Say Something - OneShot escrita por Lu Medeiros


Capítulo 1
Say Something




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Elisabeth estava acordando quando ouviu seu telefone tocar a melodia que o amigo, Martin, fizera há anos para que um dia alguém compusesse algo que completasse a música. Olhando o visor do celular viu o nome de Martin e acima a hora. Eram 09:34.

-Estou atrasada! - disse ela pulando pra fora da cama e ignorando o telefone que tocava. Ela havia marcado um passeio com Martin naquela manhã de sábado, mas dormira tarde e agora estava com meia hora de atraso. Parando na beirada da cama esticou os braços ao lado do corpo para tomar equilíbrio. Andou até o banheiro e se olhou no espelho.

-Linda. - disse secamente para sua imagem desgrenhada e sonolenta no espelho. Passou uma água no rosto, prendeu o cabelo de qualquer jeito num rabo de cavalo e passou uma leve maquiagem apenas para destacar seus traços na pele morena.

Vestida com uma camisa branca, um cardigã verde claro e calças bejes, calçou suas sapatilhas pretas e pegou o celular na cabeceira da cama juntou suas coisas numa bolsa e saiu. Após trancar a porta seu celular tornou a tocar e ela atendeu:

-Me perdoa? - disse com voz suave.

-Lis, nós marcamos às 09:00. Não me diga que acabou de acordar?

- Estou saindo do prédio agora, Mart. Você me desculpa, não é?

-Sim, pela última vez. - disse ele com um meio sorriso na voz.

-Não me lembro mais quantas vezes você me desculpou pela última vez. - ela ria.

-Sorte a sua.

-Claro, claro... Bom, eu chego aí em 10 minutos... Você ainda quer tomar café comigo?

-Quero, Lis... Você sabe que sim. Te espero, mas tente não ser atraída por uma placa de liquidação ou um guarda bonitão. - Os dois riram e desligaram.

****

Às 08:55 Martin entrava num barzinho chique e escolhia uma mesa ao fundo, próximo à banda que tocava músicas leves para embalar a manhã de muitos casais que passavam por ali para tomar café juntos antes de ir para o trabalho. Esperava ansiosamente pelo dia que poderia estar ali como casal com sua Lis. Ela não era sua, mas há mais de um ano o coração dele esperava que um dia fosse.

"Quem sabe hoje..." pensava ele consigo até certo tempo, mas hoje seu coração estava pesado. Ele pensava em desistir do amor de sua amiga.

Enquanto esperava por Elisabeth começou a se lembrar de como tudo havia começado, de todos os beijos roubados, todas as risadas, todas as brincadeiras, as brigas e tapas que trocavam. Eles sempre foram grandes amigos, mas nunca foi claro o que ela sentia por ele, por mais que ele demonstrasse que gostava dela e que sempre estaria ali.

Elisabeth ia a festas, ficava com outros caras, tinha casos de meses com alguns e sempre acaba chorando no ombro de Martin, e por causa disso ele nunca soube se ela tinha medo de admitir seus sentimentos, se ela conhecia seus sentimentos, se ela sentia alguma coisa a mais por ele. Isso chegou a um ponto que começava a machucá-lo e ele finalmente pensou que fosse hora de seguir em frente.

Quando o relógio da parede do barzinho mostrava 10:03 o sininho da porta tiritou e o coração de Martin, como se já soubesse quem havia causado o barulho, disparou no peito. Ele gostava daquela sensação, mas pensou que talvez fosse hora de controlar isso.

-Olá! - disse Elisabeth animadamente se sentando na cadeira em frente ao amigo e usando seu melhor sorriso de "me desculpe".

-Olá. Eu não quero falar com você agora. Quero falar com o garçom e pedir meu café da manhã. - disse ele implicando com ela.

-Tudo bem. Faço o mesmo. - ela deu de ombros.

Após receberem suas refeições e conversarem um pouco sobre as últimas novidades Elisabeth anunciou:

-Conheci um cara numa balada há umas semanas, Mart...

-Mais um? - perguntou ele com uma pontada de ciúme.

-Sim, mas...

-Mas esse é diferente dos outros... Eu sei.. - Disse ele interrompendo Elisabeth. - Eu já não sei quantas vezes você disse isso e eu tive que comprar uma caixa de lenços.

-Martin...

-Lis... - repetiu ele imitando o tom arrastado dela.

-Tudo bem, não precisamos ter essa conversa de novo.

-Não mesmo, mas há algo que eu preciso dizer e que diz respeito a isso.

-E o que é? - perguntou ela um pouco tensa depois de um breve momento de silêncio.

-Você sabe o que eu sinto por você, Elisabeth. Mas porque eu não sei o que você sente de verdade? - ele perguntou com intensidade.

-Martin... Eu... - ela gaguejou em resposta sem saber exatamente o que falar.

-Todos esses anos e você nunca me deixou alcançar seu coração. Com todas essas festas e esse seu coração confuso, todos os seus casos e rompimentos você nunca me disse o que sente por mim mesmo sabendo que eu sou apaixonadopor você há tanto tempo. Sabe, de uns tempos pra cá gostar de você tem sido um pouco ruim. Tem doido bastante ver que você ignora isso. Mas eu preciso que você me diga alguma coisa antes de tomar qualquer decisão. - disse isso e esperou alguma resposta, mas não obtendo prosseguiu - Sabe a melodia que eu criei para nós? - Lis acenou que sim - Eu compus algo para ela. Quero que você ouça.

Martin se levantou e pediu à banda que deixasse ele tocar uma música por um momento.

-Lis, eu estou dizendo isso pra você, porque eu não posso mais me prender a um sentimento que me machuca. Me responda, me diga algo pra que eu não desista de algo que pode me fazer tão bem. - disse ele começando a tocar a melodiaque ela logo reconheceu. Em determinado momento a cantora da banda começou a o acompanhar como pode.

Lis ouvia cada palavra com atenção.

Diga algo, estou desistindo de você
Eu vou ser o único, se você me quiser
Em qualquer lugar, eu teria te seguido
Diga algo, eu estou desistindo de você

E estou me sentindo tão pequeno
Foi além da minha cabeça
Eu não sei absolutamente nada

E eu vou tropeçar e cair
Eu ainda estou aprendendo a amar
Apenas começando a gatinhar

Diga algo, eu estou desistindo de você
Lamento que eu não tenha conseguido chegar a você
Em qualquer lugar, eu teria te seguido
Diga algo, eu estou desistindo de você

E eu vou engolir meu orgulho
Você é a única que eu amo
E eu estou dizendo adeus

Diga algo, eu estou desistindo de você
Lamento que eu não tenha conseguido chegar a você
Em qualquer lugar, eu teria te seguido

Diga algo, eu estou desistindo de você
Diga alguma coisa

Terminada a música, lágrimas rolavam pelo rosto de Elisabeth e também no de Martin. Ele ficou olhando para ela por uns instantes antes de ir até ela e se sentar novamente.

-Martin. - ela disse suspirando - Eu sinto muito, mas todas as vezes que eu chorei pelos meus rompimentos com todos aqueles estranhos eu chorava por uma mágoa que eu nunca superei no começo do ensino médio. Eu me apaixonei por um amigo e me entreguei demais, fui usada da pior forma e tudo terminou de uma maneira bem ruim. Eu tenho medo de te amar mesmo sabendo que seria muito diferente. Eu simplesmente não posso. Me desculpe.

Martin sentiu seu mundo ir ao chão por um instante fechou os olhos e viu um filme passar em sua mente. A história deles se repetia ali. Significava que era o fim. Ele teria que seguir em frente.

-Eu te ligo amanhã de tarde. - disse ele deixando na mesa o dinheiro para pagar o café da manhã, se levantou e saiu.

Enquanto caminhava ele percebeu que estava sendo surpreendido pelo que acontecera naquela manhã. No fundo ele não esperava ter que desistir realmente e aquilo lhe cortou o coração dolorosamente. Ele não queria desistir, mas não havia escolha. O amor não havia aberto suas portas para ele ainda. Quem sabe um dia ele encontrasse alguém que o ajudasse nisso. Ele era jovem e tinha muito o que viver e muito o que aprender sobre o amor. E ele faria isso, um passo de cada vez.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Eu gosto de fazer histórias assim. Que acabam fugindo um pouco do comum. :p
Se gostaram, comentem e visitem minhas outras fanfics..
Obrigada!!
Beijos.
Lu.



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