Crônicas de Overly Fills escrita por Kouma


Capítulo 3
A Lenda Urbana de Jugular — Parte II


Notas iniciais do capítulo

Esta é a história que o Roger contou na parte I. Considerem-a como a "versão de Roger", pois mais pra frente terá outra.



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Senhores, a história que vou contar a vocês agora é algo que realmente aconteceu, apesar de não ser encontrado nos registros históricos. É uma parte da história do nosso herói Bocave Maximillian. Porém, a pedidos deste, a história foi retirada de sua biografia pois continha informações de que ele queria que não fossem encontradas. Estas são informações sobre a criatura que ele encontrou há muito tempo na floresta, que o ajudou e protegeu Overly Fills nos seus anos primordiais, mas que mais tarde viria a trair o infeliz Bocave.

A história de uma amizade perdida. Não é uma mentira, por favor, peço que não me achem um mentiroso por dizer que é verdade e deve estar acontecendo neste exato momento sem sabermos. De fato está ocorrendo, eu não estou inventando isso!

Uma vez, como vocês já devem saber, antes de Bocave chegar na área da cidade, que ainda não existia cidade alguma, Bocave fugia de caçadores vivos que o queriam morto. Na fuga ele veio parar aqui, em Tibaland, que, obviamente, ainda não possuía este nome. Ele correu e correu, atravessando vários obstáculos e fazendo muitas manobras para evitar os disparos das armas dos caçadores enquanto pulava as raízes das árvores. Uma hora ele acreditou já estar muito fundo na floresta, e que os caçadores não iriam atrás dele até muito tarde. Ledo engano. Os caçadores continuaram, tinham caninos que farejavam gente morta.

E numa hora aconteceu. Bocave estava escondido atrás de uma árvore então não pôde ver a princípio, mas conseguiu ouvir os latidos do canino. Não eram pra ele, eram para esta criatura que falo a vocês. A criatura veio correndo de longe e Bocave viu o vulto de um leão. Apesar de que era só o que ele pensava. O canino foi dilacerado e seus restos batiam nos caules das árvores devido a agitação com que a criatura balançava seu corpo já morto. Bocave continuou escondido enquanto os caçadores disparavam em vão contra a criatura, que estraçalhava um por um. Não demorou para que restasse somente dois. Enquanto a criatura se preparava para pegar um, o outro se aproximava dela para dá um tiro à queima roupa. Embora que, no momento que a criatura virou sua cara para o outro, Bocave havia esmurrado o rosto deste quebrando os ossos da sua mão, mas, por fim, trazendo à morte os seus corsários.

Os vários anos de experiência vividas por Bocave não foram o suficiente para dizer o que era, no mundo, aquele ser na sua frente. Era um híbrido, ele pensou. Mas nenhum suídeo come carne humana. Sem contar que o animal possuía patas de leão, contradizendo com seu corpo de suídeo revestido com muito pelo, e a parte frontal óssea, com chifres virados para trás. Os dois se encarando eram como dois demônios disputando a feiura. Bocave testou a hostilidade da criatura pondo sua mão direita que no momento se encontrava quebrada, no topo da cabeça do monstro. A criatura não reagiu. Ele julgou então que ela só se alimentasse de carne animal, assim como ele. E ali se começa algum tipo de amizade sombria entre um morto e um anormal.

Mais tarde Bocave continua visitando e revisitando a criatura na floresta. Sempre que ia até lá, de dois em dois dias, encontrava pedaços de corpos mortos no chão e manchas vermelhas nas árvores e nas folhas. Recompensava a criatura com a mesma carne que comia por proteger a cidade de invasores indesejáveis. Hoje em dia poder-se-ia dizer que era um certo tratado político de aliança, já que, olhando de outra forma, era uma mera troca de favores. Mas curiosamente a criatura demoníaca mostrava sinais de carinho na presença de Bocave, assim como um homem e um cão. Era terrivelmente estranha e ambígua a visão deles dois juntos. Não havia monstro algum, sem julgar pelas aparências.

Tempos depois Bocave também levou seus homens para a floresta, e lá eles conheceram essa criatura. Era o início do povo do campo, e a criatura era como um mascote daquela área. Tiba, um dos companheiros fiéis de Bocave, ficou encarregado da área rural e de, dali em diante, alimentar a criatura. Desde então a floresta passou a ser chamada de Tibaland, como na história que conhecemos. Apesar de Tiba cuidar da área, era comum ver Bocave visitando o local apenas para levar comida à criatura, e ficar um tempo na floresta. Quando falo “um tempo”, quero dizer até o céu ficar escuro.

Mas foi num certo dia, na vez de Tiba, que a tragédia começou. A criatura inofensiva aos mortos o atacou em vez de comer a comida. Embora ninguém saiba. É por isso que nos registros é dito que Tiba desapareceu misteriosamente, mas não, ele foi comido por aquela criatura! Pois então, continuando...

Bocave ficou sabendo do sumiço de Tiba e ficou com um pouco de raiva pela ideia de ter sido morto pelos caçadores. Mas se os caçadores haviam o matado, significava que a criatura também tinha sido morta. Isso o deixou mais furioso! Reuniu mais alguns homens para entrar na floresta e ver o que estava acontecendo. Ao chegar lá ele encontrou a criatura, o seu amigo. Mas não no estado que esperava que estivesse. Ela o atacou e tentou comê-lo, mas seus homens o protegeram e morreram no seu lugar. Seu espírito ficou mergulhado em dúvida. Por quê aquilo estava acontecendo? Era o que se perguntava. Para ser simples, ele se sentiu traído.

Ao menos conseguiu fugir, a só, e ao retornar para o campo, avisou a todos os moradores para não passarem de 50m depois da entrada da floresta. Não falou muito a respeito, e apenas os proibiu de adentrar muito a fundo no local. O homem jurou vingança para si mesmo, mas como mataria a criatura se nem as armas dos vivos funcionaram? Em contrapartida, as construções da cidade iam muito bem, estavam num momento próspero. Onde quer que andasse nas ruas da cidade, sentia que as pessoas estavam felizes apesar de não demonstrarem expressões. Sempre o cumprimentavam quando o viam. Ninguém imaginava que existia um monstro matando pessoas neste momento, naquele lugar, sem elas saberem, pois estavam ocupadas demais com suas coisas.

Depois de muitas gerações, o fato da criatura existir tornou-se sublime, e poucas pessoas ficaram sabendo que existia tal animal na floresta, até que mais tarde as informações tornaram-se nulas e mais ninguém sabe de sua existência.


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Notas finais do capítulo

Comentem e digam o que acham! o/



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