É estranho voltar dos mortos. Tudo parece tão...estranho, não consigo achar uma palavra melhor para descrever isso. Eu me sinto tão diferente, parece que não sou mais a mesma pessoa, eu ainda me lembro do que aconteceu em Panem, mas é como se aquilo não tivesse acontecido comigo e sim com outra pessoa. É como se meu coração tivesse abandonado tudo aquilo, é como se ele exigisse que eu me tornasse outra pessoa.

Eu me lembro de acordar desesperado, achando que eu ainda estava morrendo, sentia uma sufocação, não conseguia respirar, até eu ver ela. Quando eu vi aqueles olhos azuis eu senti meu corpo todo amolecer, ela tinha um efeito estranho sobre mim, ela me deixava calmo, mas ao mesmo tempo nervoso. Desde que eu a conheci, ela preencheu o vazio que eu sentia, ainda não sei com que preencheu, mas Samantha se tornou importante para mim.

Agora aqui estou eu, cinco dias depois na capital do Brasil, uma cidade chamada Brasília. Depois que saímos do Rio de Janeiro, convidamos Sadie a se juntar conosco, ela não aceitou de primeira, mas depois acabou cedendo, ela também estava procurando um familiar.

Logo que chegamos em Brasília, alugamos um quarto de hotel, foi difícil achar um porque todos os hotéis estão fechados. Por sorte o quarto tinha quatro camas, Samantha tinha nas mãos um notebook que nós “pegamos emprestado” (Percy insisti em dizer que isso é roubo, mas nós realmente podíamos precisar), ela tem tentado pesquisar sobre Chicago, há dois dias a comunicação e a internet voltou, mas a maioria dos jornais estavam parados e não havia noticiário, aquele negócio chamado “rede social” também não estava ajudando muito.

– O que Chicago te lembra, quer dizer essa cidade está em algum livro que você leu – Sadie perguntou. Nós contamos para ela sobre o fato de ela ser um livro nesse mundo, no segundo dia ela parou de pirar e nos chamar de loucos.

– Sim, mas não gosto de pensar nessa ideia – Samantha ruía as unhas enquanto pesquisava sobre Chicago, seus olhos azuis atentos a tela do notebook, ela era linda, o modo como ela ficava enquanto estava focada em algo, tudo nela o atraia, ela era como um imã, mas eu não podia pensar nela, Annie ainda estava aí em algum lugar do mundo.

– Seria muito legal se você compartilhasse essa informação conosco – Percy falou.

– Não posso, preciso ter certeza.

– Vou tentar achar algo para comer – digo, Samantha levanta seus olhos.

– Posso ir com você? Quero pegar um pouco de ar puro.

Uma parte de mim quer ficar longe dele e a outra implora para que eu fique perto dela, eu sorrio – Se você quer me chamar para um encontro, é só dizer.

Seu rosto fica vermelho – Eu nunca chamaria você para sair.

Dou meu melhor sorriso sedutor – Tem certeza?

É claro que sim! – Ela revira os olhos – Vamos, eu estou morrendo de fome.

Saímos do hotel e caminhamos juntos pelas ruas de Brasília à procura de algum lanche ou restaurante, sem sorte, todos estavam fechados, havia poucos pedestres nas ruas, solados do exército patrulhavam as avenidas e outros lugares públicos, descobrimos que existia alguns mercados abertos. Eu e Samantha estamos a um bom tempo em silêncio, sou o primeiro a falar.

– Então você tem namorado?

– Não, Por que você quer saber? Minha beleza te seduz? – Ela pergunta com um pequeno sorriso no rosto.

– Não, na verdade imaginei que você não teria namorado, sabe com esse jeito irritante – Ela me dá um murro no braço e eu finjo que doeu.

– Você é um idiota Finnick Odair – Ela diz.

Eu jeito minha postura com orgulho – Eu faço o que eu posso.

Ela ri, nos encaminhamos até um mercado grande no fim da rua em que estamos, há alguns guardas do exército na frente do estabelecimento, mas eles não nos param, apenas nos dão olhares suspeitos. Entramos no mercado sem nenhum problema, havia algumas pessoas fazendo compras.

– Você tem dinheiro? – Pergunto para Samantha.

Ela assente – O bastante para garantir o jantar.

Samantha explora as prateleiras, ela pega algumas latas de algo que eu não conseguir identificar, ela continuava a pegar alguns produtos aleatórios, fiquei observando ela, o modo como ela estava cama, eu a admirava, mesmo com todas essas loucuras acontecendo ela continuava a ser corajosa.

– Por que você esta me olhando desse jeito? – Ela pergunta, acho que eu passei tempo demais olhando para ela.

– Eu olho para onde eu quiser.

Ela se aproxima de mim e pousa sua mão sobre meu peito – É melhor você limpar essa baba no canto da sua boca.

Eu ia dar uma resposta, mas bem nesse momento uma explosão acontece, eu puxo Samantha para baixo enquanto produto e pedaços de prateleiras voavam acima de nós, ouço gritos e pessoas correndo, olho para cima e teto está coberto de fogo. Me levanto e olho ao meu redor, há fogo por toda parte.

– O que aconteceu? – Samantha perguntou.

Ajudei ela a se levantar, Olhei para a entrada do mercado, cinco jovens vestindo capas pretas vinham em nossa direção, eles tinham uma espécie de varinha nas mãos como a de Sadie, tirando que essas eram retas, o garoto que estava no meio, apontou a varinha para mim, um arco de energia foi lançado e Samantha me empurrou para não ser atingido.

– Corre! – Ela disse.

Samantha correu logo atrás de mim enquanto mais arcos de energia eram lançados, fomos direto para um corredor que parecia intacto.

– Precisamos sair daqui – digo – Acho que não temos a menor chance contra esses caras, aliás, que diabos eles são?

– Acho que são bruxos – Samantha responde.

– Como Sadie?

– Não! Sadie é uma maga egípcia, aprenda a diferença – Ela disse, revirando os olhos.

– Achamos vocês! – O garoto que parecia ser o líder nos encontrou ele apontava a varinha para Samantha, os seus amigos bruxos nos cercaram. O garoto tinha cabelos loiros claros, olhos frios, sua expressão era série.

– Você vem com a gente – Ele disse apontando para Samantha – Matem o outro.

Os outros bruxos apontaram para mim, mas um outro arco de energia surgiu de um lugar próximo e atingiu o teto, um viga de aço caiu e atingiu dois dos bruxos, o líder loiro olhou para o local de onde o outro arco de energia, uma menina de cabelos castanhos claros e olhos castanhos olhava para eles, ao seu lado tinha um garoto de cabelos loiros dourados e de olhos da mesma cor, se eu colocasse um par de asas em suas costas poderia imagina-lo como um anjo.

– Hermione Granger – O garoto loiro sibilou.

– Draco Malfoy – A garota que se chamava Hermione disse.

– Vejo que está com novas companhias – Draco disse olhando para o garoto que estava ao lado de Hermione.

– Gostaria de ser chamado pelo meu nome – Ele disse, um sorriso brotou em sua boca – Eu sou Jace Lightwood, o único.

Draco revirou os olhos – Esse é o tipo de pessoa com quem você está andando agora? Olha só não se meta, eu preciso levar a garota.

– Você não vai levar ninguém – Eu disse, peguei Samantha pelo braço e arrastei para longe de Draco.

Um olhar de irritação passou pelo seu rosto, ele olhou para Hermione e Jace e depois para mim e Samantha, como se estivesse medindo suas chances, depois olhou para os seus dois lacaios que estavam desmaiados, ele revirou os olhos.

– Peguem esses dois e vamos embora – Ele ordenou, depois se virou para nós – Isso não vai ficar assim, ele está se reerguendo.

– Quem? – Hermione perguntou – Voldemort?

A expressão de Draco mudou, ele parecia um pouco assustado – Não, Cronos se erguerá.

Ele se virou e correu para fora do mercado, seus lacaios atrás dele. Eu me virei para Hermione e Jace, eles pareciam nos considerar se éramos inimigos ou amigos.

– Se aquele cara queria matar vocês, então quer dizer que são amigos – Jace disse.

Samantha parecia que tinha se engasgado – Ele desistiu muito fácil.

Hermione assentiu – Draco não é de desistir fácil, e esse nome Cronos não me é estranho.

– Se ele está se reerguendo então temos um grande problema – Samantha se virou para mim, aqueles incríveis olhos azuis cheios de preocupação – Precisamos voltar agora!

Eu me virei para Jace e Hermione, não sabia se podia confiar neles, mas eles acabaram de salvar nossas vidas, acho que são confiáveis, olhei para Samantha e ela parecia pensar a mesma coisa, ou talvez não.

– Hum...obrigado por me salvar, a gente se ver por aí.

Hermione assentiu – É, talvez.

Tá, ok, isso foi estranho, mas nós acabamos de conhecer essas pessoas, como a gente pode tratar pessoas desconhecidas que acabaram de nos salvar.

– Acho que vocês podem vir com a gente – Samantha disse – Quer dizer, aposto que vocês estão procurando alguém e se Draco estiver falando a verdade, nós podemos precisar da ajuda de vocês

Hermione e Jace se olharam, pareciam considerar a proposta, olhei para a Samantha, ela obviamente os conhecia, ela estava agiotada e olhava para eles com agitação, como uma fã olharia para seus ídolos.

– Ok – Hermione respondeu – Mostre-nos onde vocês se instalaram, mas se for uma armadilha nós matamos vocês.

– Justo – Samantha disse.

Fiquei um pouco desconfiado, mas Samantha parecia alegre, me aproximei dela e sussurrei.

– Você sabe quem eles são?

– Mas é claro que sim, eu não acredito que Hermione Granger está aqui.

–Ela é tão importante assim?

Samantha não respondeu. Quando chegamos ao hotel, descobrimos que Percy e Sadie estavam muito distraídos assistindo um telejornal na televisão, quando Percy nos viu, ele arqueou uma das sobrancelhas.

– Quem são eles? – Percy perguntou.

– Você sempre trata suas visitas como se fossem cachorros – Jace perguntou.

Um olhar de irritação passou por Percy – Não importa, vocês tem que ver isso estão mostrando sobre Chica...

As imagens do telejornal mudaram, agora um garoto de cabelos pretos e olhos pretos estava na tela, ele não parecia ter mais de 15 anos e carregava um sorriso malicioso, eu odiei ele assim que o vi.

– Olá caros telespectadores, meu nome é Pain e eu sou o responsável pela destruição do mundo. Sentem em seus sofás e relaxem, é hora de alguns avisos.