A Nova Vida de Anne escrita por Biju


Capítulo 3
Knowing my old life




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Assim que desliguei o celular, Ricardo apareceu na sala com outra roupa e secando os cabelos molhados com uma toalha.

– Achou alguma coisa?

– Sim! Minha mãe me ligou, ela mora em NashVille. E nessa agenda estava escrito que hoje é aniversário da Tisha, uma amiga do trabalho, eu convidei ela pra vir aqui, se importa?

– Tisha? - Ele empalideceu.

– Sim, você a conhece?

– Não! Não, não... Sem problemas. Eu só tenho que ir, ali e depois eu volto. - Ele pegou as chaves da casa e do carro - Quando ela for embora você me liga tá? - Em seguida pegou o meu celular e anotou seu número - Se cuida.

Não sei exatamente o que aconteceu naquele momento para ter deixado Ricardo tão desesperado, mas não me importei muito com aquilo. Eu não via a hora de Tisha chegar e contar tudo sobre a minha vida.

Meia hora depois a campainha tocou, levantei do sofá em um pulo e fui abrir a porta. Morena, alta, muito linda e dos olhos azuis. Sim, era a Tisha. A abracei como se não a visse há muito tempo. O que basicamente era verdade já que eu não me lembrava dela.

– Que abraço de aniversário hein!

– É para poupar o seu presente, já que eu não comprei ainda – Sorri amarelo.

– Não importa. Pelo que você me contou no telefone você sofreu um acidente certo?

– É... Entra!

Dei espaço para que ela entrasse e fechei a porta. Ela andou até a sala observando tudo e se sentou no sofá.

– Que apê hein!

– Pois é.

– Quem é o gato?

– Eu já disse que o conheci no hospital.

– Você poderia ter o conhecido antes e só não lembra.

– Bom... Ele me disse que me socorreu depois do meu atropelamento, mas não disse nada relacionado que me conhecia.

– Me conta o que aconteceu, garota!

Contei tudinho baseado no que Ricardo me contou que aconteceu. Falei sobre o médico imprestável e zumbi que estava cuidando de mim, sobre a bondosa enfermeira e de como Ricardo estava sendo legal comigo nesses últimos dias. Tisha também me contou que era minha melhor amiga, que nos conhecíamos desde sempre, que veio comigo para Nova York, pois também morava em NashVille. Que a minha mãe se chamava Carmen e eu não gostava da minha irmã, Angélica, mas que eu nunca contei a ela o motivo. Meu pai e minha mãe se separaram quando eu ainda era pequena, e ele era militar, era raro as vezes que nos víamos, mas eu era muito mais apegada a ele do que a minha mãe, já que a única coisa que ela sabia fazer era criticá-lo. Isso explica o porquê minha mãe me achou “estranha” no telefone nessa manhã. Minha amiga também me contou o motivo que fui demitida, e pareceu um tanto desconfortável em falar daquilo.

– Que carinha é essa hein, Anne?

– Nada... – Encarei o meu café.

– Você não me engana, sei que quer me perguntar alguma coisa.

– Você realmente não mentiu sobre ser minha melhor amiga – Nós rimos – Eu tinha um namorado?

– Você? Namorado? – Ela entrou em um tipo de convulsão de gargalhadas.

– Qual é a graça?

– Anne, você odeia homens.

– Eu sou lésbica? – Perguntei espantada, o que fez Tisha rir mais ainda.

– Não que eu saiba – Fiquei com a boca aberta – Eu estou brincando.

– Menos mal.

A essa altura ela já tinha parado de rir.

– Você apenas odeia homens. Diz que eles não prestam e que só ligam para a aparência física de uma mulher sem ao menos ver o seu interior. Você sempre foi muito rígida nesses assuntos, mas antes que você me pergunte você não é virgem. Já namorou uma vez, já ficou com alguns caras, mas as chances disso acontecer eram de uma em um milhão. Esse ano mesmo você não ficou com cara algum.

– E por que eu era assim?

– Não sei exatamente, até porque que foi você mesma que terminou com o seu primeiro e último namorado. Disse que já não gostava mais dele como antes e outras coisas que eu não me recordo muito bem já que faz tempo.

– Puxa... Voltar a minha antiga vida será mais difícil do que pensei.

– Você não precisa voltar a ser o que era.

– E as pessoas não acharão isso ruim?

– Que pessoas? Você só tem amizade comigo aqui em NY, e agora com esse tal de Ricardo. Você sempre foi uma pessoa... Difícil de lidar.

– Difícil como?

– Nunca deixava ninguém se aproximar, principalmente homens. Nem mesmo para uma amizade, se bem que com a sua beleza poucos queriam a sua amizade – Ri do seu comentário.

– Já que terei uma nova vida, poderia mudar de sobrenome né? Johnson é um sobrenome horrível.

– Mas a Anne filhinha do papai tinha muito orgulho em usar o sobrenome dele.

– Qual é o nome do meu pai mesmo?

– Karlos Johnson.

– E o da minha mãe?

– Carmen Miller.

– Miller é legal.

– Eu sempre dizia isso.

– A partir de agora, é Anne Miller.

– Estou amando essa nova Anne!

– E eu estou amando conhecer a minha melhor amiga!

– Vai amar conhecer o Pub em que vamos essa noite. A antiga Anne adorava Pub, acho que com a nova não será diferente. Até porque o seu novo eu é bem mais animado.

– Quer dizer que eu era uma solteirona de 25 anos careta?

– Por ai... – Ela riu da careta que eu fiz.

– AH! – Gritei – Onde eu moro?

– Algumas quadras daqui – Ela congelou quando terminou a frase – AI MEU DEUS!

– O que foi?

– O Mike e a Lucy ficaram sozinhos no seu apartamento!

– E quem são esses?

– Seus filhos!

– EU TENHO FILHOS?

– Não filhos de crianças... Filhos de cachorros. Você os trata como se fossem suas crias.

– Há essa hora já devem estar morrendo de fome! – Fiz um biquinho.

– Então vamos logo! – Ela me puxou pelo braço.

– Espera! Vou ligar para o Ricardo.

– Você liga no caminho, vem.


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