As Três Lágrimas do Youkai. escrita por Larizg


Capítulo 11
Capítulo 11 – Jogos Infantis. (Atualizado)


Notas iniciais do capítulo

Olá, mina! Estou de volta com mais um capítulo para vocês =) Quero mandar um agradecimento especial para as leitoras que começaram a se manifestar na fic: GISELLECULEN e Aly. Muio obrigada pelo apoio, lindas!!!



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Aquele cervo restaurou completamente suas forças. Agora, Tsukiyo terminava de apagar o fogo que utilizou para assar o animal. Não era a sopa de Merioku, mas cumpriu seu papel. Tinha certeza que a fome colaborou. Bem, o que importa é que recuperei totalmente as energias. Até conseguiu fazer Sesshoumaru comer um pouco.

            Ele não abria a boca desde o combate. Tsukiyo suspeitava que o melhor era não a comentar nada, optando por deixar Sesshoumaru em paz. Se fosse um combate real, ela teria morrido, mas como conseguiu provar o seu ponto, havia vencido. Sendo orgulhoso, ele nunca admitiria, mas era visível para ela que o Dia-youkai ficou indignado com a derrota.

            Terminando de apagar o fogo, eles retornaram à trilha, caminhando em direção às montanhas. Pela posição do sol, Tsukiyo percebeu que era início da tarde e com pesar, constatou que o atrasara mais do que pretendia. Sesshoumaru caminhava à frente e ela a poucos passos atrás. Nenhuma palavra foi trocada desde então. Ele precisava de espaço e ela compreendia. Contudo, tinha dificuldades de esconder o quão feliz estava pela conquista mais cedo e vez ou outra um sorriso escapava de seus lábios.

Havia gravado cada detalhe da luta. Os golpes, os músculos se contraindo, o tilintar de espadas, a adrenalina tomando conta de seu corpo. Tentava se distrair, mas seus pensamentos voltavam constantemente para o momento em que aquela pequena gota de sangue tocou o chão. Tornou a reprimir um sorriso, em respeito ao ego ferido do youkai a sua frente.

Agora que parava para pensar, Tsukiyo havia sido extremamente negligente. Desafiar um youkai como Sesshoumaru daquela forma. Seu pavio curto poderia tê-la matado de verdade se ele resolvesse lutar sério. Mas ele não o fez... e isso acabou por intriga-la.

Caminharam assim durante horas. Quando o céu ganhou o tom alaranjado do fim da tarde, Tsukiyo se sentia entediada e ignorada. Estava decidida a mudar o clima entre eles e, com sorte, conseguiria algumas informações a mais sobre a viagem. Estava ciente do perigo, mas faria assim mesmo. Se ele quisesse, teria me matado mais cedo. Ela deu um leve sorriso e começou a apertar o passo para alcançá-lo.

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Sesshoumaru tinha passos pesados e cara de poucos amigos. Estava transtornado com a ideia de sofrer tamanha derrota. “Alguém como você não me faria um arranhão”. As palavras que proferiu com tamanha arrogância outrora, agora representavam o despencar de seu orgulho.

Quanto mais pensava no ocorrido, mais se condenava e repreendia. Como pôde deixar isso acontecer? Aceitar um desafio ridículo e ainda perder para um hanyou... Imperceptivelmente, apertava as garras contra a palma da mão a ponto de quase cortar a pele.

Perdido em censuras próprias, mal viu o tempo passar. O sol estava quase se pondo e o céu tornara-se alaranjado como as folhas secas do outono. Ainda irritado, ele demorou cerca de minutos para notar que a hanyou caminhava ao seu lado e o olhava de esgueiro.

— O que quer?! – não dirigiu o olhar para ela, a irritação era nítida na voz.

— Nada em particular. – ela por sua vez, fingia desinteresse. – Só estava me perguntando até quando vai ficar assim.

Sesshoumaru cerrou os dentes e apertou o passo para se distanciar. Não desejava ter qualquer tipo de discussão com ela depois do ocorrido. Infelizmente, a jovem parecia não pensar o mesmo. Ela correu até ultrapassá-lo e parou a sua frente, forçando-o a parar para não colidirem.

— Ei! Isso tudo aconteceu por que você, Sr. Irritadinho, presumiu que eu era fraca quando nada sabia a meu respeito. – tinha o dedo apontado para o youkai e a outra mão na cintura.

A raiva crescia em Sesshoumaru e as atitudes da hanyou não ajudavam a amenizá-la.  Ele ignorou o comentário e contornou a jovem, continuando sua caminhada sem lhe dirigir uma só palavra. Ele ouviu um sinal de clara irritação vindo da jovem.

— Claro! – ela gritou irritada, a voz carregada de sarcasmo. – Havia esquecido que você era o youkai coração de gelo, que supostamente deveria ser indiferente a tudo! Bem, acho que não é verdade, não é mesmo? Bastou alguém contrariá-lo para lhe tirar do sério! Ao que me parece, o grande Sesshoumaru, não passa de um homem mimado!

Ele parou. Sentindo uma leve dor nas mãos. O aperto que fazia com as garras, finalmente lhe cortou a pele. Sesshoumaru se virou e olhou de forma assassina para a jovem, que recuou ao ver sua expressão.

 – Cuidado com o que diz. – impôs, com o tom era perigosamente baixo.

Viu a jovem aproximar a mão da espada e hesitar. Ela tomou fôlego e substituiu a expressão hesitante por uma postura confiante, apesar de manter a mão próxima ao cabo da espada.

— Por quê? Não é exatamente o que está fazendo? – sua voz não falhou, mas Sesshoumaru percebia um traço de medo nela. – Você me subestimou e eu provei que estava errado. Desde então não falou uma palavra. Uma atitude bem infantil de sua parte se quer saber.

Como ela ousa? Sesshoumaru olhou-a fixamente e avançou. Ela sequer teve tempo de desembainhar a espada. Quando ela tocou o cabo, ele já possuía uma das mãos agarrando seu pulso. Ela tentou puxar o braço e se afastar, mas o aperto era inabalável.

— Escute aqui, hanyou.— cuspiu as últimas palavras. – Não sabe como é me ver irritado. Se soubesse, pode ter certeza que já não estaria nesse mundo. – falou baixo e sombrio. – É você que não sabe nada sobre mim.

Sesshoumaru ouviu-a engolir um seco e reunir toda a coragem que tinha para lhe responder.

— Exatamente.

A resposta o pegou desprevenido. Esperava uma resposta insolente, como muitas que ela já havia lhe dirigido. Não esperava que ela concordasse. Sem perceber, acabou afrouxando o aperto em seu pulso.

— É exatamente isso.  – a jovem prossegui. – Não sei nada sobre você e nem você sobre mim.

— Aonde quer chegar? – indagou, com a raiva sendo lentamente substituída pela curiosidade.

— O que eu quero dizer é que estamos ingressando em uma longa viagem e não sabemos nada sobre o outro. – explicou. – Desse jeito, episódios como o de hoje podem vir a se repetir.

Ela olhou para Sesshoumaru, que não tinha intenção de dizer coisa alguma. Ele aguardou até que ela respirasse fundo para continuar.

— Então, não acha que seria melhor sabermos um pouco mais sobre o outro, antes que acabemos nos matando? – sua voz era baixa e receosa, claramente apreensiva quanto à reação dele.

— “Nos” matando? – começou arrogante. – Realmente acha que...

— Eu sei que não conseguiria matá-lo numa luta justa. – interrompeu-o – Foi só modo de falar.

Sesshoumaru não se moveu e ela ficou esperando sua opinião. Ele ponderou cuidadosamente as alegações da jovem. Respirou fundo para se acalmar ao máximo e soltou-a, dando um passo para trás.

— O que sugere então? – questionou.

A hanyou massageava o local onde ele apertara. Sesshoumaru percebeu quando ela soltou o ar que havia prendido, em claro sinal de relaxamento. A jovem torceu a boca e levou uma das mãos ao queixo, numa clássica pose de reflexão.

— Hm... Que tal um jogo? – sugeriu.

Sesshoumaru levantou uma das sobrancelhas e cruzou os braços, demonstrando seu descontentamento.

— Um jogo? – perguntou devagar com certo desgosto.

— Sim. Regras simples: cada hora um faz uma pergunta e o outro responde, depois o outro pergunta, e assim por diante. – ela explicou. – Mas ao responder tem que ser sincero.

Ele olhou por um instante e respondeu ríspido:

— Ridículo. – virou-se de costas e voltou a caminhar.

A jovem colocou-se ao seu lado e insistiu.

— Ah, dê uma chance, sei que parece bobo, mas é só para entendermos melhor um ao outro. E ainda poderemos nos divertir.

Sem olhá-la e sem parar de andar, ele pensou na proposta. Não era má ideia. Infantil, sim. Mas poderia vir a ser útil, afinal sua intenção desde o início era conseguir algumas informações a respeito dela.

— Como saberei que está dizendo a verdade?

A face da jovem se alegrou com a possibilidade de jogar.

— Faremos um juramento pela honra. Você leva isso a sério não é? Eu também. – sugeriu. – Além disso, poderemos “passar” se não quisermos responder alguma pergunta. Será bom para compreendermos os limites de cada um. Mas não pode “passar” três vezes seguidas. O primeiro a desistir do jogo, perde. – Com essas palavras finais, ela conseguiu prendê-lo ao jogo caso resolvesse jogá-lo. De forma alguma Sesshoumaru desistiria e perderia para ela de novo..

— Certo. – ele concordou, após longa reflexão. – Então jure que só falará a verdade.

A jovem levantou a mão e falou em alto e bom som:

— Eu, Tsukiyo, juro pela minha honra que só responderei a verdade. – quando terminou, encarou-o fixamente nos olhos. – Agora você.

— Eu, Sesshoumaru, Senhor das Terras do Oeste, juro pela minha honra que só responderei a verdade. – mesmo sem fazer o mesmo gesto que ela, sentiu as palavras pesando os ombros.

— Era mesmo necessário utilizar seu título? – perguntou amuada.

— Sim. Assim o juramente ganha mais peso. – justificou-se. – O correto seria você fazê-lo se tivesse um título, o que claramente não tem. – provocou.

— Como pode ter certeza de que não tenho? – sua voz era ligeiramente indignada.

— Duvido. Não vejo um mínimo de formalidade ou postura nobre em você. Aliás, espero que saiba que o correto é você se dirigir a mim com mais respeito.

— Não gosto dessas “pomposidades” de nobres. E pode esperar sentado se acha que o chamarei com qualquer tipo de complemento. Então, nada de Sesshoumaru-sama, Lorde Sesshoumaru ou mesmo Sesshoumaru-san para você. – com a boca torta em desgosto, ela continuou. – Esse tipo de coisa faz diferença para você?

— Não é a sua vez. – cortou ele. A expressão dela passou de confusa para raivo, quando percebeu que o jogo já tinha comçado. – Já fez sua pergunta, agora é minha vez.

A hanyou soltou um suspiro teatral e deu de ombros.

— Pois bem, pergunte.

Havia diversas perguntas que ele desejava fazer, mas tinha que escolher com cuidado, pois poderia acabar se expondo mais ao perguntar do que ao responder. Parece que o jogo não é tão bobo quanto parece. Somado a isso, havia a esperteza da jovem a ser considerada. Obviamente, ela não o induzira a jogar apenas para se divertir. Ela planejava algo, Sesshoumaru só não sabia o que.

Concluindo suas estratégias, utilizaria a primeira pergunta para fazê-la responder algo que ele já sabia, mas que não seria fácil para a jovem admitir. Precisava, primeiramente, testar se ela realmente falaria a verdade. Não tinha muita fé no juramento proferido por ela.

— Uma vez disse que não precisava de minha ajuda. – começou, tentando atingir o orgulho dela. – Então, acha mesmo que se não houvesse interferido, teria conseguido vencer o youkai no campo, como afirmou?

Ela corou e desviou o olhar, respondendo baixo.

— Não. Se você não o tivesse atingido, ele teria me golpeado e provavelmente eu cairia desacordada.

Ao mesmo tempo em que se viu satisfeito por perceber que ela falara a verdade, sentiu seu ego inflar ao vê-la admitir que precisou de sua ajuda. Sorriu internamente e, finalmente, voltou a caminhar. Com alguns segundos de atraso, ouviu os passos da hanyou ao seu lado. Jogariam enquanto avançavam. Ele já havia perdido muito tempo e tinha um prazo curto para realizar sua tarefa.

— Minha vez. – afirmou a jovem. – Apesar de ter ganhado a luta, você considerou uma derrota o que aconteceu mais cedo, não é?

Sesshoumaru percebeu que ela usara o orgulho do adversário a seu favor para testar a honestidade dele. Realmente esperta. A contragosto, ele confessou:

— Sim. – não era necessário nenhum complemento. A jovem deu um leve sorriso e esperou a pergunta dele. – A quais Terras você pertence?

Sesshoumaru passou para uma abordagem mais pessoal. Começando pelo passado da jovem, mais especificamente: suas origens. Estava interessado em descobrir os assuntos dos quais ela se recusaria a falar. Assim, conseguiria explorar melhor as perguntas a serem feitas.

Após alguns segundos de hesitação ela respondeu:

— Nasci nas Terras do Sul, mas vivi muito tempo no oeste.

Terras do Sul... Sua curiosidade foi despertada. Já sabia qual seria sua próxima pergunta. Contudo, acabou surpreendido pela pergunta dirigida a si.

— O que fazia quando me encontrou a primeira vez? Todos sabem que está em guerra, então é estranho que estava vagando por aí, não acha?

A pergunta o atingiu como um soco. Ela conseguiu acertar em cheio de primeira. Felizmente, ele enxergou uma brecha.

— Acho. – limitou-se a dizer.

— Ei, eu perguntei o que estava fazendo. – zangou-se.

— Não. Você fez duas perguntas, então escolhi qual responder. – justificou-se. – Então, sim, acho estranho eu estar vagando por aí naquele contexto.

Ele se divertiu ao vê-la perceber o erro e cruzar os braços em sinal de desgosto por cometer tamanho deslize. Sesshoumaru sabia ter tido sorte e desconfiava que ela, ao notar sua preferência ao não responder a primeira pergunta, logo voltaria àquela questão novamente.

O que começou como um simples jogo infantil trouxe certo entretenimento e passou a ser algo mais complexo. Como uma batalha, onde as armas eram conhecimento e a vitória era acumular o máximo de informação possível antes que alguém desistisse. Quem seria o primeiro a ceder? Isso está se provando interessante...

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Até que não fora má ideia sugerir o jogo. Tsukiyo estava animada por poder conseguir algumas informações que pudessem ajudar em seu plano que, a propósito, ainda não havia formulado. Independente dessas questões, ela estava se divertindo e apesar da pose mantida por Sesshoumaru, Tsukiyo, já capaz de perceber que, por trás da máscara, ele tinha um brilho divertido no olhar.

O jogo consistia numa batalha não violenta, mas dependendo das perguntas, o estrago poderia ser pior que o de armas reais. Tsukiyo tomava cuidado com as perguntas que responderia e, ao mesmo tempo, formulava questões que teria certeza que o youkai se recusaria a responder. A segunda parte era fácil, o ponto fraco de Sesshoumaru eram as perguntas pessoais. Ela confirmou sua hipótese quando ele escolheu entre as duas perguntas que ela fez.

Buscando distraí-lo para pegá-lo de surpresa, Tsukiyo decidiu iniciar por situações simples ou situações relacionados à guerra. Sua curiosidade gritava e ela estava decidida a receber a resposta da pergunta que ele optou por não responder. Ela sorriu internamente com a ideia que teve para chegar até lá.

— Uma vez me disse que está procurando um lugar. – continuou o youkai. – Que lugar seria? – questionou-a, Sesshoumaru.

Droga! Parece que não será tão simples praguejou. Para sua infelicidade, Sesshoumaru era inteligente e começou a direcionar suas perguntas para uma parte que ela não gostava de falar. E não podia falar. Irritada, ela se viu sem opções.

— Passo. – falou a contragosto e, antes que permitisse a Sesshoumaru sentir qualquer sentimento próximo ao de vitória, disparou. – Qual a negociação que tem que fazer com os youkais do gelo?

Tsukiyo sentiu uma leve hesitação. Havia questionado algo relacionado aos seus planos de guerra. Até onde ele sabia, ela poderia ser uma espiã inimiga. Para sua surpresa, ele optou por responder.

— Tenho que fazê-los concordar a se aliarem a mim para protegerem as fronteiras das montanhas. – falou.

— Inteligente da sua parte. Afinal, manter tropas numa região tão remota não é uma boa opção. Então é mais fácil pedir para eles vigiarem o lado leste da montanha... – ponderava Tsukiyo mais para si mesma do que para Sesshoumaru.

Ela notou certo espanto no youkai diante de sua reflexão. Aposto que não me julgou muito inteligente para assuntos de guerra, riu consigo. Sua felicidade durou pouco, desabando com a próxima pergunta.

— Se é uma hanyou, qual de seus pais é youkai?

Tsukiyo hesitou. Falar dos pais era algo que a desagradava. Não por ter má relação com eles, muito pelo contrário: amava ambos com todo o coração. Por isso doía.

Já fazia tanto tempo que se foram...

Ela se sentiu inclinada a não responder, apenas para manter aquilo para si, como um tesouro raro, que perde o valor se muitos o tiverem. Entretanto, não era uma questão essencial como outras que escondia e se pulasse novamente seria obrigada a responder à próxima. Tsukiyo não podia se dar ao luxo de arriscar.

Respirou fundo e falou num tom baixo, marcado de melancolia.

— Meu pai.

Agradeceu internamente por ele não comentar nada a respeito e até demonstrar desinteresse em continuar por esse caminho. Sesshoumaru havia absorvido a resposta sem qualquer reação.

Tentando afastar as memórias passadas que trariam consigo tristeza, ela voltou a se concentrar no jogo. Hora de uma investida mais agressiva. Ela se adiantou para alcançar Sesshoumaru, sem perceber que havia diminuído o ritmo com o último assunto.

Tsukiyo estava curiosa sobre algo e tencionava forçá-lo a dizer. Mas para isso, teria que fazê-lo pular duas perguntas. Então, passou ao assunto que sabia ele se sentir desconfortável em discutir. Assuntos pessoais...

— Pelo visto, você despreza hanyous, mas pelo que sei, tem um irmão hanyou. Como é a relação de vocês?

— Não é das melhores. – respondeu vago, apesar dela já saber a resposta. Preferiu uma abordagem lenta. – Você é constantemente atacada por youkais, e eles parecem fazê-lo de propósito. Por quê?

Tsukiyo não sabia como, mas ele era capaz de acertar em seus pontos fracos. Estava começando a se tornar um problema, mas ela planejava ganhar esse jogo.

— Eles trabalham para alguém, mas não tenho certeza de qual o real motivo de me quererem, apenas suposições. – parecia vago, mas era verdade. Sabia para quem trabalhavam e tinha uma teoria do que poderiam querer com ela.

Sesshoumaru pareceu desgostoso com a resposta, mas nada proferiu. Tsukiyo, por sua vez, lançou sua próxima pergunta, sabendo ser algo que ele não responderia.

— Por que me salvou dos youkais trolls? – Tsukiyo tinha interesse em saber o motivo, mas assim como previra, ele disse.

— Passo. – Sesshoumaru deu uma pausa e perguntou intrigado. – Você decidiu me acompanhar somente para restaurar sua honra?

— Passo. – respondeu quase de imediato, retrucando logo em seguida. – E você me permitiu acompanhá-lo apenas porque eu disse que queria restaurar minha honra?

Tsukiyo aguardou a resposta. Levou alguns instantes até que Sesshoumaru apresentasse sua resposta.

— Passo. – falou seco.

A fala conseguiu alegrá-la e desapontá-la ao mesmo tempo. Aparentemente, ambos tiveram outras intenções nessa parceria de viagem. Mesmo que já imaginasse algo do tipo, a frustração insistiu em atingi-la. Agora, essa era mais uma questão que atraía seu interesse. Mas, por hora, estava satisfeita. Sesshoumaru não poderia pular a próxima pergunta. Ou ele responde e sacio minha curiosidade ou ele desiste e perde. Ambas as opções a agradavam.

A jovem foi trazida de volta de seus pensamentos pela pergunta proferida pelo youkai que, nada idiota, continuou a perguntar aquilo que ela não poderia responder.

— O que tem nesse lugar que procura que não pode dizer qual é?

Ponderou por alguns segundos se responderia ou não. Se o fizesse, estaria revelando algo que não poderia, mas se pulasse, seria forçada a responder a próxima pergunta. Podia desistir, mas isso estava fora de cogitação. Bem, nada mais justo do que ambos termos de responder algo que não queremos. Deu de ombros e disse:

— Passo. – respirou fundo e mandou a pergunta. – O que fazia por aí quando me encontrou pela primeira vez?

Deixara Sesshoumaru sem saída. Surpreso, ele parou, forçando-a a fazer o mesmo. Mesmo na pose indiferente, o Lorde estava visivelmente desconfortável com a pergunta. Ainda sem encará-la, ele voltou sua caminhada sem nada dizer. Ela esperou alguns minutos pela resposta, mas ele não parecia inclinado a responder.

— Vou encarar seu silêncio como uma desistência. – provocou. – A menos que me responda...

Ela o viu parar novamente e imediatamente se arrependeu de pressioná-lo. Desta vez, Sesshoumaru tinha nos olhos um misto de amargura e tristeza, que Tsukiyo nunca imaginou habitar aqueles penetrantes olhos âmbar. Imediatamente o sorriso da jovem murchou e um sentimento de culpa tomou conta de si.

Quando falou, o tom do youkai era baixo e sério, transmitindo sua costumeira imponência e uma atípica fragilidade.

— Visitando um túmulo.

Ele se voltou para frente e retomou a caminhada, sem mais nada dizer e sem esperar por ela. Saindo do choque, Tsukiyo lentamente voltou a caminhar atrás dele. Sesshoumaru não desistiu do jogo, tampouco parecia inclinado a fazer sua próxima pergunta.

Tsukiyo, por sua vez, não exigiu continuação. Não se desculpou. Não o consolou. Manteve-se em silêncio e a alguns passos atrás dele, em respeito aos sentimentos que vira estampado em seus olhos. Não tinha qualquer relação com o youkai, mas sentiu-se solidária a ele. Caminhava cabisbaixa, sentindo o peso das palavras dele e o clima que se instalara no local. O jogo ainda não acabou, mas por que me sinto como se tivesse perdido?


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Notas finais do capítulo

Gente, me digam o que estão achando! Não deixem de comentar, para quaisquer tipos de críticas ou sugestões, aceito ambas e fico feliz em constatar que estão acompanhando a fic. =)