— G-Grávida? — Lucy perguntou pela quinta vez.

A loira não conseguia acreditar que estava grávida. Sempre sonhara em ter filhos e poder vê-los brincando pela casa, enquanto dizia para eles correrem mais devagar... Mas tudo isso agora? Era um tanto assustador.

— Como isso foi acontecer? — ela murmurou, levantando-se e andando pelo quarto.

— Aconteceu porque você e Natsu fizeram sexo, Lu-chan. Simples! — Levy disse, com um sorriso malicioso no rosto. A garota sentou-se na cama de Lucy e ficou observando a amiga andar para lá e para cá — Por que está tão preocupada?

Já fazia cinco anos, desde os Grande Jogos Mágicos. Um tempo após o término do festival, Lucy e Natsu se deram conta que não conseguiam ficar longe um do outro: Faziam missões juntos – a maior parte, só os dois. E Happy, claro —, passavam os dias de folga pescando no lago e até dormiram juntos algumas vezes. E antes que pudessem perceber... Já estavam apaixonados.

Depois de alguns empurrões, brigas e reconcliações, os dois finalmente se declararam um ao outro. Os dois namoraram por dois anos, e por fim, Natsu tomou coragem e a pediu em casamento. Foi uma belíssima cerimônia e reservada aos amigos mais próximos do casal. Lucy, sempre que se lembra das palavras de Natsu, se arrepia e sente o coração bater rapidamente. Sempre sonhou em ter filhos com o seu amado, porém...

— Como vou contar ao Natsu? — ela perguntou e se sentou ao lado da amiga, olhando para a janela. Era por lá que Natsu sempre entrava — Ele volta da missão daqui dois dias...

— Podemos fazer uma surpresa! — Levy sugeriu.

— Uma surpresa? — Lucy perguntou, erguendo uma sobrancelha e se virando para a amiga — E como seria isso?

— Uma festa, oras! — a garota respondeu, com um sorriso enorme no rosto — Sabe que tudo para a Fairy Tail é festa e tenho certeza que esse bebê vai ser recebido com uma — ela parou, parecendo pensativa, e então disse: — Ou umas.

Lucy riu e assentiu. Ela sabia que a amiga tinha certeza: Tudo para a Fairy Tail era motivo de comemoração. Estava ansiosa para contar a todos sobre a novidade e ver todos ajudando-a com os preparativos. E mais ansiosa ainda para contar ao seu amado.

2 dias depois

— Natsu, estou com fome! — Happy resmungou, coçando os olhos e balançando o rabo — Vamos parar para comer!

— Eu adoraria... – Natsu disse e ouviu sua barriga roncar, fazendo-o suspirar – Mas não temos dinheiro...

— Temos a recompensa da missão! – o gato resmungou novamente.

— Happy, você sabe muito bem que não podemos gastar esse dinheiro — Natsu explicou.

— Sei... — o gato abriu um sorriso malicioso e correu na frente de Natsu — Por causa da Luuuucy! — ele disse, enrolando a língua e rindo.

— Ela não veio porque estava passando mal — Natsu resmungou e olhou para o gato — Ela anda meio esquisita esses dias, sabia?

— Como assim? — Happy perguntou, sacudindo o rabo mais alto e parando de andar — Ela sempre foi estranha.

— Ela está sempre reclamando que está enjoada e com dor de cabeça — Natsu disse, inclinando a cabeça — E está comendo bem mais do que antes.

— Vai ver ela está doente — Happy disse — Ou ela sempre comeu muito e não percebemos.

— É, pode ser... — ele concordou, cruzando os braços e fazendo um bico — Mas ela também está com um cheiro diferente... Um cheiro mais forte...

Happy não parecia prestar mais atenção no que o amigo dizia, já que começou a babar e balançar o rabo freneticamente, indo em direção ao lago que ficava na entrada de Magnólia. O rosado seguiu o olhar do amigo, e devido a fome, acabou esquecendo o que estava dizendo antes.

— Quem chegar primeiro fica com o peixe maior! — Natsu gritou e correu em direção ao lago, deixando um Happy furioso e faminto para trás.

Apesar de já ter vinte e dois anos e ser casado, Natsu ainda tinha o seu jeito infantil e alegre de ser. Seus cabelos rosa continuavam bagunçados, como sempre, e o seu sorriso contagiante continuava o mesmo. Agora ele usava o cachecol dado por seu pai, Igneel, amarrado na cabeça, como uma bandana, porque, segundo Lucy, ficava mais bonito desta maneira.

— Já não era pra eles terem chegado? — Erza perguntou, terminando de amarrar a faixa escrito “Bem vindo, papai!”.

— Do jeito que aquela tocha humana é, deve ter parado para comer — Gray disse, terminando de fazer a escultura de gelo, no formato da marca da guilda.

— Juvia acha que não devemos nos preocupar — Juvia disse, olhando para Gray e juntando as mãos na frente do corpo, enquanto olhava o seu namorado.

Assim que Juvia terminou de falar, a porta principal da guida foi aberta e uma Lucy ofegante entrou correndo, segurando uma fita vermelha nas mãos.

— R-Romeo d-disse... — ela tentava dizer, enquanto recuperava o fôlego — Que eles estão no lago — ela colocou a fita em cima da mesa e se jogou no banco — p-pescando...

— Pescando? — Erza se virou, com os olhos vermelhos de raiva e largando a espada que estava usando para cortar a faixa, que fez um ruido ao seu chocar com o chão — Aqueles desgraçados estão pescando enquanto estamos fazendo uma surpresa para eles? — a maga reequipou, colocando a armadura do Imperador das Chamas e entregou a outra espada a Lucy — Vou buscá-los.

— Erza, espera! — Lucy disse, se levantando e segurando a amiga pela mão — Isso vai nos dar tempo!

— Ah... — Erza murmurou, voltando a sua roupa normal e pegando a espada de Lucy — Então não os deixem entrar até que eu termine de pendurar a faixa!

Lucy e os outros suspiraram aliviados, quando viram-a voltar a pendurar a faixa. Seria um enorme problema tanto pra guilda, quanto pros cidadãos, se Erza fosse lá buscá-los. E tudo que eles menos precisavam agora, eram problemas.

A porta da guilda foi aberta novamente e dessa vez, Wendy, Charle, Lisanna, Mira e Laxus entraram. Cada um carregava uma caixa, com exceção de Laxus, que carregava quatro de uma vez e com apenas uma mão. Apesar de tudo, Lucy ainda se surpreendia com a força dele.

— Onde eu coloco isso? — ele perguntou, parecendo entediado.

— Por ali, Laxus-san — Wendy disse, apontando para uma mesa vazia e guiando Laxus.

— Lucy, como está se sentindo? — Mira perguntou, sentando-se ao lado da loura.

— Acho que o meu estômago está revirando — Lucy respondeu — Ou é só o bebê se mexendo.

Mira riu e balançou a cabeça, olhando para Laxus. Todos sabiam que os dois se gostavam, mas Laxus se recusava a admitir. Mesmo já sendo velho, ele agia como uma criança e sempre mudava de assunto quando chegavam a esse ponto.

— Por que você não vai e fala com ele, Mira-san? — uma voz fina disse.

A voz era de Levy, que chegou a guilda acompanhada de Lili e Gajeel. Gajeel e Levy estavam namorando, mas estavam sempre implicando um com o outro e discutindo. Gajeel, assim com Laxus, estava com uma expressão de tédio e Lili, estava com os braços cruzados e observando os outros.

— F-Falar com e-ele? — Mira perguntou, corando e desviando olhar.

— A Juivia acha que o Laxus-san gosta da Mira-san... — Juvia olhou para Gray e depois deu um sorrisinho — Talvez ele só precise de um empurrãozinho, assim com o meu Gray-sama!

— E-Eu... — Mira tentou dizer, mas foi interrompida pela porta, que foi aberta novamente.

— Eles chegaram! — Elfman gritou, entrando na guilda e fechando a porta — Como sou um homem, vim avisá-los...

— O quê? — Erza berrou da escada — Não podem deixá-los entrar, não terminei a faixa!

— Querem que eu os atrase? — Gray perguntou.

— Posso ajudar — Gajeel disse, transformando seu braço em ferro — Lili, vamos!

Lili parou de observar os outros e foi para o lado de Gajeel, que já estava saindo da guilda acompanhado de Gray e Laxus.

A porta foi aberta novamente e os quatro lançados para trás. Makarov entrou correndo e seu braço estava maior que o normal, carregando uma mesa.

— O quê essa mesa estava fazendo lá fora, desgraçados? — ele berrou.

E como já era de se esperar... Uma confusão começou.

Levy, Mira e Lucy tentavam conter os outros, mas era em vão. Gray e Elfman já estavam lutando e Juvia, como sempre, estava gritando palavras de incentivo para Gray. Gajeel estava resmugando com Lili e Laxus estava discutindo com Makarov. E em algum momento da briga, Macao e Wakaba entraram no meio.

— O que é que está acontecendo? — uma voz perguntou atrás de Lucy, fazendo-a se virar e dar de cara com Happy.

— Happy? — ela perguntou e arregalou os olhos — Onde está o Natsu? — ela perguntou, com a voz trêmula.

— Bem ali — o gato apontou.

E ele realmente estava lá. Estava lutando com Gray e Elfman, espalhando mesas e cadeiras para todos os lados.

— E aí, cuzões?! — Natsu berrou e riu, dando um soco em Gray, que revidou com um outro, fazendo Natsu ir para trás, o qual acabou batendo na escada em que Erza estava.

— Oh ou... — Levy murmurou e se encolheu atrás de Mira, enquanto Erza descia e corria em direção aos outros.

— Precisamos fazer alguma coisa ou... — Mira disse e abaixou, antes que uma cadeira a atingisse — A guilda será destruída de novo!

— Acho que isso vai acalmá-los — Lucy disse e saiu correndo em direção ao palco que tinha na guilda.

Ela ligou o microfone e se certificou de que o mesmo estava conectado aos auto-falantes e murmurou:

— Abra-te portão da Harpa... Lyra!

Uma menina com um vestido azul e pequenas asas brancas nas costas, segurando uma harpa apareceu e deu uma risadinha.

— Lucy-san! — o espirito disse e abraçou-a.

— Lyra, preciso que você toque! — Lucy olhou e viu que estavam perto de derrubar uma das pilastras e que mais pessoas estavam no meio da briga. Era incrível como sempre aparecia mais gente quando o assunto era lutar.

O espirito entendeu e começou a tocar uma melodia doce e calma. Graças aos auto-falantes era possível ouvir a melodia claramente, apesar do barulho da briga.

Aos poucos, os outros foram parando e passaram a prestar atenção. Lucy não pôde conter um sorriso ao ver Natsu largando Gray e vindo em sua direção. Ela desceu do pequeno palco e foi em direção a ele, abraçando-o.

— Senti saudades — ela murmurou e ele riu baixinho.

Natsu depositou um beijo lento e apaixonado nos lábios de Lucy, fazendo-a estremecer. Quando estava com ele, nada mais importava. E pelo jeito que ele correspondia, ela tinha certeza que ele sentia o mesmo.

— Espera aí, espera aí! — Erza berrou, fazendo Lyra parar de tocar — Nós estamos aqui por uma coisa! — ela apontou para a faixa que havia terminado de pendurar.

Natsu olhou para a faixa e soltou Lucy, rindo.

— Quem vai ser pai? — ele perguntou e olhou para Gray — Você?

— Não, Natsu — Lucy respondeu e Natsu olhou-a — É... v-v...

— É você, idiota! — Gray gritou e deu uma gargalhada.

A boca de Natsu formou um perfeito O e ele olhou para Lucy. Ela estava corada e tinha um sorriso timido no canto dos lábios.

— Ele vai ser papaaaaai — Happy disse, enrolando a língua e voando pela cabeça de Natsu.

— É por isso que eu sinto esse cheiro forte? — Natsu perguntou, olhando para Lucy.

— Que cheiro? — ela perguntou.

— Há um tempo, eu sinto um cheiro forte vindo de você... — ele apoiou os dedos no queixo e disse: — Não é só o seu cheiro, é um outro...

— Então você já sabia? — Gajeel gritou — Nós fizemos essa merda toda e você já sabia?

— Mas é claro! — Makarov disse e bebeu um pouco da sua cerveja — Natsu tem o faro de um dragão.

— Eu fiquei tanto tempo pendurando a faixa e ele já sabia? — Erza murmurou, se sentando e parecendo chateada.

— Tinha que ser esse cabeça de vento! — Gray disse — Já era de se espe...

Ele tentou continuar, mas foi interrompido por Natsu, que partiu para cima dele. Os dois voltaram a lutar, arrastando Elfman junto. Erza estava sentada na mesa, sendo consolada por Wendy. Gajeel também estava no meio da briga. Makarov ria e Laxus estava sentado ao seu lado, com um sorriso no rosto.

Apesar de não ter saído como esperava, Lucy estava feliz. Ficou contente em saber que Natsu percebeu as mudanças nela e mais contente ainda por saber que seu filho seria muito feliz ali.