Minha luz escrita por Larissa das Neves
Notas iniciais do capítulo
Apesar de estar estudando pro meu concurso, continuo escrevendo a fic. Como tenho o office no celular, to escrevendo em todo lugar: no ônibus, na faculdade, na rua, no banheiro HAHAHA (que nojo, é brincadeira). Espero que estejam gostando! Boa leitura!
Cadu estranhou que a esposa, logo depois de toda aquela declaração de que queria ficar ao lado dele e que não o abandonaria, saíra de casa sem ao menos explicar por que. Decidiu não questionar. Já que o filho estava na aula e não voltaria até o fim da tarde, optou por sair um pouco do apartamento e foi caminhar pela praia, a fim de espairecer.
Andou por alguns minutos sob a areia fofa, afinal, a doutora Silvia havia liberado exercícios leves, mas como continuava passando mal com facilidade resolveu sentar-se numa mureta, olhando em direção à praia.
– E ai, Cadu? Achei que iria ao Bistrô hoje. – Disse Nando, se sentando ao lado do amigo.
– Não. Sei que ele inaugurou, que está a todo vapor, mas não estou me sentindo bem pra trabalhar hoje.
– Não deveria ir pra casa então? – Questionou.
– Deveria. Mas queria pensar um pouco. – Falou, pausadamente. – Eu estou fazendo tudo certo, Nando?
– Não estou te entendendo.
– To falando da Clara. Eu parei de brigar com ela. Decidi fazer as pazes. Mas eu sinto que minha esposa ta tão infeliz. Sabe o que ela me disse hoje? Que não me abandonaria e que ficaria sempre do meu lado. Bom, até aí tudo bem né. Mas ela estava chorando, Nando. E não era um choro de emoção, ou de quem estava magoado e queria fazer as pazes com a outra pessoa. Era um choro de sofrimento.
– Sofrimento? Como assim? Achei que vocês estavam bem. Você inclusive não pediu ela em casamento de novo?
– Pedi. E ela aceitou. Mas cara, se você visse como ela ficou. Ela não parecia emocionada nem nada, como quando pedi ela em casamento pela primeira vez. Ela ficou confusa, e eu percebi. Cara, ela teve que pensar pra aceitar. – Desabafou, parecendo visivelmente desesperado.
– Sei lá, cara. Às vezes é do momento. As mulheres são estranhas, completamente bipolares. Nunca da pra saber o que se passa na cabeça delas, sinceramente.
– Pô Nando, não sei o que fazer. Pensei em ir na casa da Marina de novo pra tirar satisfações..
– Ah Cadu, pode parar. – Cortou o amigo. – Você é meu amigo e eu estou do seu lado mas se você continuar aparecendo lá sem ser convidado e ficar criando confusão eu não vou conseguir te ajudar se ela jogar um processo nas suas costas. Pelo amor de Deus, seja racional. Isso você tem que resolver com a Clara. A Marina pode até ter se metido no meio do casamento de vocês, mas a culpa também é da Clara que permitiu. Digamos que “todo mundo” tem culpa nisso.
– Caraca hein Nando, achei que fosse meu amigo. – Falou Cadu, desapontado.
– E eu sou, e vou sempre te ajudar. Mas eu apelo para o lado racional, só vou poder te ajudar se você mantiver sua cabeça no lugar!
– Que droga, hein. Ok. Esquece que eu falei isso.
– Preciso ir trabalhar. – Disse, se levantando. – Cadu, vai por mim, isso que ta acontecendo com a Clara não é nada. Ela aceitou de qualquer forma dar uma segunda chance ao casamento de vocês, invista nisso.
~.~
Depois de esgotar todas as lágrimas que ainda restavam em seu corpo, Clara voltou correndo pra casa, tomou banho e se arrumou para ir ao estúdio. Como imaginou que Cadu estivesse ido para o Galpão, achou que não teria problema passar a tarde lá pra dar uma força para Marina. E conversar com a amiga sobre, talvez, um possível afastamento. Mas quando estava de saída deu de cara com Cadu entrando no apartamento.
– Ué, Cadu? Achei que tinha ido ao Bistrô. – Perguntou, surpresa.
– Não, fui caminhar um pouco no calçadão..
– Ai Cadu, você passou mal hoje, a doutora Silvia disse que você precisa descansar! – Esbravejou já um pouco nervosa.
– Reclama por eu não ter ido ao Bistrô. Reclama por eu ter saído pra caminhar. Tem horas que eu não te entendo, Clara.
– Mas o Bistrô é diferente, lá você tem ajuda pra fazer as coisas...
– Nossa, Clara, não fiz esforço nenhum. Andei por uns minutinhos e me sentei, depois, olhando pra praia, mas deixa isso pra lá. Vou trocar de roupa e ir pro Bistrô agora! Vamos comigo? – Ele fez o convite parecendo animado.
Clara cogitou em recusar, afinal, tinha Marina precisando dela também passando por um monte de problemas. Mas se lembrou da conversa que teve com Helena e sentiu seu coração apertar.
– Claro, Cadu. – Forçou-se a sorrir. – Vamos lá.
~.~
Era pouco mais de 20 horas quando Marina olhou pela milésima vez no relógio do celular. Estava deitada no mesmo lugar que dormiu com a assistente naquela noite. Clara foi embora naquela manhã bem cedo e ainda não havia se pronunciado sobre nada. Ficou esperando ao menos uma ligação para dizer que estava com saudades, o que não aconteceu, e sentiu-se imensamente abalada por isso. Não poderia cobrar nada de Clara, já que ainda não estavam tendo nada. E se lembrou da conversa que teve com Vanessa na piscina, com a ruiva insinuando que Clara não teria coragem de largar o marido para ficar com ela.
Estava deitada na cama improvisada no chão, olhando para o teto quando um suspiro involuntário lhe escapou dos lábios. Clara fazia aquilo com ela de forma espontânea. Passou a se perguntar se um dia conseguiriam mesmo ficar juntas com todos aqueles problemas rondando ambas. Tinha o Cadu, que estava piorando de sua doença. Claro que não desejava nenhum mal para ele, muito pelo contrário. Queria muito que ele voltasse a ser aquele garotão bobão e saudável que era quando o conheceu na exposição. Por que, assim, poderia deixar Clara só pra ela.
“Que pensamento egoísta, Marina.” Pensou, se sentindo péssima.
Não tinha intenção alguma de forçar Clara a se separar do marido, ainda mais com ele estando naquelas condições. Queria que a morena fizesse aquilo que bem entendesse, que achasse ser necessário para sua felicidade.
Se Clara dissesse a ela que escolhe ficar com o marido, mesmo depois de ter se declarado pra ela, aceitaria. Afinal, porque trocar o “certo” pelo “duvidoso”, como ela mesma havia dito. E se sentiu uma completa idiota quando sentiu lágrimas escorrerem pelo seu rosto.
– Minha cabeça pode até entender, mas meu coração nunca vai aceitar isso. – Falou, sozinha.
– Desde quando você fala sozinha, hein, Marina?
Resolveu se sentar quando viu que não estava sozinha e encarou a ruiva a sua frente.
– Van. – Sorriu. – Apesar de eu continuar bancando a idiota, você nunca sai de perto de mim, né?
– Acho que isso foi a coisa mais bonita que você me disse em meses! . – Riram juntas do comentário e decidiu se aproximar da fotógrafa.
– Me desculpe por hoje. Estou sensível, sabe? Você vivia falando que eu era inconstante, mas to começando a achar que esse papel passou pra Clara. – Suspirou, triste.
– É. Pra você ter chego até aqui, sendo paciente por um amor impossível até eu estou surpresa Marina, e é sério. – Gesticulou, vendo a morena se deitar de novo nas almofadas. – Não importa o que eu diga, não vou mudar sua cabeça, né?
– Não é minha cabeça que tem que mudar, Van. É meu coração. E enquanto a Clara não disser “eu escolho você” ou “eu escolho o Cadu”, ele .. – Disse apontando para o próprio coração. – Não vai mudar.
Vanessa permaneceu em silêncio observando a amiga. Parece que seu tempo ali havia mesmo acabado.
– Van. – Marina a chamou. – Tenha paciência comigo. Eu estou buscando minha felicidade, mas sabe quando falam que “depois da tempestade vem a bonança”? Eu sei que ainda vou sofrer, mas eu preciso de alguém comigo. Por favor, não me abandona. – Pediu.
Vanessa sorriu.
~.~
O bistrô estava agitadíssimo naquela noite. Como o movimento estava grande iam acabar voltando tarde pra casa e ligaram para Virgílio para que buscasse Ivan na escola e que deixasse ele dormir no apartamento deles. Cadu estava para cima e para baixo na cozinha e não se sentia nenhum pouco mal. Clara tentou fazê-lo mudar de ideia e que fosse para casa descansar, mas as coisas estavam dando tão cedo que ele brincou dizendo que um milagre havia acontecido e estava curando, fazendo a esposa rir. Mas apesar de toda aquela animação, o chef não pode deixar de notar que Clara estava aérea. Parecia que fazia as coisas no automático.
– Está viajando muito, Clara. – Se pronunciou.
– To pensando no Ivan. Mais uma vez nosso bichinho vai dormir na Helena. – Disse, simplesmente. Era verdade que estava pensando no filho, mas também estava pensando em Marina e se sentindo culpada por não ter ligado pra ela o dia inteiro. E ia continuar daquela forma, não ia arriscar ligar para a fotógrafa na frente dele.
– Eu sei. Mas ele não se importa, ta acostumado. – Abraçou a esposa por trás e beijou-lhe o pescoço. – Já que vamos voltar tarde pra casa, podemos aproveitar esse tempo só pra gente, o que acha?
Sorriu com o convite do marido. Virou-se pra ele e depositou um rápido beijo em seus lábios e concordou com a cabeça, apenas. Quando viu Felipe e Silvia entrarem no Bistrô usou a desculpa de ir cumprimentar-los para se afastar de Cadu.
– Cadu, esse lugar está fantástico! – Elogiou Felipe.
– Está mesmo! Quando você havia comentado achei que era um tanto quanto simples, mas está com um ar muito sofisticado. Parabéns! – Silvia disse, cumprimentando Cadu e Clara.
– Obrigado! – Cadu agradeceu, muito animado com o elogio. – Bom, vocês são convidados de honra, hoje será por conta da casa! – Brincou, fazendo todos rirem.
E então Cadu entrou numa conversa animada com Felipe comentando sobre quais pratos estavam saindo mais desde a inauguração e Clara decidiu conversar com Silvia.
– Então, como anda as coisas, doutora?
– Clara, corta essa de doutora, já te falei. – Disse, rindo mas logo se sentiu constrangida com o que iria dizer a seguir. – Ah, estão bem... Eu e o Gabriel...
– Achei que ele viria aqui com você, e não o meu irmão. – Riu.
– Ah Clara, eu e o Gabriel estamos passando por uns probleminhas, sabe? Ele quer muito se casar, mas eu nunca vi isso como uma necessidade. Eu sou médica, não tenho muito tempo pra pensar nisso.
– Ele deve ta achando que você não quer casar com ele..
– Mas eu quero. – Tentou parecer segura de si do que estava dizendo, mas Clara entendeu.
– Quer mesmo? – Clara meio que pressionou a médica sem querer e logo se arrependeu. – Meu Deus, Silvia, estou me metendo na sua vida! Desculpa!
– Não se preocupe. – Riu. – Somos amigas, podemos contar segredos uma para a outra. Venha! Vamos fofocar um pouco. – E logo tratou de puxar Clara para sentar em uma mesa.
~.~
Olhou no relógio e viu que já passava das 3 da manhã. O ambiente estava tão silencioso que tudo que ouvia era a respiração calma do homem que estava ao seu lado. Haviam voltado para casa fazia 2 horas e Cadu não estava brincando sobre querer passar um tempo a sós com a esposa e por fim fizeram amor.
Mais uma vez estava pensando em Marina.
Incrível como mesmo depois de ter passado a noite com Cadu ela continua pensando em outra pessoa. É como aquela música piegas sobre “ estou fazendo amor com outra pessoa, mas meu coração vai ser pra sempre seu”. A letra inteira da música invadiu a cabeça de Clara e ela teve vontade de gritar em desespero. Levantou-se devagar e foi até a cozinha.
Pegou o celular que estava na bancada da cozinha e deitou no sofá. Como se estivesse conectada por telepatia com alguém que morava em Santa Tereza, o celular de Clara tocou. Viu quem era e sentiu o coração dar um pulo. Logo atendeu, com a voz baixa e um sorriso no rosto:
– Alô? – Perguntou, fingindo que não sabia quem estava ligando.
– Fale comigo. Apenas fale. Quero ouvir sua voz. – Marina disse com a voz rouca. Não era roupa porque estava chorando. Era rouca de paixão.
– Marina.. – Riu. – Como sabia que eu tava acordada?
– Já te disse Clara, estamos conectadas. Nos comunicamos por telepatia.
– Parei de questionar tudo isso que você diz sobre nós. – Riu baixo, mais uma vez, que fez Marina suspirar do outro lado do telefone. – Estava justamente pensando em você.
– Ai, Clara. Porque você faz isso?
– Isso o que?
– Mexe com as minhas estruturas. Todas elas. – Marina falava quase que num sussurro.
– Não faço de proposito. – Disse. Estava feliz que a fotografa tivesse ligado e não percebeu que ainda estava sorrindo, mas logo o sorriso desapareceu quando se lembrou de tudo que havia acontecido naquele dia. – Marina, que horas é o ensaio de hoje?
– Hum .. – Permaneceu em silêncio por um momento, tentando se lembrar de sua agenda. – Acho que às 9 horas. Por quê?
– Eu vou chegar mais cedo, tudo bem?
– Claro, mas por quê? – Perguntou, curiosa. – Aconteceu algo?
– Sim. – Suspirou – Precisamos conversar.
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