando, Shiro buscou amenizá-lo – Mas concordo que ficaremos em situação complicada caso você seja derrotado. Depois das Terras do Oeste, o inimigo voltará sua atenção para os clãs com poder significativo. – seu tom se tornou pesaroso. – Não creio que possamos vencer todo um exército sozinhos.

            – Minha, Lady. Temos plena capacidade de defender o que é nosso, sozinhos. – soltou Koba. – Da mesma forma que o fizemos contra o clã das águas.

            – Se pretende enfrentar todo o exército do sul, vá! Mas morra sozinho, pois não vou mandar meu povo para a morte sem ter qualquer chance de vencer. – irritou-se Shiro com a intromissão do guerreiro. Ela lhe lançou um olhar que dizia: “Aqui não é hora nem lugar, conversaremos sobre isso depois.”

            Koba calou-se, a expressão irritada, a mão apertando o cabo da espada em frustração.

            – Vejo que nenhum de nós tem garantia de que o outro cumprirá a promessa, em outras palavras, não confiamos um no outro. – continuou Shiro para Sesshoumaru.

            – E como pretende quebrar essa desconfiança? – questionou Sesshoumaru.

            Ela ponderou por alguns instantes e começou:

            – Ouvi dizer que suas habilidades de batalha se igualam ou ultrapassam as de seu pai. Eu enquanto guerreira posso afirmar que possui sim uma força formidável.

            – Aonde quer chegar? – Sesshoumaru já chegava à conclusão do raciocínio.

            – É possível descobrir muito sobre o interior de um guerreiro pela forma como luta. Durante a troca de golpes, forma-se um vínculo entre os combatentes quando seus espíritos se elevam ao máximo. Não há como descrever em palavras essa...conexão. Mas não há como negar sua existência. Eu mesma já a vivenciei algumas vezes.

            De fato, Sesshoumaru já vivenciara essa interação profunda com seu inimigo, duas vezes na vida. A primeira vez, tinha que admitir, sentiu-a quando lutou contra seu meio-irmão. Lembrava-se de ter a sensação de alcançar a alma de Inuyasha. Durante a luta, sentiu que pôde compreendê-lo melhor: suas ambições, seus sentimentos, suas dúvidas e sua força. Em suma, Sesshoumaru lembrava-se de ter visto seu caráter de  uma maneira íntima e honesta.

Nunca concordaria se o supusessem, mas inconscientemente foi  por esse motivo que abandonou seu desejo de matá-lo.

            A segunda vez que o sentiu foi quando treinava para completar o Meidou Zangetsuha e enfrentou Shishinki. Naquela vez, pôde sentir toda a raiva que o youkai nutria por seu pai. Foi graças àquela ligação que compreendeu o motivo de Inu Taishou deixar-lhe Tenseiga: repassar seu poder à Tessaiga de Inuyasha. Sesshoumaru torceu a boca com a lembrança desagradável.

            – Compreendo o que diz. – falou. – Mas as ocasiões são raras. Nada garante que irá acontecer.

            – Sim, mas acredito que para lutadores experientes como nós, seja possível analisar o caráter do inimigo mesmo que superficialmente, pela maneira como ataca e os golpes que aplica. Isso já revela bastante da personalidade de um guerreiro. – explicou Shiro. – Portanto, proponho um duelo. Assim julgarei se devo ou não firmar o acordo com você. Como bônus, podemos testar o poder de nossos possíveis futuros aliados e saber se os rumores são tudo o que dizem.

            A expressão da jovem era séria, mas Sesshoumaru podia ver um brilho divertido no olhar cinzento. Não podia negar que estava gostando do rumo que aquilo estava tomando. O Lorde apreciava enfrentar oponentes fortes e ela tinha, com certeza, um poder considerável.

            – Pois bem, aceito o desafio.

            Sesshoumaru começou a caminhar em direção ao youkai que segurava suas armas, mas Shiro fez um sinal para que ele negasse a entrega da arma. Sesshoumaru se voltou para a líder do clã do gelo.

            – Deseja um duelo sem armas? – perguntou.

            A jovem negou com a cabeça.

            – Não serei eu a lutar, Sesshoumaru. Koba o fará.

            Sesshoumaru olhou para o youkai ranzinza. Estava com a mão sobre a bainha da arma e o encarava com desgosto evidente. O sentimento é recíproco, pensou. Koba deu um passo para ficar mais próximo da líder e falou:

— Quando quiser, minha Lady. – fez uma leve mesura.

Sesshoumaru suspirou, Não é bem o que esperava, mas...

            — Não importa quem será meu desafiante. – Sesshoumaru deu de ombros, orgulhoso.

            – Também não será você a lutar. – falou Shiro.

            Ele olhou-a confuso. Mas então, quem...?! A compreensão se abateu sobre ele como uma lança. Uma onda de terror percorreu-lhe o corpo e antes que pudesse se responder, seu medo se confirmou.

Shiro apontou, visivelmente satisfeita com a surpresa que lhe causara.

            – Ela irá! – seu dedo indicava a jovem que o acompanhava.

            A garota, que observava tudo em silêncio, empalideceu. Ela olhou para Sesshoumaru, a expressão em choque. Nenhum dos dois esperava por isso.

            – Ela? – perguntou descrente. – Pensei que seu objetivo fosse identificar meu caráter.

            – E pretendo. – falou. – Acredito que o caráter de um líder se reflete em seus subordinados. Quando um líder é forte e justo, seus súditos dão tudo de si para satisfazê-lo e protegê-lo, mesmo que não precisem. Se ele é fraco, eles não encontram determinação para segui-lo e acabam por abandoná-lo. E se ele é opressor, os súditos os traem na primeira oportunidade. Portanto, deixe que lutem e seremos capazes de identificar que tipo de líder somos.

            Sesshoumaru avaliou Koba. Tinha maior poder bruto, mas perdia para a hanyou em velocidade. O que decidiria a luta era a experiência de combate e Sesshoumaru sabia dizer que ele tinha mais do que ela.

Antes que pudesse encontrar uma saída, uma voz falou:

            – Eu ficaria honrada em lutar em seu nome, meu Lorde. – a hanyou o olhava determinada. Antes de receber sua aprovação, ela deu um passo em direção a Koba. – Eu aceito o desafio.

            Sesshoumaru era pura surpresa, apesar de não demonstrar. Primeiro achou incomum a formalidade usada pela jovem ao se dirigir a ele. Com uma irritação percebeu que já havia se acostumado com sua falta de etiqueta. Segundo, não sabia o que fazer. Não queria que a hanyou lutasse, e não sabia se era medo por vê-la perder ou se machucar.

            Para sua infelicidade, não poderia recusar o desafio sem dizer que ela não era de verdade sua guarda-costas.

            – Sabemos que fizeram uma longa viagem até aqui. – começou Shiro. – Para uma luta justa, permitiremos que descanse antes. A luta será marcada para amanhã ao meio dia, nesse tempo arranjaremos quartos para vocês. Em troca, nós decidiremos as condições do duelo.

            Ela se voltou para Sesshoumaru procurando alguma reprovação.

            – Concordo. – ele falou.

            Estava de mão atadas. Qualquer descontentamento revelaria sua insegurança e ele não permitiria que parecesse fraco ou indeciso.

            – Koba. – Shiro pronunciou seu nome e ele se aproximou. – Diga as condições do duelo para... – ela olhou interrogativa para a jovem.

            – Tsukiyo, Shiro-sama. – completou a hanyou.

            – Certo. – continuou Shiro. – Explique as condições do duelo para Tsukiyo.

            – Tenho duas imposições. – começou ele com a voz presunçosa. – A primeira é de que quaisquer armas serão permitidas.

            – Nenhuma oposição. – falou a jovem. – E a segunda?

            – O duelo será até a morte.

Shiro, líder do gelo.

 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Não deixem de comentar!!!