A Nova Vida de Anne escrita por Biju


Capítulo 18
I'll be there




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Já era sexta-feira e eu estava preparando as minhas malas. Não avisei a minha mãe que iria para lá, queria fazer uma surpresa. Mesmo estando com raiva dela por ter contado pro Maurício que eu estava com problemas financeiros. Ela é e sempre será minha mãe. Não fazia ideia de quantas roupas levar e quais levar, então decidi ligar pra Tisha.

– Alô? – Disse desanimada.

– Bom dia Tisha!

– Ah, oi Anne.

– O que foi? Não está seguindo o Ricardo e ficando com raiva de mim, não é?

– Claro que não. Eu só não estou passando muito bem.

– O que você sente?

– Fome. Mas se eu como acabo passando mal. Tipo agora.

– Eu já disse pra você comer só o que cabe ai dentro. Por que não vai ao médico?

– Não precisa.

– Claro que precisa. Não podemos viajar com você ruim assim.

– Então podemos adiar?

– Claro. Assim que fomos ao consultório do Maurício.

– Por que temos que ir justo com ele? – Provavelmente deve ter revirado os olhos.

– Por que só ele que conheço atenderia uma paciente sem hora marcada.

Tá, tudo bem então.

– Consegue dirigir até aqui ou quer que eu chame um taxi pra levar a gente?

Eu consigo dirigir. Chego ai em 10 minutos.

– Ok.

Peguei a mala e a joguei dentro do closet. Olhei-me no espelho e eu acho que eu estava “bem” para ir daquele mesmo jeito ao hospital. Peguei meu celular e liguei para Maurício.

– Bom dia babe!

– Bom dia amor.

– Como você está?

– Eu estou bem. Quem não está é a Tisha.

– O que ela tem?

– Ah, ela está com essa mania de querer comer mais do que deveria e passar mal depois. Será que você pode encaixar ela na sua agenda?

– Você vem junto?

– Claro que vou.

– Claro que eu encaixo – Nós rimos.

– Chego aí em 15 minutos.

– Beijo!

Exatamente depois de 10 minutos ela chegou ao meu apartamento. No seu rosto eu via cansaço de longe, provavelmente não dormiu a noite toda e nem pediu ajuda pra mim. Sem mais delongas fomos ao hospital.

– A senhorita tem hora marcada? – Perguntou a secretina.

– Não precisamos de hora marcada – Respondi e peguei na mão de Tisha caminhando até o consultório.

Bati duas vezes na porta e ele a abriu.

– Doutor eu pedi para que elas não entrassem – Disse a secretina atrás de nós.

– Não disse não – Falou Tisha.

– Está tudo bem Joana, pode voltar para a sua mesa. Entrem!

Ele deu espaço e nós entramos sentando nas duas cadeiras de frente a mesa dele.

– O que sente? – Perguntou.

– Fome, enjoo, dor de cabeça, sono... – Suspirou.

– Vou pedir exame de urina e sangue pra você. A enfermeira Pitter está disponível e poderá realiza-lo agora mesmo – Ele disse ligando para a enfermeira.

Aquela bondosa e fofa enfermeira. Lembro-me de como ela foi boa comigo e o modo que chamou o Ricardo.

– Seu namorado está aqui - Maúricio falou e saiu da sala para chama-lo.

– Namorado? Eu não me lembro de ter um namorado.

– Mas se ele não for seu namorado, deveria ser. Ele é uma graça! - Falou a senhora Pitter.

Lembrei que Ricardo não falava comigo tinha uma semana. Por que ele estava assim? Nós éramos tão amigos! Fiquei chateada ao me lembrar disso. Nem percebi que a Tisha tinha ido a enfermaria e eu estava sentada de frente ao Maurício com uma cara de criança que perdeu seu brinquedo favorito.

– Está tudo bem? – O senti segurar a minha mão.

– Está – Forcei um sorriso.

– Sei que está preocupada com sua amiga, mas não precisa. Ela ficará bem – Assenti fingindo que essa era a minha maior preocupação.

Meia hora depois Tisha já havia voltado e Maurício pediu para que nós aguardássemos em sua sala enquanto ele ia até o laboratório agilizar o resultado.

– Eu tô com fome – Reclamou.

– Você já comeu demais.

– Mas eu ainda estou com fome, Anne. – Revirei os olhos.

– Tá, eu vou pegar algumas bolachas com a secretina.

– A o que? – Começou a rir.

– Secretina – Empinei o nariz e nós rimos.

Fui até a mesa dela e não a encontrei lá, então eu mesma abri a gaveta e peguei três pacotes de bolachinhas. No fundo da gaveta havia uma fotografia dela, e tenho que admitir que ela estava muito linda. Ao pegar a fotografia vi que ela estava dobrada, e quando desdobrei pude ver Maurício ao seu lado a abraçando por trás. Meu sangue ferveu na hora. Larguei a fotografia na gaveta e fui para a sala.

– Anne? Está tudo bem?

– Claro que está – Respondi seca e entreguei os pacotinhos a ela.

– Você está vermelha igual a um camarão. Diria que você está com vergonha, mas como não tem nenhum sorriso nesse seu rosto presumo que está irritada.

– Achei uma foto – me sentei ao seu lado – Da secretina com o Maurício.

– E eles estavam se beijando? – Perguntou Tisha de boca cheia e os olhos arregalados.

– Não. Estavam abraçados. Abraçados de um jeito que só casal se abraça – Cruzei os braços.

– Fica esperta com o Maurício.

– Vou ficar. Não vou ser corna duas vezes.

Assim que terminei a fala a porta se abriu e Maurício saiu de lá com alguns papéis na mão. Olhei para Tisha para evitar encara-lo, depois teria uma conversa séria com ele.

– Bom... – sentou-se em sua poltrona – Está tudo certo. Você está bem.

– Então por que ela anda passando mal? Quando estamos bem não passamos mal – Respondi ainda olhando para Tisha que estava confusa se deveria encarar Maurício ou eu.

– Isso costuma ser normal quando as mulheres estão grávidas – Respondeu normalmente.

– GRÁVIDA? – Gritamos ao mesmo tempo e nos entreolhamos.

– Sim. Patrícia, você está com quatro semanas de gestação.

– Puta que pariu! – Colocou as duas mãos na cabeça e se afogou na cadeira.

– Tisha não é do...

– É sim.

– Caralho! – Falei ficando definitivamente preocupada. Ela estava grávida do senhor Williams – Obrigada doutor – Forcei um sorriso – Vamos Tisha!

Peguei-a pelo braço e deixei Maurício sozinho em sua sala com uma expressão confusa. A acompanhei até seu carro e ela pediu para que eu dirigisse. Ela estava histérica e chorava muito. Meu coração estava apertado, minha amiga estava em uma situação terrível. Desempregada, grávida e sem nenhuma pessoa do sexo masculino ao seu lado.

Tisha POV

Anne me deixou em casa e foi embora de táxi. Ela disse que me ajudaria em tudo que eu precisasse, mas eu realmente não queria incomoda-la. Tudo bem que é isso que as melhores amigas fazem, mas eu realmente era muito orgulhosa para aceitar a sua ajuda. Eu queria me virar. Porém não sabia como. Nem emprego fixo eu tinha, eu só estava fazendo parte de uma peça musical. A peça. Caralho. Será que eles deixariam encenar mesmo grávida? Apesar de que dá pra enganar alguns meses. Eu estava confusa, triste e o pior... Sozinha. A campainha tocou e eu eliminei as lágrimas do meu rosto, respirei fundo e fui atendê-la.

– Ricardo? – Perguntei confusa.

– Está ocupada?

– Claro que não, entra... – Dei espaço e ele entrou – Não esperava uma visita.

– É que você não foi ao ensaio hoje. Então eu vim trazer as próximas cenas e se você quiser a gente ensaia. Mas estou vendo que você não está muito disposta hoje, então vim apenas trazer as falas.

– Obrigada – Forcei um sorriso e peguei de sua mão uma pasta com as falas.

– Está tudo bem?

– Estar grávida de um cara que não quer nem olhar na sua cara é estar bem? Por que se for, sim eu estou bem – Comecei a chorar de novo. Mais que droga!

– Ei... – Ele me puxou para um abraço – Está tudo bem...

– Não Ricky, não está – Encostei minha cabeça em seu ombro – Não tenho um emprego e nem ninguém para me ajudar. A não ser a Anne, mas eu realmente não posso aceitar a ajuda dela.

– Por que não?

– Por que ela não precisa me ajudar.

– Mas é isso que amigos fazem, não é?

– É. Mas eu não quero aceitar a ajuda dela – Sai do abraço.

– E a minha você aceita?

– Você não precisa me ajudar. Você só é meu amigo.

– Ah... Entendi. Você quer alguém que te acompanhe em tudo, não é?

– Eu quero que essa coisinha – Olhei para a minha barriga – Tenha um pai. Mas será bem impossível disso acontecer. Afinal, quem vai querer namorar com uma mulher grávida? – Ricky limpou as lágrimas que ainda insistiam em escorrer.

– Eu vou estar do seu lado você querendo ou não.

– Obrigada. Mas não precisa. Eu vou conversar com... O pai do meu filho.

– Se quiser eu te acompanho.

– Obrigada.

– Não precisa agradecer – Ele sorriu e ficou me olhando.

– O que foi?

– Estou te imaginando grávida. Você vai ficar mais linda do que já é – O que? Um homem está me fazer ruborescer? – Não precisa ficar com vergonha, é a verdade.

– Eu vou ficar enorme! – Ele riu.

– Mas vai ficar linda.

Pegou as minhas mãos e as beijou. Foi impossível não sorrir.


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Notas finais do capítulo

Escutem: http://www.youtube.com/watch?v=ZiTWeVCh3z4 (Tisha e Ricky)
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