Let it be escrita por Algodão doce


Capítulo 35
Arroz com brócolis


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como vai? Desculpem a demora para postar esse capítulo :)
Vocês não vão acreditar... No dia 26 desse mês, Let It Be irá completar UM ano! Isso é tão mágico, não? E algumas de vocês, leitoras, estão comigo desde a época em que minha história tinha apenas uns poucos capítulos, poucos comentários. É tão legal que estejam comigo até agora. E é muito legal também ter encontrado pessoas no meio do caminho! Eu amo vocês todos, obrigada por me motivarem a continuar. E, fantasminhas, comentem pelo menos alguma vez na vida, por favor, para que eu possa saber que vocês existem e agradecé-los com mais fervor. Até rimou! Haha.
Bem, vamos ao capítulo. O que brócolis tem a ver com isso? Leiam para saber! Beijos ^.~



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O Jeremias continuou esfregando sua cabeça peluda no meu namorado, até que o Jake o colocou de volta no chão e eu fui obrigada a dar o fora daquele quarto.

– Porque você não gosta de gatos? – o dragão ocidental pergunta.

– Eu já disse. Eles são cruéis.

– Ah, por favor. Um gato já fez algo de ruim para você?

– Sim! – exclamo – Quando eu morava com os meus avós eu tinha que conviver com uma gata chamada Neve, e ela era terrível. Ela quase devorou um dos meus duendes, e ele tinha tipo 70 anos nessa época. Foi muito traumatizante! Neve também adorava bagunçar minhas bonecas e minhas roupas, e ela mordia os dedos dos meus pés enquanto eu dormia.

– Hã... Nossa. Bem, o Jeremias nunca faria nada disso.

– Como você pode saber, Jake? Meus avós também achavam que a Neve era boazinha. Gatos são falsos e mentirosos.

– O que aconteceu com a Neve?

– Ela teve uma doença, eu acho. Ela faleceu, antes dos meus avós. Eles ficaram tristes, mas superaram. Era horrível ter que ficar varrendo pelo de gato.

– Você é incrivelmente sentimental. – o Jake resmunga, sendo irônico.

– Sabe, nós deveríamos voltar para a sala onde nossos pais estão. – afirmo, me dando conta de que eles podem e devem estar pensando que estamos aprontando alguma.

– Hum... Tudo bem. – o Jake concorda. Ele me beija rapidamente, rápido até demais, e tenta segurar minha mão, mas não permito. Ele estava acariciando um monstro com seus dedos! Por favor, né.

Caminhamos lado a lado até a sala de jantar. Sentamos-nos à mesa com meus pais, os pais e os tios do Jake e desfrutamos de uma refeição deliciosa. Depois, vamos até o jardim e ficamos vendo o céu. Meus pais estão conversando e socializando, e eu estou sentada ao lado do dragão ocidental com a cabeça apoiada em seu ombro. Vou sentir falta disso.

– Nunca que eu imaginava que ia acabar namorando uma garota loira e mimada. – o Jake comenta, e eu belisco seu braço. Não sou mimada! – Mas eu também não imaginava que isso seria tão bom.

– Ah, cale a boca.

– Só estou dizendo que gosto de você, nervosinha.

– Bem, diga de uma maneira melhor – reclamo, mostrando a língua para ele.

– Somos um casal brega como o dos filmes.

– Eu sei. Ai meus duendes, necessito de terapia.

O Jake sorri. Não consigo me imaginar longe desse sorriso.

– Você fez promessas? Para esse ano? – ele pergunta, e eu volto à realidade. Nem havia notado que estava perdida em seus olhos castanhos esverdeados. É estranho. Quando a gente percebe que vai perder uma coisa, dá mais valor a ela.

– Não muitas. – respondo. - E não vou contar a você mais nada sobre elas.

– Tem a ver comigo?

– Talvez.

– 30 minutos para a meia noite, crianças! – de repente meu pai anuncia, chamando nossa atenção.

– Ok, pai. – respondo, revirando os olhos. Crianças! Ninguém aqui é criança não. O Jake ri baixinho da minha cara de brava e beija minha bochecha.

– Seja discreto. – sussurro – Estamos sendo observados.

– All, seus pais já tiveram nossa idade. Não é como se eles não soubessem o que os jovens fazem nessa época.

– Tudo bem, mas é melhor não escancarar, né? E não me chama de All. Meu nome é Alice, A-l-i-c-e!

– Eu gosto de te chamar de All. Significa “tudo” em inglês, e você é o meu tudo.

– Ownnn! Isso foi tão fofo. – suspiro. – Quer saber? Esquece esse lance de estarmos sendo observados.

Aproximo meu rosto do seu e logo o Jake percebe o que eu quero. Trocamos sorrisos e segundos depois estamos nos beijando. Acaricio seu cabelo enquanto o beijo dura. Quando precisamos parar para respirar, sinto que meu rosto está vermelho. Tento segurar outro suspiro bobo.

– Isso foi bom. – admito.

– É, mas pode melhorar, não pode? – o Jake pergunta. – Que tal se nós tentássemos outra vez?

– Se você se comportar direitinho, quem sabe depois.

Ele morde meu nariz, e então me lembro de que não estamos nem a 3 metros de distância dos nossos pais e familiares.

– Primeiro, nunca mais morda meu nariz. Segundo, já chega disso.

O dragão ocidental se afasta um pouco de mim e nos ajeitamos em nossas cadeiras. Voltamos a encarar e o céu e as estrelas. Como estamos um pouco distante da cidade grande, o céu é mais estrelado. Até a lua parece ser mais bonita. Depois de um tempo, começamos a contagem regressiva. Um minuto e será meia noite. Os pais do Jake já tem uma garrafa de champagne em suas mãos, ansiosos para virada do ano.

3,2,1. Fogos de artifício iluminam o céu, fazendo barulho e animando todo o mundo. De repente as pessoas ao nosso redor começam a se abraçar ou trocar beijos melosos. Eu olho para o Jake e tento me decidir se devo beijá-lo novamente, lhe dar um abraço ou apertar sua mão. Não tenho tempo de decidir, já que a animação coletiva me envolve e eu me vejo no meio de pessoas sorridentes com uma taça de champagne na mão.

– Eu nem tenho idade para beber isso. – resmungo, quando minha mãe me entrega a taça com o liquido dourado dentro.

– Não reclame, Alice. Estamos em um novo ano. Que tal tentar fazer algo diferente? Aproveite.

Bebo todo o conteúdo da taça de uma vez só, e fico tonta por um instante, mas logo me recupero. Champagne é surpreendentemente bom, e por um momento considero pedir um pouco mais daquilo, só que gosto de me manter sóbria.

Não consigo mais ver o Jake, já que estou cercada de pessoas felizes usando branco, só que não preciso nem me preocupar. Logo ele já está ao meu lado, segurando minha mão.

– Venha comigo. – ele sussurra em meu ouvido. Eu vou.

O Jake me leva até um ponto distante de sua casa, perto da areia da praia. É difícil andar na estrada não asfaltada usando salto alto.

– Nós vamos pular as sete ondinhas agora? – pergunto.

– O que? Não. Quer dizer, se você quiser, podemos fazer isso, mas... Eu só queria te desejar feliz ano novo.

– Ah, certo. Feliz ano novo. - eu digo, mesmo achando desnecessário ele me arrastar até o outro lado do universo apenas para desejar isso.

– Que os seus sonhos se tornem realidade.

– Que você se torne menos irritante, dragão ocidental. – eu falo, e em seguida o abraço. – Sabe, eu queria ligar para a Mel ou para o Pedro meu quase vizinho irritante agora, mas as linhas devem estar congestionadas. Se importa se eu mandar pelo menos uma mensagem de texto?

– Fique a vontade.

Então eu me pego meu celular e escrevo um texto muito bonito e fofo para a Melissa e seu namorado:

“Mais um ano se inicia, e vocês continuam feios e chatos! Por favor, melhorem. Há! Não estou brincando. Mas eu quase amo vocês :)

Beijos com muita baba, da Alice.”

– Pronto.

– Você já mandou a mensagem? – o Jake pergunta. – Deixe-me ver.

– Sai dessa. – respondo, guardando meu celular novamente em meu bolso. - Só porque estamos namorando, não significa que você deva ser tão pegajoso e mandão.

– É? Eu havia esquecido.

Eu o empurro de leve, mas, como meu namorado tem zero coordenação, ele tropeça e quase cai para trás.

– Ei, Zé mané, não morra agora. – resmungo. – Antes de nos casarmos eu não terei nenhum direito sobre a herança que você pode vir a deixar.

O Jake ri, em sintonia com algumas crianças que passam por nós no momento, e eu sorrio também. É assim que deveriam ser as coisas todos os dias. Com sorrisos, amor e diversão. Porém, eu estou indo embora do meu lar, e deixarei isso para trás. Estou indo para Miami, um lugar onde não tenho nada sólido. Quer dizer, tem os meus avós, e eles são meio que sólidos, mesmo com toda aquela pele flácida. Mas, vai, deu para entender.

* * *

– Você está exagerando! – a Melissa grita, gesticulando enfaticamente. – Você vai se mudar, para outro país, ok, mas isso não significa que terá uma vida triste e solitária daqui para frente. Está parecendo uma velha ranzinza, Alice.

– Eu sou uma velha ranzinza, não deu para notar? Sério, ontem à noite eu encontrei uns três fios de cabelo branco na minha maravilhosa cabeça.

– Mesmo? Caramba. – ela murmura, se distraindo por um momento, mas logo volta a me olhar com raiva e gritar. – Espere, não mude de assunto! Olha, o Jake é um gato, mas há outras pessoas em Miami e...

– Pare, por favor. Eu e o Jake não vamos terminar. Nós estamos bem juntos.

– Ah. Mas tudo bem, não faz diferença, o skype ta aí para isso.

– Eu já disse meu plano, Mel, e não é um exagero. Pare de me julgar.

– Claro, fugir de casa com dois quilos de arroz e um monte de cookies não é exagero, é algo que qualquer pessoa com o juízo certo faria. Alias, porque você vai levar arroz? Não há como cozinhar arroz no meio da rua.

– Eu gosto de arroz! – exclamo. – É nutritivo. E é óbvio que dá para cozinhar arroz na rua, basta abrir o saco e despejar no chão quente. Dãã!

– Leva brócolis também, então. Fica bom com arroz, é só cortar em pedaçinhos e depois mexer.

– Eca. Eu não quero mini árvores no meu arroz. Eu estou considerando levar cenoura, sabe? E passas! Ai meus duendes, eu amo tanto comer passas.

– Passas é bom com sorvete de creme. – a Mel diz, com a cara de quem está sonhando com comida. – Mas esquece, ta? Nada de arroz, fugir ou brócolis. Você vai ficar e vamos resolver isso.

Duvido que ela vá resolver alguma coisa, mas eu me sento na cama e me permito relaxar. É tão bom ter alguém com quem contar, mesmo que seja alguém como a Melissa.


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Notas finais do capítulo

Tchadã! O que vocês acharam? Espero que tenham gostado!
Eu ainda estou de férias, sabe, mas tenho me distraído assistindo séries e preguiçando. De novo, sinto muito pela demora. Tentarei postar mais brevemente ♥