POV Liam

Eu não estava mais ouvindo, eu não estava mais vendo nada. Quem me guiava pela rua era Zack e não eu.

Ainda andávamos em silêncio, não sei se pelo fato de termos matado Camille ou se não queríamos ser expulsos.

Eu estava com vontade de morrer. Eu nunca queria que terminasse assim. Mesmo não sentindo NADA por Camille, eu não queria que ela morresse.

Por um momento, olhei para Margo. Ela não demonstrava sentimento algum. Ela tinha uma cara confusa.

Eu parei de andar.

– Porque você fez isso?! – Falei, calmo

– Fiz o que? – Margo falou.

– Porque mandou Camille pular?

– Porque eu já fiz isso, e quando eu fiz, eu não sabia nadar, você lembra?! Se você não lembra, Zack deve se lembrar.

Eu me lembrava. Zack, ela e eu estávamos brincando perto da ponte. Não sei o que houve que começamos a brigar e eu empurrei Margo no rio.
Foi a primeira vez que senti culpa na minha vida. Ela não subia para a superfície.

Lembro-me de ter ficado gritando desesperado várias vezes antes de ela ir engatinhando para a margem, tossindo e com frio.

Zack tinha tirado seu casaco e emprestado a ela.

Ficamos sentados a margem do rio, esperando que chovesse, para ter um motivo de Margo estar molhada. Acho que de tanto eu rezar para que chovesse, a chuva caiu e fomos para a casa de Zack a pé.

Minha mãe nunca soube.

– Mas porque mandou ela pular?

– Liam... Ta falando agora que a culpa é minha?!

– Não disse isso...

– É claro que não, mas pensou. Tudo pra você é culpa minha. Eu não posso mais com isso Liam, não posso. – Ela falou e saiu batendo os pés na frente.

Corri até ela e a abracei.

– Nada que aconteceu aqui foi culpa sua está bem?!

Ela começou a chorar.

– Eu não queria, eu não sabia que ela não ia conseguir. Me desculpa Liam...

Margo não me pedia desculpas desde... Desde que mamãe morreu e disse para que nós pedíssemos desculpas um para o outro, por tudo que fizemos.

– Sh... Não é culpa sua. Ela não conseguiu.

– Eu não queria Liam, eu matei alguém.

– Não foi com as suas mãos.

– Mas foi com a minha cabeça. EU matei a Camille.

A abracei ainda mais forte, até sentir que ela estava mais calma. O pessoal já estava mais perto de nós.

– Margo... – Ellis chamou.

– Sim... – Ela falou, se afastando de mim para olhar pra ela.

– Não aconteceu nada. Temos que fingir que nada aconteceu.

Ellis não demonstrava nada, mas estava pálida.

Katherin e Harry tinham ficado mudos, os olhos mostravam desespero.

Continuamos o caminho em silêncio.

Fomos para os nossos devidos apartamentos. Provavelmente ninguém dormiu aquela noite.