So Damn Confusing escrita por ohhoney


Capítulo 10
Tenth


Notas iniciais do capítulo

Depois de uma longa e destemida viagem pelas galáxias a bordo da nave Interprise, estou de volta com mais um capítulo da fic shoujo-com-triângulo-amoroso que todo mundo ama.

Só espero que não tenham abandonado hahaha ;u;



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No último capítulo: Hyuuga e Riko ainda estão no fliperama, e acabam ficando em plena balada. O garoto afirma com todas as letras que gosta da técnica e lhe dá um bichinho de pelúcia. Na volta do encontro, Kiyoshi vê ambos se beijando e ele e o capitão começam a brigar no meio da rua. Os outros membros de Seirin chegam para apartar a briga, mas a técnica foge para casa. Izuki liga para Kuroko, e a nossa querida sombra manda uma pessoa especial para ter uma "noite das garotas" com Riko. Acompanhe agora a continuação.

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–Q-Que...?

–Tetsu-kun me ligou e disse que era importante que eu viesse, então eu vim!

Kuroko? Isso é obra do Kuroko? Ah...

Momoi está genuinamente feliz na minha porta, esperando para entrar. Ela carrega uma mochila nas costas, um travesseiro, um futon e acho que aquilo é uma sacola cheia de doces na mão dela. Meu Deus. Ela veio preparada.

Bom, o que eu tenho a perder mesmo?

Ah é. Nada.

Dou espaço para que Momoi entre.

–Vamos pôr isso lá em cima - digo e pego o travesseiro da mão dela. Subimos as escadas. - Porque você 'tá aqui mesmo?

–Eu estava vendo Gossip Girl na TV e Tetsu-kun me ligou, e disse que você estava meio chateada e que achava que seria bom ter uma Girls' Night.

–Ah.

–Você sempre anda com garotos, Aida-senpai. - Momoi coloca a mochila ao lado da porta e me olha de novo - Ter uma amiga para contar os segredos faz falta, não faz?

Sempre contei segredos e dividi os problemas com Hyuuga-kun, mas acho que isso já está fora de questão. Na verdade... Nunca parei pra pensar nisso. Eu só ando com meninos, e tem coisas que, por mais que eu seja amiga de Hyuuga-kun, não posso contar a ele. Coisas que só uma amiga entenderia.

Sorrio para ela. Fico feliz que Momoi esteja aqui.

–Faz sim. Obrigada por ter vindo.

–Não tem problema! Vamos colocar os pijamas e ver um filme!

Apesar de estar meio receosa, faço o que ela sugere.

Essa é minha primeira Girls' Night.

Descemos para a sala e deitamos nos nossos futons em frente a TV. Decidimos assistir Criminal Minds (Momoi acha o Spencer bonitinho, eu prefiro o Morgan) e comer os doces de Momoi e os cookies que papai fez.

Ele chega dez minutos depois.

–Boa noite, Aida-san - Momoi levanta de seu futon e vai até ele, cumprimentando-o pela mão - Eu sou Momoi Satsuki, amiga da Riko.

–A-Amiga?

Papai arregala os olhos e olha pra mim, meio espantado. Nossa, pai, valeu hein.

–Claro. Certo.

–Momoi vai passar a noite aqui - digo rapidamente - Esqueci de avisar, desculpe.

–Espero que não esteja atrapalhando - ela diz e sorri.

–Não, não, não, claro que não. - papai apressa-se em dizer - Só não vão dormir muito tarde, já é meia-noite e meia.

–Ok - dizemos.

Papai se despede e sobe para o quarto.

Eu e Momoi passamos a madrugada toda vendo série, comendo e falando como meninos são idiotas, mas que os meninos que jogam basquete são mais idiotas ainda.

A verdade é que conversar com Momoi foi muito bom e me deixou mais leve. Não me sinto mais sozinha nem empanturrada de sentimentos confusos. Falar com ela é totalmente diferente de falar com Hyuuga-kun. É mais... Natural.

Quando o relógio bate 4:30 da manhã, resolvemos ir para o quarto.

Ao deitar na cama, começo a lembrar da briga; parece que foi há muito tempo, e é só uma lembrança ruim.

–Aida-senpai - Momoi me olha no escuro. A luz do poste da rua entra pelas frestas da persiana e faz com que seja possível a gente se olhar.

–Pode me chamar de Riko se quiser.

–Riko-senpai, você não me falou porque está chateada.

–Kuroko não contou?

–Não.

–É uma história meio longa...

–Tudo bem, estou sem sono.

Então eu conto.

Conto como um dia Teppei chegou em mim, pedindo conselhos sobre uma garota, e eu era essa garota. E que ele me beijou na quadra e algumas vezes depois disso, e que comecei a gostar dele. E que eu sabia que o clima no time estava meio estranho, e que era porque Hyuuga-kun gostava de mim também.

E que eles estavam disputando pra ver quem ficaria comigo.

E que eu saí com Hyuuga-kun algumas vezes depois disso e acabei gostando dele também.

E que acabei de ir num encontro no fliperama com ele, só que na volta nos deparamos com Teppei, e que ele viu tudo e os dois começaram a brigar tão feio que tive que chamar Izuki-kun para separá-los porque não fui forte o suficiente pra fazer isso eu mesma.

E que eu me sinto uma total e completa idiota, meio vaca (afinal, estou ficando com dois garotos ao mesmo tempo, não estou?) e desesperada pra saber o que diabos 'tá acontecendo comigo, por que não consigo me decidir sobre os dois idiotas.

Ao contrário do que pensei, Momoi não me julgou nem disse nada ofensivo. Ela só perguntou:

–Mas você gosta dos dois igualmente?

–Acho que sim... Mas eu gosto de jeitos diferentes, sabe? Ah, não sei explicar direito.

–Eu sei que Hyuuga-san é seu amigo de infância, e que você e Kiyoshi-san se aproximaram muito rápido.

–Pois é.

–Deve ser assim (me corrija se estiver errada, tá?): com Kiyoshi-san é empolgante porque é uma pessoa nova, mas com Hyuuga-san é natural porque vocês estão sempre juntos.

Ai, meu Deus. Ela entende.

–É isso - até fico sem fôlego.

–Que situação...

–Eu sei. Você tem alguma dica?

–...Porque eu teria alguma dica? - ela ergue as sobrancelhas.

–Sei lá, isso já deve ter acontecido com você. Você é uma garota bonita, com certeza tem um monte de caras correndo atrás de você.

Ela ri, mas acho que ri tristemente.

–Na verdade... - ela olha para o teto - Ninguém nunca se declarou pra mim.

Quase engasgo na minha saliva.

–C-Como assim? - pergunto.

–Sei lá, acho que os meninos não me acham bonita.

–Hmm, você sempre anda com o Aomine, né?

–Uhum.

–E vocês também são amigos de infância, certo?

–Sim...

–...Você já olhou pra cara daquele garoto?

–C-Como assim?

–Se vocês são amigos desde sempre, acho que ele deve ser meio possessivo em relação a você. E com aquela cara de mau dele, é óbvio que nenhum cara vai querer falar com você e ter que enfrentar um cara de 1,93 de altura logo atrás.

–Ah...

–Acho que até podem olhar pra você e te achar bonita e querer falar contigo, mas com aquele cara enorme atrás, acho que poucos se arriscariam.

Ela fica em silêncio, olhando pra mim. Não sei dizer se ela está magoada, pensativa, confusa, etc.

–Além do mais, você também só anda no meio de garotos altos e fortes do time de basquete. Você sabe como o pessoal do seu time é meio... Intimidante.

–Faz sentido - ela diz depois de um tempo.

Ficamos em silêncio. Parece que Momoi nunca se deu conta disso e agora está analisando os fatos.

Diferentemente de Momoi, não sou tão bonita... Talvez bonitinha. Nunca tive um milhão de caras atrás de mim e agora que tenho...

Só posso dizer que não é tão legal quanto parece nos filmes.

Ter dois caras atrás de você é confuso, principalmente se forem seus amigos e se você gostar de ambos. Você não quer magoar ninguém, e também não quer que eles briguem.

Esse é o triângulo amoroso mais idiota da história. Até parece novela mexicana. Não acredito que isso 'tá acontecendo comigo.

Gosto de Hyuuga-kun, que por acaso gosta de mim mas odeia Teppei, que por sinal é outro garoto que gosta de mim e que gosto também. Dá pra ver o quão estúpido isso soa?

–Não sei com que cara vou aparecer segunda-feira na escola - suspiro, enterrando o rosto no travesseiro.

–Vai ser complicado - Momoi ri.

–E você? O que vai fazer a respeito do seu problema?

–Não sei bem... Talvez conversar com o Dai-chan...

–Não precisa se afastar dele, sabe? Só arranjar outros amigos. De preferência que não sejam meninos altos, fortes e com cara de mau.

Ela ri.

–É, acho que você precisa fazer a mesma coisa então, Riko-senpai!

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Quando Momoi foi embora no dia seguinte, eu sentei na minha cadeira e fiz uma lista.

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1- Parar de ser um bebê chorão

2- Colocar ordem no time

3- Não deixar essa confusão afetar minha vida

4- Tomar uma decisão

5- Tentar fazer novos amigos

.

Momoi me mandou uma mensagem dizendo que tinha conversado com Kise, e que ele concordou em nos apresentar uns amigos dele (Momoi também quer conhecer gente nova, pelo visto). Tínhamos marcado de ir num café a tarde, eu, ela, Kise, os amigos dele e acho que alguém do time dele também.

Momoi disse que viria até minha casa e nós nos arrumaríamos juntas para ir.

Agora ela está passando rímel em mim, e acho que um pouquinho de blush.

–Mas já não 'tá bom não? - pergunto, tentando me olhar no espelho.

–Calma, calma... Olha pra mim - ela diz e passa mais uma vez a escovinha nos meus cílios - Pronto. Ok, pode se olhar agora.

Momoi sai da frente e eu encaro meu reflexo. Meus olhos parecem maiores e mais definidos. Acho que fiquei... Bem.

Já Momoi, por outro lado, está mais bonita do que nunca.

Droga, acho que estou com inveja dela. Como ela pode ser tão bonita? Que raiva.

–Já está quase na hora - ela diz e pega sua bolsa - Marquei com os meninos de nos encontrarmos lá.

–Certo.

Espio pela janela; a luz do quarto de Hyuuga-kun está acesa. Ainda não tive coragem de ligar o celular, mas estou levando em caso de emergência.

Saímos de casa tentando nos encolher dentro dos casacos por causa do frio. Estou de calça jeans e um casaco preto longo acinturado e umas presilhas (que Momoi insistiu para que eu usasse) no cabelo. Já ela está de saia e meia calça com um casaco azul marinho.

Continuo não me sentindo bem ao lado dela.

Vamos pela rua até o café que Kise escolheu. Pegamos o metrô, mas só andamos duas estações, e depois caminhamos por mais cinco minutos até chegarmos numa lojinha pequena e fofa ao lado do parque. Pela vitrine, pudemos ver Kise e os amigos lá dentro, numa mesa.

Paro na porta.

Momoi para atrás de mim também. Parece que ela está tão nervosa quanto eu, mas consegue disfarçar melhor. Nós nos olhamos rapidamente e respiramos fundo antes de entrarmos.

Dentro da loja está abafado e o cheiro de café é gostoso. Kise vira a cabeça, sorrindo e acenando na nossa direção. Momoi sorri e acena também. Ergo minha mão timidamente.

Momoi me guia até perto da mesa. Todos os outros garotos viram para nos ver. Ai, meu Deus. Eles são bonitos. Será que são todos modelos? Ok, ok... Estou nervosa.

Ah. Espera. Eu já vi um deles. É um jogador de Kaijou também, acho que o nome dele é Moriyama. Ele é bonito.

Todos são tão bonitos. E eu sou... Bonitinha. No máximo.

–Momocchi! Aida-senpai! Que bom que vocês vieram!

–P-Pode me chamar de Riko se quiser - digo e seguro no meu celular.

Sentamos nas cadeiras e Kise começa a apresentar todo mundo. Ao meu lado esquerdo está o tal do Moriyama (Kise o chamou de senpai, ele é mais velho??), na minha direita Momoi, e na direita dela um garoto de cabelo castanho claro e olhos verdes, Kaien. Na frente de Momoi está o outro garoto, Eiko, com os olhos muito azuis, e na minha frente está Kise.

–Você é a técnica de Seirin, não é? - Moriyama-san sorri e inclina a cabeça - Aida Riko?

Ele sabe meu nome? Ele lembra de mim?

–S-Só Riko - digo e tento rir um pouquinho, apertando ainda mais o celular.

–Como estão o Kagamicchi e o Kurokocchi? - Kise sorri enquanto me passa um cardápio.

–Estão bem.

–Temos que marcar outro jogo-treino, né?

Ele é tão empolgado, chega até a ser fofo.

–Claro - sorrio para ele - Foi divertido da última vez.

Passo os olhos pelo cardápio. Tem um monte de opções legais. Momoi conversa animadamente com Kaien e Eiko sobre alguma coisa.

Moriyama-san apoia o cotovelo na mesa e se inclina para olhar o cardápio junto comigo.

–Já sabe o que vai pedir? - ele pergunta.

–Ah? Não... Estava pensando sobre esse cappuccino, mas ele vem com esse pedaço de bolo e não consigo comer sozinha.

–Vou pedir o Moccha e divido contigo o bolo, pode ser?

Moriyama-san está sorrindo para mim e eu não consigo pensar em mais nada.

Sacudo a cabeça. Ele é realmente muito bonito.

–Ei, vocês vão pedir o bolo? - Kaien pergunta - De quê?

–De quê? - pergunto para Moriyama-san.

–Hm, pode ser de chocolate? Ou você prefere de baunilha?

–C-Chocolate - respondo para ele.

–Chocolate - Moriyama-san diz para Kaien.

–Vocês sabem se o de morango é bom?

–É sim! - Kise responde. Seu celular começa a tocar - Ah, tenho que atender... Moriyama-senpai, peça para mim um café grande com creme e açúcar, tá?

–Ok.

Kise se desculpa e levanta para atender a ligação lá fora. Eiko chama a garçonete e faz os pedidos.

Todos engajam num papo sobre modelos. Kaien e Eiko dizem como é estressante tirar fotos, mas que Kise consegue fazer isso muito bem. Momoi conta como ela fazia comerciais de fraldas quando pequena, e Moriyama-san diz o quanto isso irrita o capitão do time deles, porque Kise tem que faltar aos treinos e Kasamatsu odeia mais do que tudo quem falta aos treinos.

E eu me sinto deslocada. Não sei nada sobre o assunto, então fico quietinha olhando a tela preta do meu celular. Ainda não tive coragem de ligá-lo.

–Esses enfeitinhos no seu cabelo são bonitos.

Moriyama-san me encara sorrindo (ah, Deus). Automaticamente coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha.

–Sério?

–Sério.

Não é todo dia que tem um cara do terceiro ano dizendo que acha seus enfeites de cabelo bonitos, ok? Principalmente um tão legal como esse.

–Obrigada.

Kise volta para a mesa quando a garçonete traz nossos pedidos. Tomo um gole do meu cappuccino; é bem gostoso.

–Kurokocchi ainda passa mal nos treinos? - Kise pergunta enquanto come seu cupcake.

–Não, parou faz um tempo. Mas ele ainda fica muito cansado.

–Ah, você é a técnica do time, não é mesmo? - Moriyama-san dá uma garfada no bolo - O treino deve ser muito rígido, imagino.

–Ué, por quê?

–Sei lá, você é fofa mas tem cara de durona.

Tomo mais um gole do cappuccino e dou de ombros.

–É... Os treinos são pesados.

Eles riem e eu rio um pouquinho junto.

O bolo está bom e a bebida é bem quentinha, mas o que realmente importa é que ele disse que sou fofa.

Fofa é melhor que bonitinha, espero.

–Ah, Riko-nee!

Ouço alguém me chamar, mas não sei quem. Olho ao redor.

–Aquele garotinho 'tá te chamando - Moriyama-san se inclina perto de mim e aponta para um garotinho de cabelo espetado na porta da cafeteria.

Ele vem correndo na minha direção, mas tudo que consigo ver é Hyuuga-kun parado lá fora olhando pra mim meio bobo.

Respiro fundo. Ok, nada a temer. Nada a temer.

Daichi vem até mim e me cumprimenta, dizendo que tínhamos que jogar o novo joguinho de videogame dele qualquer hora. Faço força para ignorar o garoto do lado de fora. Quando Daichi se despede, foco minha atenção no bolo, dando mais uma garfada tentando evitar que meu coração dispare loucamente.

Momoi, ao meu lado, olha para mim.

De repente, perdi a fome.

–Ei, meninos! Nós vamos ao banheiro e voltamos rapidinho, ok?

Momoi me puxa pelo braço e me arrasta até o banheiro. Lá, me encaro no espelho por um tempo.

–Riko-senpai...

–Eu estou bem.

–Eu sei. Só queria dizer que agora não é hora de se preocupar com Hyuuga-san ou Kiyoshi-san, principalmente quando o senpai do Kise está sendo tão legal com você.

Ela pisca algumas vezes antes de falar de novo.

–Você não tem nenhuma obrigação com eles, sabe? Você não é namorada deles. Pode sair com quem bem entender.

–S-Sim. Eu sei disso. - o momento de reflexão que fiz hoje mais cedo no meu quarto me serviu de alguma coisa - Só porque eles estão disputando entre eles, não quer dizer que eu escolhi um deles.

Que coisa idiota.

Momoi sorri e nós voltamos para a mesa.

Resolvo ignorar todo o resto e conversar com os meninos. Eles são legais, e o papo é engraçado. Pedimos novas coisas e passamos um bom tempo lá. Moriyama-san foi especialmente legal comigo; toda vez que o resto do pessoal entrava num assunto que eu não sabia muito bem, nós conversávamos sobre basquete e séries de TV.

Ainda não acredito que tem um garoto do terceiro ano falando comigo.

Quando olho no relógio, já são quase seis horas. Resolvemos ir embora, os meninos têm sessão de fotos mais tarde e eu tenho que organizar minha estante de livros e lavar a louça. Seguimos para a estação.

–Bom, não sei. - digo - Quantas flexões vocês fazem por treino?

–Acho que umas 100. Kasamatsu é bem rígido. E seus garotos?

–Hm... - coloco a mão no queixo - 220, de vez em quando 250.

Moriyama-san arregala os olhos e ri logo em seguida.

–Acho que vou pedir pro Kasamatsu ter umas aulas sobre treino com você, Riko-chan!

–Então você quer fazer mais flexões? - pergunto.

–O qu- Não! Não. Esquece. Vamos deixar assim mesmo.

Rio, e ele ri também.

Chegando na estação, os meninos dizem que têm que pegar o trem para Kanagawa, enquanto eu e Momoi vamos para nossos bairros. Eles se despedem, dizendo que foi muito legal sair com a gente e que deveríamos fazer isso mais vezes. Moriyama-san concorda e diz que deveríamos ir ao karaokê da próxima vez.

Na hora de entrarmos no nosso metrô, Moriyama-san pega a minha mão e dá um beijinho nela.

Minhas orelhas pegam fogo.

Ele sorri e nós vamos embora.

Ainda não acredito em tudo o que aconteceu.

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Despeço-me de Momoi na estação de metrô, e ela segue para sua casa e eu, para a minha.

Tenho a impressão de que pode nevar em breve, porque está esfriando cada vez mais. Seria bom, gosto de neve. Gosto como ela deixa tudo branquinho e fofo.

Fofo. Moriyama-san disse que sou fofa. Ah, meu Deus. Ele que é um fofo.

As pessoas começam a sair de seus trabalhos e a rua enche de gente. O céu já está escuro e venta um pouco. Caminho para casa pensando no que diabos Daichi e Hyuuga-kun estavam fazendo ali.

Ergo o olhar. Bom, o que eu disse é verdade. Não tenho nenhum dever para com nenhum deles, então tenho todo o direito de sair com quem bem entender. Certo?

Tá certo que eu gosto tanto de Hyuuga-kun quanto de Teppei, mas mesmo assim. Não... Não sou namorada de nenhum deles.

Desvio de uma poça no chão. Moriyama-san disse que sou fofa, meu Deus. Eu. Aida Riko. Sério que isso aconteceu? Mesmo? Não dá pra acreditar.

Mais a frente, Teppei vem caminhando na minha direção. Ele ergue o olhar e o encontra com o meu. Ah, que ótimo. Dois no mesmo dia?

Ok, Riko, fique calma. Nada a temer.

Aperto o passo. Teppei me olha com a boca meio aberta e parece pronto pra dizer alguma coisa, mas fico em silêncio e passo reto por ele. Ok, não foi tão difícil... Foi? Meu coração 'tá batendo super rápido.

–Riko - ouço-o me chamar, mas não quero falar com ele.

Não quero falar com nenhum dos dois.

–Riko - ele me chama de novo, mas continuo andando, desviando das pessoas. Não ouso olhar para trás. Não quero saber de Teppei agora.

Sinto minha mão ser puxada, então paro no meio da calçada, encarando o chão.

–Riko, não me ignore - Teppei está com uma voz triste; não olho para trás.

–Você pode me soltar, por favor? - faço força para não gaguejar. Meu peito dói, ainda estou magoada - Por favor?

Ele solta a minha mão e eu a aperto contra mim. Sinto os olhos de Teppei em mim, mas não quero olhar pro rosto dele. Meu coração vai explodir.

–Posso pelo menos te acompanhar até em casa?

Eu deveria ter dito não. Eu deveria ter dito que conseguia ir sozinha, muito obrigada. Mas eu sou só uma garota, sabe? Quando o garoto que você gosta de te pergunta se pode te acompanhar até em casa, não importa o quão brava você esteja, você vai aceitar; principalmente se ele estiver te olhando com a mesma cara de cachorrinho sem dono de Teppei.

Então eu fui boba e deixei ele me levar até em casa. O caminho foi silencioso e estranho, o clima estava péssimo. Não queria falar com Teppei, ainda estou magoada com as coisas que ele e Hyuuga-kun disseram um para o outro e sobre mim. Não quero ter encarar nenhum deles porque eu sei que a culpa é minha.

É minha culpa eles terem brigado, e quase terem se batido em plena rua. É minha culpa que a situação está assim, e eu não consigo deixar de me sentir péssima sobre isso.

Teppei não tenta puxar papo, somente anda silenciosamente ao meu lado. Quando chegamos em casa, ele sussurra um "tchau" e vai embora.

Olho para o outro lado da rua. A luz do quarto de Hyuuga-kun está apagada. Meu coração continua disparado. Coloco a chave na porta e entro.

Papai está sentado no sofá vendo TV. Dou-lhe um beijinho na bochecha e vou lavar a louça para tentar esquecer toda essa situação embaraçosa.

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Termino de colocar o meu exemplar de Peter Pan na estante e olho orgulhosa o trabalho bem feito. Demorou para organizar todos esses livros, mas consegui.

Sento na beirada da cama. O quarto está limpo e arrumado. Não tenho mais nada para fazer. Encaro o celular sobre o travesseiro.

Já se passaram mais de 24 horas desde a briga. Não sei se quero ligá-lo ainda. Não quero ter que ler nenhuma mensagem, ou ver tantas ligações perdidas.

Respiro fundo. O número um da minha lista é parar de ser um bebê chorão, então tenho que fazer isso. Tenho que ligar o celular.

Aperto o botão e aguardo a tela acender. O gatinho do meu plano de fundo aparece.

Nenhuma mensagem. Nenhuma ligação.

O que está acontecendo? Meu celular deu defeito? Como assim não tem nada? É impossível. Impossível.

Sinto-me, ao mesmo tempo, preocupada e aliviada. Coloco o celular sobre a mesinha de cabeceira e aguardo. Nada acontece.

Ok. E agora?

Ainda é muito cedo para dormir, e não estou com fome para jantar. Não quero sair do meu quarto. Não sei o que fazer...

Olho para a estante. Pego um livro qualquer para distrair a cabeça; um mistério. Sento-me na cama.

Passo os olhos pelas páginas, mas não sinto que estou verdadeiramente lendo. Parece que as palavras entram mas não são absorvidas. Ouço um barulho estranho. O que papai estará aprontando lá em baixo?

O barulho persiste. Que é isso?

Uma coisa enorme entra voando pela minha janela e eu grito, pulando da cama. Arremesso o livro naquela direção, mas ele voa janela abaixo.

Saio de trás da porta do armário para ver que droga era aquela. O barulho está bem mais alto agora. Pairando no ar na frente da janela está um helicóptero (!!!) de brinquedo.

–Mas o que...

Pego um chinelo no armário e o seguro junto de mim. Aproximo-me do coiso voador e vejo que há um pedaço de papel pendurado por uma cordinha.

Puxo cuidadosamente o papel. O helicóptero continua parado. O que diabos significa tudo isso?

.

.

Desculpe pelo recado não convencional, mas eu queria muito conversar com você, Riko. Sério. Quero te ver. Acena pela janela, por favor.

Hyuuga


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Notas finais do capítulo

É isso aí, povinho. A história está oficialmente terminada, e falta postar os dois últimos capítulos! Espero que estejam curtindo, e lembrando que estamos chegando ao fim ;-;

Tomaram partido? Tinha muita gente a favor do Teppei no começo, mas agora acho que o Hyuuga é a preferência! Até mais :*