O suor frio escorria pela minha testa. O “tic tac” do relógio ressoava em meus ouvidos. Minha mão estava escorregadia por causa do suor. Meus olhos estavam vidrados no quadro. Eu podia ouvir os murmúrios dos alunos entre o som do relógio. A voz de trovão que me era familiar preenchia cada centímetro da sala, passando por cima dos murmúrios e do “tic tac”. Meu corpo está sentado em uma cadeira, atrás de uma carteira em uma sala de aula em que o objetivo é aprender álgebra, mas meu cérebro está pensando em um unicórnio pulando arco-íris.

A voz de trovão ressoa novamente em meus ouvidos e faz com que o meu unicórnio tropece num arco-íris e quebre a pata.

- E é assim que se resolve uma equação do 2º grau. Todos entenderam?

Eu não entendi, pensei.

Mas não estiquei o braço para expressar minha dúvida, por que sempre tem alguém que pergunta. E hoje não foi diferente.

- Sim? – Perguntou meu professor de álgebra, olhando para um garoto alto que sempre senta no último lugar da fila, por que ele levantou a mão.

- Vamos ter que decorar a fórmula?

Mas é claro seu besta! Como iriamos resolver sem a maldita fórmula?

Álgebra com certeza foi inventada por alguém com pacto com o demônio! São fórmulas que não acabam mais! E se eu quiser ser pintor, pra que eu vou precisar de álgebra? PRA NADA!

Sinceramente, acho que álgebra poderia ser um conteúdo incluso em literatura. Assim teríamos que escrever histórias sobre as fórmulas e equações e eu poderia arrumar a pata do meu unicórnio e colocá-lo em ação.

- Sim, vocês terão que decorar a fórmula – Respondeu a voz de trovão do professor.

Eu não disse panaca?

- Mas depois dos exercícios que faremos, será fácil decorar – Explicou ele.

Essa últimas palavras quase me fizeram cair da cadeira.

Exercícios? E-XER-CÍ-CI-OS? POMPOM VOLTA AQUI QUE EU TENHO QUE CONCERTAR A SUA PATA!